quinta-feira, 9 de julho de 2015

ALGEMAS DA VIDA – 3/6

Justiça e merecimento
A primeira algema que vou tratar hoje diz respeito justamente a estes valores das coisas.
A mente humana trabalha com valores que se referem a merecimento, justiça, positividade, necessidades, prática do bem. São valores que a mente humana concede a determinadas ações, atos e que por isso diz que eles devem ser praticados e merecem atenção. Mas, será que essas ações realmente possuem estes mesmos valores quando se prioriza a vida eterna, o mundo espiritual? Acho que não. Vamos tentar entender isso.
Uma das grandes lutas no mundo atual pela justiça e merecimento é contra o preconceito, seja racial ou contra a opção sexual de cada um. A coletividade humana está empenhada em acabar com estes preconceitos e por isso diz que aquele que é bom, justo, que cuida do bem deve engajar-se nesta luta. Mas, será que isso tem alguma importância para o mundo espiritual? Será que alguém ser alvo de um preconceito por causa da cor da sua pele ou pela sua opção sexual tem alguma reflexão negativa para o mundo espiritual? Acho que não.
O espírito não possui cor, raça ou sexo. Não tendo, qual o problema do humano dele ser de uma cor diferente e por isso sofrer preconceito? Nenhum. Sendo isso verdade, pergunto: porque um espírito iria se engajar numa luta contra o preconceito racial? Porque unir-se à esta luta?
Aquele que está concentrado no ser, que prioriza os assuntos que são importantes para a sua existência eterna, não se engaja nesta luta. Faz isso porque sabe que ela é movida por valores humanos e não por espirituais.
Ah, me esqueci. A mente humana diz que unir-se a esta luta é um ato amoroso, um ato de amor àqueles que sofrem o preconceito. Ela diz isso, mas se esquece de dizer que no momento que se engaja na luta contra o preconceito está deixando de amar aquele que é preconceituoso.
Esse é o risco que aquele que está concentrado no ser vê que está correndo ao aderir a estas questões. Ele sabe que engajar-se nesta luta pode até humanamente parecer alguma coisa santa, mas que quando analisa a partir do prisma espiritual, ou seja, a partir da necessidade de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, seja ele quem for, como a si mesmo, toda a santidade se esvai. Verifica, assim, que a união a estas causas torna-se danoso à suas pretensões espirituais.
Este é o grande problema de não estar concentrado no ser. Quando isso acontece, a mente deita e rola sucumbindo às tentações que levam o espírito a não aproveitar a encarnação e ele não vê o que está acontecendo.
Quando o ser está concentrado na matéria, atento aos valores humanos dos acontecimentos, a mente se aproveita e traz todas as impurezas da qual o espírito precisa se libertar à consciência e ele não se liberta delas. Ela ataca, acusa, critica, xinga e ofende o próximo aquele que deveria ser amado também. Aliás, deveria amar prioritariamente.
Aliás, falar agora do próximo é importante para nossa conversa. Quem Cristo define na Bíblia como o próximo a quem se refere? Segundo a parábola do Bom Samaritano, dentro da definição que já conversamos, é o seu inimigo. No caso que estamos falando, ele é aquele que tem preconceito contra determinadas coisas deste mundo. Portanto, segundo o mestre nazareno, a sua prioridade deveria ser amar o preconceituoso e não a suposta vítima.
Só que envolvidos pela aura de bem, de santidade que a mente concede ao amor à vítima e a raiva ao inimigo, vocês não se lembram de outro ensinamento de Cristo: ‘Vocês ouviram o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, lhes digo: não e se vinguem dos que lhes fazem mal’.
É isso que precisam se atentar. Parece que defender a vítima e acusar o preconceituoso parece uma atitude nobre, algo sublime, mas a mente jamais defende um sem acusar o outro, jamais defende o negro sem acusar o branco.
A cada momento da existência a mente está lhes chamando para tomar partido por alguma coisa. Ela sempre lhe impõe que esteja de um lado da situação. Só que ela jamais lhe deixa apenas tomar um partido, mas sempre lhe joga contra quem está do outro lado, quem vive com um valor diferente do seu.
O que você não vê é que quando age desse jeito passa a viver uma amor condicionado e não o amor universal que cristo ensinou. Com isso, não coloca em prática nenhum dos seus ensinamentos e por isso não caminha para a elevação espiritual.
Quando aceita tomar partido frente as situações, você defende o negro e acusa o branco. Com isso cai e não caminha para Deus.
Esse, portanto, é um aspecto que o espiritualista deve ter sempre em mente: ‘será que se eu me engajar nessa luta não vou estar indo contra alguém? Será que se colocar a figura que me identifica nas redes sociais cobertas por diversas cores não estou atacando aqueles que possuem preconceito contra os homossexuais? Será que se eu adotar a bandeira de defender quem supostamente foi vítima de racismo através da divulgação de textos não estarei atacando aqueles que possuem este preconceito’?
É isso, filhos, que precisam pensar. Não se deixem distraírem-se por estes movimentos que carregam a suposta bandeira do merecimento, da justiça ou da prática do bem que o mundo cria, mas que ao mesmo tempo servem pra atacar outros. Quando se deixa levar por estes movimentos, acaba sempre ferindo alguém, não fazendo o que nasceu para fazer.
Esta é a primeira algema que quero conversar hoje. Trata-se de alguma coisa que lhe prende a esse mundo. Dei dois exemplos deles, mas há outros. O movimento para acabar com a fome, com o terrorismo, as demandas do governo, a corrupção dos políticos, contra os juros extorsivos que são praticados pelos bancos, etc. Enfim, são tantos movimentos que a vida humana gera vestidos com a capa de justiça e merecimento que se o ser humanizado se atentar a todos eles, nem sobra tempo para o seu trabalho pela elevação espiritual, pela paz, felicidade e harmonia.
Todos estes movimentos só servem para lhes desconcentrar, pois eles nunca acabaram com aquilo a que se propõem. Desde que o mundo é o mundo o preconceito racial e homofóbio existem, a fome, o terrorismo, as demandas do governo e a corrupção existem. Será que vocês acham que apenas por terem se engajados nesta luta agora essas coisas acabarão? Estes movimentos vestidos com a sua capa de santidade, mas que nada tem disso porque ainda geram culpas e culpados, só servem realmente para uma coisa: não lhes deixar aproveitarem a encarnação.

Pai Joaquim

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