Espíritos humanizados, não. O que existe e está preparado para viver a nova visão da vida são espíritos. O ser humano nem existe para que exista o espírito humanizado. O que existe é o espírito que acredita estar humanizado, o que é bem diferente de ser um humano.

Qual a minha missão? Falar... Só isso. Minha missão é falar o que falo e estou aqui a cumprindo. Agora, se você acha que me preocupo com o que vai acontecer com o que falo lhe respondo que isso para mim não tem a menor importância. Minha missão é falar e isso eu estou fazendo. O que vai surgir daí, não me diz respeito, por isso não me preocupo. 


Aproveito sua pergunta para fazer um comentário. Já reparam que estou respondendo às questões que vocês de uma forma muito semelhante? Apesar disso, elas continuam acontecendo. Porque isso acontece? Porque elas partem de um mesmo ponto.


Todas as perguntas de vocês são fundamentadas numa criação dos cinco agregados da qual não conseguem se libertar: a idéia de que existe um eu. A idéia de que existe e de que você é uma coisa única, individual afastada do Todo é uma criação dos cinco agregados da qual não conseguem se libertar. 


Agora a pouco me perguntaram sobre a dor de barriga. Sabe quem acredita que tem uma dor de barriga? Aquele que acredita que existe como um eu isolado do mundo. Aquele que acredita que possui um corpo físico que age independente de tudo que está ao seu redor. Aquele que acredita que este corpo possui órgãos que agem livremente. Aquele que acredita que existam massas que penetrem neste corpo e que sejam processadas por ele. 


Aquele que não inicia sua jornada libertando do saber que é alguém ou alguma coisa, nada pode ser conseguido no sentido da elevação espiritual. Isso porque este saber levará a novas idéias que serão tratadas como reais ou verdadeiras. 


Quantas vezes vocês já me perguntaram como agir ou o que falar frente a determinadas situações? Isso só ocorre porque ainda estão apegados na idéia de existir um eu que possa agir. Só se preocupa em conhecer a consciência de Cristo aquele que imagina que seja uma consciência isolada do Todo. Aquele que se liberta da criação dos cinco agregados sabe que ele não é uma consciência isolada e por isso não se preocupa em conhecer a consciência de Cristo. 


Tem uma conversa que tivemos que o assunto foi ‘Tudo’ e que acho que vocês ainda não compreenderam perfeitamente o que quis dizer naquele momento. Hoje disse que vocês devem desacreditar de tudo que os cinco agregados criam. Só que quando ouvem isso os cinco agregados separam algumas coisas do tudo que disse para desacreditarem e por isso continuam acreditando nelas. Desta forma, nada conseguem, pois vocês ainda estão presos a alguma coisa e esta verdade servirá para criar outras informações que serão vivenciadas como saber.


Quando falo em desacreditar de tudo digo que devem agir assim com qualquer informação que tenham. Para poder realizar o trabalho que estamos conversando é preciso que você diga a todas as coisas que lhe venha à mente que não crê naquela informação. Deve sempre dizer a qualquer coisa que lhe surja à consciência que aquilo pode ser real ou não e que não tem capacidade de conhecer profundamente o assunto para ter um saber.


Algumas pessoas já têm colocado em prática o que estamos conversando aqui. Muitos já conseguem viver sem atribuir o valor de certo a algumas coisas. Estas pessoas, no entanto, ainda não podem ser consideradas como sábias. Por quê? Porque ainda existem informações que são geradas pelos cinco agregados que elas ainda acreditam. Ou seja, ainda não aplicaram o ensinamento a tudo...


Qual o problema de não aplicar a tudo? A continuidade do sofrimento. Sempre que um ser encarnado mantém um saber, aquilo servirá como instrumento de um sofrimento. Toda vez que um ser consegue aplicar o pode ser ou não, vive uma felicidade, mas toda vez que lida com uma idéia mental crendo no que a personalidade humana cria, o sofrimento é inexorável. 


Portanto, entendam isso: tudo é tudo e por isso é preciso de se libertar de todas as criações mentais, sejam elas fundamentadas nos ensinamentos de Cristo, Paulo, Buda ou Krishna. Mesmo que a razão diga que aquela conclusão é fundamentada num ensinamento de mestre, não acredite no que está sendo criado, pois aquilo é apenas uma interpretação da razão para o que o mestre ensinou. 


Cristo disse que devemos nos desapegar das coisas mundanas. Só que os ensinamentos dele também são coisas deste mundo. Para o mundo espiritual estes ensinamentos não possuem a menor valia, pois os seres libertos da materialidade já praticam tudo o que ele ensinou. Apegar-se a estes ensinamentos como algo sublime é o mesmo que depois de formado numa faculdade achar importante a cartilha que o ajudou a aprender a ler. Portanto, devemos nos desapegar deles também.


No mundo espiritual não existe um Cristo. Sabe por quê? Porque Cristo é uma ideia humana. Lá existe um espírito que possui ascensão moral sobre outros e que por isso é respeitado, mas a partir daí dizer que para os seres libertos da materialidade existe um ser divino que precisa ser cultuado é aplicar um valor humano à vida do ser universal. O espírito não ama a nenhum outro especificamente, mas a todos indistintamente; o espírito não cultua nenhum outro ser, mas apenas a Deus.


Viu como é diferente o relacionamento de vocês com o Cristo e o nosso com o espírito que possui ascensão moral? Compreendera a diferença entre o relacionamento de vocês com os ensinamentos dos mestres e os daquele que não estão apegados às criações dos cinco agregados? Portanto, nem neste aspecto, que vocês consideram importante e sublime, não se apeguem ao que lhe vêm à mente. 


Tudo que lhe vier à mente responda com o mantra que pode lhe ajudar a ser feliz: não sei, pode ser, pode não ser... 


Não se esqueçam: tudo quer dizer todas as coisas...


Joaquim de Aruanda