sexta-feira, 31 de julho de 2015

CONVIVÊNCIA

CONVIVÊNCIA - 1/3

• Viver com

Uma pessoa me fala que mora com seus pais e que há muitos conflitos na casa porque os seus pais pensam diferente. Eles possuem diretrizes de vida diferentes da filha e por isso vivem em conflito. Por isso, essa pessoa me pergunta como pode ser feliz vivendo esses conflitos. Vou tentar responder ...

O que é conviver? É viver com alguém. Toda convivência é marcada por duas pessoas, dois seres humanizados, diferentes entre si. Esses seres precisam coexistir em um determinado momento, apesar da divergência entre eles. 

Por causa do fato de serem distintos, normalmente contrários um ao outro, nenhuma convivência é fácil, nenhuma relação entre os seres humanizados é simples. Por isso é que entender a questão do viver com alguém é fundamental para a vivência em paz, harmonia e felicidade.

Viver com o outro é viver o momento em que está com ele a partir do outro. Viver com ele. Se ele gosta de laranja, para conviver com ele é preciso que se goste de laranja. Se ele gosta de limão, aquele que vai conviver com ele e que quer estar em paz precisa também gostar de limão. 

Isso é básico. A regra da boa convivência, ou seja, a regra para dois seres distintos que interagem em determinado espaço de tempo é um vive com o outro, é um ceder à sua individualidade para poder manter a convivência harmonicamente. 

Sendo assim, em princípio a sua resposta é: viva com seus pais. Viva com as pessoas da sua casa. Para isso, se gostam do amarelo, passe a gostar do amarelo quando estiver com eles. 

Isso é o que deve fazer, até porque se diz espiritualista. O espiritualista é aquele que busca viver com o outro em universalismo. Ser universal, universalista, é exatamente o que falei aqui: é aprender a viver com o outro em unidade. 

É claro que se as pessoas da sua casa me fizessem a mesma pergunta que você me fez eu não daria a mesma resposta. Porque isso? Porque eles não querem ser universalistas, espiritualistas. Por isso, o mesmo conselho não é válido para eles.

Por não quererem o universalismos, as pessoas da sua casa possuem outra lógica, outra forma de ver o mundo. Por isso é perfeito que elas lhe coloque aquilo que pensam, que queiram que você pense do mesmo jeito. Agora você como uma pretendente a buscar a Deus, a se universalizar, espiritualizar-se, precisa aprender a conviver com isso. Precisa aprender a conviver com as pessoas que pensam de uma forma contrária sem ser contrário a elas.

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• Doar a razão não leva a deixar de ser

Essa é em linha geral a resposta que daria a qualquer um que quer ter o poder da felicidade, mas que vive com contrariedade o relacionamento com outras pessoas. Só que tem um detalhe na sua pergunta que não toquei e agora é o momento de abordar.

Você me pergunta se precisa abondar tudo o que quer, o que gosta, o que sabe e lhe faz bem para poder conviver com as pessoas da sua casa. Eu lhe respondo que se analisar friamente o que falei à pouco, pode parecer que sim. Pode parecer que estou lhe incitando a abandonar sua individualidade para conviver com os outros. Só que isso não é real. Há um detalhe no que falei que com certeza não percebeu.

Eu disse: no momento em que estiverem juntos. É no momento que está com uma determinada pessoa que precisa abrir mão da sua individualidade para se universalizar com ela. No momento em que não estiver com essa pessoa esqueça tudo o que ela pensa e gosta e ocupe-se em universalizar-se com quem estiver. 

O espiritualista, o universalista, é como um camaleão: ele se adequa ao ambiente em que está. Portanto, se estiver com uma pessoa que gosta de laranja, goste desta fruta. No momento em que não estiver, não goste. No momento em que estiver com quem gosta de limão, passe a gostar desta fruta. Agora, no momento em que estiver consigo mesmo, goste do que gosta. Se não gosta de laranja nem de limão, não goste. 

Esse é o detalhe da universalização. Não é preciso se largar tudo o que gosta, que quer, que sabe, que almeja para si o tempo inteiro, de uma forma definitiva. Deve abandonar apenas na hora que está com uma pessoa que não goste do que gosta, que não queira o que quer, que não saiba o que você sabe e que não almeje o que almeja. 

Você precisa aprender a conviver com os outros porque diz que quer a paz, a harmonia e a felicidade. Se não quisesse essas coisas, eu falaria de uma forma diferente. Para conseguir o que deseja, portanto, é preciso aprender a ser camaleão: a viver de acordo com o ambiente em que está.

É isso que quem detém o poder da felicidade tem consciência. Para ele a coisa mais importante é obter a felicidade e para isso abre mão dos desejos, das vontades, do querer e do saber quando estas coisas podem acabar com a sua paz, com a sua harmonia e com a sua felicidade. 

Só que este desprendimento das coisas íntimas não é definitiva. Quando ele está sozinho vive o que gosta, o que quer e que sabe. Faz isso porque tem a consciência de que neste momento esta vivência não coloca em risco a sua felicidade. Quando a sua individualidade não causa mal a ninguém, o universalista se dá o direito de viver o que quer.

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• Bem viver com é uma questão de respeito

Por isso volto a repetir: para ser universalista não é preciso abandonar nada. O que precisa ser feito é respeitar o direito não gostar de alguma coisa. Você pode gostar de limão a hora que quiser, mas quando esse gostar fere o do outro e quer impor a ele que goste, está o desrespeitando.

Use o que gosta quando estiver com você mesmo. Chupe o seu limão na hora que estiver sozinha, mas não faça da sua individualidade uma arma para atacar o outro. Digo isso porque se agir dessa forma não estará convivendo com ninguém, mas guerreando com os outros e isso é a origem para todas as contrariedades. 

Essa é a resposta para aquele que quer ter o poder da felicidade, mas que vive conflitos em seus relacionamentos. Por almejar essa felicidade e saber que ela está no respeito ao próximo, esse ser inibe a sua individualidade em prol da do próximo no momento em que está com ele. Quando está sozinho, aquele que busca a felicidade vive a sua individualidade em plenitude. 

Com isso esse ser consegue uma boa convivência com qualquer um. Com isso consegue a paz, a harmonia, pois não ataca ninguém. 

Esse é o grande segredo. Ninguém está certo, ninguém está errado. Por isso não posso dizer que você esteja, nem que as outras também estejam. 

Além do mais, quando quer exercer a sua individu
alidade ferindo a do próximo, não amou, não respeitou e por isso não consegue ser feliz. 

Que você esteja na paz.

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