quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Preparar-se para viver a vida

Tem uma coisa que falo a muito tempo. Vocês se preocupam e se ocupam muito com o preparar-se para a vida, mas não se preparam para vive-la. Se preparam para ganhar dinheiro, para ter um emprego melhor e mais rentável, mas não se preparam para viver a vida. 

Dentro desta preparação para aprender a viver, a primeira coisa que vocês precisam fazer é entende-la. Entender o que é a vida e o que é você na vida. Entender como a vida acontece, os elementos vida. 
 
Parece que é um trabalho gigantesco, mas não é, pois os elementos da vida na verdade são um só. Não importa a faceta que esteja sendo apresentada em um momento, tudo é apenas uma forma que a vida usa para lhe apresentar uma situação. Não importa o que seja, tudo que ela usa na apresentação é a própria vida.

Essa deveria ser a preparação para viver. Ela deveria começar pelo entendimento do que é a vida. Desde criança deveriam receber a orientação de que não são vocês que brincam, mas que o brincar é a própria vida que está acontecendo. 
 
Os pais deveriam começar a ensinar os filhos desde criança, para que ele estivesse preparado para enfrentar o que a vida apresenta. Só que fazem ao contrário: começam a cobrar da criança ação na vida. Começam a cobrar que as crianças ajam e construam uma vida, quando a vida não se constrói. 
Participação: é a humanização do espírito. Isso não tem jeito.

Concordo com você. Além do mais, não estou acusando ninguém porque sei que o fazer isso é a própria vida de cada um e não alguém que está fazendo. O problema não é ensinar as crianças dessa forma, mas achar que esta forma é a certa de agir. 
 
O problema é só esse: ter certo e errado quando vive a vida. De ter conceitos de bonito e feio, dos pares de opostos. E o problema é achar que é você que constrói a vida. Esses são os dois únicos problemas. Um denota a sua completa ignorância sobre o que é a vida e o outro a sua capacidade de julgar a vida.

Pai Joaquim

Meu maior problema - 07

Convivendo com a vida

É a partir deste aspecto que é preciso que analise tudo que vive. Tudo ...

É preciso analisar todas as suas tendências, tudo o que vive, tudo o que os outros fazem para você, pois a ação deles é a sua vida também. É preciso analisar tudo a partir deste aspecto. É preciso compreender que não existe ninguém falando, que você não está fazendo nada: é apenas a vida que está lhe sendo apresentada. 

Porque isso? Porque na hora que trabalhar tudo o pensa e acontece como fruto de uma apresentação da vida, não mais ficará preso à ideia de ter que se mudar. Aí você consegue a paz. 

Esta compreensão muda completamente o que você vive. A partir dela sabe que não é você que está agindo desta ou daquela forma: é a sua vida que lhe é apresentada com esta ação. Sabe que não é você que gosta disso ou daquilo outro: é a sua vida que se apresenta coma ideia de gostar.

Como disse, a partir desta concepção, tudo muda. Não é você que age e se isso passa a ser real, não tem que deixar que mudar o que acontece, mas aprender a conviver com as ações que a sua vida apresenta.

Participante: acho que de uns anos para cá tenho aprendido a conviver com isso sem muito sofrimento.

Não, você não tem aprendido a viver com isso. Porque não tem? 

Participante: porque se tivesse aprendido não estaria sofrendo com isso nem desejando agir diferente.

Isso. Na verdade, você está sendo obrigado a conviver com esta ação que faz na marra. Isso porque continua fazendo o que acha que não deveria, já que não consegue controlar a sua ação. Mas, isso não quer dizer que tenha aprendido a conviver com o que faz, pois ainda lhe traz uma ideia, sofrimento, perda de paz, se cobra, uma série de coisas. 

Então, vamos dizer assim: você está sendo estuprado. Obrigatoriamente recebe da vida esta ação e está sendo obrigado a viver com isso. Este é o ponto interessante que queria falar agora. 

Você tem duas formas de conviver com o que a vida lhe apresenta: do jeito que está vivendo – se criticando, se acusando, querendo agir de uma forma diferente – ou aprendendo a conviver com este acontecimento sem nada disso.

Pai Joaquim

PODER DA FELICIDADE - PORQUE VOCÊ SOFRE

Arrancar o carnegão

Eis aí, então, dois elementos que, como disse na conversa anterior, precisava abordar antes de responder qualquer questão levantada por vocês.

Eu não podia, por exemplo, responder a uma pessoa que me diz que sofre neste mundo porque não consegue arrumar emprego, sem antes mostrar a ela que esse entendimento é a mente que está causando para que ela ganhe algo. Não posso, também, responder a uma pessoa sobre este mesmo assunto mostrando os motivos pelos quais ela está sem emprego. Sei que anteriormente já falei de muitos motivos pelos quais as coisas acontecem (carma, prova, encarnação, Deus Causa Primária), mas não adianta usá-los aqui, porque mesmo estes motivos, que são reais, a mente não conseguirá trabalhar dentro de uma profundidade que ajude o ser a alcançar a felicidade. 

Se digo para uma pessoa que não tem emprego que aquilo é o seu carma, ou seja, que aquela é a prova que ele pediu porque em outras vidas precisou de alguma coisa e não fez, ela vai querer saber o que deixou de fazer antes para poder agora ter este carma. Ou seja, será sempre a mente investigando, mas ela nunca usará esses elementos para que haja felicidade, mas sim para criar mais dúvidas. Criando estes estados duvidosos, a mente não deixa você viver feliz.

Por isso, nesta hora que vamos conversar sobre o poder da felicidade, vamos agir da seguinte forma. Vocês vão me colocar seus problemas. Diante da narrativa de vocês, que na verdade é sua mente que fará, vou lhes mostrar o que está sendo criado como real, mas que não é, e mostrar o quanto estão apegados à ideia de realidade daquela consciência, para que possam se libertar desta ideia. 

Para isso, vou falar e usar argumentos. Só que os argumentos que usarei não vão explicar porque você vive aquilo. Eles devem servir apenas como espada para você ferir a força de maya que está conferindo realidade àquilo.

Agora, quando fizer isso, podem ter certeza de uma coisa. Falarei coisas que a sua mente ao ler lhe dirá que não é verdade. 

Ela não aceitará placidamente os meus argumentos. Ela usará argumentos para lhe dizer que você não está preocupado com determinados aspectos que vou dizer que está, que você não pensa da forma que vou falar. Para que fará isso? Para que você caia, para que se deixe levar pela realidade ela cria.

Não estou com isso dizer que sou o certo. Estou querendo apenas mostrar que vou olhar de um lado não hipócrita, ou seja, sem passar a mão na cabeça de ninguém. 

Eu já disse por diversas vezes que não passo remédio na ferida de ninguém. Eu enfio o dedo e arranco o carnegão, se isso for permitido. Faço isso não para machucar, para acusar ou atacar, mas para lhe chocar. Só quando você se chocar com a hipocrisia e egoísmo que está na sua mente é que se libertará dela.

Pai Joaquim

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O cabeçalho completo da pergunta

Participante: tive um desentendimento com um parente e até hoje não nos relacionamos. Fiquei com muita raiva dele e sempre que o encontro ela se pronuncia. Sinto a raiva até o momento que perco o contato com ele. Só que depois que isso acontece, automaticamente me cai uma culpa. Me arrependo por ter vivido essa emoção com a presença dele. Fico pensando porque não evito a raiva quando ela vem. Como agir diante dessa montanha russa de emoções?

Salve!

Deixe-me dizer uma coisa. Já por diversas vezes tenho dito o seguinte: na hora da ação, não há como o ser controlar a mente. Não há como se afastar dela, deixar de dizer o que ela diz. Essa é uma regrinha básica para o trabalho da vivência da paz. Porque isso? Porque aqueles que ainda estão presos a agir de determinada forma querem alterar alguma coisa que está sendo vivida, e isso é impossível.

A ação de libertação da criação da mente se dá depois do ato ocorrido. Ela acontece quando em meditação, pensando os próprios pensamentos, não aceita o que foi proposto. 

Este é o primeiro grande detalhe. Ele é importante para nossa conversa porque na sua pergunta inteira só me falou de atos, de ações. 

Você poderia me dizer que isso não é verdade, porque me falou em sentir raiva. Acontece que esta raiva que está sendo sentida não é sua. Ela faz parte dos três mundos que o espírito vivencia enquanto humanizado: o da ação, da razão e da emoção.

Todo o processo mental que relatou na sua pergunta ainda é cabeçalho da sua questão e não resposta sua. Este é o primeiro detalhe que precisa se atentar. 

Pelo que posso entender da sua pergunta, quer arrumar um jeito do seu parente. Só que isso é impossível, pois quem está sentindo essa emoção com relação a ele não é você, mas a personalidade humana. Ela precisa ter esta emoção e por isso ela precisa existir. 

Para que ela precisa viver essa emoção? Para que você possa se libertar dela. Só que quando houver essa libertação, essa ação não acabará com esta emoção, com a raiva que está na personalidade. O único resultado da sua ação será não viver a raiva que existe na mente. Ela nunca levará ao fim da própria raiva.

Este é o primeiro detalhe desta questão. Deve haver uma compreensão de que tudo o que me foi relatado e que você vive não há nada a ser feito para alterar essa série de acontecimentos. É preciso que seu parente apareça, que a raiva surja dentro de você para só depois que isso acontecer possa agir. Como se age neste momento? Repense o que aconteceu e repare que a sua personalidade humana colocou a emoção raiva num momento e decida não vive-la. 

Só que você me relata mais do que viver a raiva. Afirma que logo depois que o seu parente vai embora surge uma nova emoção que lhe cobra o não ter feito mudanças sobre o que sentiu. 

Quem é que está lançando esta questão? Será que é algum espírito fora da carne querendo lhe ajudar? Não, é a sua própria personalidade humana quem lhe dá essa ideia e ao fazer isso já lhe dá uma nova provação, ou melhor, colocando a única prova que sempre esteve presente: a culpa. 

Na verdade, a emoção referente à presença do seu parente só existe na personalidade humana para que você, que já ouviu que não deve sentir raiva de ninguém, possa optar entre sentir-se culpado ou não. É por isso que a emoção que surge frente à presença do seu parente não pode mudar. Mais: não precisa ser mudada.

É aqui, depois que todo processo acabou – a presença, a raiva, o ir embora e o sentir-se culpado por não ter mudado – é que precisa haver uma ação. Ela deve ser contra o sentir-se culpado por não ter colocado em prática os ensinamentos.

A sua ação de libertação não precisa existir contra a raiva. Se fosse contra ela que devesse agir, não haveria posteriormente a culpa. Se fosse para agir contra a emoção que é vivida com a presença do seu parente não haveria posteriormente a culpa. 

Na verdade, a culpa é que é a sua prova e não a raiva. A história que a mente montou com relação ao seu parente serve apenas como alegoria para a mente poder lhe dizer que sabe tudo e não faz mais nada, não pratica nada. No momento em que ela lhe dá esta consciência é a sua hora de responder: ‘não faço e nem tenho que fazer, pois foi você, mente, quem criou tudo isso’. 

Repare como você aceita a culpa, como não está entendo qual a sua provação neste momento. Quando aceita a ideia de que seria muito interessante que fosse chamado atenção antes do afastamento do seu parente, você demonstra que está preso à intenção de deixar de viver a raiva. 

Esta ideia, que lhe parece algo bom, certo, santificado, na verdade é mais uma etapa do cabeçalho da sua questão. É por causa dela que leva mais a sério o ter que sentir-se culpado. Como não consegue deixar de sentir a raiva, acha que é culpado, mas isso é irreal. 

Portanto, não existe na sua prova nada a respeito da própria raiva. Sobre esta questão, esqueça. Concentre-se na questão do sentir-se culpado, pois toda a história que vivencia é apenas para lhe oferecer a culpa. É na hora que esta culpa aparece que precisa agir e essa ação não é para acabar com a existência da culpa, mas não sentir-se culpado como a mente quer que sinta-se. 

Ficou claro? Se quiser continuar a conversa, estou à sua disposição.
Esteja na paz de Deus.

Pai Joaquim

O estuprador no reino dos céus

Participante: uma vez você disse que um estuprador pode alcançar o reino dos céus. Poderia explicar melhor essa situação?

Você afirma que eu disse que o estuprador pode alcançar o reino dos céus e me pede para falar sobre isso. Vou começar esta resposta lhe dizendo: o estuprador jamais alcançará o reino dos céus. 

É isso mesmo: um estuprador jamais alcançará o reino dos céus. Parece que estou em contradizendo, mas não é isso. Vou lhe explicar.

O estuprador é um ser humano e esse ser morre, acaba. Portanto, um estuprador não pode ir para reino nenhum, pois acabará, morrerá, antes de chegar lá. Quem pode alcançar este reino é o espírito ligado a uma personalidade humana que estuprou. Sempre foi isso que disse e nunca que o ser humano que comete um estupro pode ir para o reino dos céus.

O ser humano atingir o reino dos céus e o espírito alcança-lo são coisas completamente diferentes. O ser não pode alcançar este reino, mas o espírito pode. 

Outro detalhe importante: o espírito jamais será um estuprador. Isso é impossível porque ele nem mesmo possui órgão sexual para poder realizar este ato. Por isso ele não pode praticar essa ação.

O máximo que um espírito pode ser é conivente com um estupro. Isso é outra coisa. Neste caso, não foi ele quem estuprou, mas foi conivente com a ação e com as emoções oriundas desta ação.

Portanto, o espírito só pode ser conivente com as coisas deste mundo, mas nunca praticá-las. Só que ele também pode não ser. Pode ver o ser humano estuprar e não ser conivente nem com a ação nem com as emoções vivenciadas antes, durante e depois do ato. Neste caso, ele vai para o reino dos céus.
Essa é a diferença entre o que falo e o que você entende. Na verdade, você ainda está apegado em atos, em praticar ações. Quem pratica tal ato pode ir para o reino dos céus? Não, pois quem pratica ações é o ser humano, a personalidade humana, é a encarnação o espírito e não próprio.

O espírito não pratica atos. Por isso as ações praticadas ou sofridas pela personalidade a qual está ligado não serve como parâmetro para medir a elevação espiritual. O que vai servir é a vivência da encarnação, é a forma como o ser se relaciona com a sua espiritualidade humana. 

Portanto, o estuprador não vai para o reino dos céus, mas o espírito ligado a esse ser humano pode ir, desde que não seja conivente com o ato, com as intencionalidade e com as emoções que são vivenciadas pela personalidade humana antes, durante ou depois do ato sexual. 

Falo assim, porque Cristo ensinou que Deus julga a intenção do espírito e não a do ser humano. Por isso, se ele se torna convivente com as intenções da personalidade humana terá um determinado destino. Se não é terá outro. 

Além disso há outro aspecto a ser levado em consideração. Cristo nos ensinou que o reino dos céus não se trata de um lugar que está acima ou abaixo deste mundo. Ele existe dentro de cada um.

Por isso, alcançar o reino dos céus anda tem a ver com sair daqui e ir para lá. Trata-se de vivenciar um estado emocional onde exista a paz, a harmonia e a felicidade. Este é o estado que alcança o espírito quando não se torna conivente com tudo que existe na mente humana antes, durante e depois do estupro.
Por isso, digo que o ser pode viver o reino dos céus neste momento ou em qualquer outro. Mais: que esse estado de espírito independe do que acontece no mundo humano. É algo que depende unicamente da convivência do espírito com as criações mentais. Por isso volto a afirmar: o espírito ligado a um estuprador pode viver no reino dos céus, alcançar a paz, a harmonia e a felicidade, quando não for conivente com o que está na mente humana.

Um último detalhe. Alguns dizem que eu defendo o estuprador, o assassino, o aborto, etc. Isso não é real. Fazer a defesa daqueles que praticam essas ações, é dizer que eles não devem sofrer penalidades pelo que fizeram. Eu não defendo este ponto de vista. 

O mundo humano possui suas próprias leis. Se o ato de estuprar possui leis que regem esta ação, defendo que elas devem ser aplicadas. Por isso, não afirmo que o estuprador ou qualquer outro que fira a lei humana não tenha suas penas. 

O que ensino nada tem a ver com o mundo humano. O que falo é apenas para o espírito. Os ensinamentos que trago são direcionados aos espíritos e direcionam-se a encontrar um caminho para alcançar o reino dos céus enquanto a personalidade humana à qual ele está ligado pratique essa ou aquela ação. 

Por isso, ao ouvir qualquer informação que tenha trazido, não queira aplica-las ao mundo humano. Saiba que nela sempre existe um direcionamento para que o ser encarnado possa não tornar-se conivente com as ações humanas praticadas pela personalidade à qual está ligado.

Se quiser, pode perguntar qualquer coisa. Estou sempre por aqui.

Pai Joaquim

Mudança interna

Participante: ainda tenho dúvidas de como viver a reforma íntima, porque você disse que não tem como mudar nossa natureza e sim aprender a lidar com ela. Depois disse que a personalidade é a atual posição que o espirito ocupar, mas precisa ser mudar, lutar contra. Parece um paradoxo, algo criado pra aprendermos amar e que não tem como mudar (natureza humana). O espirito é que precisa sair do lugar ... Como é difícil isso pra mim entender ... O que tem a dizer?

Você me fala que é difícil entender a questão da mudança íntima, pois falo que a natureza humana não pode ser alterada e ao mesmo tempo digo que o ser precisa alterar a sua natureza. Não há complicação nesta afirmação. O que há é incompreensão sobre alguns assuntos. 

O que não pode ser alterado? A natureza humana, o jeito humano de pensar, de ser estar e fazer as coisas. Vou dar um exemplo para que possa compreender o que estou dizendo. Se você é uma pessoa, um ser humano, uma personalidade humana que está presa à regra, normas, conceitos sobre qualquer coisa, não pode alterar o seu jeito de ser. Se não for alterada pela própria natureza, você sempre continuará presa às normas, regras e conceitos.
Isso é impossível de ser alterado. O que precisa ser mudado é o jeito de se lidar com essas coisas. O que digo é que deve aprender a conviver com a natureza humana sem apego à ela. Vou tentar lhe explicar isso. Para isso, vou colocar um exemplo.

Se você sabe qual o lugar certo das coisas, onde e como precisa se arrumar algo, isso faz parte da natureza humana e, por isso, não pode ser alterado. Agora, pode lidar com estas coisas de duas formas. A primeira, apegado, ou seja, achando certo que a natureza humana fala. Achando que o que a natureza humana exige deve ser realizado. Essa é uma forma de conviver com a sua natureza.

A outra é lidar dizendo: ‘a minha natureza humana acha isso, mas eu não sei, não tenho certeza disso’. Essa é uma forma desapegada de viver. 

Com o exemplo que demos e as formas de interagir com a natureza humana, vemos o eu tínhamos afirmado antes: a natureza não muda, mas você muda na forma de interagir com a natureza. Essa é a reforma que aconselho.

Respondida esta parte da sua pergunta, vamos à próxima. Você diz que eu afirmo que a natureza humana é daquele jeito por conta da natureza do próprio ser. Sim, isso é verdade. Se a sua natureza humana é apegada à normas, regras e obrigações, você enquanto espírito também o é.

Só que hoje, nesta encarnação, é um ser dentro de uma condição especial. Vou explicar isso.
Você é um espírito que está apegado à normas, regras e obrigações, mas que já sabe, já tem notícias de que ser assim é viver em desarmonia com o universo. Portanto, usando como figura apenas, eu diria que a sua condição especial momentânea é ainda estar apegado à normas, regras e obrigações, mas ter a informação de que não deve ser assim. Mais: ter o anseio de deixar de ser.

Resumindo então, afirmo que existe a natureza humana e a espiritual. Afirmo, ainda que é cópia da espiritual. No entanto, ressalto que existe uma diferença entre elas: na natureza espiritual existe a informação e o desejo de não ter mais aqueles elementos. Por isso, uma acha certo ser deste jeito enquanto a outra sabe que precisa se mudar.

Com todos os estas características, você encarna. Para que? Para libertar-se daquilo que está na natureza espiritual e diz que não quer mais ter. Entra nesta condição especial, encarnação, justamente para provar a si mesmo que aprendeu que não deve ser como é. Vive ligado à personalidade humana para provar que pode se libertar da influência que a natureza humana provoca.

O que acontece é que essa libertação, se for realizada, não gerará mudanças na natureza humana, mas apenas na espiritual, que serviu de base para a constituição da humana. Acho que é aqui que reside a sua dúvida.

Vocês imaginam que ao libertarem-se da natureza humana ela se alterará. Isso é impossível. Como ensina o Espírito da Verdade, depois de escolhidos os gêneros de provação para uma existência, a natureza humana nada pode mais ser alterado. 

Portanto, a natureza humana continua igual quando você age seguindo o seu anseio espiritual. Apenas a natureza espiritual pode ser alterada, mas o que é vivido lá depois da escolha do gênero das provações não pode mais ser sentido aqui.

Na verdade, compreender o processo é simples, mas torna-se complexo porque vocês não separam a natureza humana do próprio espírito. Enquanto não fizerem esta separação ficarão confusos com o processo. 

As coisas do mundo espiritual não podem ser compreendidos neste. Por isso é preciso separar as duas coisas. Uma delas, por exemplo, é a própria questão da natureza. 

É óbvio que o espírito não possui uma natureza que seja idêntica àquilo que é chamado assim no mundo humano. Nesta resposta e em todos os ensinamentos uso este termo por falta de outro que possa descrever o que o espírito possui. Uso o mesmo termo fazendo uma analogia apenas para que você possa ter alguma compreensão sobre o assunto. 

Na verdade, tento tratar o espírito com elementos do mundo humano apenas para que possamos conversar, estabelecer uma ideia. Só que isso não deve lhe levar a entender que hoje, durante a condição especial que vive, a consciência que possui sobre as coisas pertence apenas à natureza humana. Nada há nela que reporte a realidade do mundo espiritual.

O que estou tentando lhe dizer é que a natureza humana é cópia da espiritual. Ela reflete o que existia no espírito antes da escolha dos gêneros da provação. Depois que se entra na encarnação, apesar de haver mudança na natureza espiritual durante a vivência não apegado às coisas humanas, a natureza humana não pode ser alterada. Ou seja, apesar de ser gerada à imagem da espiritual, essa influência cessa quando a encarnação começa. 

Resumindo, posso dizer que a natureza humana serve sempre como prova para que o ser possa, aos poucos, ir alterando a sua própria. Isso se faz libertando-se das verdades, regras e obrigações que estão na mente humana. Acontece que esta libertação, que altera a natureza espiritual, não é percebida na consciência material. 

Este é o processo da reforma íntima. Trata-se de algo realizado no íntimo do espírito e não do humano. Ela só será conhecida quando houver o desligamento total da natureza humana, porque a consciência deste momento é incapaz de detectar o que acontece na espiritual.
Sei que o tema é meio complexo.

Pai Joaquim 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

As 4 nobres verdades

Escute aqui: http://www.meeu.org/quatro-nobre-verdades

Como vencer na crise


Viva sem presunções

Participante: Quando tenho fome, como; quando tenho sede, bebo; esta é toda a realidade?
Não. Quando você tenha fome, não coma: apenas tenha fome. Agora, quando estiver comendo, aí sim pode comer. Quando tiver sede, tenha apenas sede. Quando for beber água, beba-a.

Você não pode viver a fome com a presunção de comer, pois pode não ter nada para comer. E se isso acontecer? Dor, sofrimento é o que você viverá.

Não pode viver a sede com a presunção de beber água quando se está com sede: é preciso se viver cada presente isoladamente com o que ele proporciona. Se o presente agora é ter fome, viva a fome. No momento seguinte pode ser que você se levante e consiga comer. Neste momento pode dizer que está comendo, mas não antes. Não dá para viver presunções, probabilidades sem que realmente aquilo esteja acontecendo. 

O problema é que vocês acham que comem quando querem, mas esquecem que isso é ato da vida. Vocês não comem nada: a sua vida num determinado momento é um comer. Se ela não fosse isso, vocês não estariam comendo.

Não estou falando da ação comer; falo de viver a vida, que é aquilo que está acontecendo. Só quando a vida for comer é que você estará comendo. Por mais que queira comer, enquanto ela não for comer, não estará comendo.

Eu vou dar um exemplo: você está num lugar que não pode sair; numa reunião com o seu chefe no trabalho, por exemplo. Não pode sair e está morrendo de fome. É hora do almoço e o seu chefe não fala nada em ir almoçar. Você vai colocar o dedo na cara dele e dizer que acabou a reunião porque está com fome?

Claro que não vai. Só que continuará a ter fome e por isso sofrerá. Este sofrimento vai lhe levar a desconcentrar-se e, por isso, nem vai ouvir o que o seu chefe está dizendo. Sem saber o que ele disse, não fará o que ele espera. Aí, perde o emprego. 

Neste momento, você o acusa de não ser justo. Mas será que isso é verdade? Será que ele não foi justo ou você estava vivendo a presunção de comer e nem ouviu o que tinha que fazer?

Vou dar mais um exemplo: alguém me deu um pito. Isso é raciocínio? Não. O dar é vida. Por isso posso dizer que a vida me deu um cigarro. O gesto daquela pessoa que me deu o cigarro é a vida dela. Pegar um cigarro e me dar é a vida e não ele quem faz.

Agora, enquanto ele me dá o cigarro tem que viver exatamente isso, sem saber por que está me dando, para que está me dando, como vai dar ou se poderia estar deixando de dar. 

A vida é o que acontece enquanto você pensa no que está acontecendo.

O trabalho da felicidade é vivenciar o que acontece sem presumir mais nada sobre o que está acontecendo. Quando falo assim, estou abordando a questão do assistir a vida. Já falei em assistir a vida há tanto tempo e vocês disseram que tinham entendido o ensinamento, mas estou vendo que não.

Assistir a vida é viver o momento de agora sem presumir nada.

Pai Joaquim

O amor e o relativismo

A partir de tudo o que falamos, ou seja, a partir do que é absolutismo, o que é relativismo e como lidar com essa informação no sentido da busca da união com Deus, temos que analisar alguns paradigmas, já que não temos como analisar tudo, da vida a partir destas informações. Vamos fazer isso agora.

Paradigmas são verdades. Precisamos analisar algumas coisas que para vocês são verdades absolutas, apesar de serem relativas, para compreendermos o seu relativismo. Vou dar um exemplo que é o mais profundo que podemos usar nesta análise: o amor. 


A partir do momento que se entende que tudo nesta vida é relativo, é preciso compreender que os amores desta vida são relativos. É preciso compreender que tudo o que ama só é tratado desta forma por você. Existem pessoas que não amam o que você ama. Além do mais, é preciso se viver com a certeza de que aquilo que hoje é amado amanhã poderá não mais ser. 


É preciso compreender que se os amores desta vida são relativos, vocês são incapazes de amar absolutamente. É preciso compreender que vocês são incapazes de amar de uma forma eterna e a todos. 


Você, ser humanizado, é incapaz disso. É incapaz de amar verdadeiramente, pois o amor é algo absoluto que o ego humano relativa. Faz tanto isso que cria tipos de amores: o amor filial, o amor marital, o amor entre colegas. É da consciência da existência dos diversos tipos de amores que os seres humanizados vivem que devemos ter a consciência de que tudo o que amamos neste mundo é vivido com um amor relativo e não com um universal, absoluto. 


O amor desta vida vale apenas para determinadas pessoas e por determinado tempo e nem todos amam de uma forma igual. Ter essa consciência é a prática do conhecimento da existência do relativismo e do absolutismo. 



Quando se sabe que neste mundo existe apenas verdades e realidades relativas, precisamos levar esta consciência a todas as coisas para que possamos tratar tudo como relativo, ao invés de tratar algumas coisas de forma absoluta. 


Pode ter gente, por exemplo, que não se comova com a foto de uma criança, que não se enleve com a imagem de um animal: você sabia disso? Claro que não, pois imagina que seu amor é absoluto, ou seja, que todos têm que amar aquilo que você ama. É por tratar seus amores como absolutos que não consegue amar o próximo como a si mesmo. 


A prática da busca da união a Deus não se trata de deixar de amar o que ama, mas saber que os seus amores são relativos. Já demos este exemplo hoje: a pessoa que frente aos ensinamentos monistas dizia que queria amar a sua companheira especificamente. Este ser não precisa deixar de amá-la, mas precisa compreender que não é capaz de amar na Verdade, na Realidade, ou seja, de ter um amor absoluto. Esta é a prática da busca da união a Deus. 


Quem compreende a questão do relativismo e do absolutismo sabe que não pode amar alguém especificamente porque sabe que não pode haver Amor Absoluto por uma única pessoa. Este tipo de amor precisa ser vivenciado de uma forma genérica e não específica. Só que esta consciência não precisa lhe levar a deixar de amar quem ama, mas apenas saber que quem não amar quem você ama não está errado. 


Amar a alguém ou a alguma coisa especificamente é nutrir um amor relativo. É algo ilusório, algo que pertence apenas a este mundo. Por isso, é preciso ter a plena consciência do relativismo do que se sente. 


Portanto, se Cristo disse que é preciso amar a tudo e a todos, é preciso compreender que a prática desse amor não se trata em nutrir um novo sentimento ou deixar de amar a quem se ama, mas apenas compreender que os amores desta vida são relativos e que por isso nem todos precisam amar as mesmas coisas que você. Quando compreende isso e continua amando o que você ama e dá ao outro o direito de amar o que ele quiser, cumpriu os mandamentos que Cristo ensinou.


Neste momento estará amando de uma forma absoluta, já que não acreditou nos amores relativos.

Pai Joaquim

Busque sem obsessão

Participante: parece que precisa de um relaxamento muito grande para poder observar a mente. Parece que ainda estamos muito tenso com relação à observação.

Vocês não estão tensos por conta da observação, mas sim por conta da existência de um trabalho para ser realizado. 

Imaginam que este trabalho será feito por vocês, que vocês é que realizarão alguma coisa. Por isso é que imaginam que têm que estar dessa ou daquela forma. Esqueça isso: este trabalho requer que você aprenda a brincar de viver. 

O trabalho da observação da mente é importante para quem quer ser feliz, mas para que dê resultado ele precisa ser feito de uma forma leve e não como uma obrigação. Precisa ser executado com amor e sublimidade e não dentro de uma obsessão de realizar alguma coisa como vocês costumam viver as coisas desta vida.

Se não encarar este trabalho com leveza, certamente sofrerá e muito. Isso porque certamente não conseguirá libertar-se da mente todas as vezes. Quando não conseguir, por conta da obsessão de realizar, a mente certamente lhes dará a culpa. Neste momento o sofrimento é o resultado inevitável do pretenso trabalho de busca da felicidade. 

Viva o processo com sublimidade, com leveza. Não gere expectativas. Diga para si mesmo: ‘eu ouvi que preciso seguir este caminho. Me conscientizei de que ele é o melhor para mim. Vou me esforçar para praticar o ensinamento, mas com a consciência de que muitas vezes não conseguirei fazer nada. Nestes momentos, não aceitarei a culpa por não ter feito’. 

Quando não observar a mente, observe que não observou e deixe o barco correr.

Pai Joaquim

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A prática da caminhada para Deus

Participante: temos, então, que deixar o relativo para atingir o absoluto. Como fazer isso?
Não dando ao que é relativo o valor de absoluto. 

Você é mulher? Isso é algo relativo. Você, o ser universal, não possui sexo. Por isso posso dizer que está mulher nesta encarnação e não que seja. Esta condição é, portanto, relativa, já que existem sexos diferentes e ela é temporária. 

Só que enquanto está, você não pode negar que seja. Hoje você não pode negar que é do sexo feminino. Se fizesse isso estaria sendo hipócrita, pois a forma que hoje ocupa é deste sexo. 

Portanto, absolutamente falando, você não é mulher, mas relativamente falando é. Por isso, deve dizer a si mesmo: ‘estou mulher, mas não sei se sou’. É isso que é libertar-se do relativo sem trocar seis por meia dúzia.

De nada adianta dizer que você não é mulher, pois neste momento é. Hoje para você isso é uma verdade que não pode ser negada. 

Participante: e seu eu disser que não tenho sexo?

Ainda estará usando uma verdade relativa de forma absoluta, pois está afirmando que é algo que não faz a mínima ideia do que seja. Você, dentro da sua concepção atual, sabe o que é não ter sexo, como é não ter? Claro que não. Será que no universo não ter sexo é ter a forma que aqui é determinada como feminino? Você não sabe ...

Portanto, a resposta que lhe leva ao absoluto é sempre não sei. Para se libertar do relativismo é preciso não ter certeza de ser nada, mas constatar que está sendo. 

Por exemplo: vocês estão me ouvindo agora? Por mais que achem que existem sons sendo percebidos pelos ouvidos, respondam a si mesmos: ‘não sei’. Vocês não sabem absolutamente o que é som, o que é ouvir, o que é estar e muito menos o que é agora, como podem responder que sim? 

Apesar de não poderem responder que sim, também não podem negar que estão me ouvindo. Isso porque o momento onde um som é percebido pelo seu ouvido é chamado neste mundo de ouvir. Por isso, o único caminho é dizer a si mesmo: ‘a mente está dizendo que estou ouvindo, mas eu não tenho certeza disso’. 

É esse o trabalho. A mente lhe diz que alguém é ruim, é mal. Diga para ela: não sei. Você não pode dizer que ele é bom, mas também não deve acreditar que ele é ruim. É preciso declarar expressamente que não sabe de nada para não correr o risco de viver uma fantasia imaginando que está vivendo uma realidade. 

Aliás, aproveitando este trabalho para fazermos uma recapitulação de coisas que já falamos, me lembro de uma frase que falei há muito tempo: da sua declaração de incompetência de viver as coisas deste mundo nasce a sua competência para unir-se a Deus. Sempre que declarar-se competente para alguma coisa neste mundo, está se afastando de Deus, pois está vivendo com verdades relativas que classifica como absolutas. Sempre que declarar a sua incompetência está se libertando do seu relativismo e por isso se aproximando do absoluto. 

Esta é a prática da busca de Deus: declarar a sua incompetência para qualquer coisa nessa vida. Só que esta declaração deve ser feita sem absolutismo, mas apenas porque existe a constatação de que tudo que imagina ser é relativo.

Tornando-se absoluto

Já que estamos aproveitando e fazendo uma recapitulação de tudo o que conversamos até hoje, deixe-me falar de uma figura que já fiz muitas vezes. Promover a elevação espiritual é como sentar à margem de um rio e vê-lo passar. 

Você sentado, parado, estático, deve observar a água do rio chegar, passar e ir embora. Só que o ego humano não aceita que isso aconteça. Como as pessoas me perguntam sempre: o que o senhor ensina não é conformismo? Sim, é, mas e daí?

O grande problema é que as pessoas que querem ser protagonistas para poder ter a fama, o elogio, o reconhecimento, a vitória. Por isso querem sempre agir de alguma forma e se incomodam e não aceitam com a ideia de ser conformista, de ser um espectador da vida.
Voltando ao nosso exemplo, as pessoas que se dizem buscadoras de Deus querem, ao invés de assistir ao rio passar, querem entrar nele e banharem-se ou querem criar uma barragem para reter a água e assim ter mais dela para si, o querer saber. 

Mais um figura que fiz no início do trabalho e muitos talvez não se lembrem, por isso vou repetir aqui. Vocês são como gotas d’água que surgem na nascente do rio e completam todo o percurso até o mar. Quando chegar lá ela terá que se unir a imensidão do mar de uma forma que ninguém mais a percebera. Só que o ego até aceita a ideia de chegar ao mar, mas prefere ser uma gota d’água dentro de um saco plástico para que permaneça existindo individualmente.

Veja se não é isso. Vocês aceitam a ideia de universalismo, mas ainda querem ser os universais. Veja como vocês aceitam a ideia de que existe um Absoluto, um absolutismo no universo, mas querem ser o absoluto do universo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O ser livre não espera nada da vida


Sistemas


É preciso ceder

É neste ponto que começa o problema da busca da felicidade que dizem fazer. Isso porque nenhum ser humano quer ceder um milímetro daquilo que acha que é certo, que acha que gosta ou do que imagina ser justo. Ninguém está disposto a ceder suas posses, suas paixões e desejos para poder servir ao próximo, para poder se universalizar, para poder ser feliz.

À respeito disso lembro que falava assim: vocês buscam a elevação espiritual, mas não querem dar nada para alcança-la. Para mostrar isso contava a seguinte história.

Elevar-se espiritualmente é unir-se à Deus, aproximar-se Dele. O Pai é o centro do universo, é o meio de tudo o que existe. Hoje estão afastados dele e o meio, o centro do universo que vivem é o astro rei, o sol. É a partir destas figuras que falo da elevação espiritual.

Usando esta comparação que fiz, posso dizer que a busca da elevação espiritual pode ser comparada à busca de chegar ao sol. O ser humano que busca a Deus pode ser comparado àquele que quer chegar o sol. Só tem um detalhe: para não se queimar o ser humano quer chegar no sol à noite ...

É desta forma que ele busca a elevação espiritual. Quer aproximar-se de Deus, mas não quer perder nada do que tem hoje. Isso é impossível. 

O trabalho da busca do poder da felicidade exige que você ceda à alguma coisa. Exige que você se doe em alguns momentos. Se não houver essa doação, essa cessão de supostos direitos, não há como ser feliz, pois dependerá do outro para ser feliz sempre. Neste caso, mesmo que consiga o que anseia, não terá felicidade, mas sim prazer.

Aquele que não sabe ceder suas vontades, anseios e verdades ao próximo não consegue jamais ser feliz. Isso porque o egoísmo nato do ser humanizado fará com que ele exija que o outro comungue das suas verdades. Como o outro possui vontades e verdades diferentes e também não cede, o embate entre os seres é inevitável. É por isso que afirmo que o relacionamento de dois seres é sempre uma disputa de cabo de guerra.

Como o ser humanizado quer ser feliz, se a felicidade depende da paz e da harmonia e os envolvidos querem sempre impor suas vontades um ao outro? Como podem viver em felicidade a convivência mutua se a cada momento que ela acontece quer que sua vontade e verdade prevaleça. Impossível, não é mesmo? 

Portanto, o que estou lhe recomendando para que viva a paz e a harmonia, é que comece a trabalhar dentro de si a questão do doar-se, do ceder em prol, em benefício do outro. Claro que é um benefício para o outro o seu ceder, mas o maio beneficiado é você mesmo, pois viverá em paz e harmonia a mesma coisa que viveria em contrariedade.

Pai Joaquim

Concretamente, como se ama a Deus?

Priorizando Deus na sua vida. 

A minha pergunta é a seguinte: é mais importante para você ter Deus na sua vida ou uma empresa? 

É com este tipo de questionamento que se consegue a vitória na vida, ou seja, a manutenção da felicidade, pois ela só existe para aquele para quem é mais importante estar em Deus, com Ele, por Ele do que ter uma empresa ou qualquer outra coisa. 

A única saída para deter o poder da felicidade é a prioridade por ter Deus ao seu lado o tempo inteiro. Quem prioriza Deus na sua vida não sofre por mais nada, pois vê o Pai em tudo.  Pai, afasta de mim este cálice, mas se não for possível, que seja feita a vossa vontade. 

Portanto, não tenha medo de qualquer coisa que possa acontecer como consequência do momento que vive agora. Refugie-se em Deus ou como Krishna ensina, repouse em Deus e assista a sua vida. Deixe os acontecimentos irem passando e espere o final para ver o que acontecerá. 
 
Viva a vida que lhe é apresentada, mas nunca perca o seu norte, o sentido daquele que quer ser feliz: estar em Deus, com Ele e por Ele. 
 Que a paz esteja com você.

Encontros depois da morte

Participante: Aqui está sendo falado de um encontro real e não de uma simples imaginação.
Também estou falando de encontro real. 


Mas, para mim, o mais importante não é o encontrar, mas sim que esse encontro só acontece porque há uma busca. Ou seja, você acorda do outro lado e diz: ‘morri; cadê meu pai, que já tinha morrido, cadê minha mãe’? 


O importante por agora é compreendermos que existe uma busca com a intenção de encontrar.


Participante: Tem gente que encontra. 


Sim, tem gente que encontra de acordo com a sua afeição, como diz o Espírito da Verdade.
Tendo obsessão pela sua mãe que já morreu, quando sair da carne vai procurá-la e poderá até encontrá-la. Mas, se você não tem essa obsessão, não vai buscá-la porque não precisa a encontrar. 


Participante: Mas para se encontrar essa afeição tem que ser recíproca? 


Muitas vezes o outro já saiu antes da carne mais elevado e não precisa deste reencontro para ser feliz, mas atende ao chamado por compaixão. Ele vem pela afeição entre espíritos e não pela busca do filho, por exemplo. 


Aquele espírito que viveu o papel de mãe não está buscando o filho, apesar de quem viveu o papel de filho estar buscando a mãe. 


Participante: O espírito que vem pode até não ter vivido o papel de mãe, não é mesmo?
Sim, pode até nem ter vivido este papel. 


Como já dissemos, a identidade material não tem nada a ver com a identidade espiritual. Outros espíritos podem assumir uma identidade material de outros espíritos.


O que precisa ficar claro nesta resposta é: você se relaciona com as pessoas de acordo com a afeição que tem por ela. Tendo uma afeição obsessiva, buscará sempre esta pessoa, esteja onde estiver; não tendo, não precisa buscá-la sempre. 


Apenas um detalhe que estamos nos esquecendo: o encontrar depende do carma. Nada pode independer do carma. Portanto, procurar é uma coisa; encontrar ou não é uma questão de merecimento.

Pai Joaquim

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Palestra Pai Joaquim em Uberlândia 11-04-15 - Parte 4/12


Eu e Deus somos um - 09 - Maya - 1ª parte


Eu e Deus somos um - 09 - Maya - 2ª parte


Amor incondicional

Participante: o que significa amor incondicional e como pratica-lo num mundo de tantas injustiças e sofrimento? 

O que significa amor incondicional? Amor sem condições, ou seja, quando você apenas ama. Ele não existe quando você ama porque, para que, como, quando e onde.

Quando você apenas ama o amor incondicional existe. Quando você ama porque a outra pessoa lhe faz bem para você, porque aquele homem é bonito, ama porque aquela pessoa é católica ou espírita, etc., neste momento o seu amor não é incondicional, pois houve uma condição para você amar.

Como fazer para amar incondicionalmente num mundo cheio de injustiças? Precisamos investigar um pouco a sua afirmação para podermos responder a questão. 

O que é injustiça? É o fruto da análise de um acontecimento humano por um padrão que mostra o que é justo. Ou seja, quando você vê uma injustiça é porque sabe o que seria justo acontecer. Sabendo alguma coisa, esse seu saber criará uma condicionalidade para o seu amar.

Sendo assim, só posso lhe responder que amar incondicionalmente num mundo onde se vê tanta injustiça e sofrimento, o resultado da vivência da injustiça, é impossível...

Acho que já lhe respondi, mas preciso fazer uma distinção entre dois aspectos do mundo humano para lhe orientar melhor. Quero lhe mostrar a diferença entre conhecimento e saber. 

Ter conhecimento é você ter informação. Saber é ter certeza de que o que é conhecido é verdade, é real.

‘Eu sei que aquela pessoa é boa, tenho certeza disso’: esta pessoa você amará condicionalmente. ‘Eu sei que aquela pessoa não é boa, eu sei que aquela pessoa faz o mal’: novamente o amor por esta pessoa será condicionado. ‘Disseram-me que aquela pessoa não presta, mas não sei se isso é verdade’: neste caso o seu amor por esta pessoa pode ser incondicional...

Acho que ficou clara a influência do saber no amar. No entanto, quero colocar mais uma coisa. Sendo a condicionalidade do amor gerada pelo seu saber e sendo o amor incondicional a expressão máxima de cristo, posso dizer que o seu saber é um anticristo. O seu saber é aquele que luta contra Cristo. Você quer seguir com Cristo ou aquele é contrário a ele?

Enfim, encerrando, posso lhe dizer que para amar incondicionalmente num mundo cheio de injustiças é preciso que você não tenha dentro de si valores que levem a decretar se o que aconteceu foi justo ou injusto. Só isso.

Vocês precisam se libertar desse lado humano para poder ser o Cristo e poder amar incondicionalmente.

Pai Joaquim

O mundo atual e a elevação espiritual

Participante: sabendo que estamos sempre evoluindo, por que parece que está tudo cada vez ficando pior?

Porque a evolução só é alcançada quando os acontecimentos deste mundo aparentemente estão pior. 

Por que digo isso? Vou explicar...

Já me perguntaram sobre o que é evolução espiritual? Àquela oportunidade disse que evolução espiritual é aproximar-se de Deus. Disse também que para vocês que encarnam neste mundo isso é realizado através do abandono das coisas materiais. Por isso afirmo agora: quanto mais a coisa humana está “pior”, maiores são as oportunidades de você se aproximar de Deus. 

Deixe-me contar um segredo: você só vai buscar a Deus quando se desiludir do mundo humano. Enquanto estiver iludido pela possibilidade das coisas deste mundo ficarem ‘boas’, você não ai querer virar as costas para as coisas materiais. 

Imaginar que pode ter o prazer de viver aquilo que deseja: esse é o grande argumento que não lhe deixa buscar a Deus. Como são instigados a procura-Lo, mas não querem abrir mão desta pretensão, criam um deus para poder servir. Servem a este deus humanizado, criado com ideias humanas, e com isso imaginam que estão se aproximando do Deus.

Isso acontece porque você ainda acha a vida humana boa, ainda acha a vida humana importante, ainda acha a vida humana algo sagrado. Ela não é nada disso... O lado humano não tem nada de bom, de importante ou de sagrado. A vida humana é apenas aquilo que é criado para a provação do espírito, é a tentação que o espírito precisa vencer para aproximar-se de Deus...

Por isso, a vida humana precisa ser tratada pelo ser humanizado, pelo espírito encarnado, com seu real valor para que ele aproveite a oportunidade que está tendo de evoluir. Qual é o real valor da vida? É uma encarnação, é uma oportunidade para o espírito provar a si mesmo que entendeu que precisa aproximar-se de Deus. Quando a vida humana tiver este valor, você, automaticamente, se desilude dela... 

É por este motivo que cada vez mais que o mundo encarnatório avança, as coisas ficam mais difíceis, o prazer de se viver o que quer é mais dificilmente conseguido. Com esta forma de ser o mundo está ajudando o espírito a se libertar da busca humana, do lado humano.

Pai Joaquim

Não matar

Participante: se Moisés escreveu os dez mandamentos inspirado por Deus, porque dizia não matar, não roubar, etc. e em nossos estudos vemos que estes acontecimentos são necessários? Ou fui eu que não entendi?

É bem típico de você, moça: colocar a culpa em si mesma... 

Não foi você que não entendeu. Eu realmente sempre disse que devem haver assassinatos, apesar desta afirmação ser contrária à Lei de Moisés. Mas, vamos entender isso com calma...

Antes, deixe-me falar uma coisa. Moisés, ao descer do monte Sinai trouxe os dez mandamentos e neles estava contida a declaração que não se deve matar. Isso faz parte do Velho Testamento. Acontece que no Velho Testamento se diz também que o Salvador, o Messias viria depois e iria guiar o povo para a liberdade. Este Salvador, Messias, é o Jesus incorporado com Cristo.

Durante a missão Jesus Cristo, com respeito aos mandamentos de Moisés foi ensinado o seguinte: eu não vim para quebrar a lei, pois dela não se tira uma vírgula ou um ponto, mas sim para dar um novo sentido a lei. Sabendo disso, você deve imaginar que continua sendo proibido matar, mas que há uma nova interpretação para esta lei...

Está surpresa por eu falar assim? Está se perguntando porque já falei tantas vezes que não se deve julgar o assassino e agora venho dizer que o assassinato é proibido? A resposta a esta sua dúvida seria: uma coisa é uma coisa, outra coisa, é outra coisa...

Continuo afirmando que é proibido matar, como Cristo também disse, mas afirmo que esta lei precisa ser cumprida de outra forma, como o mestre também ensinou. Vamos tentar entender isso...

A lei de Moisés é coercitiva. Ela diz: não faça isso e exige de forma coercitiva que aquilo não seja feito. Cristo não é coercitivo. Isso fica bem claro quando ele afirma: venha para mim porque meu jugo é leve. Por isso ao invés de usar a coerção para se cumprir os mandamentos, o mestre usou o amor.

Amar: este é o novo sentido que Cristo trouxe para se aplicar à lei de Moisés. Não deixe de fazer alguma coisa por obrigação, mas ame para não fazer. Este é o sentido que Cristo deu aos ensinamentos dos profetas...

Quando você entende isso, verá que está escrito que não deve matar, mas compreenderá que deve não fazer isso por obrigação, não para cumprir o texto da lei, mas por amor ao próximo. Este é o sentido que complementou a lei de Moisés. 

Então, a lei de Moisés continua existindo, mas com a ressalva: para cumprir os mandamentos ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo ao invés de cumprir o que é preconizado pela lei por conta do medo da punição ou pela obrigação de não fazer. Quando você ama da forma ensinada por Cristo, faça o que fizer, não infringe a lei, não se tornar um matador. É isso que quer dizer o ensinamento de Cristo. 

Quando oriento vocês a não julgar aquele que mata, estou atendendo exatamente a este requisito trazido por Cristo: ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Faço isso para que você não fira o mandamento, para que não se torne um pecador... 

É, quem mata alguém pela lei de Moisés pode ser considerado um pecador, mas quem critica, acusa, julga e calunia o matador ou qualquer outro ser por qualquer outra coisa, pela lei de Cristo está cometendo também um pecado. Como não existem diferenças entre pecado, um é igual ao outro. Não existe, aos olhos de Deus, diferença entre matar e criticar...

Portanto, nunca disse que você deve matar alguém. Nunca disse que deve ser livre o ato de matar alguém. Quando falo sobre assassinatos, estupros ou fazer ‘mal’ a alguém e oriento a não criticar quem faz estes atos, o faço no sentido de orientar você a não julgar quem fez e com isso lhe ajudo a cumprir o que foi determinado por Cristo. 

Todos os argumentos que uso quando falo de acontecimentos que são considerados como maldade pelos seres humanizado não tem a finalidade de justificar o acontecido. O que faço é trazer elementos para que você se liberte da obrigação de julgá-los, para que se liberte do julgamento que a mente cria quando este acontecimento ocorre.

Eu já disse centenas de vezes que o importante para a aproximação de Deus não é aquilo que se faz, mas o que se vive internamente enquanto o acontecimento ocorre externamente. Quem mata com amor no coração não merece castigo. Merece sim aquele que que mata com acusações, julgamentos, críticas e calúnias no coração. 

Esse matar a que me referi agora não precisa ser tirar a vida, mas apenas levar o outro ao sofrimento. Quem promove as condições para que o outro sofra, comete um pecado maior do que aquele que tira a vida com amor no coração, pois não cumpriu os ensinamentos de Cristo: não amou a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo...

O que estamos falando aqui é de mais um ensinamento de Cristo: o importante não é o que sai pela boca, mas sim do coração. As orientações que deixo quando falo de acontecimentos deste tipo têm a finalidade proteger o seu coração. Por isso digo que mesmo que determinada pessoa, espírito encarnado, tenha matado com ódio no seu coração, você não deve ter ódio no seu coração por ele. Tendo, estará infringindo a mesma lei que ele.

É isso que eu sempre quis dizer e que precisamos entender. Como já afirmei, a Bíblia é uma coisa só. Não dá para ler as dez leis de Moisés separadamente do resto, pois, mais à frente Cristo dirá que há uma outra interpretação para esta lei e depois ainda Paulo dirá que Deus não atende aqueles que cumprem a lei, mas àqueles que tem fé. 

Acho que foram estes detalhes que levaram você a não compreender perfeitamente o que eu digo. No entanto, quando isso aconteceu, não foi porque você errou, como costumeiramente a sua mente cria esta ideia sobre si mesma. Não se julgue...

Pai Joaquim

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Convivendo com a vitimização

Como se vive com a vitimização dos outros? Não vivendo a importância que o outro dá ao seu sofrimento. O ser humanizado como quer conquistar, gera uma ideia de ter pena dos outros ou de si mesmo. Gera uma ideia de viver situações onde os outros ou ele mesmo não sejam vítimas da vida. Mas, isso é impossível.

Não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo, ou seja, não se pode agradar dois seres humanos ao mesmo tempo. Em um determinado acontecimento, ou um é servido ou o outro; ou um é agradado ou o outro: não pode ser diferente. Jamais se conseguirá agradar a todos ao mesmo tempo. 

Há algum tempo disse que para um ganhar é preciso que outro perca. Quando isso aconteceu, uma pessoa me perguntou se não há como todos ganharem ao mesmo tempo. Naquela época e sempre a minha resposta a esta questão é a mesma: não. Não é possível que todos ganhem ao mesmo tempo, a não ser que se transforme a derrota numa vitória. 

Essa transformação, no entanto, não pode acontecer por hipocrisia, ou seja, satisfazer a vontade dos outros mantendo a sua própria. Quem faz isso sofre com contrariedade, pois ainda tem vontades. O que estou dizendo é que para poder ser feliz o ser humano tem que ter vontade de fazer o que o outro quer fazer. Vivendo isso, com certeza os dois poderão ser satisfeitos num determinado momento. 

Portanto, a questão da vitimização é importante de ser compreendida por quem pretende deter o poder da felicidade. É preciso saber que todos se fazem de vítimas quando contrariados e, por isso, é necessário para que tenha uma relação em paz e harmonia com eles, estar consciente de que a vitimização não é na verdade uma dor, um sofrimento do outro nem seu, mas uma arma que o ego usa para poder impor a sua vontade, o seu desejo e verdade ao próximo. Se não houver esta consciência, fazendo ou não o que o outro quer, com certeza você sofrerá. 

Imagine que num dia você consegue praticar atos de acordo com o anseio de sua mãe, mesmo tendo pretendido fazer outras coisas. Neste caso, você sofrerá, ou seja, viverá um papel de vítima. Já em outro dia, acaba praticando o que quer. Neste caso também sofrerá, porque a sua mãe estará sofrendo por você não ter feito o que ela queria. Viu como sem a doação consciente, sem a vontade de fazer pelos outros, o sofrimento é inevitável? 

Resumindo, então, tudo o que dissemos sobre conviver com a cobrança dos outros, diria que primeiro, já que sabe que sempre a sua mãe reagirá sentindo-se sofredora porque não fez o que ela quer, não dê valor a este sofrimento. Aja com naturalidade: ‘desculpa, mãe, hoje não posso fazer o que você quer. Amanhã se tudo der certo farei’. Mesmo que ela sofra, não aceite esta vitimização por parte dela.

Segundo: trabalhe dentro de você a ideia de ceder ao próximo para que possa alcançar a paz e a harmonia. Esse é o segredo para aquele que quer ter o poder de ser feliz.
Com as graças de Deus.

Pai Joaquim

VIDA CRISTÃ - 25

Deus fez isso de acordo com o seu eterno propósito, que ele contemplou por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor. (Capítulo 3 – versículo 11)

Qual o eterno propósito de Deus? Para que Deus vive?
Participante: para criar espíritos. 

Não. Ele não vive apenas para gerar espíritos. Ele não é um Pai desnaturado que apenas gera e depois deixa o rebento se virar sozinho. 

Qual o propósito de Deus? 

Participante: que o ser ame o tempo inteiro.

Não, Deus não está preocupado com o amor por ele mesmo. Por isso o propósito Dele não é o amor em si mesmo. 

Participante: o trabalho de reforma íntima de cada ser.

Nem isso é o propósito de Deus. 

O que Ele objetiva é que o universo esteja em perfeita harmonia o tempo inteiro e que cada um dos seus filhos evolua e viva harmonicamente. Este é o propósito de Deus. 

Ele criou o universo, todas as galáxias, todos os planetas e todas as vidas do universo com o sentido único de estabelecer um sistema equilibrado onde cada espírito conviva harmonicamente com o outro e que tenha a paz e a felicidade. Esse é o objetivo de Deus. É para isso que Ele vive. É isso que faz o tempo inteiro.
É por isso que Ele gera espíritos. É por isso que Ele é a Causa Primária das coisas, pois se não fosse, não haveria equilíbrio. 

Esse é o propósito de Deus e quando vivemos dentro da nossa individualidade, dentro do nosso individualismo acusando erros no universo, estamos afirmando que não é este o propósito de Deus. Dizemos que o universo é o caos, que é uma bagunça. Só que se as coisas deste mundo é uma bagunça e se o Pai só existe para manter a harmonia, teria que pensar que Ele perdeu o comando das coisas deste planeta. 

Só que isso não é verdade. Como já estudamos anteriormente, um ato praticado aqui, se não comandado por uma Causa Primária, causaria reflexos até em Plutão. Por isso não podemos imaginar que Ele tenha perdido o controle, deixado de ser a Causa Primária das coisas, das coisas deste planeta, pois se assim fosse, Ele teria perdido o controle de o universo. Se isso acontecesse, o universo estaria desequilibrado e por isso s desintegraria. 

Como o universo está equilibrado, todos os planetas estão no lugar certo nem há guerra interplanetária, começamos a compreender que Deus está no comando. Se isso é real, não há nada errado. 

É só raciocinar além da vida material que compreendemos o que Paulo está nos ensinando. O problema é que vocês vivem só no micro. 

Hoje aqui, por exemplo existem pessoas de três cidades diferentes. Cada grupo vive apenas o seu próprio local de residência, a cidade onde mora, ou seja, pouco conhece da totalidade do mundo, mas mesmo assim nenhum de vocês abre mão de dizer que conhecem o mundo inteiro, que sabem como as coisas podem ser certas ou erradas. 

Como vocês podem dizer que conhecem todas as coisas, se raramente deixaram suas cidades? Apesar disso acham que conhecem, acham que sabem quais as coisas são certas neste mundo e que por isso todos têm que se submete; acham que conhecem o que cada um deve fazer em cada caso; acham que sabem quando o outro está agindo errado. O que estou querendo dizer é que apesar de conhecerem apenas um mundo micro, vocês se acham capazes de gerar a norma que determine o que todos os outros seres do mundo devem fazer, ou seja, o certo. 

Só que vocês não conhecem o mundo inteiro, nem irão conhecer. Como, então, querem ser o gerador das normas que determinam o certo e o errado, o bom e o mal, o bonito e o feio? 

Entendam que não conhecem e nem jamais saberão o que se passa pelo mundo. Por isso, não dá para que vocês tenham uma visão global das coisas. Na verdade, não conseguem saber o que está acontecendo no quarto ao lado, que dirá imaginarem-se com o poder de determinar o que pode ou não ser feito, o que é bonito ou não.

É isso que o ser humanizado precisa caia na realidade. Ele precisa se conscientizar da sua incompetência de governar o mundo. Afirmo isso porque na hora que conseguir vivenciar esta consciência, o ser pode se mudar. Mas, enquanto se imaginar competente para governar o mundo, para ditar as normas de certo e errado, o ser irá querer governa-lo, porque este anseio é inerente ao ser ligado à humanidade.
Isso ficou claro?

Pai Joaquim