segunda-feira, 1 de junho de 2015

Instrumentos do carma

Participante: então, uma das provas dele seria aceitar a crítica, o conselho? Digo isso porque ele realmente não aceita que digam o que tem que fazer. Então, a prova dele seria ouvir o que as pessoas dizem e seguir o que elas falam?
Não. A prova dele é aceitar que as pessoas têm o direito de falar o que ele deve fazer.
A provação não tem nada a ver com o seguir o que os outros aconselham, pois neste caso estaríamos falando de atos. Atos acontecem, eles fazem parte da prova, mas não são respostas.
O que ele precisa entender é que a mãe, e as demais pessoas, tem o direito de falar o que fala. Mais: que tudo que dizem faz parte da prova dele. Por isso as pessoas têm o direito, ou melhor, o dever de falar.
A prova dele não está no seguir ou não o que é aconselhado, mas em querer controlar o controlador, aquele que quer dizer o que ele deve fazer. É querer que as pessoas só reclamem do que ele quiser que elas reclamem. É querer que os outros só critiquem o que ele quiser que seja criticado. Digo isso porque tem coisas que a esposa e a mãe falam e ele aceita.
Essa é a prova: não dar aos outros o direito de exercer o papel que nasceu para viver na sua vida. Quem tem essa prova precisa aprender a dar às pessoas esse direito. Para isso é preciso saber que ninguém faz nada à outra pessoa porque quer, porque acha melhor, porque acha bom. Tudo o que qualquer um faz para o próximo tem a ver com o planejamento da encarnação.
É o que chamamos de interdependência. A sua esposa se encontrou com você porque já estava determinado que ela teria uma forma de ser específica e você precisava para a convivência diária de alguém que tivesse essa forma de ser. Por isso vocês se encontraram, a mente disse que se gostavam e a força de maya deu o sentido de real a esse gostar.
Portanto, o problema não está no que ele faz nem no que os outros falam, mas nele achar que eles não têm o direito de falar. Por isso ele acabou de dizer que ela não deveria ser igual à mãe. Quando ele quer determinar como ela deve ser mostra que quer controla-la. Justamente por causa desta aceitação dela não ser o que ele esperava que fosse é que sofre.
O problema está neste aspecto; não tem nada a ver com mais nada. As palavras que ela diz, o que aconselha que deve ser feito, não tem nada a ver com o sofrimento dele. O sofrimento decorre apenas do achar que ninguém tem o direito de chamar atenção para determinadas coisas. Se ele desse esse direito aos outros, não sofreria.
Se a pessoa ao lhe criticar fala do passado ou do futuro, se pega pesado ou leve, isso não importa: são apenas palavras. Mantendo-se firme na consciência de que está vivendo uma prova, não sofrerá.
O que essa moça é sua? O que são todas as pessoas que você convive? Instrumentos da sua prova. São agentes do seu carma. As pessoas estão lado a lado, convivendo uma realidade juntos, porque contém na personalidade delas os instrumentos necessários da prova do outro. Se não tivesse, nunca se relacionariam. Portanto, elas têm mais do que direito de falar de você: têm o dever de agir assim.
É assim que você precisa analisar o mundo. Precisa parar de imaginar que está convivendo com pessoas, de que está mantendo relações de companheirismo, marital, paternal, de amizade, porque estas relações não existem. Quando dois seres humanos se encontram sob qualquer título, o que existe é a vivência da provação de cada ser universal encarnado e um é instrumento do carma do outro.
A partir disso, é preciso entender que a ação que o outro pratica estará sempre exatamente dentro do que precisa para a sua provação. Ou seja, os outros têm que lhe cobrar e criticar, devem tentar lhe dominar para que possa abrir mão da exigência que ela não lhe controle, ou seja, querer controla-la.
Não estou falando em acatar o que dizem e agir como elas esperam, mas de entender que cada um tem o direito de lhe cobrar qualquer coisa. Como agirá depois da cobrança, isso é outra questão.

Pai Joaquim

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