sexta-feira, 31 de julho de 2015

DORMIR BEM

DORMIR BEM - 1/2

• O som que ouvimos

A questão que agora me é apresentada também não é inédita. Muitas pessoas já me fizeram esta reclamação.

Alguém me diz neste momento que seu vizinho coloca música muito alta em casa e por isso quem me fez a pergunta não consegue dormir e no outro dia rende pouco e tem mau humor, pois está com sono. Acho que isso é uma situação que muitas pessoas vivem. Por isso, vamos tentar analisar esta questão. 

Como venho dizendo, quando se busca deter o poder da felicidade, a primeira coisa que precisamos nos ocupar é em conhecer o que realmente nos incomoda, o que nos faz viver contrariedades. É importante buscar isso, pois esta informação nunca está disponível na superfície do pensamento do momento. Por isso, vamos realizar agora esta busca.

A pessoa me diz que a música do vizinho a atrapalha e por isso não dorme. Pergunta: tem alguém que durma com música alta no vizinho? Tem. Existem muitas pessoas que conseguem dormir mesmo quando a música da casa ao lado está alta. 

Ora se existem essas pessoas, porque você não dorme mesmo com a música alta? Esta é uma questão que você precisa se fazer para poder chegar ao âmago da sua contrariedade. 

Sei que vocês me dirão que questão de dormir com barulho ao lado é coisa que varia de um ser humano para outro. Existem pessoas que conseguem se desligar mais do que está acontecendo e com isso dormir mesmo no meio do maior barulho enquanto outros não. 

Só que quando me respondem deste jeito, apesar de imaginarem que apontaram uma verdade, acabaram de me mostrar o problema da insônia. O problema não está na música alta, mas no não desligar-se dela. 

Na verdade o que incomoda a sua vida não é a música do vizinho, mas sim o fato de estar ligado nela. Mas, porque está vivendo esta ligação? Porque você não queria que o vizinho ouvisse música naquele volume. 

Veja: o problema não é a música, mas sim você. O problema é sua mente que está operando dentro da ideia de perder, que está mostrando uma derrota individual enquanto lhe manda sonhar com uma vitória.

O que a mente quer é ganhar dos outros. Por isso, quer que todos ouçam a música que ela quer, na hora que quiser ouvir e no volume que considerar adequado. Pouco importa o que está acontecendo; o que a sua mente quer é sempre subordinar os outros aos seus anseios e com isso obter uma vitória individual.

Esse é o problema. É por conta desta busca de vitória que você sofre insônia e não por causa da música. Se não dependesse de ganhar dos outros para ser feliz, você conseguiria dormir mesmo com o mais alto som ao seu lado. 

Para voltar a dormir bem, eu lhe aconselho a se desligar da música do seu vizinho. Para isso, é preciso se desligar da ideia de que deve ser o senhor do aparelho de som que está tocando. Se ele está na casa ao lado, é o seu vizinho o senhor do botão do volume de não você. Precisa se desligar da ideia de que todos devem obedecer o horário que você estabelece para que ouçam música. 

Desligando-se dessas coisas, consegue dormir como uma criança. Não se desligando, pode nem a música estar tocando que não conseguirá dormir, pois terá que ficar de prontidão para o caso do seu vizinho ligar o aparelho de som. 

Repare se o que estou falando não é verdade? Quantas vezes a música é desligada e você ainda fica rolando na cama sem conseguir dormir. Porque isso acontece? Por causa da raiva que vive por que o aparelho não foi desligado mais cedo. Ou seja, a música já acabou, o problema já passou, mas você, que disse que não dormia por causa dela, continua não dormindo. Porque não dorme? Porque continua ligado à música, que nem está mais tocando.

Esse é o problema nesta questão. O problema é que todos nós, como seres humanizados, como mentes humanas gostamos sempre de jogar a culpa no outros, quando nós mesmos somos o culpado de tudo que nos acontece. 

É a sua ideia de que o outro não pode ouvir o a música que quer, na hora que quiser, no volume que gosta que não lhe deixa dormir e não o tipo da música ou o volume dela. Por isso, busque trabalhar em si mesmo esta questão. Como se faz isso? Desligando-se do seu vizinho e da música que está tocando.

Na hora que desligar o seu ouvido da música, nem irá ouvi-la! Falo isso porque não existe ouvido que ouça alguma coisa. O que existe é a criação da ideia de haver uma audição de algum som. Porque esta ideia é criada? Para a prova do espírito. O que influencia a sua criação? A subordinação ao que é pensado. 

Cada vez que aceita a ideia de que o seu vizinho deveria já ter desligado aquele som, o seu ouvido a toca mais alto dentro de você. Faz isso para que possa vencer a sua provação que sempre diz respeito ao amor ao próximo, ao respeito ao direito do outro ser, estar e fazer o que quiser.

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• Segredo para acordar bem

Este, portanto é o caminho para acabar com esta contrariedade que como disse no início muitas pessoas vivem. Só que uma coisa importante na questão que me foi passada que quero abordar agora. 

A pessoa me diz assim: não consigo dormir direito e no outro dia não estou bem. A partir da afirmação que vocês fazem comumente de que o estado de espírito depende do sono, pergunto: quantas horas de sono é preciso para se estar bem no outro dia? Seis, oito, dez horas. Lhe garanto que tem gente que dorme muito menos e acorda bem. Porque, então, você precisa de uma grande quantidade? 


Deixe-me dizer uma coisa: qualidade de sono não se atinge com dependência de horas dormidas. Ela é alcançada quando se dorme profundamente, pouco importando a quantidade de tempo em que isso acontece. Por isso, o trabalho de quem quer estar bem no outro dia é entregar-se ao sono. Quem faz isso, acorda bem no dia seguinte, pouco importando o tempo em que esteve dormindo.


Você pode dormir duas, três ou quatro horas por noite e acordar bem. Pode dormir dez ou doze horas e acordar mau. Isso porque tudo depende do quanto dorme realmente. Para poder se dormir realmente o que importa é como se deita para adormecer. 


Deitando para adormecer ligado, preocupado com alguma coisa material, seja a música do vizinho, o que precisa fazer no dia seguinte ou na segurança da sua casa durante a noite, acordará mau, mesmo que durma por cinquenta horas. Isso porque a mente continua trabalhando mesmo quando o ser está dormindo.


A mente não se desliga porque aconteceu o momento sono. Por isso, todo o mal estar ou preocupação com a qual o ser estava ligado no momento do adormecer o acompanha a noite inteira. 


Este é um detalhe que deve ser observado por aqueles que reclamam de cansaço, de dormir mal. Não é a quantidade de trabalho ou o tempo de sono que lhe dá relaxamento, mas sim a qualidade do adormecer. É o desligamento das coisas materiais na hora de dormir que pode garantir uma boa noite de sono e um novo dia vivido em bem estar. 


Há algum tempo eu comento uma coisa que não reparam. Muitos seres humanos sentam atrás de uma mesa e ao final do dia estão mortos, cansados. Arrastam-se para casa e jogam-se no sofá. Ali ficam se lamentando e mostrando a todos o seu cansaço. Já aqueles que são estivadores no cais do porto carregam sacos pesados o dia inteiro. Quando termina o serviço, eles vão jogar futebol.


Quem fez mais movimentos musculares durante o dia e por isso deveria estar mais cansado? Quando fazia esta pergunta as pessoas da época as pessoas me respondiam: o trabalho mental cansa. Sim, isso é verdade e este é o ponto que todos os que querem ser felizes precisam se atentar: o trabalho mental cansa ...


Sim, a sua luta diária contra a altura do volume da música do seu vizinho lhe cansa. Já a continuação desta luta durante a noite inteira, quando não há mais a música, lhe faz acordar cansado. 


Por isso afirmo que a solução para o seu problema não está na mudança do gosto musical do seu vizinho ou do volume em que ele ouve a música. Também não está em conseguir dormir mais tempo. Ela está em você mesmo. Ela pode acontecer quando você aprender a desligar-se das coisas humanas. 


Esse desligamento só ocorre quando você não quer impor aos outros o que acha que eles deveriam fazer. Por isso, lhe aconselho: doe a razão. Dê ao seu vizinho o direito de colocar o tipo de música que quiser e ouvi-la no volume que achar adequado. 


O que você precisa para acordar bem no dia seguinte é na hora que for deitar esqueça qualquer ideia que não seja a de que naquele momento irá dormir. Se fizer isso, com certeza no dia seguinte acordará descansado e não terá motivos para sofrer.


Com as graças de Deus.

CONVIVÊNCIA

CONVIVÊNCIA - 1/3

• Viver com

Uma pessoa me fala que mora com seus pais e que há muitos conflitos na casa porque os seus pais pensam diferente. Eles possuem diretrizes de vida diferentes da filha e por isso vivem em conflito. Por isso, essa pessoa me pergunta como pode ser feliz vivendo esses conflitos. Vou tentar responder ...

O que é conviver? É viver com alguém. Toda convivência é marcada por duas pessoas, dois seres humanizados, diferentes entre si. Esses seres precisam coexistir em um determinado momento, apesar da divergência entre eles. 

Por causa do fato de serem distintos, normalmente contrários um ao outro, nenhuma convivência é fácil, nenhuma relação entre os seres humanizados é simples. Por isso é que entender a questão do viver com alguém é fundamental para a vivência em paz, harmonia e felicidade.

Viver com o outro é viver o momento em que está com ele a partir do outro. Viver com ele. Se ele gosta de laranja, para conviver com ele é preciso que se goste de laranja. Se ele gosta de limão, aquele que vai conviver com ele e que quer estar em paz precisa também gostar de limão. 

Isso é básico. A regra da boa convivência, ou seja, a regra para dois seres distintos que interagem em determinado espaço de tempo é um vive com o outro, é um ceder à sua individualidade para poder manter a convivência harmonicamente. 

Sendo assim, em princípio a sua resposta é: viva com seus pais. Viva com as pessoas da sua casa. Para isso, se gostam do amarelo, passe a gostar do amarelo quando estiver com eles. 

Isso é o que deve fazer, até porque se diz espiritualista. O espiritualista é aquele que busca viver com o outro em universalismo. Ser universal, universalista, é exatamente o que falei aqui: é aprender a viver com o outro em unidade. 

É claro que se as pessoas da sua casa me fizessem a mesma pergunta que você me fez eu não daria a mesma resposta. Porque isso? Porque eles não querem ser universalistas, espiritualistas. Por isso, o mesmo conselho não é válido para eles.

Por não quererem o universalismos, as pessoas da sua casa possuem outra lógica, outra forma de ver o mundo. Por isso é perfeito que elas lhe coloque aquilo que pensam, que queiram que você pense do mesmo jeito. Agora você como uma pretendente a buscar a Deus, a se universalizar, espiritualizar-se, precisa aprender a conviver com isso. Precisa aprender a conviver com as pessoas que pensam de uma forma contrária sem ser contrário a elas.

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• Doar a razão não leva a deixar de ser

Essa é em linha geral a resposta que daria a qualquer um que quer ter o poder da felicidade, mas que vive com contrariedade o relacionamento com outras pessoas. Só que tem um detalhe na sua pergunta que não toquei e agora é o momento de abordar.

Você me pergunta se precisa abondar tudo o que quer, o que gosta, o que sabe e lhe faz bem para poder conviver com as pessoas da sua casa. Eu lhe respondo que se analisar friamente o que falei à pouco, pode parecer que sim. Pode parecer que estou lhe incitando a abandonar sua individualidade para conviver com os outros. Só que isso não é real. Há um detalhe no que falei que com certeza não percebeu.

Eu disse: no momento em que estiverem juntos. É no momento que está com uma determinada pessoa que precisa abrir mão da sua individualidade para se universalizar com ela. No momento em que não estiver com essa pessoa esqueça tudo o que ela pensa e gosta e ocupe-se em universalizar-se com quem estiver. 

O espiritualista, o universalista, é como um camaleão: ele se adequa ao ambiente em que está. Portanto, se estiver com uma pessoa que gosta de laranja, goste desta fruta. No momento em que não estiver, não goste. No momento em que estiver com quem gosta de limão, passe a gostar desta fruta. Agora, no momento em que estiver consigo mesmo, goste do que gosta. Se não gosta de laranja nem de limão, não goste. 

Esse é o detalhe da universalização. Não é preciso se largar tudo o que gosta, que quer, que sabe, que almeja para si o tempo inteiro, de uma forma definitiva. Deve abandonar apenas na hora que está com uma pessoa que não goste do que gosta, que não queira o que quer, que não saiba o que você sabe e que não almeje o que almeja. 

Você precisa aprender a conviver com os outros porque diz que quer a paz, a harmonia e a felicidade. Se não quisesse essas coisas, eu falaria de uma forma diferente. Para conseguir o que deseja, portanto, é preciso aprender a ser camaleão: a viver de acordo com o ambiente em que está.

É isso que quem detém o poder da felicidade tem consciência. Para ele a coisa mais importante é obter a felicidade e para isso abre mão dos desejos, das vontades, do querer e do saber quando estas coisas podem acabar com a sua paz, com a sua harmonia e com a sua felicidade. 

Só que este desprendimento das coisas íntimas não é definitiva. Quando ele está sozinho vive o que gosta, o que quer e que sabe. Faz isso porque tem a consciência de que neste momento esta vivência não coloca em risco a sua felicidade. Quando a sua individualidade não causa mal a ninguém, o universalista se dá o direito de viver o que quer.

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• Bem viver com é uma questão de respeito

Por isso volto a repetir: para ser universalista não é preciso abandonar nada. O que precisa ser feito é respeitar o direito não gostar de alguma coisa. Você pode gostar de limão a hora que quiser, mas quando esse gostar fere o do outro e quer impor a ele que goste, está o desrespeitando.

Use o que gosta quando estiver com você mesmo. Chupe o seu limão na hora que estiver sozinha, mas não faça da sua individualidade uma arma para atacar o outro. Digo isso porque se agir dessa forma não estará convivendo com ninguém, mas guerreando com os outros e isso é a origem para todas as contrariedades. 

Essa é a resposta para aquele que quer ter o poder da felicidade, mas que vive conflitos em seus relacionamentos. Por almejar essa felicidade e saber que ela está no respeito ao próximo, esse ser inibe a sua individualidade em prol da do próximo no momento em que está com ele. Quando está sozinho, aquele que busca a felicidade vive a sua individualidade em plenitude. 

Com isso esse ser consegue uma boa convivência com qualquer um. Com isso consegue a paz, a harmonia, pois não ataca ninguém. 

Esse é o grande segredo. Ninguém está certo, ninguém está errado. Por isso não posso dizer que você esteja, nem que as outras também estejam. 

Além do mais, quando quer exercer a sua individu
alidade ferindo a do próximo, não amou, não respeitou e por isso não consegue ser feliz. 

Que você esteja na paz.

A ATUAL SITUAÇÃO DO SER HUMANIZADO

Por isso, pergunto: como está o espírito encarnado agora? Centrado no eu …

Todo ser humanizado vive a partir do seu eu: só o que ele acha certo está certo, só o que gosta é bom, a limpeza só existe quando acha que está limpo. O espírito quando encarnado vive centrado no seu eu, ou seja, ele se considera o centro do Universo.

Quando falo isso não estou acusando ninguém de nada, mas mostrando uma característica inerente a todos os seres humanizados. Não existe um espírito encarnado que consiga viver a vida a partir do outro ou de uma comunidade. Ele vive apenas a partir de si mesmo, ou seja, a partir dos seus conceitos…

Conceitos são as crenças que todo ser humanizado tem sobre as coisas. É o fato de achar alguma coisa boa, algo certo, alguma coisa limpa. Cada qualificação que o ser humanizado possua sobre os elementos que conhece é um conceito. Estar centrado no eu, portanto, é viver a realidade a partir de suas próprias crenças …

Esta é uma característica de todos os seres humanizados: vive a partir dele mesmo, a partir das suas crenças sobre as coisas. Aliás, esta é a única coisa que todos os seres humanizados têm em comum, pois as próprias crenças em si mesmo variam de acordo com cada ser humanizado ou grupo deles. O bom de um não é a mesma coisa para todos, o que é considerado certo varia entre os humanos, o limpo de um é sujo para outro.

Ora, se o trabalho da reforma íntima é comum a todos os seres humanizados e se viver a vida a partir destes conceitos é a única característica comum a todos os espíritos encarnados, este é o elemento que precisa ser reformado. O primeiro elemento que é preciso ser conhecido para se promover a reforma íntima é, portanto, reconhecer que se vive a partir de si mesmo e que é preciso viver de uma forma diferente, ou seja, não viver a partir desse eu.

A reforma íntima não consiste em trocar conceitos (achar bom algo diferente do que acha hoje), pois estes não são em si o objeto da mudança. Ela é realizada pela descentralização do eu. Vou dar um exemplo para ficar mais claro.

Gostar da cor amarela é ter um conceito. Quem diz que prefere a cor amarela porque a acha mais bonita, precisa compreender que isso não é uma verdade, mas apenas uma posição individual. O amarelo não é mais bonito que o verde para todos, mas apenas para aquele que acha dessa forma.

Gostar do amarelo não é problema e por isso a reforma íntima não se consiste em passar a gostar do verde. O problema, como já vimos, é viver a partir do eu. Viver a partir do eu, neste caso, é querer que os outros também prefiram esta cor àquelas que eles preferem.

Quem vive a partir do eu, critica quem gosta de outra cor e quer provar aos outros que a que ele gosta é a mais bonita. Quem promove a sua reforma íntima, ou seja, se descentraliza do eu, continua gostando da cor amarela, continua achando-a a mais bonita, mas aceita que os outros tenham preferência por outra cor.

Promover a reforma íntima, ou seja, mudar o seu interior é isso aí. Não se trata de mudar crenças ou assumir as dos outros, mas sim ter a consciência que tudo que você acredita é apenas uma opinião individual e, por isso, respeitar a opinião pessoal dos outros.

O processo de reforma íntima não é um processo de mudança de conceitos, mas de tirar a sua crença individual do centro do Universo, tirar dela a força de verdade que precisa ser seguida por todos. Isso é verdade? Sim, e vou provar…

Pai Joaquim

Ressurreição

Participante: Cristo transpôs a morte. É isso?

Não, ele venceu o mundo.

Vocês estão se apegando na ressurreição (retorno à consciência espiritual) como um elemento que só ocorre após a morte física: isso não é real. A consciência espiritual pode ser alcançada mesmo ainda se ligado a um ego.

Cristo amou sempre e nunca se preocupou em seguir as leis vigentes. Mesmo após o desencarne ele continuou quebrando os códigos judaicos, pois apareceu aos seus apóstolos e a outros seres quando a lei dizia que não devia sem fazer contatos com os mortos. 

Aceitar o fato da ressurreição, ou seja, que existe uma condição especial para ser aceito por Deus, é aceitar que os códigos de princípios que administram as ações não servem para este julgamento, mas apenas a capacidade de amar a cada momento. Isto porque a encarnação Jesus Cristo foi pontilhada de atos de rebeldia ao conjunto de normas religiosas de então e mesmo assim, terminou com a elevação espiritual. 

Isso seria entender o que Paulo está dizendo (agora Deus já mostrou como ele aceita os espíritos) na linguagem de hoje. Ele aceita não pelo cumprimento da lei à risca, mas por ter vivenciado as situações da vida com amor: passando o sofrimento sem sofrer.

Paulo está nos dizendo que, com esta forma de agir, Deus já comprovou como reintegra o ser ao mundo espiritual. Ele faz isso quando o espírito vivencia a vida sem sofrimentos ou prazer, mas louvando a Deus por todas as coisas que acontecem. Agora quando ele vivencia os acontecimentos da vida sofrendo ou tendo prazer, Deus não o reintegra. 

Participante: como virar espírito?

Virar você não pode, pois já é e nunca deixou de ser... Estou falando em ter a consciência de ser.
Participante: mas, o que queria dizer isso para eles na época?

A mesma coisa, pois assim como até hoje vocês se consideram humanos que um dia voltarão a serem espíritos, eles também pensavam igual. 

De qualquer maneira, não importa o que eles pensavam. Precisamos estudar os textos sagrados não com a cabeça (conhecimento) deles, mas com os seus.

O que você precisa compreender é que quando sair da carne sem realizar o amor universal continuará se vendo como o José que imagina ser agora e não se reintegrará ao mundo espiritual. Continuará vivendo o José: vivendo seus filhos, procurando o neto, indo ao seu emprego... 

Agora, quando você alcançar o estado de viver a vida com equanimidade, aí sai da carne e pergunta: ‘José, quem é este? Filhos, eu não tenho filhos... Todos são filhos de Deus, eu nunca gerei nenhum filho’...

É esta a diferença. A ressurreição acontece quando você sai da carne, ou mesmo ainda ligada a ela, quanto está em perfeito entrosamento com a Realidade e a não ressurreição, ou seja, o desencarne sem alcançar a elevação espiritual lhe transformará em ser humano sem carne...Aqueles que são chamados de fantasmas: sem carne ainda vivenciam a personalidade que tiveram quando encarnados.
 
Pai Joaquim

Políticos

Participante: o que esperar da classe política brasileira no sentido de melhorar verdadeiramente a situação dos brasileiros, principalmente os menos favorecidos? 

O que você pode esperar da classe política atual é o que você tem. A classe política de hoje já está formada e funciona dentro de um padrão. Então, você não pode esperar nada diferente desta classe política.

Agora, e dos políticos do futuro, o que pode esperar? Essa é a grande pergunta, pois se por agora não há que possa ser feito, vamos pensar para o futuro. 

O que você pode fazer para no futuro a classe política não ser como é hoje? Criando os futuros políticos de forma diferente do que foram criados os políticos atais.

O político atual que quer levar vantagem em tudo já foi um garoto, um jovem e um ser maduro criado para levar vantagem em tudo. Quando aquele garoto se torna um político, toda a criação que teve aparece e ele age de acordo com esta natureza. 

Então, se vocês hoje estão chocados com a forma dos políticos serem, comecem a ver como estão criando seus filhos, pois eles serão os políticos de amanhã. Será que você não está criando seu filho hoje para que ele seja o melhor, para que ganhe sempre, para que leve vantagem? Será que você não está criando seu filho de tal forma que no futuro ele será igual aos políticos de hoje?

Veja, é esta a pergunta que você deve fazer – desculpe, estou falando com você, mas estou me dirigindo a todos os seres humanos, a toda humanidade. Ao invés de vocês ficarem perdendo tempo criticando os políticos atuais, porque não se concentram em formar uma nova classe política diferente amanhã? Para isso, concentrem-se em dar valores diferentes aos seus filhos do que aqueles que foram dados aos políticos de hoje. Isso é importante de ser feito hoje, porque amanhã serão os seus filhos que serão os políticos.

Aí é que está o problema. O ser humano adora criticar o outro, pois isso lhe dá uma sensação de vitória sobre o próximo, ao invés de fazer qualquer coisa para melhorar. 

Faze alguma coisa é criar o político de amanhã de uma forma diferente da que foram criados os de hoje. Mas, além disso, você também pode agir hoje para que o mundo seja melhor. 

Porque você não varre a frente da sua casa e da outra? Porque você não tira o lixo do rio? Porque não ajuda os mais pobres a construírem suas casas? Porque não vai ajudar numa escola e num posto de saúde já que os políticos não fazem nada por estas coisas? Porque acredita que isso é responsabilidade dos políticos. Não é: é sua. É sua enquanto achar errado o que está acontecendo, enquanto achar que deve ser diferente. 

São estes pequenos detalhes que os seres humanos precisam se atentar. Eles podem agir, fazer alguma coisa, fazer a diferença, mas não fazem nada. Porque? Porque estão concentrados em criticar o outro. 

Porque não querem prejudicar as suas vidas para poderem ajudar os outros. Saiba que quando você ensina ao seu filho a não prejudicar a sua vida em detrimento do bem do outro, está criando o mesmo político de hoje para o amanhã.

Esta é a resposta que eu lhe daria pelo lado humano. Pelo lado espiritual, eu lhe diria que se tudo que acontece é perfeito, tudo está perfeito. Por isso, se o político de hoje é fruto da criação de ontem, eu diria que ele é o seu carma, o carma da forma como os pais deles agiram. Então, espiritualmente falando, o que está acontecendo hoje é apenas a vivência de um carma. 

Compreenda isso e aí ao invés de criticar os políticos de hoje, ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Vivendo esse amor pode ser que você gere o exemplo dessa vivência para o seu filho e aí quem sabe se amanhã ele for um político, ame a Deus acima de todas as coisas ao próximo como a si mesmo, ao invés de se preocupar em ganhar...

Pai Joaquim

Cura e fé

Participante: o que devo pensar quando a surge a cura independente da fé de acreditar ou não em Deus?

A fé não tem nada a ver com aceite, com acreditar. A fé tem a ver com entrega com confiança. Uma coisa é bem diferente da outra... 

Quando você se entrega a qualquer coisa e confia nela, está tendo fé nesta coisa, mas quando você precisa acreditar para se entregar, a entrega é ao seu raciocínio e não ao que foi pensado. Portanto, acreditar para se entregar, acaba com a própria fé. 

Tem um ensinamento no mundo de vocês que diz que a fé tem que ser racional. Isso não é fé. Isso porque quem precisa raciocinar alguma coisa para se entregar, não está tendo em fé. Por que? Porque não está tendo confiança ao que está se entregando. Na verdade está se entregando à sua certeza de quer aquilo é certo.

Então, a fé independe da crença em Deus, mas depende da entrega à Deus. Agora, eu lhe pergunto: se Deus é tudo e tudo é Deus, quem é o remédio, o médico ou o procedimento médico? Deus... Portanto, mesmo não acreditando em Deus, quem se entrega aos elementos humanos, está se entregando ao Senhor. 

Sendo assim, a cura pode vir, por exemplo da fé que você tem num médico, num procedimento médico, num remédio. Se você está se entregando com confiança a esses elementos sem antes avaliar se eles são bom ou mal, está se entregando a Deus e com isso a cura provém desta fé e não destes elementos. Essa seria a primeira parte da resposta.

A segunda é: no mundo espiritual se diz que dois mais dois dificilmente dá quatro. Ou seja, a cura não ocorre por essa, aquela ou aquela outra razão. Isso quer dizer que quem tem fé não será necessariamente curado. Este poderá ser curado, necessariamente ser não.

Então, quem tem fé, por essa confiança que tem, não se preocupa em conseguir o que quer. Ele apenas se entrega. Ele diz: ‘eu confio em você, mas se vai acontecer o que estou prevendo, não sei’. Por isso digo que muitas vezes o não curar também é fruto da fé. 

Sei que para vocês é difícil de compreender o que estou dizendo, pois acham que qualquer coisa tem que dar determinado resultado para poder ser certa, mas nem sempre o resultado que você espera é o certo. Muitas vezes pode não dar o resultado que você quer, mas tudo estar certo... 

Afirmo isso porque se Deus é a Causa Primária de todas as coisas e a Justiça, posso dizer que qualquer resultado que advenha de uma ação será certa. Mais do que isso, será aquilo que for merecido. 

Acho que compliquei sua cabeça, mas a resposta seria essa.
 
Pai Joaquim

Chegar a Deus amando o dinheiro

Participante: porque Cristo diz que eu não devo ter posses materiais?

Porque você não sabe amar a estas coisas. Na verdade, guiado pelo ego, o ser age possessivamente e egoisticamente na relação com os demais elementos do mundo - a relação pecaminosa que vimos antes...
O problema, no sentido espiritual, não são os elementos materiais, mas a forma como o ser se relaciona com qualquer coisa. Se o espírito relacionar-se com Deus, com os mestres ou mentores a partir de paixões humanas (possessivas) os objetivos da encarnação não serão alcançados do mesmo jeito.

Além do mais, Cristo não disse que o ser humanizado não pode ter coisas materiais – até por que ele tinha: o que ensinou é que o espírito não deve possuir aquilo que está sob sua guarda temporária. Disse também: não se pode desejar ter mais do que tem. Isso ele ensinou, mas não ter, não disse...

O Espírito da Verdade foi claro sobre o assunto: “É natural o desejo de possuir? Sim, mas quando o homem deseja possuir para si somente e para sua satisfação pessoal, o que há é egoísmo” (O Livro dos Espíritos – pergunta 883). Não há problema em ter, mas quando se tem e não se compartilha e, ainda por cima se quer mais, aí o egoísmo aparece e a elevação espiritual é abandonada. 

Quer ver um exemplo? Você tem uma calça?

Participante: tenho...

Quer comprar outra, não importa o motivo?

Participante: quero...

Então, você não ama universalmente a calça que tem...

Ter uma determinada quantidade de calças não é problema: você pode ter cinquenta ou uma. O importante é não achar-se dono dela e, por isso, esperar que ela lhe satisfaça (por exemplo esteja sempre limpa) ou querer ter outra que já não esteja sob sua guarda.

Participante: então eu posso alcançar a Deus através de coisas materiais, como por exemplo o dinheiro?
Sim, desde que ame este elemento de uma forma universal e não possessiva. Quando isso acontecer você não desejará o do próximo e não possuirá como seu o que estiver sob sua guarda... 

Se estes preceitos não estiverem preceitos não é amor, mas paixão. A paixão por qualquer elemento prende à materialidade, mas o amor universal por eles leva a Deus...

Participante: mas, se eu amar o dinheiro não amarei o próximo, porque irei querer ter o dinheiro?
É, vocês nem sabem o que é amor... Falou em amar, logo ligam este sentimento à possessão.

Se você amar universalmente o dinheiro amará o seu e o do próximo, sem precisar tê-lo. Além disso, poderá repartir o seu sem querer mantê-lo sob sua custódia. O amor universal ao dinheiro é aquele que não precisa da posse para ocorrer; a paixão é que necessita.

Vocês confundem amor universal com posse... Veja outro exemplo...

A esposa diz que ama seu marido, mas se esse se afasta (há uma separação do casal), ela diz que o amor acabou. Isso é amor ou paixão mundana? 

Paixão, pois precisa da possessão sobre o marido (estar perto) para existir. Se fosse amor verdadeiro ele continuaria existindo, mesmo que o objeto dele se afastasse...

Amar o dinheiro universalmente é amá-lo na sua ausência ou na sua presença, o que está no seu ou no bolso do outro, sem condições ou desejos... Amar a todas as situações que envolvam o dinheiro incondicionalmente...

Participante: amar desta forma é o que vem sendo dito que é o amor que se deve ter com Deus...
Sim, e por isso disse que se pode alcançar a Deus através do amor incondicional a qualquer coisa...
O amor a Deus que Cristo ensina é a sensação de felicidade (bem-aventurança) que se sente na alegria ou na dor, na felicidade ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza... Foi este mesmo sentido que eu dei acima ao amor ao dinheiro.

Levemos agora isso para o ensinamento presente de Paulo: aqueles que não têm a lei... Você, como cristão, deve buscar amar a Deus incondicionalmente, pois esta é a sua lei (ensinamento), mas aqueles que nem acreditem em Deus, se agirem com os elementos do mundo material nesta mesma incondicionalidade, terão cumprido a lei, sem nem ao menos conhecê-la.

Um ser humanizado não acredita em Deus: qual o problema, espiritualmente falando? Se, por vontade própria, ele se harmoniza com o Universo na carência e fartura, qual o problema?
Participante: mas, e a luta para manter o dinheiro que muitos fazem?

Continuo insistindo: não estou falando em possuir ou desejar, mas em amar incondicionalmente. Aqueles que lutam para manter o dinheiro, bem como aqueles que lutam para manter o prazer individual na sua relação com Deus (pede que o Pai faça o que ele quer), não estão amando, mas seguindo suas paixões materialistas.
Participante: é que o senhor dá uns exemplos difíceis de compreender...

Para poder tirá-los da mesmice.

Sem estes exemplos vocês condenariam todos que tem dinheiro, mesmo sem saberem com que intencionalidade eles se relacionam com as coisas...

Estes exemplos são bons porque acabam com a ideia de que o externo dita o interno de cada pessoa. O que vale não é o que se tem ou faz, mas o interno de cada um (a forma como se relaciona com o ato) já que Cristo ensinou que Deus julga as intenções e não as ações. 

Participante: mas, Cristo ensinou que temos que amar a Deus?

Disse isso para você que acredita em Deus, mas, e para quem não acredita, será que não há salvação? Mais: se é Deus que emana as compreensões que o ego gera, será que este ser não poderia queixar-se depois de ter sido injustiçado porque o Pai não o fez acreditar Nele?

Pense... Nada pode ser hermeticamente fechado: tudo tem um destinatário e o mesmo ensinamento não pode ser aplicado coletivamente... Olha o que falamos do julgamento no início deste trecho: “... não importa quem você seja - pode ser o mais sábio sobre qualquer assunto, saber tudo de algum tema – não tem o direito de julgar ninguém. Mas, por que não tem direito a isso? Porque quando você julga (analisa e gera uma avaliação) o outro está fazendo o que mesmo que ele faz”. 

Como disse antes, Deus cria as verdades de cada um de acordo com sua provação. Se uma pessoa não acredita em Deus, eis aí uma compreensão, uma prova. A vitória nesta prova não é passar a acreditar, mas, mesmo fustigado por esta razão, viver incondicionalmente.

Para isso não precisa nem aprender os ensinamentos dos mestres: a lógica material serve.
Dinheiro foi feito para ser gasto, para gerar conforto, saúde, segurança: é isso que diz a lógica material. Quem segui-la, ou seja, despossuir a necessidade de manter o dinheiro sempre consigo, estará realizando a elevação espiritual.

A vida é cheia de altos e baixos; um dia se está por cima no outro por baixo. Compreendendo mais esta máxima material e vivendo-a com intensidade, saberá se trabalhar no momento que não tem dinheiro para tê-lo depois. Com isso eliminou o desejo e fez a elevação espiritual...

Agora disso tudo que disse retire a palavra dinheiro e coloque Deus... Não chegamos a todos os ensinamentos de Cristo sobre a forma de nos relacionar com o Pai?

Mas, os seres humanizados não aceitam o que estou dizendo porque partem da sua verdade para impor “certos”: “Cristo disse que tinha que amar a Deus, então nada substitui isso”. Ora, você está julgando o mundo, o certo e o errado, a partir de suas convicções e, por isso, não consegue entender o que estou dizendo. 

O que eu e Paulo estamos querendo dizer é que ninguém está perdido... Não importa se o ser humanizado é religioso ou não e nem que doutrina siga: se realizar o trabalho necessário, conseguirá a elevação espiritual. Mas, vocês não compreendem isso porque se fixam na letra fira do ensinamento do mestre...

A questão entre o que eu estou falando (elevar-se através do amor ao dinheiro) e o que vocês estão dando como certo, é semântica: só uma troca de nomes. Na verdade eu mantive a essência do ensinamento e troquei o nome justamente para mostrar que estão apegados à letra fria dos ensinamentos. 

Quer outra aplicação para isto que estou falando? A consciência que existe em alguns egos que os índios são selvagens e não podem elevar-se espiritualmente porque não possuem contato com os ensinamentos do homem branco. Estas verdades geraram, por exemplo, a necessidade da catequização. Mas quem disse isso, quem disse que é necessário que os silvícolas tenham que se adquirir a cultura do branco para poder se elevar?

Se o índio – que, aliás, tem muito mais chance do que o branco de se elevar por possuir menos conceitos sobre as coisas – vivenciar os ensinamentos de Cristo, mesmo que nunca tenha ouvido falar deste mestre, ele ascenderá ao reino do céu. 

Isto se aplica à ideia que os cristãos fazem dos mulçumanos, dos hindus e dos próprios integrantes das seitas cristãs diferentes, como as desavenças entre católicos e protestantes. Se estes seres conseguirem vivenciar os acontecimentos de sua vida dentro da incondicionalidade – o que aliás é ensinamento todos os mestres e não só de Cristo – estarão amando a Deus e é isso que importa.

É isso que Paulo está dizendo: não precisa ser judeu para ser salvo... Não precisa ser cristão, religioso e nem mesmo acreditar em Deus para alcançar a elevação espiritual. 

Na hora que os seres humanizados compreenderem esta realidade poderão aprender a conviver harmonicamente com o mundo em que vivem. O problema é que se apegam a letra fria de leis, que, aliás, são meras interpretações que eles mesmos fazem e com isso não conseguem viver bem nem com os outros nem com Deus.

Pai Joaquim

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Encontros depois da morte

Participante: Aqui está sendo falado de um encontro real e não de uma simples imaginação.
Também estou falando de encontro real. 

Mas, para mim, o mais importante não é o encontrar, mas sim que esse encontro só acontece porque há uma busca. Ou seja, você acorda do outro lado e diz: ‘morri; cadê meu pai, que já tinha morrido, cadê minha mãe’?

O importante por agora é compreendermos que existe uma busca com a intenção de encontrar.
Participante: Tem gente que encontra. 

Sim, tem gente que encontra de acordo com a sua afeição, como diz o Espírito da Verdade. 

Tendo obsessão pela sua mãe que já morreu, quando sair da carne vai procurá-la e poderá até encontrá-la. Mas, se você não tem essa obsessão, não vai buscá-la porque não precisa a encontrar. 

Participante: Mas para se encontrar essa afeição tem que ser recíproca? 

Muitas vezes o outro já saiu antes da carne mais elevado e não precisa deste reencontro para ser feliz, mas atende ao chamado por compaixão. Ele vem pela afeição entre espíritos e não pela busca do filho, por exemplo. 

Aquele espírito que viveu o papel de mãe não está buscando o filho, apesar de quem viveu o papel de filho estar buscando a mãe. 

Participante: O espírito que vem pode até não ter vivido o papel de mãe, não é mesmo?
Sim, pode até nem ter vivido este papel. 

Como já dissemos, a identidade material não tem nada a ver com a identidade espiritual. Outros espíritos podem assumir uma identidade material de outros espíritos.

O que precisa ficar claro nesta resposta é: você se relaciona com as pessoas de acordo com a afeição que tem por ela. Tendo uma afeição obsessiva, buscará sempre esta pessoa, esteja onde estiver; não tendo, não precisa buscá-la sempre. 

Apenas um detalhe que estamos nos esquecendo: o encontrar depende do carma. Nada pode independer do carma. Portanto, procurar é uma coisa; encontrar ou não é uma questão de merecimento.

Pai Joaquim

A morte

Participante: Existe uma crença que se chama a melhora da morte. O paciente está no hospital, por exemplo, ruim e têm uma melhora surpreendente e depois morre. Isso realmente já aconteceu várias vezes.
Pode ser essa lucidez do mundo melhor que irá viver e com isso começa a se apagar a dor. Pode ser, mas também pode ser muitas outras coisas. 


Pode ser uma nova ilusão para aquele que estão apegados a carne, com a finalidade de verificar se ele vai naquele curto espaço mudar a sua forma de viver ou se vai continuar preso à que estava. Vamos dizer assim: uma pessoa muito rabugenta tem essa última chance de se libertar da rabugice e aí não se liberta. 


Isso são detalhes de desencarnes. O que precisamos compreender realmente é muito mais do que detalhes. É saber que existem tratamentos diferenciados para o processo morte, de acordo com o merecimento de cada um. 


O que importa realmente é não criar regras, mas saber que o momento do seu desencarne será ditado como merecimento da sua existência carnal. Ou seja, ele depende da sua maneira de viver: se vive preso ao materialismo, vai ter um determinado padrão no desencarne; estando liberto, vai ter outro. 


Portanto, mais importante do que querer saber o que acontece no desencarne é compreendermos que não há morte e que devemos nos preparar a vida inteira para morrer. Isso pode lhe garantir o desencarne sem traumas. 


Aliás, só isso pode lhe garantir um desencarne sem traumas. Enquanto você viver o mundo material de forma diferente do espiritual aguardando chegar a morte para colocar em prática os ensinamentos dos mestres, certamente terá trauma no seu desencarne. 


Este trauma é inevitável porque neste caso estará saindo de um lugar e irá para outro, de uma condição e para outra. O choque entre culturas e objetivos de existência é grande e isso causa traumas.


Por isso Cristo nos ensina na primeira logia do Evangelho Tomé: aquele que descobrir o segredo dessas palavras não encontrará a morte. Fomos bem claro quando comentamos este ensinamento: é preciso se compreender que não há morte, mas para alcançar esta compreensão é preciso se entender que não há vida humana independente da espiritual. 


Viver a vida humana como independente da espiritual leva à morte, ou seja, a traumas no desencarne. Viver a vida material como extensão da existência espiritual e, portanto, com os mesmos valores, não leva a morte. 


Por isso sempre digo: é preciso destruir a separação entre espiritual e material. Compreender o mundo inteiro, a existência como uma coisa só. É preciso viver tanto a encarnação quanto a vida desencarnada num só sentido, de uma só forma, numa só intenção. Quando o espírito alcança isso acaba com a morte. Neste momento, não haverá processos de mudança e com isso não haverá traumas. 


Mas, se o espírito viver a vida material, por mais elevado que seja em conhecimentos espirituais, sem os objetivos espirituais, estará criando para si um trauma no momento do desencarne. Isso porque separou a vida espiritual da material. 


Isso que é importante compreender. Sem este entendimento os espíritos encarnados ainda ficam presos no querer entender a morte, saber como ela ocorre. Só que a morte não se entende; ninguém conhece com antecedência o seu desencarne individual. 


Sabe por que nenhum ser humano entende a morte? Porque a morte é individual. Cada um morre diferente do outro. O processo morte para aqueles que estão presos à matéria faz parte do carma e o carma é individual.
É por isso que até hoje ninguém pode dizer: morrer é isso ou aquilo. A morte é um carma e não um processo genérico para todos os espíritos. Cada um morre de um jeito diferente. É por isso que ninguém consegue descrever a morte. 


Muito mais importante do que se preparar para a morte é destruí-la, destruir o processo de distinção entre vidas. Se você tiver um processo morte, ou seja, se acreditar que há outra vida independente desta, certamente viverá um processo morte e com isso sofrerá um trauma, que não será igual ao de nenhum outro espírito, pois a morte é carma individual. 


Para acabar com esse processo morte você precisa morrer em vida, destruir a vida. Ou seja, precisa viver a vida material como se espiritual fosse, porque ela já é. Precisa mover-se pelos mesmos modos e objetivos do mundo que você chama fora da carne.


É preciso a vida de uma forma diferente, viver de outro jeito: é isso que quer dizer quem descobriu o segredo dessas palavras não encontrará a morte, que Cristo falou no Evangelho de Tomé. Ou seja, quem descobrir o segredo dessas palavras encontrará uma nova forma de viver que não lhe levará a um processo de morte. 


Ficou claro isso? Quando destruímos o mundo material e o espiritual e vivemos as existências de forma única, acaba a morte. Porque, como foi dito, o espírito já vai estar consciente do que está acontecendo.
Portanto, não adianta se ensinar a morrer: é preciso ensinar a viver. É por isso que nós dizemos assim: o Espiritualismo Ecumênico Universal é uma doutrina de vida. Seus ensinamentos precisam ser postos em prática nesta existência.


Apesar disso, tem gente me ouvindo e guardando para colocar em prática o que digo depois de morrer. O problema é que este não vai saber nem que morreu. Como é que vai saber à hora de colocar em prática?


Pai Joaquim

Brilhe alto!


O sal para a humanidade


Bem Aventurança


Almas Gêmeas e o Parceiro Ideal


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Animismo

Participante: e o animismo?

Animismo é algo que não existe. Porque? Porque não existe mente. 

Mente é uma personalidade transitória à qual o espírito se liga para viver uma encarnação. Mente é o diabo, o tentador. É aquele que propõe a prova do espírito. Por isso ela só age junto ao ser e não traz reflexos para o mundo externo.

Vou dar um exemplo para que você possa entender melhor o que estou dizendo. Cristo nos ensinou que não devemos julgar os outros. Durante a encarnação, a mente à qual um ser está ligado julga alguém. Quando isso acontece, ele tem uma provação: irá acreditar na mente, ou seja, achará que aquele julgamento é verdadeiro, ou ficará firme nos ensinamentos do mestre para poder aproximar-se de Deus? 

Por isso não pode haver animismo. O raciocínio de cada ser humanizado é gerado somente como instrumento da prova e não como realizador de ações para o mundo externo. 

Esse aspecto do pensamento é dito claramente em O Livro dos Espíritos. Lá é perguntado se o há um ser desencarnado que dá o pensamento a quem está na carne. A resposta a essa questão é: sim, frequentemente é o ser desencarnado que dá o pensamento àquele que está vivendo uma encarnação. 

Sendo assim, se houve um animismo, este foi causado por espíritos fora da carne. Como esse termo é aplicado à possibilidade do próprio espírito encarnado usar de um processo mental individual para influir na atividade mediúnica e não é esse quem realiza o processo mental, não posso dizer que houve um animismo nunca. 

Se o ser humanizado não pensa, se ele não possui uma atividade mental, não há como fazer animismo. O que acontecer sempre será gerado por um espírito fora da carne e não pelo próprio médium.

Pai Joaquim

O céu

Participante: Sabe, eu penso que estou aqui numa grande viagem. Estou de primeira classe porque sou filha de Deus. Meu DNA é Deus, nosso autor. O que mais preciso?

Achar Deus, saber quem é Deus de verdade. 

Estou dizendo isso porque, se você acha que Deus só vai lhe dar passeios de primeira classe, não O conhece. Se acha que Ele é bonzinho, humanitário e que ama os outros, não conhece Deus. Você conhece o deus que criou para si à partir do que lhe ensinaram e que nada mais é que uma projeção das suas vontades, uma projeção dos seus desejos.

Deixe-me lhe fazer uma pergunta. Quem disse que o céu é tão bom assim? Ou melhor, você já reparou que todo mundo acha que o céu é bom e o inferno é ruim? Apesar disso, vocês preferem durante a vida viver no inferno do que viver no céu.

Durante a vida gostam de rodinha para conversar, gostam de esposa, namorada, de viajar, passear, de se divertir. Todas estas coisas só tem no inferno, não no céu. 

São todos estes benefícios que lhe venderam, que lhe ensinaram? Sim, pois eles querem que você fique no mundo dos devas. E se lá tem isso, lá é o inferno.

Sabe, vocês projetam o céu a partir daquilo que gostam. É por isso que existem as cidades espirituais, os lugares espirituais (tipo matas, florestas, jardins, etc.). 

Sabe porque o mundo dos devas tem isso? Para que os iguais se juntem. Se você gosta de uma boate, irá para uma cidade espiritual que tenha uma e dançará a noite toda, pois é disso que você gosta. Mas, isso não é o céu.

O céu é um lugar angélico. A música celestial não tem nada a ver com a de vocês. A atividade dos Espíritos libertos da materialidade não tem relação com as coisas humanas. Se você que gosta das coisas mundanas vai para lá totalmente ligado nessas coisas, vai sair correndo.
Participante: Mas a gente não sabe o que é lá e, como você mesmo disse, não temos noção do que é. Foi vendida uma imagem para gente e esse é o nosso céu. 

Está certo o que falou: criaram essa imagem para vocês. Acontece que agora estou lhe provando que essa imagem só foi criada para lhe iludir.

Observe a lógica. Você tem um bom, não? Com esse bom, que é humano, é que cria o céu. Não é o que sempre falei: as cidades espirituais são uma projeção humana? Sendo assim, você não vai atingir o céu se ficar preso ao seu bom; atingirá o seu céu e não o céu. 

É isso que estou falando. Não estou brigando ou dizendo que estão errados: só quero que compreendam que ficar buscando o seu bom é ficar marcando passo no mesmo lugar. 

Se você projeta um céu a partir de valores humanos, vai buscar o céu humano. Assim, não sai da humanidade.

Pai Joaquim

Romance espírita

Participante: O romance espírita fala apenas de homens sem corpos materiais. Ele é tão ilusório quanto a própria vida carnal? Qual o valor em saber de tudo aquilo que está nos romances espíritas?

Os romances espírita falam de homens sem carne e não de Espíritos. Preste atenção nos romances espíritas e veja se aqueles Espíritos não são seres humanos? Sim, são.

Qual o valor em saber de tudo aquilo? É o de prender vocês ao mundo dos devas.

Deixe-me lhe falar uma coisa. No Universo Universal, já disse aqui, não existe religião. Além do mais, a Bíblia nos ensina que o novo mundo será marcado pelo fim das religiões. Sendo assim, você acha que a religião quer lhe levar para o mundo universal? Não, o que ela quer é lhe fazer religioso nesse e no mundo dos devas.

Então, é por isso que existem os romances espíritas: para lhe manter preso ao entra e sai da roda de encarnações e, com isso, as religiões vão sempre tendo adeptos.

Pai Joaquim

O bom e o mal

O bom e o mal

Participante: O senhor disse que não devemos agregar valores às coisas como bom ou ruim, mas como devo lidar com o meu caso, por exemplo. Tenho um bom salário, trabalho pouco e em casa, uma boa casa, uma boa família. Enquanto isso, existem muitos que estão em situação muito diferente. Devo olhar isso tudo e ser grato a Deus ou simplesmente ignorar tais coisas?

Boa pergunta e eu vou adiantar a resposta, mas isso vai ser uma das coisas que vamos estudar.
Como é que você faz para não ter um bom salário? Para entendermos isso lhe faço outra pergunta: como é que você sabe que o seu salário é bom? Porque o compara com quem ganha menos. Agora, o compare com quem ganha mais. Com certeza estará ganhando mal. 

Sendo assim, como fazer para não ganhar nem mal nem bem? Não comparando o seu salário com o de ninguém. 

Isso vale para todas as coisas. O bom e o mal só nascem da comparação, da forma como você olha a coisa. Na hora em que não comparar, não olhar para cima nem para baixo, mas penas para frente, não vai ganhar bem ou mal.

Participante: Não vou nem ganhar.

Vai sim; o dinheiro vai entrar no seu bolso. 

A vida não é uma atividade física, mas mental. Ou seja, mesmo sabendo que ganha tal quantia, não deve achar que ganha bem ou mal. 

A felicidade não está disponível para aqueles que ganham bem ou mal ou que nada ganham, mas para aqueles que sabem que ganham o justo. Quando você trabalha mentalmente com esta ideia, não está comparado o que tem com nada.

O justo não é bom nem mal, não é pouco nem muito: é justo. Para ser justo, não importa o valor; do seu salário. Se ganhar um real e achar justo, ele será isso. Se outro ganhar mil e viver com a mesma ideia, os dois ganharão o justo, não importando o valor.

Participante: É difícil um ser humano pensar assim.

Sim, é difícil o ser humano pensar assim, mas é fácil sonhar com um mundo espiritual lindo e maravilhoso, não? É fácil criar um mundo onde tudo será belo e maravilhoso para você, não?

Repare: vocês estão fugindo da única coisa que têm para viver, que é a própria vida. Estão vivendo o sonho de que quando morrerem tudo vai ser como quiserem.

Isso não é certo. A única coisa que têm para viver – e isso eu já disse muitas vezes – é o momento de agora. Agora estão vivos, estão vivendo um vida humana. Viva a sua vida humana e esqueça a espiritual.

Sim, é difícil para o ser humano viver assim, mas entenda que essa busca espiritual nada mais é do que uma fuga para não viver essa vida. Foge dela porque não quer viver a vida da forma que ela está e não consegue mudá-la. Por isso fica projetando um mundo espiritual onde será feliz. Só que você não entende que se sair para essa projeção, lá não tem felicidade: só tem prazer e dor como aqui.

Filhos, a busca de Deus é fuga. É fuga para aqueles que não sabem viver a vida. A busca de ir para o Reino do Céu é fuga daqueles que não conseguem viver essa vida. Entendam isso.

Isto é assim porque o Reino do Céu e o Deus que vocês vivem nada mais são do que uma projeção que fazem e não a Realidade. Vocês que estão cansados de sofrer nessa vida projetam um sonho bom e pensam assim: ‘eu vou viver para o reino espiritual’. Mentira, só estão fugindo do agora; não estão querendo aproximar-se de Deus.

Eu quero chegar a tal ponto nessas nossas conversas que quero até que duvidem se há vida depois da vida.

Pai Joaquim

SOFRER COM A ELEVAÇÃO ESPIRITUAL

SOFRER COM A ELEVAÇÃO ESPIRITUAL - 1/4

• A posse, a paixão e o desejo não podem ser eliminados

Uma pessoa me fala que apesar de conhecer os ensinamentos que trazemos e que afirmam que Deus é Causa Primária de todas as coisas e falam da necessidade de despossuir as coisas materiais, ela ainda sofre muitas vezes por não ter ou não conseguir ter aquilo que deseja. Fala que quando se lembra dos ensinamentos fica até fácil, mas que logo depois os esquece e por isso sofre. Sofre por não ter ou por não conseguir ter o que quer. 

Acho que essa pessoa que me mandou esta questão poderia ser a porta estandarte do nosso grupo, pois isso é algo comum a todas as pessoas que dizem buscar a elevação espiritual, sejam espiritualistas ou não. 

O ser humano, a mente humana, é movida por anseios, desejos. Ela não sabe trabalhar sem desejar nada. Estamos falando do tripé que Buda ensinou que é a base das formações mentais: posse, paixão e desejo. 

Toda formação mental de uma personalidade humana é gerada a partir deste tripé, ou seja, a posse, a paixão e o desejo, estão presentes em todos os pensamentos. Mais: não há como deixar de estar. 

É preciso entender que o universo é imenso, seja ele material ou espiritual. Em todos os cantos deste universo, sejam planetas, estrelas, sóis ou espaço entre eles, há vida inteligente, com inteligência. Pode não ser o que vocês conhecem como inteligência, mas há vida com inteligência em todo canto. Até porque o universo inteiro é povoado por espíritos e a inteligência é um atributo do espírito. 

O que diferencia os seres universais não são os lugares que eles habitam, mas sim as características da inteligência que eles possuem. Ser um habitante de Plutão, por exemplo, ou de Vênus, é ser um ser que possui uma inteligência com determinada característica. Dizer-se como habitante da Terra é ser um ser que possui uma inteligência com outras características ou que funciona de uma forma diferente daqueles. 

No caso dos terrestres, viver com posse, paixões e desejos é o que caracteriza suas inteligências. Elas é que constituem a forma de operar, de existir da inteligência terrestre. Então, respondendo a essa pessoa e a todas que passam pela mesma situação, como dizendo: se você for esperar não ter desejos, posses e paixões para poder ser feliz, acho melhor esperar sentado, porque isso demorará muito. 

É impossível deixar de tê-las. O ser só deixará de viver criações mentais que não contenham estes elementos quando não estiver mais ligado a uma personalidade humana, uma personalidade da Terra. Quando isso acontecer, ele estará ligado a outra personalidade de outro planeta que será constituída por outras características que servirá para o funcionamento da inteligência. 

Portanto, o caminho para acabar com o sofrimento não é extinguir as posses, paixões e desejos. Se não é esse, qual é, então, o caminho para a felicidade? Aprender a ligar com estas caraterísticas mentais. Isso se faz tendo posse, sem possuir, ter paixões, sem estar apaixonado e ter desejos sem desejar.

Esse é o segredo da felicidade. Não espere que a mente vai mudar e deixar de usar destas características apenas porque você ouviu ensinamentos que dizem que elas não devem existir. Isso não pode acontecer.

Na verdade, o que poderá acontecer é que a sua mente usará toda e qualquer informação que receber submetendo-as ao tripé das suas características. Isso quer dizer que qualquer novo elemento que tiver conhecimento nesta vida será tratado pela personalidade humana com a utilização da posse, paixão e desejo. 

Isso é muito importante que os seres humanizados entendam. Conversamos muito sobre elevação espiritual nos últimos quinze anos, fora o tempo que já passaram em contato com outras fontes que falaram do mesmo assunto, mas ainda não entenderam que a mente humana transforma esta busca num desejo, que a vivencia com paixão e quer realiza-la através da possessão. 

É este detalhe que não compreendem: tudo o que entra na mente é usado pela mente dessa forma, é submetido à ação deste tripé. Por causa desta incompreensão, saem desenfreadamente buscando uma elevação espiritual seguindo as formações mentais e com isso, apenas conseguem uma nova vivência que ainda é subordinada às características da mente. Mantendo-se apegados à estas características o que podem ter conseguido se o conseguir algo depende da libertação delas? 

Eis aí a questão que leva ao sofrer por não conseguir colocar em prática os ensinamentos, que é uma das questões desta pergunta que estamos respondendo agora. 

Qual a solução para este sofrer? Buscar a elevação espiritual sem posses, sem paixões e sem desejos. Como se faz isso? Vamos conversar agora.

SOFRER COM A ELEVAÇÃO ESPIRITUAL - 2/4

• Elevação sem posse

O que é posse? Possuir é querer determinar o destino das coisas. Determinar como elas estarão, serão e funcionarão. Quando busca a elevação espiritual com posse, na verdade é guiado por uma busca com previsão do que acontecerá.

Estou falando de pensamentos que dizem; ‘vou colocar o ensinamento em prática e não vou sofrer’. Quem disse que isso acontecerá? Pode ser que muitas vezes ao usar Deus como Causa Primária ainda sofra. Pode ser que quando usar o desapego para poder aceitar algum acontecimento da vida, ainda acabe sofrendo. 

Não existe a lógica que vocês aplicam às coisas. Quando se acredita que ela exista, então surge a posse. 

Imaginar que apenas usar um determinado ensinamento como instrumento da caminhada levará ao fim do sofrimento é ter posse. É a mente, que tem como característica a possessão, o querer determinar o que acontecerá, que trabalha desta forma. Só que isso não é real, não é verdadeiro.

Para realmente conseguir a elevação espiritual é preciso agir sem acreditar num determinado futuro motivado por aquela ação. ‘Usarei o ensinamento Deus Causa Primária de todas as coisas na minha caminhada. Se com isso conseguir não sofrer, bom, mas se mesmo assim sofrer, com também’. Esta é a consciência que aproxima o ser de Deus. 

A elevação espiritual se alcança quando a utilização dos ensinamentos é feita sem querer se determinar um futuro para si. Essa é a realidade, mas há um grande aspecto nesta questão que vocês até hoje não entenderam. 

Todos que me conhecem já ouviram falar que existe a mente e você. Já me ouviram dizer que é preciso se desligar da mente. Apesar disso, continuam imaginando que são vocês quem pensam, que sofrem, que choram, que fazem e acontecem. Isso é irreal. Nada do que lhe é consciente é criado por você. Tudo é criação mental.

Portanto, não é você quem está querendo a evolução espiritual, mas a sua mente. Ela diz que quer e sabe qual o trabalho, só que processa o processo da evolução submetido à posses. Impossível de se conseguir, pois ninguém pode prever o futuro. Como já disse por diversas vezes, no mundo espiritual dois mais dois dificilmente dá quatro. 

Portanto a solução para quem busca caminhar em direção a Deus não é planejar o que e quando usar, nem muito menos na utilização de algum ensinamento esperar esse ou aquele resultado. Ela se consiste em sem saber o que usou, se deu certo ou não, é caminhar, é tentar se libertar das ações mentais. Apenas com esta intenção, certamente você já deu um passo para frente.

SOFRER COM A ELEVAÇÃO ESPIRITUAL - 3/4

• Elevação sem paixão

O que é ter uma paixão? É viver alguma coisa com uma emoção específica.

Veja, não estou falando de paixão no sentido de gostar, porque não gostar também é ter uma paixão. Não estou falando na paixão como achar bonito, porque o não achar dessa forma também é uma paixão. Sempre que você tem alguma emoção específica com relação a determinadas coisas, ali há uma paixão. 


Agora, repare se você não faz a sua busca da elevação espiritual apaixonadamente? Veja se não faz uma elevação espiritual porque acha que deve fazer. Isso é uma emoção. Se não faz porque acha que será melhor para você. Isso também é uma paixão. Se não está achando que não deve sofrer ou se o realizar lhe traz felicidade. Isso é outra paixão.


O que estou lhe perguntando é como quer se libertar das paixões se ainda mantém a paixão por se libertar delas? Isso é impossível. 


Esse é outro detalhe que vocês precisam trabalhar. Devem fazer a elevação espiritual não porque é o melhor, porque é o certo, porque gosta disso, porque acha importante. Deve fazer sem nenhuma destas emoções, ou seja, fazer porque está fazendo. Fazer porque a sua vida vive nesta gira, nesta seara. 


Você é uma pessoa que por qualquer motivo, isso não importa, está inserida no contexto de busca espiritual. Portanto, isso faz parte da sua vida e apenas por este motivo deve realiza-la e por mais nenhum. Agora, outras pessoas não têm a menor preocupação com isso. Elas têm a vida delas e vivem do jeito que as suas vidas correm.


Portanto, não faça porque é o melhor, porque é o certo, mas sim porque a sua vida está vibrando neste assunto, nesta busca. Vivendo dessa forma, não importa se consegue ou não, não sofrerá. No entanto, enquanto achar que ter esta realização é o certo, o bom, o melhor, sabe o que acontecerá? Cobrará resultados do seu trabalho.


Quem entra num processo buscando o melhor para si, espera que isso aconteça. Vai que o resultado não seja realmente o melhor para você, como viverá?


Estou falando assim porque apesar de dizer que está buscando se afastar das coisas materiais, a sua mente continua sabendo o que é melhor para você. Tendo esta consciência, ela usará isso para julgar o resultado do trabalho da elevação espiritual que será ela mesmo que realizará e determinará o fim.


Fazer a elevação espiritual com paixão é esperar determinados resultados. Neste caso, me desculpe, mas pouco importa qual seja o resultado, não há elevação alguma, pois você ainda está preso a uma intencionalidade. 


Portanto, para que não sofra com esta questão, faça por fazer, quando fizer. Quando não fizer, não fez. Se fizer, faça sem esperar resultados, sem posse. Assim não terá motivos para sofrer, nem por estar sofrendo.
Enquanto estiver fazendo porque acha bom e certo, esperará um resultado, que não é sofrer. Se este sofrimento vier, por fazer parte da provação, do processo de elevação, ele precisa vir sempre, sofrerá por estar sofrendo. 


Falo isso porque o seu sofrimento não é aquele que relata na sua pergunta. O seu sofrimento é o sofrer por não conseguir acabar com ele. Porque isso aconteceu? Porque trabalhou com paixão, posse e desejos.


SOFRER COM A ELEVAÇÃO ESPIRITUAL - 4/4

• Elevação sem desejo

Esse é fácil de se entender. Desejar é querer, é esperar resultados, é ansiar por alguma coisa.
Repare no que você me escreveu e veja se não está embutido nesta questão a ânsia de conseguir a elevação? Está, não é mesmo.


Você me escreveu: ‘eu queria, mas não consigo. Tem horas que realizo e outras não, porque’? Veja como suas palavras denotam uma ansiedade de fazer, de realizar. Isso é um desejo.


Ele só existe porque a sua elevação espiritual foi trabalhada com posses, ou seja, querendo determinar resultados para o trabalho, e com paixões, ou seja, sabendo o que é melhor para você. Se não houver posses e paixões, não há desejo. Não havendo a vontade, não há ânsia de ser, estar ou fazer qualquer coisa. Quando esta ansiedade não existir, o que vier é lucro, lhe satisfaz.


Eis aí, portanto, a resposta para você que me fez a pergunta e a todos aqueles que dizem que estão tentando promover a reforma íntima, colocar em prática os ensinamentos, mas que ainda sofrem quando isso não acontece ou quando a prática não leva ao que esperavam. 


A única coisa que o ser encarnado pode fazer é assistir a vida. Só que vocês ainda querem comandá-la, realizar coisas. Isso é impossível. 


Aceite a sua vida, deixe-a passar por você sem pretensão alguma, inclusive da elevação espiritual. Quando isso acontecer, poderá realizar alguma coisa.