segunda-feira, 8 de junho de 2015

Cansado do trabalho

Participante: minha mente gera histórias e eu tento resistir. Só que ela continua insistindo e no final de dois, três dias de luta, acabo não resistindo mais e me entrego a ela. Será que não há uma bomba para se jogar nela? Sei que o senhor fala desse trabalho de dialogar, mas só que chega uma hora que me canso disso.
Tem uma coisa que pode fazer sim: continuar fazendo sempre …
Participante: só que chega uma hora que cansa …
Vou tentar lhe explicar para ficar mais claro …
Sempre disse que a libertação do ego não se consiste em mudar as verdades geradas pela mente. Sempre disse que ela acontece apenas quando diz à sua personalidade humana: isso não me pertence, para mim isso não é verdade, eu não concordo. Ela existe quando você não assume o que é dito pela mente e não querer calar ou muda-la.
Acabei de dizer que não deve aceitar quando a sua personalidade humana disser que existe maldade, que os outros são maus. Isso parece que estou dizendo que você não deve nunca mais achar que ninguém seja mal. Só que não é isso. Você não pode mudar a mente. A única coisa que pode fazer é deixar de concordar com ela, de aceitar a ideia que ela cria.
Portanto, se o seu ego lhe diz que uma pessoa é do mal, o único trabalho que precisa fazer é não aceitar esta afirmação. É isso que pode ser feito e não querer deixar de achar isso daquela pessoa.
Meu maior problema página 81
Compreende o que estou querendo dizer? A mente lhe diz que que quer alguma coisa. O que deve falar com ela? Não sei se quero. Não se trata de dizer não quero, mas sim de tirar a força de verdade e realidade que ela dá ao que afirma.
‘Ah, mas aí ela vai ficar martelando a ideia’, você me diria. Sim ela vai fazer isso e tem que agir assim. Porque? Porque esta é a função dela. Por causa da compreensão da importância dela para a elevação espiritual você precisa lhe dar o direito de ser dessa forma, ao invés de querer que ela pare de ser dessa forma.
É por causa da sua vontade ganhar, ou seja, de não mais fazer o trabalho, que se cansa de fazer o que é preciso para a sua evolução. Reconhecendo isso, o cansaço acabará. Continuará dizendo que não quer ou não acredita no que ela está criando todas as vezes sem sentir-se cansado.
Participante: isso que o senhor nos propõem é um diálogo de mente com a mente?
Na verdade não é isso. Para vocês parece que sim, mas na realidade não.
O trabalho é simplesmente dizer que não sabe se quer ou acredita. Acabou, morreu o assunto. Aí começará uma nova vida onde ela voltará a fazer alguma afirmação, que pode conter a mesma roupagem, os mesmos argumentos, e novamente deverá dizer que não sabe se quer ou se acredita.
O cansaço existe porque imaginam que podem mudar a mente. Querem que ela pare de dizer isso ou aquilo. Só que ela não pode fazer isso. Ela sempre fará o que precisa ser feito para que você tenha a sua prova.
Deixe-me dizer uma coisa. Estamos conversando com um grupo de médiuns a cada quinze dias no sentido de ajuda-los a se transformarem em orientadores de pessoas para que elas alcancem a paz.
Na última vez que estávamos conversando, uma pessoa me disse que para se libertar da contrariedade é preciso que ela surja na consciência antes. Isso é claro: não dá para se libertar de algo sem que ele exista anteriormente. Só que, na verdade, vocês não querem ter o trabalho da libertação. O que querem é ganhar, ou seja, não terem mais contrariedades.
Isso é impossível. O ser só conseguirá se libertar de ter contrariedades quando realmente se libertar daquilo que a causa. Isso demora, é algo que exige muito trabalho.
Portanto, é óbvio que primeiro tem que haver a contrariedade para depois se fazer um trabalho de libertação. Por isso, é natural entender que primeiro tem que haver o desejo para depois conseguir se libertar dele. Compreendendo isso, se realiza o trabalho sem cansaço.
Portanto, conscientize-se de que ela sempre fará o seu trabalho e você deve controlar-se para não ansiar que ela mude, pois senão realmente sentir-se-á cansado. Quando se controla a ânsia de acabar com a ação da mente, o processo começa a ficar tão natural, tão normal, que nunca mais ficará cansado de executá-lo. Tem mais: de tanto realizar o que precisa ser feito, o desejo sumirá e você nem perceberá que isso aconteceu. Só depois de algum tempo é que terá consciência do quanto quis alguma coisa que agora não possui mais a importância que tinha.
Este trabalho, então, deve ser realizado dentro um processo normal e natural sem criticar ou querer acabar com a existência dele. Sem achar errado que ele exista. É viver dia a dia o que a vida lhe apresenta sem pretensão alguma.
Não há jeito de silenciar a mente. Para vocês que querem ganhar sempre, isso seria o ideal, mas enquanto estiverem encarnados, vivendo ligado a uma personalidade humana, a sua mente lhe tentará, pois ela foi programada para isso.

Pai Joaquim

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