quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A prática da caminhada para Deus

Participante: temos, então, que deixar o relativo para atingir o absoluto. Como fazer isso?
Não dando ao que é relativo o valor de absoluto. 

Você é mulher? Isso é algo relativo. Você, o ser universal, não possui sexo. Por isso posso dizer que está mulher nesta encarnação e não que seja. Esta condição é, portanto, relativa, já que existem sexos diferentes e ela é temporária. 

Só que enquanto está, você não pode negar que seja. Hoje você não pode negar que é do sexo feminino. Se fizesse isso estaria sendo hipócrita, pois a forma que hoje ocupa é deste sexo. 

Portanto, absolutamente falando, você não é mulher, mas relativamente falando é. Por isso, deve dizer a si mesmo: ‘estou mulher, mas não sei se sou’. É isso que é libertar-se do relativo sem trocar seis por meia dúzia.

De nada adianta dizer que você não é mulher, pois neste momento é. Hoje para você isso é uma verdade que não pode ser negada. 

Participante: e seu eu disser que não tenho sexo?

Ainda estará usando uma verdade relativa de forma absoluta, pois está afirmando que é algo que não faz a mínima ideia do que seja. Você, dentro da sua concepção atual, sabe o que é não ter sexo, como é não ter? Claro que não. Será que no universo não ter sexo é ter a forma que aqui é determinada como feminino? Você não sabe ...

Portanto, a resposta que lhe leva ao absoluto é sempre não sei. Para se libertar do relativismo é preciso não ter certeza de ser nada, mas constatar que está sendo. 

Por exemplo: vocês estão me ouvindo agora? Por mais que achem que existem sons sendo percebidos pelos ouvidos, respondam a si mesmos: ‘não sei’. Vocês não sabem absolutamente o que é som, o que é ouvir, o que é estar e muito menos o que é agora, como podem responder que sim? 

Apesar de não poderem responder que sim, também não podem negar que estão me ouvindo. Isso porque o momento onde um som é percebido pelo seu ouvido é chamado neste mundo de ouvir. Por isso, o único caminho é dizer a si mesmo: ‘a mente está dizendo que estou ouvindo, mas eu não tenho certeza disso’. 

É esse o trabalho. A mente lhe diz que alguém é ruim, é mal. Diga para ela: não sei. Você não pode dizer que ele é bom, mas também não deve acreditar que ele é ruim. É preciso declarar expressamente que não sabe de nada para não correr o risco de viver uma fantasia imaginando que está vivendo uma realidade. 

Aliás, aproveitando este trabalho para fazermos uma recapitulação de coisas que já falamos, me lembro de uma frase que falei há muito tempo: da sua declaração de incompetência de viver as coisas deste mundo nasce a sua competência para unir-se a Deus. Sempre que declarar-se competente para alguma coisa neste mundo, está se afastando de Deus, pois está vivendo com verdades relativas que classifica como absolutas. Sempre que declarar a sua incompetência está se libertando do seu relativismo e por isso se aproximando do absoluto. 

Esta é a prática da busca de Deus: declarar a sua incompetência para qualquer coisa nessa vida. Só que esta declaração deve ser feita sem absolutismo, mas apenas porque existe a constatação de que tudo que imagina ser é relativo.

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