segunda-feira, 1 de junho de 2015

Meu maior problema: a vida cria os outros

Estes são dois aspectos que você precisa tornar-se consciente do viver para poder acabar com seus problemas. Primeiro é preciso compreender a vida, o viver a vida. Depois disso é preciso compreender que tudo que ela fala dos outros são apenas argumentos para lhe prender ao individualismo.
O momento que dou mais gargalhada é quando alguém me diz que sabe os motivos pelos quais os outros, que conhece a intenção das outras pessoas. Como se fossem capazes de ler pensamentos.
Participante: ainda não …
Não, mas vocês imaginam que sim.
Se veem uma pessoa na rua fazendo uma coisa, vivem uma análise completa da ação que está sendo praticada. Podem nem conhecer a pessoa, mas com certeza acham que sabem com certeza absoluta o que a pessoa está fazendo e para que pratica aquela ação. Agem como se fosse a vida de vocês, como se fossem vocês que estivessem praticando a ação.
Esta é outra propriedade da vida. Ela lhe apresenta a sua vivência, mas também apresenta a dos outros. Não sei se lembra, mas que já disse que não existe um mundo fora. Todos estão dentro de você. Porque todos estão dentro de você?
Você convive com as pessoas da sua família, do seu trabalho, das suas comunidades, com os seus amigos. Isso é certo?
Participante: sim.
Não. Você não convive mais ninguém, a não ser a sua própria vida. Se ela é aquilo que lhe é apresentado, onde estão as outras pessoas que interage?
Participante: na minha cabeça …
Na sua vida.
Participante: elas também me são apresentadas.
Isso.
Sabe quem são seus amigos? São criações da vida que ela usa para lhe apresentar algumas ações.
As pessoas com quem você imagina que interage não são independentes para fazerem o que querem na sua vida. Estou falando isso porque você acha que quando está com outras pessoas cada ser está vivendo a sua vida separadamente. Isso é real?
Participante: acho que sim.
Sim, cada um está vivendo a sua vida separadamente, mas na vida de cada um está o outro.
Participante: o senhor está falando isso porque o outro que está na minha vida não é exatamente aquele que eu penso que é.
Esqueça isso. Não interessa. O que interessa não é se ele existe isoladamente ou não. O que precisa entender é que ele é algo que lhe é apresentado pela sua vida e não um agente que pratica ações na sua vida. Ele é mais um elemento que a sua vida lhe apresenta.
Você não fala com outras pessoas: a conversa é mais um elemento que a sua vida lhe apresenta. Isso vale tanto para o que você diz quanto para o que o outro fala. A sua vida é aquela conversa e a do outro apresenta a ele a mesma conversa. Ou melhor, apresenta a interpretação que ela dá àquela conversa.
Isso é fundamental ter consciência para libertar-se do medo de perder. Porque? Porque achando que os outros são independentes e por isso imagina que eles ganharão de você. Não, eles não são independentes e nunca ganharão nada que é seu.
Eles não são independentes: foram criados pela sua vida. Por isso, numa situação ninguém ganhará e ninguém perderá nada. Sem ter esta consciência não conseguirá viver o dane-se convictamente. Sempre ficará se defendendo dos outros. Aí não adianta se separar da vida, entender que é a vida que está fazendo, porque ela vai lhe apresentar que o outro está ganhando alguma coisa e você acreditará que isso é real.
Acreditará que o outro irá reagir de tal forma, que ele acabará fazendo alguma coisa, que amanhã ele pode se vingar. Entendeu agora?
Esses são os aspectos que você e todo e qualquer ser humano precisa ter para alcançar a paz: entender a vida e saber que é ela que cria os outros. Como disse, cada um tem a sua vida, mas a sua lhe apresenta tanto você como os outros e a do outro apresenta a ele tudo o que está na existência dele. Os outros são um elemento da sua vida; na deles, você é mais um elemento.

Pai Joaquim

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