segunda-feira, 25 de abril de 2016

O respeito a decisão da comunidade

Participante: como tomar uma decisão para a casa quando não existe maioria para decidir?
Pela própria decisão da comunidade. O que ela decidir será a decisão da comunidade, ou seja, de todos.


Estou entendendo a sua preocupação. Você quer saber como se chega a uma diretriz. Vou tentar lhe explicar. 


Imaginam que para decidir o que o caminho que uma comunidade tomará devem agir da seguinte forma: todos da comunidade votam e decidem o que será a verdade dela; a partir daí todos seriam obrigados a cumpri-la. Não é disso que estou falando.


Como já falei anteriormente, a obrigação acaba com a neutralidade necessária para a execução dos trabalhos. Não estou falando em submeter-se à decisão da maioria já que quer participar daquela comunidade, mas em integrar-se perfeitamente a ela.


Não estou falando que não deve haver votação: pode até haver. O que estou dizendo é que depois de uma votação, não existe mais maioria ou minoria: existe uma decisão da comunidade. Por respeito a esta decisão aquele que foi voto vencido na votação muda a sua forma de pensar.


Digamos que a uma comunidade se juntou para decidir em que dia ia trabalhar com apometria. Depois de todos falarem sobre o assunto defendendo o seu ponto de vista e votarem, se quiserem, fica decidido que isso acontecerá na terça-feira. Os trabalhadores que achavam que existia outro dia da semana melhor ou mais propício para a realização dele devem esquecer a sua posição individual e aderir ao que a comunidade entendeu como certo. É isso que estou falando.


O problema é que quando não há o respeito pela comunidade, as pessoas que foram contrárias a decisão que saiu vencedora não mudam seu ponto de vista e com isso gera-se instabilidade no grupo. Quando isso acontece, morre o respeito à comunidade.


Quando o trabalhador respeita a sua comunidade, ele não quer que sua vontade se imponha aos outros. Quando ela é acatada, aquele que foi à favor da decisão tomada não se regozija; já aquele que vê a sua opinião ser descartada, por respeito à comunidade, abre mão de sua opinião. Quando alguém se sente integrante de uma comunidade e a respeita, quando ela toma uma decisão esta passa a ser dele também. Quando não há esta postura, a comunidade está malfadada.


Se alguém participa de uma comunidade sem respeito a ela, quando se toma uma decisão em nome dela, esta pessoa não muda a sua opinião. A partir daí, começa a fazer fofocas com a intenção de minar aquela decisão e acabar sobrepujando a sua vontade. Um cenário desse leva a comunidade à desagregação e a se transformar em apenas um bando de pessoas.


O trabalhador que não respeita a própria comunidade torna-se um câncer para ela. Se ele não tiver respeito pela comunidade e adotar a decisão comum como sua, podem ter certeza que o câncer vai comer toda a comunidade.


Por isso, oriento a todas as comunidades de trabalhadores que compõem uma casa: conversem, estabeleçam suas diretrizes de comum e respeitem a decisão do grupo. Não porque alguém foi voto vencido, não porque não conseguiu impor seu desejo, mas porque você pertence à comunidade e tem respeito por ela.

Pai Joaquim

Intenção de evoluir

Participante: Isto que o senhor está ensinando é incompreensível para mim. O que estou fazendo aqui se não tiver a intenção de evoluir, de melhora, de avançar? Eu não consigo entender e acho que a maioria das pessoas não consegue também. Será que não está na hora de nós entendermos ainda?

Vou lhe dizer apenas uma coisa: não venha para cá com intenção de evoluir: venha por amor a Deus. Não venha para cá: esteja aqui. Esta é a diferença.

Enquanto você vier para cá, está subtendida uma intenção individual; na hora que estiver aqui porque Deus lhe colocou aqui e pelo amor que nutre por Deus ouvir o que eu tiver que dizer, ele não entrará como cultura, mas como ensinamento, como amor de Deus.
Mas, enquanto você viver aqui, ou seja, prender à hora, ao dia, à obrigação de estar aqui, estará realizando o que quer, mas não vindo aqui com Deus. Está vindo aqui com seu individualismo.

Acho que este ensinamento ficou muito claro durante a realização de “Terceira Jornada Espiritualista” em Uberlândia quando disse para uma pessoa que havia uma psicografia a ser feita e ela não conseguiu escrevê-la. E não conseguiu porque ela esqueceu que aquela reunião não era uma aula para ela ir, mas um ato de louvor a Deus. Ela ao invés de ligar-se a Deus estava ligada nela e em mim.

Participante: A evolução espiritual, na realidade, é mais uma realização que alcançamos se agirmos em uma determinada direção. Ela não pode ser uma meta. Na realidade ela será a consequência da realização de um determinado caminho trilhado. Ou seja, a evolução espiritual será conquistada por trilhar-se determinado caminho. Até porque não se sabe também como é a evolução espiritual para cada um. 
 
São coisas diferentes que você está falando. Primeira coisa é o que você chamou de objetivo de vida, de meta: isto é preciso ter. Não como desejo, mas como fundamento, como o que objetiva para esta vida. 
 
Participante: O que eu entendi que o senhor falou hoje é que estamos aqui para decidir esta meta. Neste momento justamente o objetivo é decidir esta meta, que é o procurar a Deus.
Eu não diria que você nasceu para decidir isto: esta decisão você já tomou antes de encarnar. Deixe-me deixar isto bem claro, porque esta pergunta é fundamental.

Eu disse assim: você vem à carne para provar a Deus que é capaz de buscá-Lo. A partir desta afirmação você me diz que esta encarnação tem como objetivo decidir buscar a Deus. 
Não foi isto que quis dizer, pois você já decidiu que ia buscar a Deus antes da encarnação. Aliás, você só está na carne porque se declarou apto e decidido por Deus.

É isto que eu quis dizer quando afirmei anteriormente que todos que estão encarnados têm a condição de realizar a reforma íntima. Se você, no mundo espiritual, antes de vir para carne, não tivesse optado pela busca a Deus não estaria encarnado. A opção de buscar a Deus, portanto, você fez antes desta vida.

Depois que encarna, o que você vem fazer aqui é provar se vai manter esta opção ou não. É diferente do que tinha compreendido: você não tem que optar por Deus depois de encarnado, porque já o fez. 
 
O que irá provar nesta encarnação é se você é um espírito “de palavra”, que cumpre seus acordos. Fora da encarnação optou por Deus e agora vai provar a Deus que tem palavra e passar por todas as tentações sem murmurar, sem abandonar o caminho estreito.
É completamente diferente do que você falou (agora vou optar por buscar a Deus ou não): esta opção você já fez antes da encarnação, senão não estaria na carne. Você agora veio provar a Deus que é capaz de manter a sua opção espiritual. 
 
Este é o primeiro detalhe da sua pergunta. Segundo: ninguém conquista elevação espiritual, mas a recebe de Deus. Isto porque elevação espiritual é uma graça de Deus dada a você. 
Posso lhe dizer que a elevação espiritual é recebida quando você atinge um estado de inércia espiritual. Não estou falando de inércia material, ou seja, praticar atos. 
 
Quem se eleva espiritualmente continua praticando atos físicos, mas não tem atividade espiritual, ou seja, não exerce o livre arbítrio para escolher entre o bem e o mal. 
Quem consegue receber a elevação espiritual é porque silenciou o poder adquirido por ter se alimentado do fruto da árvore do conhecimento, ou seja, ele não escolher mais entre o “certo” e o “errado”, o “bom” ou o “mal”. 
 
Quem vive desta forma está preso unicamente na frequência do amor. Ele Não tem atividade espiritual, ou seja, não fica mudando de frequência sentimental (gostar ou não gostar, satisfazer-se ou não). 
 
Isto é a elevação espiritual, ou seja, um estado de espírito que é dado ao ser humanizado pela graça de Deus. Mas, você só chegará a esta frequência quando provar a Deus que é um homem de palavra e Ele lhe levar a esta frequência. 
 
O desejo de atingir esta frequência ainda é um trabalho numa frequência “muito mais baixa” que a do amor universal. Você precisa eliminar o desejo para poder ser levado por Deus para a frequência do amor.

Então, são duas coisas na sua pergunta. Agora, uma coisa é fundamental ser compreendida em tudo isto: você é capaz de receber de Deus esta graça.

O fator mais importante para tanto, optar por Deus, você já realizou, porque o fato de estar na carne comprova que se sentiu capaz de provar a Deus que saberia honrar a sua opção. 
É baseado nesta realidade que muitos apóstolos falam em viver para honrar a Deus, mas na verdade é viver para honrar a sua opção por Deus que fez antes da encarnação.
No entanto, chega na carne você não honra a sua palavra: opta pelo seu individualismo, pelo prazer, pela satisfação, por ser o “dono do mundo”.

Sentir raiva

Alguém agora me pede ajuda porque do nada essa pessoa sente raiva dos outros, passando, inclusive, a agredir os outros. Não fisicamente, acredito eu, mas verbalmente, moralmente. Ela diz que não gosta do seu modo de proceder e, inclusive, ele está lhe causando maus físicos. Por isso me pede ajuda para mudar esse estado de espírito. Vamos lá ...

Primeiro precisamos compreender o que é raiva. Digo isso porque para vocês humanos esta emoção é um ataque ao outro. Só que ninguém ataca ninguém. Na verdade todos se defendem dos outros. 

O acesso de raiva não é um ataque a ninguém, mas sim uma defesa que é usada por uma pessoa. Vou tentar provar isso ...

Repare bem que existem raivas que surgem por nada. Toda expressão de agressão verbal acontece como reação a alguma coisa. O ser humano tem raiva de alguém, reage a uma pessoa falando de uma forma mais firme porque sentiu-se ameaçado em alguma coisa. 

Portanto, o primeiro grande detalhe para quem se sente incomodado em sentir raiva dos outros é saber que essa forma de reagir não tem nada a ver com ataque a ninguém, mas sim com defesa. Isso é importante aquele que quer ter o poder da felicidade saber para começar a ver em si o que foi atacado, qual ameaça foi detectada naquele momento em que a raiva surgiu.

O que estou querendo dizer é que aquele que é feliz quando ou depois que se expressa raivosamente tentará descobrir dentro de si mesmo que posse, que elemento seu foi, mesmo que ilusoriamente, ameaçado pelo outro. Ele precisa saber disso para poder combater a possessão. 

Posse é querer determinar o destino do outro, da outra coisa. Quando alguém fala alguma coisa e você tem raiva pelo que foi falado, repare bem se não pensa diferente, se não vê as coisas de outra forma. Se o motivo da sua raiva, por exemplo, é porque alguém acha uma coisa branca, repare se você não acha que é de outra cor?

É isso que precisa ser feito para poder trabalhar em si mesmo o contra-ataque que vocês chamam de raiva. Digo isso porque enquanto existir a verdade e a possessão, enquanto houverem patrimônios individuais que precisam ser defendidos, terá raiva. 

É inevitável. Ela pertence a natureza do ser humano. Sempre que ele é atacado reage e ela vem através da raiva. Dentro de suas diferentes escalas, mas a reação é sempre uma raiva.
Eis aí, portanto, o primeiro ponto do caminho para quem me perguntou sobre ter raiva. Não na hora que gritar, que brigar, porque aí é impossível, já que está dominado pela raiva, mas depois, reflita sobre o que a outra pessoa disse ou fez para poder descobrir em si mesmo aquilo que realmente lhe causa raiva. 

Tem um exemplo clássico que dou que dá para compreender o que estou falando. Se alguém lhe chama de feio e isso lhe causa raiva, quando analisa e descobre que foi o fato de ser chamado de feio que lhe causou raiva, pode entender que quer ser chamado de bonito. Quando faz isso vê a sua posse, o querer que todos lhe chame de bonito, e pode praticar a segunda etapa que lhe leva a fugir da raiva: libertar-se das verdades, das posses, das paixões e dos desejos. 

Este é o caminho. É preciso, não na hora, no momento ninguém consegue fazer, mas depois do acontecimento, ouvir o que a pessoa falou novamente, ver o que dentro de si mesmo foi ferido e que provocou aquela reação para poder se libertar da verdade, da paixão e posse. Sem isso, continuará sofrendo com a raiva.

Dito isso, deixe-me falar alguma coisa muito interessante. Você me pergunta se não tem jeito de se mudar o que sente. Eu respondo que não, não tem. Além do mais, porque você quer deixar de ter raiva dos outros, se isso não traz problema algum para a elevação espiritual? Isso só se torna problema para quem não quer ter raiva. 

O mal físico que diz que está lhe causando não tem nada a ver com a sua expressão da raiva nem com a emoção que está dentro de você, mas sim por sofrer por ser raivoso. A sua contrariedade não está no que fala nem no que sente, mas sim em não querer ser raivoso e ser.

Portanto, não se preocupe com atos. Não queira deixar de gritar com alguém, até porque não faz isso com ninguém que não mereça ou precise desta atitude. Concentre-se apenas em libertar-se verdadeiramente, inclusive da verdade de que não pode gritar com os outros. Da verdade que diz que é feio gritar com os outros, que é errado fazer isso. 

Libertar-se dessas coisas pode lhe ajudar. Agora, esperar que seja um ser humano politicamente correto, ou seja, alguém que trate todo mundo bem, não lhe ajuda em nada. Sonhar com isso só pode lhe causar contrariedade, porque é algo que não consegue ser, pois não faz parte da sua natureza e como Krishna ensina, ninguém pode agir diferente da sua natureza.

Não pense que o trabalho de libertação das suas verdades lhe levará a deixar de gritar com alguém. Lhe levará é a deixar de sofrer porque gritou com os outros e não a agir de forma diferente. 

Portanto, eis aí a sua resposta. Volte-se para dentro depois do acontecimento, liberte-se da verdade que causou o sentir-se ameaçado e, principalmente, liberte-se da ideia de que agiu errado, que aquela forma de proceder não deve acontecer e é feia, pois é isso que lhe causa o problema físico e não a ação para o outro.
Que esteja em paz.

Pai Joaquim

Ter prazer

Agora uma pessoa me fala do prazer. Afirma que eu disse, e isso é certo, que o ego se alimenta do prazer e da dor e por isso essa pessoa acha importante se libertar do prazer. Desta informação, concluo que esta pessoa está sofrendo quando tem prazer. 

Parece estranho, mas é verdade. Aquele que acha errado ter o prazer porque ele é um alimento do ego, sofre quando o tem. Será a partir da existência desse sofrimento que tentarei responder a sua pergunta: ‘dá para se ter prazer, se viver nesta emoção, de uma forma saudável’? Responderei, portanto, a esta questão tendo como ideia de que para você ter o prazer nos moldes de hoje é um sofrimento.


Primeira coisa que precisamos entender: o que é o prazer. Como definição lhe digo que prazer é a satisfação dos desejos atendidos. Esse é o primeiro detalhe.


Prazer não tem nada de anormal, de pecaminoso. Prazer é a simples satisfação do desejo atendido. Sendo assim, ele em si não traz problema algum para aquele que busca a elevação espiritual.
‘Se o prazer não tem problema algum, porque você, Joaquim, disse que não devemos ter prazer’, vocês me perguntariam. Vou tentar responder esta questão.


Como disse agora a pouco, tê-lo não é problema. O que é problemático é querer tê-lo. O que leva problemas ao pretendente da elevação espiritual é querer ter o prazer, é ansiar por ele, é viver para tê-lo.
Ter o prazer e viver para tê-lo são duas coisas diferentes. Aquele que tem o prazer é aquele que como humano que está, possui desejos, consegue tê-lo realizado. Este diz: ‘que bom, meu desejo foi realizado’. Este ser por viver isso não trouxe problema algum para a sua busca espiritual. 


Esse, na questão da elevação espiritual e na própria ideia de viver a felicidade incondicional não trouxe complicação alguma a essa busca, porque não ansiou pelo prazer, não o esperou, não viveu para tê-lo. O problema se consiste naquele que quer ter o prazer. Porque isso? Porque nesse caso o prazer vira um condicionante da felicidade. 


Quem anseia pelo prazer condiciona a felicidade a existência do prazer. ‘Serei feliz quando o que quero acontecer’. Quem pensa assim tem problemas. Porque? Porque não é feliz agora. Não consegue ser feliz neste momento, pois se sente um carente, um necessitado. 


É neste aspecto que prazer é danoso. Ele possui esta caraterística quando é desejado, esperado, querido e não quando acontece por acontecer. Aquele que vive o prazer como decorrência natural de acontecimentos oriundos do processamento da personalidade humana é feliz, mesmo quando o que é desejado não acontece. Já aquele que anseia tê-lo, que quer e exige do mundo que o prega, que anseia, deseja aconteça, esse tem problema, pois não é feliz agora.


Portanto, fica muito claro que o ego se alimenta do prazer, mas daquele que é ansiado e não daquele que acontece como decorrência natural da vida. Esse não alimenta o ego. A alimentação que o ego precisa é a sensação da vitória, o querer e conquistar e isso não está presente naquele que não anseia pelo prazer, mas assim mesmo o tem 


Diante de tudo isso, posso responder, quando me pergunta se há um prazer que não seja danoso à saúde espiritual, que sim: aquele prazer que não é vivido com a busca do prazer. 


Quando o prazer não é vivido com a busca dele, ou seja, quando não há a satisfação de haver conseguido as coisas, não se tem um dano ao processo de busca da elevação espiritual. Agora, quando ele é vivido num processo de excitação, na busca de conseguir uma vitória, de conseguir o que é desejado, há um dano à existência espiritual do ser. 


O que estou tentando lhe mostrar agora é mais ou menos o que falo sobre a questão do orgulho e da soberba. Muitos dizem que não devem ter orgulho, que ele é danoso à questão da elevação espiritual, mas eu digo ao contrário. Afirmo que devem tê-lo. 


Orgulho é a sensação do dever cumprido. Orgulho é dizer, que queria e conseguiu. Já a soberba, que não indico, existe quando quer e consegue algo e se vibra por esta vitória, se acha melhor que o outro por ter conseguido, imagina que sua conquista é mais importante e mais difícil de ser obtida do que a dos outros. 


A soberba existe quando é projetada uma vitória sobre o outro. Orgulho é quando se vive as suas vitórias e dá a todos o direito de ter as deles. Aquele que não se vangloria da derrota dos outros nem enaltece a sua própria, não possui problema algum por ter orgulho do que foi feito. 


No prazer é a mesma coisa. O prazer que foi vivido sem a sensação da vitória, do ter conseguido sobre outro, não causa mal a ninguém. Pelo contrário: pode ajudar o ser a colocar novas frentes de batalha para aproximar-se de Deus. Já o prazer que é vivido com a sensação da vitória por ter derrotado algo ou alguém, nem que seja a própria a vida, é o alimento do ego. 


Que você esteja na paz.


Pai Joaquim

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Situação política do Brasil

Participante: o que você diz cabe perfeitamente nas questões recentes do cenário brasileiro, nas manifestações recentes contra a corrupção. Poderia fazer algum comentário à respeito? Como podemos conviver com a mente que insiste em criticar quem tem uma determinada e que propõe medo de alguns acontecimentos. 

Quem tem medo de algum acontecimento futuro? Aquele que não quer o acontecimento, ou seja, que tem uma intencionalidade.


Como lidar com as desavenças que estão acontecendo neste momento? Sabendo que há desavenças, que elas não poderão deixar de existir e se harmonizar com elas. Ponto.


O problema não é haver desavenças, mas você querer que não aja. O problema querer um sistema político, outro presidente ou outro regime. O problema não é esse: é querer que qualquer um exista, é achar que o que existe agora está errado. Isso porque quando quer outro diferente ou acha que o que existe está errado, está desarmonizado com a realidade que vive.


Agora, com relação a isso, quero aproveitar a sua pergunta – e agradeço por ela – para dizer uma coisa. Harmonizo-me com todos os que acham que o governo atual é bom ou mal. Dou a cada um o direito de ter a sua opinião. Agora, por favor, depois não venham dizer que o que eu falo é muito bonito. Depois não venham falar de amar ou de busca de Deus e que estão colocando em prática os ensinamentos de qualquer mestre em prática.


Agir dessa forma é ser hipócrita. Até hoje nunca defendi nenhum ponto de vista de ninguém ou de qualquer assunto. Como, então, você pode dizer que está buscando colocar em prática o que ensino? Pior: ainda usam o que falo para defender um determinado ponto de vista.
Será que não dá para reparar que estão usando o amor universal como um instrumento do seu egoísmo? Aqueles que dizem que estão defendendo esta ou aquela posição por ser o melhor para o futuro, não veem que estão pensando apenas no seu próprio umbigo?


Sei que tem muita gente que vai se chocar com o que estou dizendo e pode até me abandonar. Isso não tem problema, mas não posso me silenciar frente às coisas que estão acontecendo. Tem muita gente acendendo uma vela para Deus e outra para o diabo.


Respeito a opinião de cada um, mas se você se diz buscador, se acha que é importante aprender a amar, ainda cai nesta armadilha da vida? Ainda é derrotado por este pequeno soldado dos seus inimigos? Sim, são derrotados pelo exército contrário à paz, porque essas situações todas que estão vivendo (inflação, desemprego, corrupção), nada mais é do que soldados usados pelo seu individualismo, pelo egoísmo.


É a esses que estão perdendo esta batalha que quero me dirigir. Não para criticá-los, mas para alertá-los. Vocês acham que estão fazendo algo maravilhoso, amoroso, do bem, mas não reparam que estão sendo conduzidos como bois para o matadouro. Não porque esse ou aquele regime será matador, não é isso que estou me referindo. Estão sendo conduzidos para o matadouro da paz, da felicidade, do amor e, consequentemente, da elevação espiritual.


É isso que quero dizer: o custo pela sua participação dentro da atual situação política do Brasil, seja de um lado ou do outro, é o afastamento de Deus, a perda da sua oportunidade de elevação espiritual. 


Em nome do que vocês estão agindo? Em nome de uma satisfação pessoal, de um prazer? Em nome de conquistar mais benefícios? Me desculpe, mas não vi ninguém que recebesse benefícios deste governo e que falasse mal dele.


Já reparam nisso? Só os que não ganharam nada deste governo é que estão reclamando. Aqueles que ganharam, o estão apoiando. Agora, se será que estão reclamando porque o governo é ruim ou estão apoiando porque ele é bom? Claro que não. Os que estão reclamando estão agindo deste jeito porque não ganharam nada e os que estão apoiando fazem isso porque tiveram um lucro individual.


É essa reflexão que aquele que quer aprender a ser feliz, que quer ter paz, precisa fazer. Agora, se você escreve, fala, participa de manifestações e grita contra o governo, isso é vida, é ato. Por isso não posso lhe criticar pelo que faz. O que estou falando é do mundo interior. O que estou falando é sobre nutrir por dentro o sentimento de ódio, de rancor, de mágoa ou de satisfação. 


Você não vê que a pior coisa que poderia lhe acontecer e que é muito pior do que a inflação, a corrupção ou o desemprego, está lhe acontecendo neste momento. O pior não é ter um governo um governo corrupto, que não ligue para a educação ou para a saúde, mas você perder a sua paz, a sua felicidade e por conta disso afastar-se de Deus. 


Tudo o que hoje acusa o governo de não lhe dar, pode ser que amanhã, com este ou com outro governo, possa ter, mas a paz e a felicidade que perdeu neste momento, essa foi perdida definitiva, já que o momento presente não volta. 


Este país já teve tudo o que vocês hoje reivindicam. Neste país já houve uma época onde o hospital público funcionava, já teve escola que ensinavam bem aos alunos. Em um passado não muito distante, estudar em escola pública era o sonho de todos. Isso mudou, mas isso aconteceu antes do atual governante assumir. 


Portanto, tudo pode voltar, com este ou com outro governo, mas a paz que não viveu agora jamais será vivida, pois o agora vai embora para o passado e leva com ele a paz. O agora acaba e enquanto ele esteve presente você não viveu a paz. Em troca do que fez isso? De encher sua barriga, de ter um carro, de ter mais móveis ou eletrodomésticos em sua casa? 


Parem e pensem: o que está acontecendo por aqueles que reclamam ou apoiam o governo é uma ação egoísta que se utiliza de um soldado do exército inimigo da paz, que é fundamentado em critérios de justiça e merecimento que atendem apenas o seu egoísmo e não o bem coletivo. Você não param para raciocinar e compreender que estão pensando apenas do seu eu e querendo que esse eu ganhe. Isso é egoísmo, é individualismo.


Se você não está interessado na paz, na felicidade e na vida depois da vida, não tenho nada contra viver isso. Agora, se está interessado pare e pense que não há governo que possa lhe trazer a paz. Isso porque o mesmo governo que estão querendo colocar no lugar desse que está, foi escorraçado há alguns anos atrás pelo mesmo motivo.


Portanto, lutem pela sua paz acima de qualquer coisa e deixem o mundo, aqueles que não estão preocupados com a paz se digladiarem entre si. 


Obrigado mais uma vez, moça, por ter me dado esta oportunidade de abordar este tema. Aliás, já tinha falado sobre isso, mas parece que as paixões dominam as pessoas e elas esquecem o que já ouviram.

Pai Joaquim

Aventuras espirituais

Participante: a ausência de desdobramento quando o corpo espiritual sai do corpo físico, é sinal que a mediunidade parou de desenvolver e que está havendo um afastamento dos caminhos da luz?

Não; é sinal que a sua mente não trouxe para o consciente o que aconteceu durante o desdobramento. 


Sair do corpo o espírito sempre sai. Até porque, ele não está dentro, mas sim ligado ao corpo. Sendo assim, na verdade você só sabe o que aconteceu no desdobramento quando o espírito que está fora do corpo consegue através da mente dar a consciência do que aconteceu fora da carne. 


O espírito está sempre desdobrado: esse é o aspecto que você não levou em conta na sua pergunta. Além disso, você tem claramente um problema: acha que você é a mente e que tem um espírito que está em algum lugar esperando que morra para que incorpore nele.


Posso afirmar isso porque você me disse que o espírito sai do corpo. Que espírito é esse que sai de você? Você é o espírito e não a mente, não o corpo. O corpo é só matéria orgânica... 


Por causa desse seu problema, quero lhe dizer algo: você precisa repensar na ideia de quem é você. Digo isso porque enquanto achar que tem um espírito, você é um humano. Sendo humano, vai viver preso a tudo o que a sua mente disser e quando ela não lhe disser que fez alguma coisa enquanto estava inconsciente irá achar que não fez nada


Portanto, como vocês falam, o buraco é mais embaixo. Ao invés de se preocupar por não se lembrar do desdobramento, procure se conhecer, procure identificar-se neste relacionamento com a vida. Enquanto não se identificar como um espírito vivendo uma jornada humana não irá para luz. 


Para chegar a esta luz que você afirma querer alcançar, é preciso que se saiba como um espírito vivendo uma aventura humana e não como um humano que tem aventuras espirituais. Isso porque para os espíritos luz é uma coisa, mas para os humanos luz é aquilo que aparece quando você aperta o botão. Sendo humano, você não tem a mínima ideia do que seja a luz do mundo espiritual e nem pode saber.


Pai Joaquim

Amor incondicional

RESPOSTA DE JOAQUIM - com Hugo Lapa

http://meeu.com.br/ceu/amor-incondicional/

Participante: o que significa amor incondicional e como pratica-lo num mundo de tantas injustiças e sofrimento? 

O que significa amor incondicional? Amor sem condições, ou seja, quando você apenas ama. Ele não existe quando você ama porque, para que, como, quando e onde.
Quando você apenas ama o amor incondicional existe. Quando você ama porque a outra pessoa lhe faz bem para você, porque aquele homem é bonito, ama porque aquela pessoa é católica ou espírita, etc., neste momento o seu amor não é incondicional, pois houve uma condição para você amar.

Como fazer para amar incondicionalmente num mundo cheio de injustiças? Precisamos investigar um pouco a sua afirmação para podermos responder a questão. 

O que é injustiça? É o fruto da análise de um acontecimento humano por um padrão que mostra o que é justo. Ou seja, quando você vê uma injustiça é porque sabe o que seria justo acontecer. Sabendo alguma coisa, esse seu saber criará uma condicionalidade para o seu amar.

Sendo assim, só posso lhe responder que amar incondicionalmente num mundo onde se vê tanta injustiça e sofrimento, o resultado da vivência da injustiça, é impossível...
Acho que já lhe respondi, mas preciso fazer uma distinção entre dois aspectos do mundo humano para lhe orientar melhor. Quero lhe mostrar a diferença entre conhecimento e saber.
Ter conhecimento é você ter informação. Saber é ter certeza de que o que é conhecido é verdade, é real.

‘Eu sei que aquela pessoa é boa, tenho certeza disso’: esta pessoa você amará condicionalmente. ‘Eu sei que aquela pessoa não é boa, eu sei que aquela pessoa faz o mal’: novamente o amor por esta pessoa será condicionado. ‘Disseram-me que aquela pessoa não presta, mas não sei se isso é verdade’: neste caso o seu amor por esta pessoa pode ser incondicional...

Acho que ficou clara a influência do saber no amar. No entanto, quero colocar mais uma coisa. Sendo a condicionalidade do amor gerada pelo seu saber e sendo o amor incondicional a expressão máxima de cristo, posso dizer que o seu saber é um anticristo. O seu saber é aquele que luta contra Cristo. Você quer seguir com Cristo ou aquele é contrário a ele?

Enfim, encerrando, posso lhe dizer que para amar incondicionalmente num mundo cheio de injustiças é preciso que você não tenha dentro de si valores que levem a decretar se o que aconteceu foi justo ou injusto. Só isso.

Vocês precisam se libertar desse lado humano para poder ser o Cristo e poder amar incondicionalmente.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A prática da caminhada para Deus

Participante: temos, então, que deixar o relativo para atingir o absoluto. Como fazer isso?

Não dando ao que é relativo o valor de absoluto. 

Você é mulher? Isso é algo relativo. Você, o ser universal, não possui sexo. Por isso posso dizer que está mulher nesta encarnação e não que seja. Esta condição é, portanto, relativa, já que existem sexos diferentes e ela é temporária. 

Só que enquanto está, você não pode negar que seja. Hoje você não pode negar que é do sexo feminino. Se fizesse isso estaria sendo hipócrita, pois a forma que hoje ocupa é deste sexo. 

Portanto, absolutamente falando, você não é mulher, mas relativamente falando é. Por isso, deve dizer a si mesmo: ‘estou mulher, mas não sei se sou’. É isso que é libertar-se do relativo sem trocar seis por meia dúzia.

De nada adianta dizer que você não é mulher, pois neste momento é. Hoje para você isso é uma verdade que não pode ser negada. 

Participante: e seu eu disser que não tenho sexo?

Ainda estará usando uma verdade relativa de forma absoluta, pois está afirmando que é algo que não faz a mínima ideia do que seja. Você, dentro da sua concepção atual, sabe o que é não ter sexo, como é não ter? Claro que não. Será que no universo não ter sexo é ter a forma que aqui é determinada como feminino? Você não sabe ...

Portanto, a resposta que lhe leva ao absoluto é sempre não sei. Para se libertar do relativismo é preciso não ter certeza de ser nada, mas constatar que está sendo. 

Por exemplo: vocês estão me ouvindo agora? Por mais que achem que existem sons sendo percebidos pelos ouvidos, respondam a si mesmos: ‘não sei’. Vocês não sabem absolutamente o que é som, o que é ouvir, o que é estar e muito menos o que é agora, como podem responder que sim? 

Apesar de não poderem responder que sim, também não podem negar que estão me ouvindo. Isso porque o momento onde um som é percebido pelo seu ouvido é chamado neste mundo de ouvir. Por isso, o único caminho é dizer a si mesmo: ‘a mente está dizendo que estou ouvindo, mas eu não tenho certeza disso’. 

É esse o trabalho. A mente lhe diz que alguém é ruim, é mal. Diga para ela: não sei. Você não pode dizer que ele é bom, mas também não deve acreditar que ele é ruim. É preciso declarar expressamente que não sabe de nada para não correr o risco de viver uma fantasia imaginando que está vivendo uma realidade. 

Aliás, aproveitando este trabalho para fazermos uma recapitulação de coisas que já falamos, me lembro de uma frase que falei há muito tempo: da sua declaração de incompetência de viver as coisas deste mundo nasce a sua competência para unir-se a Deus. Sempre que declarar-se competente para alguma coisa neste mundo, está se afastando de Deus, pois está vivendo com verdades relativas que classifica como absolutas. Sempre que declarar a sua incompetência está se libertando do seu relativismo e por isso se aproximando do absoluto. 

Esta é a prática da busca de Deus: declarar a sua incompetência para qualquer coisa nessa vida. Só que esta declaração deve ser feita sem absolutismo, mas apenas porque existe a constatação de que tudo que imagina ser é relativo.

Pai Joaquim

Tornando-se absoluto

Já que estamos aproveitando e fazendo uma recapitulação de tudo o que conversamos até hoje, deixe-me falar de uma figura que já fiz muitas vezes. Promover a elevação espiritual é como sentar à margem de um rio e vê-lo passar. 

Você sentado, parado, estático, deve observar a água do rio chegar, passar e ir embora. Só que o ego humano não aceita que isso aconteça. Como as pessoas me perguntam sempre: o que o senhor ensina não é conformismo? Sim, é, mas e daí?


O grande problema é que as pessoas que querem ser protagonistas para poder ter a fama, o elogio, o reconhecimento, a vitória. Por isso querem sempre agir de alguma forma e se incomodam e não aceitam com a ideia de ser conformista, de ser um espectador da vida. 


Voltando ao nosso exemplo, as pessoas que se dizem buscadoras de Deus querem, ao invés de assistir ao rio passar, querem entrar nele e banharem-se ou querem criar uma barragem para reter a água e assim ter mais dela para si, o querer saber. 


Mais um figura que fiz no início do trabalho e muitos talvez não se lembrem, por isso vou repetir aqui. Vocês são como gotas d’água que surgem na nascente do rio e completam todo o percurso até o mar. Quando chegar lá ela terá que se unir a imensidão do mar de uma forma que ninguém mais a percebera. Só que o ego até aceita a ideia de chegar ao mar, mas prefere ser uma gota d’água dentro de um saco plástico para que permaneça existindo individualmente.


Veja se não é isso. Vocês aceitam a ideia de universalismo, mas ainda querem ser os universais. Veja como vocês aceitam a ideia de que existe um Absoluto, um absolutismo no universo, mas querem ser o absoluto do universo.

Pai Joaquim

Busque sem obsessão

Participante: parece que precisa de um relaxamento muito grande para poder observar a mente. Parece que ainda estamos muito tenso com relação à observação.

Vocês não estão tensos por conta da observação, mas sim por conta da existência de um trabalho para ser realizado. 


Imaginam que este trabalho será feito por vocês, que vocês é que realizarão alguma coisa. Por isso é que imaginam que têm que estar dessa ou daquela forma. Esqueça isso: este trabalho requer que você aprenda a brincar de viver. 


O trabalho da observação da mente é importante para quem quer ser feliz, mas para que dê resultado ele precisa ser feito de uma forma leve e não como uma obrigação. Precisa ser executado com amor e sublimidade e não dentro de uma obsessão de realizar alguma coisa como vocês costumam viver as coisas desta vida.


Se não encarar este trabalho com leveza, certamente sofrerá e muito. Isso porque certamente não conseguirá libertar-se da mente todas as vezes. Quando não conseguir, por conta da obsessão de realizar, a mente certamente lhes dará a culpa. Neste momento o sofrimento é o resultado inevitável do pretenso trabalho de busca da felicidade. 


Viva o processo com sublimidade, com leveza. Não gere expectativas. Diga para si mesmo: ‘eu ouvi que preciso seguir este caminho. Me conscientizei de que ele é o melhor para mim. Vou me esforçar para praticar o ensinamento, mas com a consciência de que muitas vezes não conseguirei fazer nada. Nestes momentos, não aceitarei a culpa por não ter feito’. 


Quando não observar a mente, observe que não observou e deixe o barco correr.

Pai Joaquim

Religiosidade

Esse é todo o raciocínio que precisa ser desenvolvido o fato da religiosidade de alguém lhe causar algum constrangimento ou contrariedade. Por que? Porque se tem uma verdade fundamentada no amar indiscriminadamente, incondicionalmente, como aceita qualquer constrangimento ou contrariedade oriundo da expressão da religiosidade de cada um? Repare que interessante: diz que deve amar a todos, acredita nisso, acha importante fazer isso, mas não ama os evangélicos. 

É por isso que digo que é importante o motivo pelo qual existe contrariedade com qualquer ato. Se você diz que quer amar a todos, mas se sente ainda chateado com a ação dos evangélicos, não está amando. O motivo pelo qual não ama é que lhe causa a contrariedade e ele precisa ser conhecido para poder se atacar o verdadeiro inimigo. Mas, na ausência dele, vamos continuar nosso assunto.

Para a nossa conversa de agora, então, fica a questão: perde a paz aquele que aceita o seu individualismo e por isso imagina que a sua religião, que o seu corpo doutrinário e seus ritos, são melhores ou mais importantes do que os dos outros. Aquele que considera a sua religiosidade mais certa do que a dos outros. 

Lembro que quando falamos sobre ecumenismo no início de nossa missão dissemos que a visão humana sobre esse tema, é a fusão de todas as religiões numa só. Mas, isso é impossível. Exatamente pela questão dos corpos doutrinários e pelos ritos conterem informações e formas diferentes, é impossível se fundir todas as religiões numa só.

Ainda disse mais: ecumenismo não é a fusão das religiões, mas a fusão dos ensinamentos de todos os mestres. Ecumênico é aquele que se diz cristão, crê nos ensinamentos de Cristo e na Bíblia, mas que também sabe que não pode ter posse, paixão e desejo, ensinamento de Buda, que não pode ter intencionalidade, ensinamento de Krishna, que vive encarnações, ensinamento do Espírito da Verdade e que sabe que Deus é Causa Primária de todas as coisas, ensinamento do Anjo Gabriel a Maomé. 

Esse é o ecumênico. Para ser, não é preciso que ele frequente os diversos templos das religiões. Precisa sim é fundir no seu conjunto doutrinário os ensinamentos de todos os mestres. 

Se ele é um caminho que acaba com a contrariedade, porque abrange tudo o que existe, é também o caminho da paz. Fundindo em si os ensinamentos dos mestres e praticando-os, se respeita a religiosidade de cada um. Pondo em prática o seu conjunto doutrinário e, por isso, respeitando a religiosidade de cada um, mesmo que leve o religioso a bater na sua porta ou querer lhe mostrar que ele está certo em algum detalhe do corpo doutrinário, estará em paz. 

Quando se respeita a religiosidade de cada um, não se respeita apenas o corpo doutrinário, mas também o rito dela. Falando especificamente dos evangélicos, dentro do rito de algumas seitas desta religiosidade há o caminho de fazer a propaganda da sua fé. Sendo um ecumênico praticante, ou seja, respeitando ao próximo, deve recebe-los, ouvir o que têm para dizer, agradece a visita. Tudo isso sem contrariedades. 

A informação que eles trouxeram? Você faz o que quiser com ela depois que forem embora. 

Este é o caminho para se viver em paz. Esperar que o evangélico aja de uma forma contrária à sua religiosidade só porque você não gosta que eles batam na sua porta, desculpa, mas está querendo ser ditador do mundo. Querendo que o mundo siga a sua religiosidade. 

Acho que deu para dar uma espiada sobre o tema e ter alguma análise sobre o assunto. Como disse, ela ficou prejudicada porque não temos o real motivo. Por isso fizemos um painel sobre a sua convivência com a religiosidade dos outros.

Pai Joaquim

Evangélicos

Participante: o problema é quando os evangélicos se tratam como superiores e dizem coisas como ‘você é do mundo e não de Deus’. Tenho esse exemplo em minha própria família.

Pois é, olha que grande problema: eles se tratam melhor do que você. Estamos chegando no detalhamento que falei.

Qual o problema disso? Não querer ser tratado como menor. Não querer que eles se vangloriem. Não, isso não é problema. Na verdade, o problema é você ceder ao seu egoísmo, ao seu medo de perder, à sua posse. 

Veja bem a prática dos ensinamentos. A sua pergunta foi muito interessante porque expôs um dos motivos pelo qual alguém não gosta dos evangélicos. Quando uma razão real é exposta, podemos, então, fazer uma análise melhor do tema.

Não é o evangélico que se considera melhor que tira a paz. Digo isso porque, por exemplo, no seu trabalho, ou em qualquer outra sociedade que participe, alguém se vangloria e o trata como menor, sente a mesma coisa. Por isso afirmo que o problema não está com os evangélicos, mas sim dentro de você mesmo.

O seu problema não se consiste nos outros se colocarem como melhor, mas no fato de não querer ser colocado como inferior. Veja o caminho para trabalhar para não perder a sua paz quando uma ação desse tipo, que é fato corriqueiro na vida, acontecer. 

Tenho que responder a uma pessoa que está se sentindo a última do mundo. Porque isso? Porque ela se mede pelo que os outros acham dela. Se mede pelo que os outros pensam. Você está fazendo a mesma coisa: está se medindo, se sentindo menor, porque os outros acham isso de você.

Querendo se medir, se meça por si mesmo. Use apenas você para se avaliar. Como o resultado dessa medição será sempre zero, já que você é sempre igual a si, ficará na equanimidade no caminho do meio. Só que vocês sempre se comparam a outros. Por isso, quando usam alguém que consideram menor, entram no prazer; quando o modelo é considerado maior, sofrem.

Não importa o que você seja, tem que amar a si mesmo do jeito que é para poder estar em paz. Sendo um safado, considere-se o melhor, sendo mentiroso, sinta-se o melhor entre todos. 

Jamais se acuse de nada jamais aceite se sentir rebaixado. É contra sentir-se menor que tem que lutar para poder estar em paz.

Como quer ter paz se está aceitando a sua mente lhe dizer que é menor que os outros? Não são as pessoas que estão falando isso. Elas poderiam até dizer, mas se você não aceitasse, não se consideraria e aí não teria contrariedade. Você não é menor do que ninguém. É tanto filho de Deus quanto qualquer outro que se sinta superior. 

Só um detalhe: não precisa dizer isso aos outros. Se for dizer, entrará numa discussão e perderá novamente a paz. Não fale a eles para evitar isso e por respeito à crença deles, a doutrina que eles professam. É ela que diz que eles são o povo escolhido, que são melhores do que os outros. 

Para você, que não professa a crença deles, deve dizer isso. Aliás, pelo mesmo motivo: por respeito a si mesmo. Como você professa uma doutrina que diz que é preciso amar aos outros como a si mesmo, pro respeito a este ensinamento, não consinta em sentir-se rebaixado, seja por que motivo for. 

Também não queira ensiná-los a professar a sua crença. Não fique espalhando ensinamentos para quem não quer. Para você eu posso falar assim, pois está aqui e pelo que sinto está buscando o caminho que mostro. Agora, se um evangélico vier falar comigo, terei que falar dentro da crença deles. 

Lembro de uma história interessante. Havia um grupo de médiuns que buscava os descrentes da sua doutrina no mundo espiritual para convertê-los. Um dia souberam de um pastor que tinha milhares de seguidores no astral. Conseguiram trazê-lo e começaram a doutrina-lo. No início o pastor resistiu e manteve-se fiel à sua doutrina, mas depois de muitas sessões cedeu e acreditou no que lhe era dito. Neste momento um dos médiuns perguntou se agora que ele tinha mudado de fé, será que ele ia converter seus seguidores? A resposta do pastor é o exemplo que devemos usar: ‘para que, eles estão felizes do jeito que são’. 

Essa é uma história real. Claro que tudo aconteceu da forma que Deus fez acontecer, mas a moral que ela nos deixa é muito importante. Todo trabalho deve ser feito em si mesmo e não nos outros. Eles, estão felizes do jeito que estão. 

Você está falando como a pessoa que me falou recentemente que precisava ensinar a esposa as verdades que transmito. Você está querendo ensinar aos evangélicos como eles devem se sentir. Se fizer isso, vai acabar com a felicidade deles e com a sua. 

Além do mais, pergunto: quem lhe deu a prerrogativa de ensinar o certo? Quem lhe deu procuração para agir em defesa de um ensinamento? O seu ego, que é egoísta, que quer vencer os outros.


Pai Joaquim

Dízimos

Participante: tem também a situação dos dízimos. Pastores vendem na televisão um pedaço de papel ungido, terreno no céu, tijolo abençoado. Sei que o dinheiro é deles e podem fazer o que quiserem com ele, mas o caso é que chega a ser revoltante ver este tipo de exploração, pois nestes cultos existem pessoas com pouco ou nenhum grau de instrução. Vemos que eles estão lá por medo. Enchem a cabeça delas com mentiras, põem medo, falam em castigo, em inferno e assim retiram o dinheiro delas. Ouço muitos comentários das pessoas a esse respeito e muitas se revoltam. 

Começo a minha resposta lhe pedindo para observar um detalhe que não expôs. Diz que ouve muitos comentários com revoltas por causa da forma dos pastores agirem. Agora, lhe garanto que nenhum desses é de pessoas evangélicas. Porque será? Talvez porque elas aceitem isso por fazer parte da fé delas. Quem é você para dizer que elas estão erradas?

Outra pergunta que lhe faço. Você não age da mesma maneira que os pastores, não é mesmo? Não estou falando em tirar dinheiro dos outros, mas querer impôs a sua vontade a alguém. Com certeza você não ameaça a ninguém impondo medo para que as pessoas sigam o que você acredita como certo, não é mesmo?

Você não conversa com os outros criando histórias que colocam o medo de um resultado desastroso para que eles possam pensar como você? Claro que sim. Todos quando querem impor a sua verdade a primeira coisa que fazem é inventar um destino sofredor para o que o outro quer fazer. ‘Isso vai dar errado, você vai se machucar’. 

Desculpe, está criticando os pastores, mas você faz a mesma coisa. Como, então critica eles? Como leva as pessoas na boa fé a acreditarem nas suas verdades, no que imagina que sabe? Você pode, eles não ...

É essa hipocrisia da mente, não é sua, que precisam estar atento. Quando é para ela levar vantagem, diz que é certo agir daquela forma, mas quando quem lucrar não for você, ela dirá que é uma ação errada, que se trata de enganar os outros. 

Tenho certeza de que se fosse pastor, faria a mesma coisa. Tenho certeza de que se fosse evangélico iria dar o seu dízimo, mesmo que lhe faltassem coisa por conta disso, com um sorriso no rosto. Porque? Porque sua mente diria que isso era o certo de ser feito. 

É o que acabei de responder: nunca vou encontrar um fator externo quando se trata de perder a paz. Tudo está no seu mundo interior, pois a causa da perda da paz sempre surge do trabalho que a razão humana faz. Tudo que você descreveu e tudo que qualquer um descrever como errado nas religiões ou em qualquer outro assunto, são ideias que ela critica porque não está levando vantagem individual. Se levasse, não criticaria. Tudo em que haja um ganho individual aparentemente não é considerado errado pela mente humana, mesmo que outras considerem dessa forma.

Portanto, a preocupação que fala que tem, é hipocrisia. Volto a dizer: não estou lhe chamando de hipócrita. É a sua mente que é. É ela que trabalha com hipocrisia. 

A sua pergunta está vinculada ao caso da corrupção que já conversamos. O ser humanizado facilmente aponta o político corrupto, mas ela mesmo é corrupta, pois busca levar vantagens indevidas com um bem público. Eu acho que deveriam bater palmas para os políticos, pois com a corrupção deles roubam muito dinheiro, enquanto que você se vendem por quaisquer dez tostões. 

É isso que estou falando. Precisamos para com a ideia de que existem argumentos que mereçam que percamos a paz por eles. Isso não existe. O mesmo argumento que é usado para acusar os outros é usado para defender as ideias são a respeito de algo que lhe traga benefício.

Então, deve trabalhar o que acabou de afirmar em si mesmo ao invés de compactuar com a ideia de sentir alguma revolta por este fato. Não é claro se aceitar a revolta. Ela é antinatural, não faz parte do amor universal.

Mais uma coisa. Essa mesma pergunta me foi feita há quinze anos atrás. Falaram do evangélico e do pastor e eu respondi que era o carma de cada um. A pessoa então me perguntou como ficava o pastor que roubava o dinheiro. Eu disse: isso é entre ele e Deus. O Pai não deu procuração a ninguém para julgá-los. 

Um último detalhe. Saiba que existem pessoas que vão a esses cultos e dão o seu último tostão, mas tem mais fé do que a maioria dos espiritualistas. Tem mais confiança e entrega a Deus do que aquele que acredita que conhece os segredos do universo. 

Quem que está aproveitando mais a encarnação? Ele que ficou sem tostão ou você que viveu a revolta por conta do que sabe? É isso que precisam pensar. Se não mudarem a forma de ver o mundo, se não mudarem o seu mundo interior, não há trabalho pela paz que resista. Viverá em sofrimento eterno.

Não estou falando em sofrer só nesta vida, pois no mundo espiritual também existem evangélicos que pagam o dízimo. Sendo assim, continuará sofrendo. Além disso, essa sua questão de ser justo, de aplicar a justiça, também continuará quando sair da carne. Por este motivo, irá para o mundo dos devas para caçar pastores e tentar convertê-los.

Pai Joaquim