terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Sangha BH - Parte 2


Sangha BH - Parte 3


Sangha BH - Parte 4


Sangha BH - Parte 5


Sangha BH - Parte 6


Será que buscamos a verdade verdadeira?

Será que buscamos a verdade verdadeira?

Que verdade o ser humano busca, a Verdadeira? Acho que não... Vamos ver este aspecto da busca da verdade.

Por que algumas pessoas têm a verdade que afirma que beber bebidas alcoólicas é certo enquanto que para outras a verdade é que tomar tais bebidas é errado? Porque ele gosta de beber... Aquele que acha certo beber tem esta verdade porque gosta, acha bom ingerir bebidas alcoólicas; aquele que acha errado, com certeza não gosta de beber...

Esta é outra característica da busca da verdade por parte dos seres humanos: eles só aceitam como verdadeira a informação que satisfaça os desejos individuais de cada um.

Eles dizem que estão procurando a verdade, mas isso é uma mentira, pois só dão o valor de verdadeiro àquilo que os satisfazem. Sendo assim, os seres humanos não estão procurando a verdade, mas instrumentos que justifiquem aquilo que querem fazer. 

Quando a busca da verdade se concentra em ensinamentos é a mesma coisa. Quando uma pessoa recebe novas informações diz que vai analisá-las para poder ver se acredita (dá o valor de verdade) nela ou não. Esta análise, na realidade, é voltada, não para o entendimento da informação em si, mas sempre para ver se ela se coaduna com outras que já possui. Se a nova informação está fundamentada em conceitos que a pessoa já possuía rotula como verdade; se não, diz que aquilo não é verdadeiro.

Exemplificando. Uma pessoa que acredita na vida ativa pós vida (o mundo espiritual descrito pelo espiritismo) se recebe uma informação que contenha os elementos da ressurreição ensinada pelo cristianismo – todos os mortos voltarão à vida com o retorno de Cristo a Terra – vão dizer que ela não é verdadeira. Mas, quem pode garantir realmente se uma ou outra concepção está certa? 

Por causa disso pergunto: que busca da verdade é essa que os seres humanos dizem fazer se só aceitam como verdadeira uma informação que contemple os conceitos que ele já possui?

Repare como a busca da verdade que a razão estimula é apenas uma embromação. Ela não está buscando a Verdade mesmo, mas sim elementos que justifiquem a sua vontade, aquilo que quer que seja feito. 

Isto que estamos conversando serve também para compreendermos mais dois aspectos da busca da verdade. O primeiro é que muita coisa que se lê em livros são esquecidos pela mente. Por que isso acontece? Porque aquilo não satisfaz aos desejos do ser humano. A mente é seletiva, ou seja, ela só se lembra daquilo que é importante para ela mesma, ou seja, o que pode servir para justificar a busca do prazer, da satisfação dos desejos de cada um.

O segundo aspecto diz respeito à interpretação. Tudo que se lê é interpretado, ou seja, é compreendido de determinada forma. Muitas das vezes, as interpretações que formamos com a leitura de alguma coisa nada têm a ver com aquilo que estava na ideia original do autor. Além disso, se duas pessoas leem o mesmo texto acabam encontrando verdades diferentes. 

Por que tais coisas acontecem? Porque a verdade que cada um absorve tem que satisfazer os desejos individuais de cada um. Como nem todos possuem os mesmos desejos, as interpretações criadas pela mente para o mesmo texto são diferentes...

Podemos então afirmar, que as verdades dos seres humanos são maleáveis de acordo com os seus desejos. Este é mais um motivo pelo qual afirmo que não existe a Verdade neste planeta. Como disse, uma informação para ser considerada Verdade Verdadeira precisa ser universal, ou seja, ser única para todos. Mas, se as informações que o ser humano possui precisam atender os seus anseios e se nem todos têm os mesmos, como qualquer informação pode ser universal?

Realmente a busca da verdade é completamente inútil. Primeiro, porque ela não existe e por isso ninguém pode transmiti-la; segundo, porque o ser humano só aceita como verdade aquilo que satisfaz as suas próprias conveniências.

Por que estou falando estas coisas? Para desmistificar a busca de conhecimentos que hoje move a humanidade. É preciso que os seres humanos caiam na realidade, ou seja, se conscientizem que não estão buscando verdade alguma, mas apenas arregimentando informações que lhes sirvam de instrumentos para o seu próprio prazer. Por mais que acreditem que estão buscando ensinamentos verdadeiros, sábios, profundos, sublimes ou santos, os seres humanos, espiritualistas ou não, na realidade não estão fazendo isso, pois só aceitam como verdade aquilo que lhes interessa.

Não estou acusando ninguém de nada ou sendo contra qualquer coisa: o que estou fazendo é mostrando a verdade sobre a busca da verdade. A busca da verdade, verdadeiramente falando, não possui nada de sábio ou santo, porque ela se resume em buscar informações que sirvam como instrumentos do prazer de cada um. Se o prazer é o bem material, buscar informações é estar apegado à matéria.

Buscar ouvir mentores, gurus ou médiuns – inclusive eu mesmo – acreditando que eles podem trazer ensinamentos verdadeiros nada tem de santo ou sábio. Isso porque de tudo o que eles falarem só ficará arquivado na sua memória aquilo que possa servir como instrumento do prazer. O que não servir, será esquecido.

Esta busca se torna ainda mais inútil se entendermos que mesmo aquilo que fica não é verdade. Mesmo que o mentor, médium ou guru pudesse dizer uma verdade, quando você ouvir o que tem para dizer raciocinará sobre isso e assim gerará uma interpretação cujo teor estará sujeito aos seus próprios desejos. 

Quando se acredita numa doutrina é preciso seguir tudo: o que satisfaz e o que não satisfaz os anseios de cada um. Se não se aceitar tudo o que a doutrina prega, não se está seguindo doutrina alguma. 

Tem muita gente que diz que gosta da umbanda, mas quando os exus chegam estas pessoas vão embora. Fazem isso porque dizem que não gostam de gira de exus. Estas pessoas, então, não são umbandistas, porque a umbanda é formada pela falange dos exus também. A gira de exus faz parte da seita umbandista. 

As pessoas que gostam apenas de gira de determinada falange (pretos velhos, caboclos, crianças, etc.) não são umbandistas, mas sim seguidores daquela falange. Mas, porque seguem esta ou aquela falange? Porque gostam dela... Então, não são seguidores da umbanda ou de uma falange, mas seguidores de si mesmo...

Mas, para que serve tudo isso que estou falando? Se tudo isso é real, como se comportar diante das informações que nos chegam? Aceitando tudo que lhe chega como apenas como uma informação, sem categorizá-la como verdades ou mentiras...

O ser humano que realmente alcança a real sabedoria é aquele que nada sabe, apesar de conviver com diversas informações em sua mente. Para chegar a isso é preciso não desacreditar em nada que recebe como informação, mas também não acreditar em nada como verdade. 

O verdadeiro sábio é aquele que não busca a Verdade porque sabe que ela não existe. Por isso trata qualquer informação que receba como verdade relativa: algo que alguém acredita que é verdadeiro. Se alguém credita àquela informação o valor de verdade, ela é uma verdade. Pode não ser a dele, mas é uma verdade de alguém. 

A compreensão do sábio sobre as diversas informações disponíveis do planeta é a seguinte: elas não são mentiras, mas uma verdade de alguém. 

A partir desta visão sobre a verdade que estou comentando aqui você deve estar perguntando: ‘Como fica a máxima de Cristo que diz que se deve buscar a verdade porque ela vos salvará’? Vamos conversar sobre isso...

Quando Cristo ensina que se deve buscar a verdade, ele fala da Verdadeira, da Absoluta. É esta que deve ser buscada para se alcançar a salvação. Qual é a Verdade Absoluta? Nada que você pode conhecer... 

Esta é a Verdade que encontrada pode lhe salvar: a verdade de que não há verdade neste mundo... Ao compreender isso você terá encontrado a Verdade deste mundo...

Mas, vocês ainda poderiam me perguntar: ‘Isso quer dizer que não podemos ter verdades’? Não tê-las é impossível. O máximo que se pode fazer é ter a consciência de que aquilo que se acredita que é verdadeiro o é apenas para você mesmo, ou seja, trata-se de uma verdade relativa. Por isso não deve querer impingi-la aos outros – fazer com que eles também acreditem que é verdade. Quando você tiver esta consciência com relação às informações que possui e que diz serem verdadeiras, terá se libertado delas e elas não mais terão o peso de verdade. Quando se alcança este tipo de consciência, a pessoa trata os conceitos que tem como informações e não verdades...

Este tipo de consciência vale para todas as coisas deste planeta, inclusive para aquelas que você imagina líquida e certa, santa ou sagrada. Isso porque só é santo ou sagrado aquilo que você declarar que seja.

NOTA: Na fala a seguir o amigo espiritual aborda o seguinte trecho da resposta do Espírito da Verdade à Kardec na pergunta 14 de O Livro dos Espíritos:

“Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair”. 

Buscar a verdade é entrar num labirinto donde não consegue se sair. É como um cachorro que corre incessantemente atrás do seu próprio rabo. Além do mais, enquanto estiver buscando-a, não fará o que tem que ser feito. O que tem que ser feito? O Espírito da Verdade ensina na mesma pergunta:
“Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes penetrar no que é impenetrável”. 

Mas, apesar deste conselho que é antigo, vocês continuam buscando certezas, verdades, sobre um mundo onde nunca conseguirão penetrar enquanto humanizados. Quando acham alguma informação que acreditam estar certo, o que fazem? Veja se não é o que o Espírito da Verdade diz:

“Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis”. 

Ficam orgulhosos de seus saberes, mas na realidade nada sabem... Para aqueles que acham que sabem alguma coisa mais uma palavra do Espírito da Verdade que está na pergunta 9 de O Livro dos Espíritos:

“O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”

Portanto, sigam aquilo que o Espírito da Verdade ensina na pergunta 14 do mesmo livro:
“Deixai, conseguintemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos.”

Agora, se quiserem ler um milhão de livros e ouvirem mais tantas palestras, façam isso, mas saibam que estão apenas se enganando. Apenas encontrarão informações ou verdades relativas de outros e só classificarão como verdade aquilo que satisfaz os seus desejos. Isso vale, inclusive, para aquilo que eu falo, pois enquanto estão preocupados em me ouvir não estão realizando o trabalho de aproximação de Deus.

Joaquim de Aruanda

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O espírito é a inteligência que povoa o Universo

O que devemos levar hoje desta conversa como importante é saber que o espírito é a inteligência que povoa o Universo. Isto porque, a partir do momento em que entendermos isso, teremos que compreender que viver não é um processo físico, mas um processo mental. 

A vida não pode ser entendida pelas circunstâncias físicas. Ela precisa ser compreendida como uma circunstância mental, ou seja, precisamos entender que o mundo é aquilo que pensamos que ele é. 

Na Verdade, ele não é aquilo que você imagina que seja, mas, ao pensar nele de uma determinada forma, o ser cria o mundo para ele.

Deixe-me dar um exemplo: um problema qualquer que você esteja vivendo. O problema na verdade é simplesmente um acontecimento do Universo que você vê como problema, ou seja, entende que aquele acontecimento é um problema. 

Mas, o mesmo acontecimento pode ser visto como uma solução. Ou seja, para uns o acontecimento é um problema porque eles trabalham esta ação mentalmente desta forma, mas para outros, que vivenciem o mesmo acontecimento, o que pode estar ocorrendo é uma solução. Para isso é preciso apenas que eles vivam mentalmente esta compreensão.

Precisamos entender isso para pararmos de nos preocupar em vivenciar a vida através de atitudes físicas. Se não colocarmos na prática esta consciência (de que tudo é determinado pela mente e não um acontecimento Real), nós nunca viveremos a vida entendendo que ela é simplesmente o resultado de atitudes mentais. 

Tem um ditado popular que afirma: quem ama o feio, bonito lê parece. Se você não transformar algo em bonito, ou seja, se você não o ver como bonito, certamente ele será feio. Mas, a coisa não é feia nem bonita: é você, mentalmente que cria a beleza ou a feiura das coisas.

Você vai criar o feio ou o bonito nas coisas: é isso que precisamos entender para poder compreender o processo de reforma íntima. 

A reforma íntima não pode ser feita com atos físicos, pois ela é um processo espiritual. Como ela é espiritual, aplicando-se o que vimos hoje (que o espírito é a inteligência), tenho que dizer que a reforma íntima, é um processo mental. 

Ela não pode ser alcançada com atos físicos porque é um processo de mudança interior, ou seja, de mudança da sua forma de ver o mundo. A maioria não consegue alcançar a reforma, porque se preocupa com os atos, se preocupa com a visão externa do mundo quando a sua preocupação tem que estar voltada para a visão interna, para aquilo que está sendo criado na sua mente sobre o que Deus está fazendo (as movimentações físicas). 

É isso que nós precisamos compreender para realizar a reforma íntima, pois enquanto não nos voltarmos para Deus e para nós mesmos (para o espírito que somos) e ficarmos preocupados com matérias, não vamos conseguir nada. 

Esta é uma coisa que venho falando há cinco anos e não estou sozinho. A maioria dos que ouve e fala de Deus de uma maneira universal, fala disso. Eles falam de revisão mental; falam de rever a forma de ver o mundo. Na hora que os seres humanizados compreenderem isso, vão conseguir realmente promover a reforma íntima. 

Para colocar em prática esta compreensão, deixe-me falar de mais um detalhe. Tudo está feito; você só está vivendo o que já está feito. 

Não se preocupe com resultados; não se preocupe com o que vai acontecer amanhã. Cristo diz muito claro: porque que você se preocupa com o que vai acontecer amanhã, se Deus dá a vida aos bichos e as plantas. Se Deus dá o destino de cada um, porque que você vai se preocupar com o amanhã?

Não façam isso. Vivam o dia de hoje. Tenham a certeza de que a sua vida já está definida desde o nascimento e se preocupar com o amanhã é a maior prova de falta de fé. 

Joaquim de Aruanda

TERRORISMO NA FRANÇA - MENSAGEM DE JOAQUIM (Transcrição 'extra-oficial')

TERRORISMO NA FRANÇA - MENSAGEM DE JOAQUIM (Transcrição 'extra-oficial')

Há 15 anos nós vimos conversando com vocês. Ao longo desse tempo, muitas coisas aconteceram nesse planeta, algumas de repercussão mundial. Durante esse tempo nós nunca nos negamos a comentar esses acontecimentos de expressão mundial. Foi assim com os aviões nas torres, foi assim com as ondas gigantes, com os trens da Espanha, com as crianças na escola da Rússia... sempre comentamos esses acontecimentos.

No entanto, durante esses comentários nós nunca analisamos atos, fatos, acontecimentos... sempre aproveitamos essas ocorrências para delas tirar algum ensinamento que pudesse nos ajudar no sentido da promoção da reforma íntima, no sentido do aproveitamento da encarnação. É assim que vamos também começar agora o acabou de acontecer na França: os acontecimentos de terrorismo. Vamos falar sobre eles, vamos conversar sobre o que aconteceu, mas não presos a analisar ou a julgar atos, mas sim aproveitar para extrair deles algum ensinamento para a elevação espiritual.

Isso é importante, porque atrás de todo acontecimento existem sempre posturas emocionais, e essas posturas são o que importa para a questão da elevação espiritual. Portanto, vamos analisar algumas posturas emocionais que foram vividas nesses acontecimentos. Antes de qualquer coisa, deixe-me só lembrar: não existe certo ou errado, nem no tocante as emoções que são vividas pelos seres humanos não existe o certo ou o errado, existe a opção. Aquela postura foi uma opção de algum espírito e por isso não está certo nem errado. Portanto quando falarmos das posturas que alguns elementos envolvidos neste acontecimento tiveram, não estamos julgando, estamos aproveitando a vivências deles para extrair alguns ensinamentos que possam nos ajudar a viver a vida humana de uma forma diferente do que vive a maioria.

Toda essa história começou porque algumas pessoas julgaram-se no direito de falar o que querem. Julgaram-se no direito de se expressar do jeito que querem. Foi o caso dos que faziam os desenhos, eles achavam que tinham o direito de falar o que quisessem, pouco importando o que aquilo que eles diriam estavam ofendendo ou magoando alguém. Para justificar esse direito, esses moços, e agora e a humanidade como um todo usam o argumento: liberdade de imprensa. Ou seja, usam a liberdade de expressão como argumento para fazer o que quer.

Mas será que realmente a liberdade pode lhe dar esse direito? É esse aspecto que quero conversar com vocês, o resto: os desenhos em si, as coisas que eles fizeram, o ato dos outros que mataram, tudo o que aconteceu é vida, é carma, é prova e missão de espíritos, por isso não vou analisar esse aspecto, vou me atentar a essa questão da liberdade de usar o seu direito.

Esse é um ponto fundamental para aqueles que querem aproveitar a encarnação. Por quê? Porque não podemos nos esquecer que Cristo ensinou que o resultado maior de uma encarnação é alcançada quando se ama a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esse é o objetivo da vida daquele que quer aproveitar a sua encarnação: amar a tudo e a todos. Será que a liberdade de usar o seu direito indiscriminadamente está de acordo com esse amor? ou fere ele? Vamos ver...

Antes mais um aviso... "Joaquim você sempre falou que nós temos que viver em uma liberdade irrestrita". Sim você precisa alcançar uma liberdade irrestrita, mas a sua liberdade precisa estar subordinada ao amor ao próximo. Você precisa sentir-se livre de tudo e de todos, sentir que possui o direito de ser, estar e fazer o que você quiser, mas de posse dessa liberdade você precisar pensar: será que se eu usar a liberdade que tenho vou ferir alguém? Porque se você não tem esse pensamento que se funda no direito de agir contra o outro em nome dessa liberdade você não amou e se não amou essa liberdade foi fundamentada no egoísmo, e cada vez que você não ama você é egoísta.

Então eu sempre disse que você precisa alcançar a liberdade irrestrita, mas ao alcançá-la precisa usá-la com responsabilidade. Não uma responsabilidade humana, não uma responsabilidade no sentido de construir algo ou destruir algo, mas usá-la com a responsabilidade sobre o amar, usá-la subordinando-a ao amor. E quando essa liberdade não se transforma numa expressão do amor, não amou, mesmo sentindo-se livre você deve não viver determinadas emoções.

Como eu disse, esses moços acharam-se livres para fazerem o que quiser, em nome dessa liberdade fizeram desenho insultando o profeta Maomé. Ora, o que é o profeta Maomé para os muçulmanos? o que representa para os muçulmanos a figura do profeta Maomé? Um santo, um mestre, uma entidade(...). Sabe, é quase vamos dizer assim, já que a religião muçulmana não permite isto, é quase que uma santificação de uma pessoa. Lhe pergunto: você tem coisas santas na sua vida? Tem. Você tem sua mãe, você tem seus irmãos, você tem seus filhos, você tem seu pai. Alguns tem a pátria, o emprego, o carro, a casa... enfim, você possui algumas coisas que considera como santificadas na sua vida. Pergunto então: você gostaria que essas coisas importantes e santificadas na sua vida fosse alvo de sarcasmo? Fosse um elemento que fosse menosprezado por outras pessoas?

Acho, e tenho quase certeza disso, que se uma pessoa fala mal do seu filho, fala mal da sua família, fala mal dos seus pais, você se sente indignado. É exatamente como se sentiram os muçulmanos com a liberdade de usarem o direito de falar o que quiser, no caso dessas pessoas. Não sei se vocês usam para justificar isso o fato de que as pessoas que sentiram-se atacadas são do mal, são terroristas, não prestam. Mas não foram só eles que se sentiram mal, toda uma comunidade, a comunidade da segunda religiosidade mais professada do planeta sentiram-se atacados por eles, não só por causa das jocosidades do que eles escreveram, mas pelo fato de apresentarem a figura do profeta Maomé, o que para o Islã é algo inadmissível e todos aqueles que possuem um pouco mais de conhecimento sabem disso.

Então não se trata aqui da liberdade de fazer o que quer, mas se trata aqui da liberdade usar algo que vai ferir os outros e usar esse algo de uma forma premeditada. Veja como mudou a situação, não se trata mais de um jornalista usando a sua livre expressão, mas de pessoas usando elementos para atacar premeditadamente aqueles que eles não gostam. Essa é a questão que precisa ser repensada por vocês, não para não julgar quem matou, se você julgou, julgou, o acontecimento é o ato, isso não tem importância, mas para acabar com a ideia de que tudo pode ser feito em nome da liberdade. Não. Como Paulo dizia, você pode fazer tudo, mas nem tudo que você pode fazer é bom para você.

Você é livre para sentir e agir do jeito que você quiser, mas nem toda sua ação é boa para você. É isso que quero conversar com vocês, como disse não vou me atentar a fatos, a atos e não vou entrar no caso do terrorista ter matado, ou isso ou aquilo, quero que vocês pensem sobre essa liberdade, sobre como usar essa liberdade que vocês têm.

O que significa amar o próximo? Amar o próximo é acima de tudo respeitá-lo, é acima de tudo cuidar e ter atenção com ele. É isso que você precisa ter ao usar a sua liberdade, avaliar o respeito ao outro, avaliar o cuidado com o outro, sem isso a sua liberdade nada tem a ver com o amor, mas é uma expressão do egoísmo. Cuidar do outro, preocupar-se ou ocupar-se com o outro, o que seria? Já disse ao longo dos últimos estudos que ninguém pode ferir ou magoar o outro, então cuidar do outro não é simplesmente não querer ferí-lo, até porque você pode fazer alguma coisa sem a menor intenção de ferir e acabar ferindo. Então a preocupação ou ocupação do próximo não tem a ver com não ferí-lo, tem a ver a não querer transformar-se em instrumento onde o outro pode se ferir. Vamos tentar dar o exemplo disso, uma vez eu disse para uma pessoa: você briga com a sua esposa? Ele disse "não, é ela que briga comigo e quando ela briga comigo eu tento ensinar a ela o que eu aprendi com você, Joaquim, para que ela não sofra". Eu respondi: você briga sim, e vou lhe dá o resumo: a sua esposa é uma esposa que gosta da casa arrumada, ela quer ver todas as coisas no lugar, não gosta de nada espalhado, jogado. Não é isso? Ele disse "é". E quando você chega em casa e tira a blusa e joga em cima do sofá, ela sofre, não sofre? "Sim, mas ela precisa entender que não existe lugar para as coisas". Eu disse para ele: você nunca vai ensinar isso a ela. Não é deixando a blusa fora do lugar que você vai ensinar isso a ela, na verdade você não está nem aí para ela, na verdade você esta brigando com ela com tira a blusa e joga em cima do sofá.

Essa é uma verdade, quando nós, premeditadamente, ou sem preocupação faz aquilo que quer, em nome de nossa liberdade, ou até em nome do que acreditamos, estamos proporcionando uma oportunidade para o outro sofrer. E este proporcionar nada tem a ver com o amor, mesmo que o ego, a razão lhe diga que você está querendo ajudar o outro. Não está. O que está acontecendo é que você se transformou no instrumento para que o próximo vivencie uma situação de sofrimento.

Aí vocês me perguntariam outra vez, "ora Joaquim, você sempre disse que todos nós temos provas e missões, e nossa missão é aquilo que fazemos para os outros, então eu precisava fazer aquilo".
Não, não precisava. Podia fazer. Queria fazer, mas não precisava internamente ter essa emoção, ou sentimento, ou sensação de que você tem o direito de fazer tudo e que o outro precisa compreender que tudo que você faz é certo e livre. É a isso que estou me referindo, largar a camisa em cima do sofá é ato, isso vai acontecer, pode acontecer. Agora ao largar a camisa em cima do sofá, ao sentir-se livre em largar a camisa em cima do sofá você precisa parar e pensar: será que estou fazendo isso por amor ou será que estou querendo fazer porque acho que tenho o direito de fazer? Será que se eu fazer isso não vou estar contribuindo para que a outra pessoa sofra?

Isso é um detalhe que podemos usar desse acontecimento para poder aprender um pouco mais na questão da elevação espiritual. Os moços que desenharam poderiam ter feito a caricatura de qualquer árabe, de qualquer ser humano que siga a religião muçulmana, mas não, eles foram atingir a toda uma comunidade em algo que é sagrada e santificado, e mais, foram atingir premeditadamente, sabendo o que aquilo proporcionaria para que os outros vivessem.

Isso é o que eu tenho passado para vocês quando se fala de Sangha, ressentimentos aconteceram, problemas em todas as nossas comunidades, e sempre respondi quando perguntado sobre esses problemas, faltou amor. Sabe, as pessoas estão preocupadas com a sua liberdade, no direito de falar o que quer, de ser o que quer, e não estão nem o pouco preocupada com o direito do outro de não ouvir o que você quer falar, com o direito do outro pensar diferente de você.

É isso que quero alertar vocês e para isso isto estou aproveitando, relacionar-se com o outro vivendo essa relação com o amor universal, faça pela preocupação e ocupação de como o outro vai receber o que você se acha no direito do que vai falar. Faça pela preocupação e pela ocupação de ver o quanto aquilo que você quer fazer pode ferir o próximo. Claro, o ato de acontecer ferimentos vai surgir, mas se surgirem, se acontecerem, depois que você teve essa preocupação e ocupação, já não houve um premeditado, já não houve uma intencionalidade de ferir. Justamente a essa não ocupação mostra a intencionalidade de ferir, que está no ego e que você vive, mesmo dizendo estar apenas exercendo o seu direito de falar o que quiser, de fazer o que quiser.

Sei que, humanamente falando, eu sou uma voz dissonante dos últimos acontecimentos. Milhares de pessoas, ao redor mundo, se juntaram para louvar aqueles que atacaram o islamismo. Está certo, sou uma voz dissonante, mas pergunto: quantas vezes Cristo atacou os Romanos? Quantas vezes Krishna atacou aqueles que eram contra os seus ensinamentos? Quantas vezes Buda defronta aqueles que não seguiam o que ele falava? Nenhuma vez, porque eles amaram. E aqueles que amam, não se preocupam em não atacar ninguém, eles tem cuidado no relacionamento com outro para não ferir nem magoar ninguém. Claro, acabaram ferindo, acabaram magoando, mas não houve essa intenção. É essa questão da intencionalidade que leva aqueles que respaldam na sua liberdade de exercer o direito de ser, estar e fazer sem se preocupar ou ocupar com que o outro está sentindo ou pode vir a sentir, que acaba com qualquer santidade, com qualquer valor de certo ou bom daquilo que é seu, não é o próprio ato. O ato como falamos é vida, é prova, é missão, é carma dos envolvidos, e por isso, apenas o Senhor dos carmas pode decretar o que vai acontecer.

Só mais um detalhe, não sei se vocês se lembram quando ao longo de muitas conversas falamos em "universalisar-se" em tornar-se universal. E disse, univesalisar-se é tornar-se "um com o outro". Como você quer ser "um com o outro" se não se preocupa e se ocupa no que é importante para o outro. Como você quer se universalisar com alguém se você ainda coloca aquilo que você acha, quer e julga que tem o direito de ser, estar e fazer acima do próprio bem estar do outro. É algo interessante para repensarmos e pensar.

Pai Joaquim de Aruanda

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Coisas materiais

Participante: posso me utilizar das coisas materiais porque vivemos em um mundo materialista, certo? Posso usufruir destas coisas sem, digamos, ter que dar um valor maior para aquilo. Certo?

Vou dar um exemplo para podermos entender melhor a sua pergunta. Será que realizando a reforma íntima você não precisará mais comer? Eu respondo: não. Agora, será que vai conseguir deixar de comer quando alcançar a reforma íntima? Novamente respondo: não. 

Olha a diferença entre as coisas: você não precisa comer, mas não vai deixar de comer. 

Lembre-se do ensinamento de Cristo que comentamos agora a pouco: em verdade, em verdade vos digo; quem não nascer de novo não verá o reino dos céus. Lembre-se também do que disse a este respeito: para renascer terá antes que morrer. 

Sendo assim, você não tem que se preocupar em nascer de novo (parar de comer), mas sim em matar a necessidade de comer. Matar a verdade que diz que a comida é indispensável. Ao fazer isso, automaticamente renascerá e poderá ou não alcançar o não comer. 

Quando falo sobre reforma íntima, as pessoas acostumadas ao mundo material se assustam e questionam-se: ‘como posso viver sem comer, sem respirar?’ Eu respondo a elas: vocês continuarão sendo o que são, mas não mais farão por obrigação ou qualquer outra intenção, mas apenas por fazer, por estar fazendo.

Participante: como é que eu vou me desprender da necessidade de possuir um veículo sendo que eu tenho que me locomover, por exemplo? 

Se libertando da obrigação de que precisa de um veículo para se locomover. Para que você tem dois pés? 

Participante: chegar a este desprendimento completo que o senhor fala, acho que é muito forte para nós. Acho que poderia apenas não me descabelar e pegar um ônibus quando o meu carro quebrar.

Está certo. Mas, se quando o seu carro quebrar também não houver ônibus? Irá se descabelar!

Aí é que mora o perigo: se tudo conspirar contra e houver apenas o desprendimento parcial como solução para não sofrer, o que fará? É por isso que é preciso se chegar ao máximo.

A única solução para que não sofra dentro do exemplo que deu é compreender que o ego diz que é necessário ter um carro e você não se apegar a esta necessidade. 

Participante: é o ego que gera as necessidades? 

Isso: é ele quem diz se você precisa ou não de alguma coisa. Cabe a você, o espírito, não acreditar na necessidade de ter ou não algo. 

Só que este processo de libertação não é estático: precisa ser realizado em múltiplas etapas. É como descascar uma cebola: quando você tira uma casca, aparece logo outra.

Por exemplo: não há como se libertar da necessidade do automóvel sem antes se libertar da necessidade de se locomover, de ir a algum lugar. Acreditando que precisa ir, se não houver um carro à sua disposição ou algum meio de locomoção, sofrerá com certeza.

Portanto, a libertação não pode ser a do carro, mas antes precisa se libertar da ideia de ter que ir a algum lugar. Você, o espírito, deve alcançar o ponto de dizer: ‘se for, fui; se for, não fui’.

Para compreender bem esta ideia da existência de conceitos que dependam de outros, gosto muito do exemplo da comida. Pergunto: vocês comem legumes? Mesmo contrariando o que acreditam, respondo: não, vocês não comem legumes. Mais: o legume faz bem para o seu corpo? Continuando a contrariá-los diria que não.

Claro que vocês acreditam que o legume faz bem para o corpo físico, mas se prestassem um pouco mais a atenção às coisas, veriam que não é o legume que faz bem. 

Por exemplo, a cenoura. Por que se come cenoura? Porque ela faz bem para a pele e para os olhos? Mas, é a cenoura que faz bem à pele ou são as vitaminas que estão dentro dela? 

As vitaminas, não? Portanto, o que faz bem ao seu corpo não é a cenoura, mas sim a vitamina que ela contém.

Se isso é verdade, não precisam comer cenoura: basta ingerirem as vitaminas que terão o mesmo resultado.
Participante: mas, precisamos da cenoura para obter as vitaminas.

Não. Os homens vão para o espaço e levam cápsulas de vitaminas. Eles não precisam da cenoura, ou seja, eles são libertos da necessidade de comer uma cenoura.

Então, vocês podem tomar a vitamina em cápsulas. Por que não fazem isso? Porque a cápsula não tem nenhum sabor. 

Repare bem. Na alimentação humana existem dois aspectos: a obtenção do que é necessário para o corpo e o prazer de comer algumas coisas. 

Aí está o que assusta vocês quando se fala de ideias como a não existência da necessidade de comer: a perda do prazer de saborear determinado paladar. Ou seja, o apego às percepções, materialismo. É por isso que vocês não abrem mão da necessidade de comer: pelo prazer de perceber um determinado paladar.

Mas, o que é o sabor da cenoura e o prazer de senti-lo? Percepção gerada pelo ego para poder lançar o sentimento de prazer para que o espírito possa, então, promover a sua reforma íntima, ou seja, não se apegar a ele.

Agora ficou claro? Mas, não para por aí. 

Será que as vitaminas possuem determinadas propriedades, que vocês imaginam que contribuem para a melhoria da sua saúde? Acho que não, e Kardec também:

“Atribuir a formação das coisas à propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa” (O Livro dos Espíritos – comentário à pergunta 7).

As vitaminas, portanto, para mim, Kardec e o Espírito da Verdade não constitui nada. Não são as propriedades íntimas destas vitaminas que dão saúde, já que essas propriedades são, também, um efeito. Portanto, o que dá saúde é a mesma coisa que confere às vitaminas essa ou aquela propriedade. Ainda falar no que é essa causa única de todas as coisas. 

Só pelo que falei até aqui, creio que vocês já têm uma noção de que as suas ideias sobre as coisas do mundo espiritual não são reais, mas vamos comentar mais alguns detalhes. 

Falei muito em vitaminas e disse da crença de vocês sobre a necessidade delas para o corpo humano. Agora pergunto: o que é uma vitamina? O que são as vitaminas a, b, c, d ou e? Fluido cósmico universal.

Sim, as vitaminas são apenas percepções geradas pela parte técnica do ego quando este percebe o fluido cósmico universal em determinada combinação. Isso são as vitaminas, mas, será que alguma coisa deste mundo não é isso também? Não, tudo o que existe neste mundo é fluído cósmico universal percebido de forma diferente pelo ego, inclusive o corpo humano. 

A partir disso pergunto: será que o fluído universal percebido como corpo humano precisa do fluído cósmico universal percebido como vitamina? Se me responderem que sim eu insisto: para quê? Para que você precisa uma coisa dentro dela mesma? Que alteração isso pode causar?

Continue analisando a partir da ideia de que tudo é fluído cósmico universal percebido de forma diferente pelo ego. 

Se as vitaminas que vocês acreditam precisar são apenas fluído cósmico universal, pergunto: será que elas só estão em determinados elementos? Não, elas estão no universo. O ar, a atmosfera do planeta é fluido cósmico universal. Sendo isso verdadeiro, diria que vocês poderiam conseguir as mesmas vitaminas apenas respirando, o que dispensaria ter que comer a cenoura. 

Poderiam buscar as vitaminas na atmosfera, mas não sabem como fazê-lo. Não sabem por quê? Porque estão aprisionados ao ego que diz que se não comerem cenoura, não terão determinadas propriedades.
Por causa de tudo isso que falamos, insisto no ponto que venho tocando constantemente nesta conversa: você, o espírito, precisa começar a dizer ao ego que não acredita que é preciso comer. Não falei em não comer, mas sim em se libertar da necessidade, da obrigação que a personalidade humana cria a partir dos seus conceitos.

Com isso, o espírito vai se libertando da programação do ego até que um dia não mais se sinta obrigado a comer. Neste momento, quando o ego criar determinada sensação, o ser universal pode não vibrar neste padrão sentimental.

Já o espírito que acreditar que precisa mudar o ego tentará alimentar-se de ar, mas não conseguirá. Mesmo que conseguisse, isto não poderá ser considerado como uma vitória sobre nada, já que a alimentação pelo ar não é executada pelo espírito, mas sim uma criação da parte técnica do ego que gera todas as formas e percepções da vida humana.

Pai Joaquim

Ansiar pela elevação espiritual

Participante: Concordo com o senhor que vivemos com pressa em realizar, mas algumas realizações que buscamos podem ser consideradas boas, como por exemplo a busca da elevação espiritual, não?

O que importa, como já vimos, é a intenção com que se vive e não o ato em si. A sua pressa em buscar a elevação espiritual não se fundamenta no desejo de interligar-se amorosamente com Deus, mas no medo da morte, medo do julgamento, medo do que sucederá se não realizar a elevação espiritual. Por isso, mesmo esta pressa não pode ser considerada válida.


Aliás, o espírito humanizado tem pressa em conquistar coisas durante a vida material, mesmo que ela não esteja ligada à sua Realidade espiritual, justamente por isso: por ter medo da morte. Quer conquistar elementos materiais porque acha que o tempo está passando. Acredita que precisa rapidamente conquistar os bens materiais porque a sua vida tem um limite. 


O ser humanizado, mesmo aquele que acredita na existência eterna, quer conquistar rapidamente o bem material porque acredita na morte, ou seja, vive com a certeza de que sua vida chegará ao fim. Mas, a existência do espírito não acabará nunca, pois não há fim para a vida do ser universal. 


Participante: Acho que neste caso entra aquilo que já estudamos: a busca do prazer. Temos pressa em realizar coisas para poder aproveitar o máximo possível essa ‘vida’ tendo todo prazer que puder.
Exatamente. A pressa em realizar-se materialmente é para gozar a coisa material, o prazer material, a felicidade material. Esta é a pressa do ser humanizado. 


Mas, por que há esta inconsciente pressa?


Participante: Por causa do medo da morte?


Não, isto é consciente. Todos buscam entrar no gozo de determinados prazeres o mais rapidamente possível porque imaginam que a vida se extinguirá. Não é disto que estou falando, mas, de uma motivação inconsciente que existe no ser universal para que ele tenha pressa em locupletar-se com o bem material. Para saber do que estou falando, volto a perguntar: por que, inconscientemente, o ser humanizado tem pressa de conquistar os desejos oriundos das paixões geradas pelo ego?


Porque sabe que isto é errado, é contrário à elevação espiritual. O ser universal sabe que desfrutar do bem material (a satisfação de ver seus desejos atendidos) não o leva a aproximar-se Deus, mas não quer abrir mão deste prazer. Por isso tem pressa em realizar-se como humano: ‘vamos gozar logo porque senão amanhã chega a morte (o fim da encarnação) e eu tenho que me contentar em ser feliz incondicionalmente’.
Sabe por que você está renascendo, ou seja, está preso à roda de encarnações? Para poder gozar o prazer, que é caracterizado pela satisfação de seus desejos, que são frutos das paixões que o ego cria e às quais você está aprisionado.


O espírito, liberto da ação do ego, pede com consciência a elevação espiritual, mas, mesmo na erraticidade, no seu inconsciente, existe ainda o apego ao mundo material, o desejo do prazer. Mesmo liberto da ação do ego, o ser universal de posse da sua consciência espiritual está apegado à satisfação de seus desejos e, por isso, deseja renascer sempre. Enquanto o ser universal não eliminar este desejo, ele estará agindo no inconsciente. Isto ocorre quando o ser está encarnado (ligado a um ego) ou não, porque o espírito é sempre o mesmo. Por isso todos os mestres ensinaram que o caminho para se atingir a Deus passa pelo desapego às coisas materiais e a renuncia ao prazer.


Sabe por que vocês não aproveitam a encarnação para a realização da evolução espiritual? Porque o que querem mesmo nesta vida é gozar o prazer. Esta é a realidade da grande maioria dos seres encarnados, mesmo daqueles que dizem querer se elevar, mas que ainda aplicam valores (paixões) às coisas do mundo material. E, para conseguir a realização deste desejo que está no inconsciente de cada um, precisam estar encarnados. 


Vocês se lembram dos momentos de sofrimento de suas vidas? Claro que não. Sempre se lembram dos momentos ‘bons’ da vida, ou seja, do prazer que amealharam. Mas, sabem que há muito mais a se aproveitar, no sentido da elevação espiritual, no momento da contrariedade do que o da satisfação? Sim, sabem, pois todos os mestres ensinaram que os momentos de contrariedade são como o fogo que, se bem trabalhado, forja o aço. 


Repare que não estou falando em masoquismo, em querer sofrer, mas em aprender a lidar com as situações de contrariedade como uma oportunidade de libertar-se do desejo do prazer. Este, segundo os mestres, é o caminho para chegar a Deus e, por isso, o momento de contrariedade é tão importante para aquele que busca aproveitar a encarnação. 


Mesmo assim, mesmo sujeitando-se a perder tão importante instrumento da elevação espiritual, preferem esquecer os momentos ruins das suas existências. A não ser quando o espírito tem prazer no sofrimento. Aí ele quer relembrar para poder sofrer a vontade e, com isso, alcançar o prazer.


A busca constante do prazer torna-se, então, uma obsessão para o espírito e, por isso, surge a pressa em viver suas paixões. Mal os seres encarnados entram na adolescência querem se tornar adultos. A primeira preocupação é em conseguir um emprego; quando isso ocorre quer se casar. Quando consegue esta realização, ou seja, o prazer de ter se casado não mais é considerado como satisfatório e logo cria outro desejo. Começa, então, a sonhar em ter um filho. Realizado este novo sonho surge logo a pressa em conseguir um emprego melhor para garantir o sustento do seu rebento. Neste novo emprego busca ascensão e principalmente estabilidade, pois já começa a sonhar com a aposentadoria para poder parar de trabalhar e começar a curtir os filhos e netos. Tudo vivido fora de tempo, tudo feito apressadamente. 


E qual o preço desta pressa? Quanto você paga por esta pressa?


Participante: Não viver o momento presente...


Exato, deixar de viver. Digo isso porque você só tem um segundo para viver. O anterior não mais existe porque já passou e o próximo só se tornará realidade quando este acabar. Mesmo quando está vivendo o presente, você o vive atrelado ao passado ou ao futuro. Vivendo desta forma jamais consegue vivenciar o agora. Ou seja, você passa a encarnação inteira fugindo da vida: vivendo um passado e um futuro que não existem. E tudo isso por quê? Porque está obcecado em conquistar seus desejos, porque tem pressa de sentir o prazer antes que a encarnação acabe.


Você troca o presente, aquilo que existe, que é real, pelo futuro que não existe. Ou seja, deixa de vivenciar o que existe para viver o que não existe: este é o preço que paga por ter pressa em gozar o prazer. 


Se agora é o seu momento de sair, passear, divertir-se, não se preocupe com emprego, problema de casa, carreira profissional. Tudo isso deve ser deixado para amanhã, para o momento em que for presente em sua existência. Quando o amanhã chegar viverá estas situações, não agora, mesmo que este amanhã seja apenas daqui à uma hora ou dez minutos. Hoje, agora, a sua vida se resume àquilo que você está participando e nada mais. 


Estamos falando em viver um segundo de sua existência por vez, a cada segundo. Este é o ensinamento que surge quando se entende a eternidade do espírito. O espírito não tem pressa em viver. Ele não se preocupa em viver o futuro, mas em bem viver cada segundo. E o que é bem viver cada segundo que Cristo nos ensinou? Guardar bens no céu. Portanto, o espírito não se preocupa em alcançar rapidamente os acontecimentos da vida para poder buscar o prazer, mas curte cada segundo da sua existência amealhando bens celestes, ou seja, a felicidade incondicional, a felicidade sublime. 


Você vive bem, no sentido espiritual, cada segundo da sua existência quando, a cada um deles, mantém o seu estado de espírito de felicidade incondicional, permanece em paz e harmonia e existe na graça de Deus. Aquele que consegue compreender e vivenciar isso, ou seja, liberta-se do desejo inconsciente da busca da satisfação através da realização de seus desejos, não tem pressa de que esse momento se encerre, pois tudo o que ele quer está presente neste segundo. Aquele que consegue atingir a consciência espiritual vive cada segundo em toda a sua intensidade. Apesar de ter toda eternidade, vive profundamente cada segundo.


Parece incongruência dizer que o espírito, que tem toda eternidade para existir, vive profundamente todo segundo. Parece até algo sem nexo. Quem tem toda a eternidade para existir não deveria prestar tanta atenção ao momento presente que é tão fugaz, mas, garanto que aquele que possui a consciência espiritual vive cada segundo como se fosse uma vida inteira, tal a profundidade que ele o vivencia. 


E, exatamente por viver tão profundamente cada segundo, o tempo é sempre curto, tudo é sempre rápido, para aquele que vive com a consciência espiritual. Agora, para vocês que estão sempre em busca de viver o futuro, falar em eternidade é falar no amanhã que está perto. A demora de apenas alguns dias ou mesmo minutos para a realização daquilo que é desejado, já se constitui numa eternidade. 


Isto porque o ser aprisionado à realização de seus desejos tem a ânsia de que o tempo corra, para que ele possa conseguir realizar o máximo possível de suas aspirações e, assim, ter mais prazer. 


O ser liberto do vício do prazer não tem ânsia de chegar a lugar nenhum porque ele já é tudo que pode ser e já está onde quer estar: com e em Deus.


Pai Joaquim

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A forma das coisas

Ora, se o processo que descrevemos gera o cenário (todas as coisas) da vida humana, posso dizer, então, que as percepções formam o palco da aventura do espírito ou o local de realização da encarnação.
Esta verdade vale para qualquer coisa que você chame de matéria, independente do que seja, pois o único elemento material do universo é o fluido cósmico universal. Se você não vê fluido cósmico universal, não está usando a consciência espiritual, mas sim decodificando um impulso elétrico.
A partir desta constatação posso pensar macro. Não existem planetas, estrelas brilhando, nem o próprio universo que você é capaz de ver. Tudo isso são decodificações de amontoados de fluido cósmico universal.
A partir desta constatação posso pensar micro. Não existem as células que formam os corpos orgânicos, não existem as moléculas e átomos que formam os objetos, não existem os vírus e bactérias. Tudo isso são decodificações de amontoados de fluído cósmico universal.
A partir destas constatações a primeira coisa que nos salta aos olhos é que não existe forma. Isso porque, o fluído cósmico universal, que realmente é o que existe, é uma energia e este tipo de elemento não possui forma.
Você já viu uma energia elétrica?
Participante: a não ser quando há um curto circuito, quando há um clarão.
Neste caso, você vê o clarão, não a energia...
Energia não pode ser vista, não pode ser percebida pelo olho e transformada em um objeto do mundo humano. Para provar isso lhe digo que você está sendo bombardeado nesse momento por energia elétrica, e outras, e não está vendo, não está percebendo a presença dela lhe atravessando.
Portanto, se tudo é energia elétrica e ela não possui forma que possa ser percebida, a forma das coisas que vocês percebem é uma codificação que está nos egos. Trata-se de uma geração de imagem codificada anteriormente que surge quando o fluído cósmico universal (energia) chega ao ego.

EXISTEM VIOLETAS NO MUNDO ESPIRITUAL?

Participante: quem disse que não tem violeta no mundo espiritual?

Eu não afirmei isso. Não posso falar que não existe violeta no mundo espiritual porque se alguém quiser que tenha, haverá. Basta para isso moldar mentalmente a existência de uma...

Aliás, você sabe o que é o mundo em que vive, seja aqui ou no espiritual? Aquilo que vocês plasma para viver... Vamos fazer um teste para ver se não é isso...

Junte dez pessoas e fale alguma coisa para elas. Algumas vão sentir-se ofendidas pelo que você disse, outras não. Pergunto: há ofensa no mundo de todas as dez pessoas? Não. Só há para quem viveu aquele momento sentindo-se ofendido. Portanto, cada um escolheu o mundo que estava vivendo naquele momento e com isso criou um mundo próprio para si...

A verdade que salva

Todos os enviados de Deus ao planeta, de uma ou de outra forma, deixaram o ensinamento que somente a Verdade pode salvar o ser humanizado, ou seja, somente a compreensão e a vivência de seus ensinamentos podem levar o ser humanizado a retornar à sua consciência universal ainda durante a encarnação. 

Cristo afirmou que o cumprimento dos seus ensinamentos levaria o ser a conseguir chegar ao reino dos céus (caminho, verdade e luz). Kardec mostra que a elevação espiritual será alcançada com uma vida vivida de acordo com a atualização dos ensinamentos de Cristo, como a espiritualidade transmitiu. 

Mohamed fala do incitamento que o Anjo Gabriel faz à completa submissão ao Livro Sagrado (Alcorão). Mesmo o Buda, Gautama, cujos ensinamentos muitas vezes têm sido desvinculados de religiosidade, fala da necessidade da fé no Deus Universal para a completa elevação. 

Se todos estes enviados, provieram de uma Fonte comum, em qual dos ensinamentos está a verdade que poderá nos salvar? No Deus cristão, na espiritualidade de Kardec, no Alcorão ou no nirvana de Buda? 

Quando afirmamos que o espiritualismo é como uma carreira universitária composta de diversas cadeiras, buscamos exatamente a compreensão desta Verdade. Existe uma única Verdade Universal, que é Deus, Pai Supremo e Criador do Universo. Esta Fonte Suprema é a Verdade que pode salvar o ser. 

Todos os Seus enviados trouxeram trechos dos ensinamentos que, isoladamente, não conseguem atingir a Verdade Universal. Transformar o ensinamento ou o seu porta-voz em objeto de adoração afasta o ser da Verdade Universal. 

Apenas compreendendo que cada um dos mestres não passa de transmissor de uma determinada ciência necessária para a formação acadêmica, o ser conseguirá alcançar a Deus, a única Verdade que pode salvar. 

Muitos são os exemplos que podemos citar para comprovar o que estamos falando, mas um deles é bastante representativo. Quando Cristo diz aos seus apóstolos que é preciso que ele vá antes para reservar seus lugares no reino do céu, é questionado pelos apóstolos que não sabiam como alcançá-lo depois de sua ida. 

Em resposta, o Mestre afirma que "existem muitas moradas no reino de meu Pai", ou seja, existem muitas formas de se alcançar a Deus. Cada um dos mestres da humanidade com seus ensinamentos representam uma destas moradas do Pai. 

Entretanto, aquele que não conhecer todo o reino não conseguirá sentir-se em casa, pois desconhecerá as demais moradas. Para se morar no palácio do Pai é preciso conhecer todos os cômodos, ou seja, conhecer todos os ensinamentos enviados por Deus. 

Prender-se a um determinado transmissor como fonte única da vontade divina é criar um ídolo que será servido e idolatrado. Só este fato já quebra o primeiro e o segundo mandamento das leis de Deus transmitidas a Moisés. 

Os idólatras não são aqueles que utilizam imagens, mas sim todos aqueles que idolatram o transmissor dos ensinamentos e que não compreendem que eles são apenas instrumentos do Pai. 

A religião que prega o isolamento e a superioridade sobre as demais, nega os próprios ensinamentos do mestre que lhes serve como doutrina. Nega a fonte da informação a quem todos eles se submeteram: Deus.

Os mestres são caminhos, Deus é o objetivo. No entanto, o que leva cada religião a isolar-se das outras são apenas meros detalhes que, na verdade, não se tratam de diferenças profundas, mas frutos, na maioria das vezes, da soberba do ser humano que quer possuir a Verdade Universal. 

Reencarnação ou vida única, Alá ou Jeová, santos orientais ou ocidentais, vida fora da carne ou passividade até o julgamento final? Todas estas informações estão contidas nos ensinamentos de todos os mestres, mesmo daqueles que a religião afirma que não falaram desta forma. 

Aqui devemos relembrar o ensinamento que Cristo nos deixou: "olhos de ver e ouvidos de ouvir". Partindo-se de uma premissa pré-elaborada, o ser jamais conseguirá enxergar de outra forma. É necessário que ele isente-se de pré-conceitos para conseguir enxergar a Verdade Universal que está embutida em todos os ensinamentos. 

Existe uma única Verdade Universal e esta foi explicitada por Cristo: "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Apesar dos demais mestres não terem pronunciado esta frase, esta foi a motivação que todos ensinaram como base para se alcançar a elevação espiritual. 

Esta é a única verdade que pode salvar. Todos os mestres trouxeram ensinamentos para colocá-la em prática e isto também é uma Verdade Universal. 

Cristo e Mohamed falaram teoricamente sobre este amor ao Pai e ao próximo, Buda ensinou a técnica para se colocar em prática este amor na vida material e Kardec ensinou o objetivo desta prática. Assim, a Verdade Universal não poderia ser outra a não ser o "Amor Universal". 

Por este motivo, o espiritualismo tem que ser ecumênico. Este espiritualismo não gera ídolos para serem adorados, mas respeita a todos os enviados transmitindo a essência dos seus ensinamentos com o objetivo de que cada um consiga alcançar o "Amor Universal", podendo, então, amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Joaquim de Aruanda

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Guerra e paz

“916. Longe de diminuir, o egoísmo cresce com a civilização, que, até, parece, o excita e mantém. Como poderá a causa destruir o efeito? Quanto maior é o mal, mais hediondo se torna. Era preciso que o egoísmo produzisse muito mal, para que compreensível se fizesse a necessidade de extirpá-lo. Os homens, quando se houverem despojado do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, sem se fazerem mal algum, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento mútuo da solidariedade. Então, o forte será o amparo e não o opressor do fraco e não mais serão vistos homens a quem falte o indispensável, porque todos praticarão a lei da justiça. Esse o reinado do bem que os Espíritos estão incumbidos de preparar”. (O Livro dos Espíritos)

Repare bem no início deste ensinamento do Espírito da Verdade para que possamos ter consciência da hipocrisia (dizer que está pensando no outro, mas está sempre pensando em si) com que o ser humanizado vive: “era preciso que o egoísmo produzisse muito mal para que compreensível se fizesse a necessidade de extirpá-lo”. 

Para falar dessa hipocrisia lhes pergunto: o que motivou as cruzadas, as chamadas guerras santas? Egoísmo. O que motivou os senhores de terra em criar e sustentar a escravidão? Egoísmo. 

Os acontecimentos hediondos da história da humanidade sempre foram causados para atenderem a interesses individuais de determinados seres humanizados, ou seja, viciados no egoísmo destes. Mas, por que Deus permitiu que isso acontecesse? Segundo o Espírito da Verdade para que você e todos os outros espíritos encarnados compreendessem o que o egoísmo de cada um produz.

Mas, não foram apenas esses os acontecimentos hediondos que ocorreram na história da humanidade. Na verdade eu utilizei exemplos muito distantes no tempo da realidade. Por que fiz isso? Porque este livro é do final do século XIX, ou seja, os acontecimentos hediondos a que se referiu o Espírito da Verdade eram esses.

Depois da publicação deste livro, ou seja, depois da divulgação deste ensinamento, já tivemos outros acontecimentos hediondos. Aconteceu a primeira e a segunda guerra mundial, a bomba atômica e mais recentemente os atos terroristas que podem ser considerados como acontecimentos hediondos fundamentados no egoísmo de seres humanizados.

Estes acontecimentos recentes certamente não estavam na cabeça de Kardec quando ele fez a pergunta ao Espírito da Verdade. No entanto, se estivessem, o ensinamento seria o mesmo: ocorreram para que os seres humanizados compreendessem a que ponto pode levar a ação egoísta baseada nas suas vontades individuais.

Eu pergunto então: o que você, que já conhece este ensinamento, fez com relação a estes crimes hediondos? Agiu egoisticamente criticando aquele que foi egoísta. Mas você não acha que ao agir assim foi egoísta. Pelo contrário, imagina que está certo.

A humanidade precisa compreender que a crítica, mesmo que dirigida ao egoísta, é ação do egoísmo de quem critica. Nenhuma crítica pode ser considerada sadia porque ela é fundamentada numa verdade individualista, num padrão individual de verdade. Portanto, ação egoísta.

Como já estudamos fartamente, Deus cria os acontecimentos da Terra para que você compreenda a essência que causou tal ato e possa, assim, abrir mão da utilização de tal essência. Nenhuma guerra surge no planeta se não houver uma intenção egoísta, se não houver um desejo individual. Portanto, as guerras existem para que você aprenda onde o egoísmo pode levar e abra mão de seus desejos próprios, mesmo que eles sejam considerados certos. Mesmo que você deseje a paz, abra mão desse desejo para não criticar o próximo, pois se o fizer, estará agindo igualzinho a ele: fazendo guerra a quem quer guerrear.
O primeiro passo para poder abrir mão do egoísmo é abrir mão da crítica a quem age fora dos seus padrões individuais de certo. Ame a todos e a tudo acima de qualquer padrão que você tenha de certo ou errado. Aliás, Cristo ensinou: se você só cumprimenta quem lhe ama que vantagem tem? Até os pagãos fazem isso...

Faça a paz com quem quer a guerra, pois só assim expressará o verdadeiro amor. A crítica, por mais que embasada em boas intenções, jamais será um ato de amor, pois ela se fundamenta no eu, no que cada um sabe, o que cerceia o direito do outro achar diferente.

Mas, para que você possa fazer a paz com quem quer a guerra é preciso antes libertar-se do seu eu e da vontade de que este eu se sobreponha ao do próximo. 

E não me venham dizer que é impossível deixar de criticar Hitler porque ele fez a guerra ou o presidente dos Estados Unidos porque autorizou o uso da bomba atômica, porque não são deles estas ações. Como o Espírito da Verdade acabou de nos dizer, o egoísmo precisa gerar um crime hediondo para ver se a humanidade cai na real e deixa de ser egoísta, de querer só para si, de querer levar vantagem em tudo na vida. Por isso, se não fossem estes seres humanos que você acusa teriam que ser outros, pois a guerra existiu e continuará existindo porque os seres humanizados ainda agem egoisticamente no seu dia a dia.
Nós estudamos anteriormente em O Livro dos Espíritos que a justiça consiste em respeitar o direito do outro (pergunta 875). Portanto, se você não quer que haja guerra precisa respeitar o direito do outro que quer fazer a guerra e não criticá-lo ou acusá-lo por isso. Mas não, você acredita que precisa atacar quem quer guerrear para poder defender a paz para que a justiça prevaleça. Na verdade você não está defendendo a paz nem a justiça, mas aquilo que você considera como paz e justo, ou seja, os seus padrões individuais de paz e justiça. Por isso falei inicialmente em descobrir a nossa hipocrisia.

Estou usando a guerra como um exemplo apenas para entendermos, mas leve isso para todas as coisas da vida. Você diz que quer viver bem com todos, mas para que isso aconteça realmente tem que aprender a viver bem com todos e não exigir que os outros se fundamentem em você para que possa existir a boa convivência. Ou seja, você acredita que os outros precisem agir como você agiria em determinada situação para que esteja em paz com ele. Para mim isto tem outro nome: opressão, totalitarismo. 

Veja como é hipócrita a sua posição. Você diz que critica o próximo por amor, por querer o melhor para ele ou até para que a justiça aconteça, mas na verdade a sua real intenção é a total submissão do próximo ao seu padrão de certo para satisfazer o seu egoísmo. 

Não, a crítica jamais será fundamentada no amor ou na justiça. Cada um tem o direito e a liberdade de agir e para que você o ame verdadeiramente precisa respeitar este direito. Mas, para poder conceder esta liberdade ao próximo, é preciso que cada um se liberte do seu egoísmo, do vício de olhar primeiramente para si: o que acha certo, bonito ou o que quer.

Aprenda: para o mundo espiritual não é o ato em si que vale, mas a intenção com que cada um participa dos atos da existência carnal. E a intenção com a qual os espíritos participam dos atos humanizados hoje devido ao seu patamar de elevação espiritual fundamenta-se no “eu”, pois busca atender àquilo que cada um acha que deveria acontecer.

Pai Joaquim

Os esconderijos dos espiritualistas

Espiritualistas são aqueles que acreditam ser algo mais do que a personalidade humana que está vivendo no momento. Este algo mais é chamado de espírito. 

Espiritualista é aquele que acredita ser um espírito. Por causa disso, acredita também que tem uma existência eterna e que esta temporada na massa humana é apenas uma etapa da sua existência.

Espiritualista é aquele que acredita ser um espírito que tem uma existência eterna e que esta temporada na massa humana é apenas uma etapa dela. Por isso acredita que esta etapa tem apenas a finalidade de auxiliá-lo no processo de evolução espiritual, ou seja, um instrumento para aproximá-lo de Deus.

Espiritualista é aquele que acredita ser um espírito, que tem uma existência eterna, que esta temporada na massa humana é apenas uma etapa dela e que ela tem a finalidade de auxiliá-lo no processo de evolução espiritual. Por isso sabe que neste momento sua atividade fundamental é realizar a reforma íntima.

Apesar de dizermos tudo isso sobre os espiritualistas e apesar deles saberem de tudo isso, vivem fugindo da realização deste processo. Para isso escondem-se atrás de atividades que eles afirmam aproximá-los de Deus.

Escondem-se deste processo atrás da religiosidade, ou seja, acham que realizar a reforma íntima é apenas participar dos cultos das religiões. Acham que apenas frequentar o centro espírita as terças, o terreiro as quarta, o grupo de estudos as sextas feiras ou a igreja no domingo já é o suficiente para aproximá-los de Deus... Esquecem que Cristo ensinou que o templo de Deus está dentro de cada um e não visitam o seu íntimo para reformar-se. Por não visitá-lo e reformá-lo permanecem longe do Pai.

Escondem-se deste processo através da oração, ou seja, acham que apenas rezar palavras decoradas sem se envolver sentimentalmente com ela já é o suficiente para aproximá-los de Deus... Ledo engano: Cristo nos ensinou que o que importa é o sai do coração e não da boca. Como não visitam seu interior seguem orando com palavras sempre com a intenção de obter do Pai aquilo que não conseguem por si mesmos. Com isso, ficam afastados de Deus. 

Escondem-se deste processo através do estudo do Universo espiritual achando que apenas conhecer as coisas do lado de lá já é o suficiente para aproximá-los de Deus. Esquecem que Cristo ensinou que Deus só se revela aos simples e não aos sábios. Por não visitarem seu íntimo não veem que com esta forma de agir apenas se tornam sábios e não pobres de espírito. Por isso ficam afastados de Deus.

Escondem-se deste processo assumindo a posição de mestres, professores, guias ou gurus achando que com isso ajudam os outros a se aproximarem de Deus e, por conta desta ação, também se aproximam... Enganam-se: Cristo ensinou que não devemos chamar ninguém de mestre neste mundo porque temos um no céu. Esquecem também dos ensinamentos de Cristo onde ele chama aqueles que querem impor suas verdades sobre os outros de professores da lei e hipócritas. Por não visitarem seu íntimo, amealham seus bens na Terra e com isso afastam-se do Pai. 

Escondem-se deste processo executando trabalhos com a mediunidade que o Pai lhes deu, achando com isso aproximam-se de Deus. Esquecem que, como ensinou Cristo, aqueles que têm fé recebem sem a necessidade de um intermediário. Como não mergulham no seu interior continuam nutrindo a soberba dizendo-se grandes médiuns e com isso afastam-se do Pai. 

Escondem-se deste processo praticando a caridade material. Dão comida, cobertor, remédios, cestas básicas e outras coisas e com isso acham que estão se aproximando de Deus. Engano: Cristo ensinou que devemos dar a vara e não o peixe. Como não visitam o seu interior não reparam que ao apenas satisfazer as necessidades humanas estão servindo à humanidade e não a Deus. Com isso, afastam-se do Pai.

Escondem-se deste processo buscando o místico (reiki, passes magnéticos, passes espirituais, desobsessão, etc.) achando que por estarem em contato com estas coisas estão mais perto de Deus. Esquecem que Cristo ensinou que devemos idolatrar apenas o Senhor Deus. Esquecem também que ele ensinou que Deus julga os espíritos humanizados não por suas ações, mas pelas suas intenções. Como não mergulham no templo do seu interior não conhecem suas intenções e com isso seguem distantes do Pai. 

Escondem-se deste processo conferindo super valores a elementos deste mundo como o incenso, o copo com água e sal grosso, a vela, oferendas, etc. Tais elementos não podem os aproximar de Deus, mas os espiritualistas continuam se escondendo do processo de reforma íntima atrás deles. Como ensinou Cristo: si de vocês professores da lei, hipócritas, pois dão a Deus a décima parte até mesmo da hortelã, da erva doce e do cominho, mas deixam de obedecer aos ensinamentos mais importantes da Lei como a justiça, a bondade e a obediência a Deus. Como não visitam o seu íntimo, não conseguem ver que apenas estão buscando a felicidade material e não ao próprio Pai e, por isso, afastam-se Dele. 

Escondem-se deste processo dividindo o mundo em dois: o material e o espiritual, a vida humana do processo espiritual. Escondem-se deste processo dedicando a Deus apenas uma parte do seu tempo e vivendo a outra, que é a maioria, apegado aos ideais da vida mundana. Ledo engano: Cristo nos ensinou que não se podem servir dois senhores ao mesmo tempo. Por servirem prioritariamente à humanidade afastam-se do Pai. 

Apesar de mostrar todos estes esconderijos que o ser humanizado usa, não estou aqui para desqualificá-los. Tudo pode ser feito, tudo pode ser vivenciado. O que não pode é servir de esconderijo para a não execução da reforma íntima. 

Sendo espiritualista, acreditando que é o espírito, que a vida humana é apenas uma etapa de sua existência eterna e que ela serve como um instrumento para aproximá-lo de Deus através da reforma íntima, o ser humanizado pode frequentar os cultos, orar, estudar, assumir posição de guia, trabalhar com a mediunidade, fazer a caridade material, buscar o místico, conferir super valores a elementos deste mundo e viver a totalidade da vida, sempre fazendo a reforma íntima. Este é o ponto importante que hoje não é levado em consideração pelos espiritualistas...

A vida carnal na sua totalidade desde o nascimento até o desencarne é um processo de encarnação onde o ser universal coloca em provação tudo aquilo que aprendeu durante o seu período na erraticidade. Aqui, na doença ou na saúde, na felicidade ou na tristeza, o espírito precisa trabalhar para manter a sua felicidade e, com isso aproximar-se de Deus. 

Portanto, conclamo a todos os espiritualistas a saírem de seus esconderijos e encararem o trabalho que se propuseram realizar durante esta encarnação. Os conclamo a deixarem de enterrar seu rosto na areia como fazem as avestruzes e enfrentarem a vida humana baseando-se na perspectiva espiritual que dizem acreditar.

Aquele que não age assim é como um covarde que durante os combates se esconde. Como disse, o problema não é como se vivencia a vida, mas o esconder-se atrás de atividades que em nada contribuem para a elevação espiritual. Fazendo isso, o ser humanizado está apenas descartando mais uma oportunidade para aproximar-se de Deus...

Joaquim de Aruanda

Sobre o aborto

Vamos falar sobre o aborto. Entretanto, antes de começarmos a falar sobre qualquer tema é preciso buscar na materialidade qual a compreensão sobre ele, ou seja, determinar a verdade humana que precisa ser destruída. Digo isto, porque o nosso propósito não é de construção de novas verdades, mas de destruição das antigas. Somente eliminando-se todas as verdades materiais com que o ser humano vive hoje poderemos atingir à Verdade Universal, ou seja, a espiritual.

O aborto para a humanidade é considerado como a interrupção de uma vida. Fazer um aborto é, portanto, entendido como matar um ser humano em formação. Mas, o que será vida? Precisamos conceituar humanamente falando este termo porque não podemos falar em interrupção da vida sem antes entendê-la. 

A vida carnal não existe como a humanidade imagina: algo que acontece por si só no momento que está acontecendo. A vida carnal para um espírito não existe como concebida pelos seres humanos. O espírito não vive dentro da concepção humana (pratica animações), mas vivencia situações programadas por ele mesmo antes da encarnação. A animação que o espírito vive não é a prática de atos, mas o vivenciar de situações pré-concebidas. 

Você agora está lendo este texto? Não, está vivenciando uma ação que escreveu antes de nascer. Para o ser humano há a ilusão que ele está agindo no mundo carnal neste momento, mas a Realidade é que a situação está acontecendo e o espírito está vivenciando-a como se estivesse assistindo a um filme. Portanto, você, o espírito, não está vivendo isto agora, mas sim passando por algo pré-determinado com a ilusão que está agindo no sentido de visualizar letras e obter compreensões.

Esta visão sobre os acontecimentos da vida é importante ao analisarmos qualquer assunto relacionado à vida carnal. Na hora que a humanidade compreender isto, poderá viver a Realidade ao invés de se prender à ilusão (maya). Sem que o ser humano entenda que ele é apenas uma criação ilusória que existirá apenas enquanto o espírito estiver em prova, o tema morte será super valorizado no sentido humano e não no espiritual. Sem a perfeita compreensão da Realidade da vida, jamais o ser humano compreenderá que está escrito em 

O Livro dos Espíritos: 

“853a – Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos? “Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos”. 

Nenhum ser humano pode morrer antes da hora porque nenhum espírito pode deixar de vivenciar tudo aquilo que se comprometeu a realizar como prova durante a sua encarnação. O desencarne, ou seja, a ilusão da vivência chamada vida carnal acabará apenas no momento exato que o espírito escreveu para vivenciá-lo antes da encarnação.

Compreendido este aspecto da Realidade, posso, então, afirmar: a compreensão da humanidade a respeito do aborto está completamente falida. Isto porque não pode haver interrupção da vida antes do momento preciso que ela tenha que ocorrer. Este é o primeiro aspecto que precisamos levar em consideração ao analisar espiritualmente o aborto. 

Aplicando-se esta visão ao tema, veremos que se o ser humano vive um, dois ou três meses e aí acontece o fim da vida (aborto), é porque ele só tinha aquilo para viver, pois, o espírito só pré-determinou aquilo para vivenciar. 

O aborto, portanto, não poder ser considerado como uma interrupção de vida, mas sim como o fim da existência do ser humano criado pelo espírito no momento exato em que este pré determinou para tanto. Se ninguém morre antes da hora, ninguém é abortado antes da hora.