Os obstáculos
que aparecem na caminhada de um ser humano são chamados de problemas. No caminho
do espírito (vida material) em busca do amor universal, ele cruza diversos tipos
de “terrenos”. Existem os momentos onde facilmente o espírito consegue colocar
em prática este amor: são os vales e planícies. Entretanto, existem momentos
onde esta prática se torna uma tarefa árdua: são as montanhas da vida.
Isto
acontece porque o espírito subordina a prática do amor universal aos desejos
particulares e exige que os acontecimentos sejam como ele quer para que possa
reagir a eles com o amor universal. Quando isto não ocorre o espírito acha uma
tarefa muito difícil escolher o sentimento do amor para reagir. Os momentos
fáceis são os vales e planícies, ou seja, quando tudo se desenrola satisfazendo
os conceitos do espírito. As montanhas se caracterizam por aqueles momentos onde
será necessária uma doação da razão para que o amor seja colocado em
prática.
Quando surge uma adversidade o espírito afirma: “estou com
problemas”. Portanto, podemos definir “problema” como os acontecimentos onde o
“querer” do espírito está ameaçado. O que chamamos de problema e que nos causa
aflição é exatamente a possibilidade de nosso querer não ser mais forte que os
desígnios de Deus...
Todos os acontecimentos da vida humana são colocados por
Deus objetivando a evolução espiritual. O espírito sabe disso, mas quando se
torna um ser humano, busca a felicidade material e quer coloca-la acima do real
objetivo intento de sua vida: provar a cada instante a Deus que é capaz de
colocar em prática o amor universal.
Para que o espírito acabe com os
problemas de sua vida é necessário que ele não tenha objetivos materiais,
conceitos a serem satisfeitos. Quando ele conseguir eliminar todo o seu “querer”
conseguirá aceitar os acontecimentos sem questionar.
Entretanto, este é um
caminho que não se alcança de imediato: é preciso passar por alguns estágios
antes de alcançá-lo.
A um destes estágios chamamos de “doação da razão”. Um
espírito que ainda tenha verdades individuais pode suplantar os problemas da
vida, doando a razão para o causador deles. Ele ainda desejará que o
acontecimento se desenrole de forma diferente, mas “aceitará” que aconteceu
daquela forma. Ainda terá vontades, mas aprenderá a subordiná-las à Perfeição de
Deus.
Quando um espírito tiver suas vontades próprias “ameaçadas”, deve doar
a razão para quem “ameaçou” essas vontades. Ao imaginar um problema que tenha
que resolver (mudar a verdade do outro), aceite o que este outro está dizendo ou
fazendo, pois é Deus quem está comandando aquele ato.
O espírito que doa a
razão não muda a sua verdade, mas encontra Deus por trás de todos os atos e
busca a aceitação do Seu comando sobre as coisas. Ele continuará “achando” que
deveria ser diferente, mas acata a decisão do Pai. Entretanto, esta forma de
proceder não pode conter acusações.
Doar a razão é aceitar que outra forma de
agir pode estar certa, mesmo que para você não esteja. Não se trata de aceitação
momentânea e, posteriormente, dar início a um processo crítico, mas de dar ao
outro o direito de praticar o que quiser, pois ele só conseguirá fazer aquilo
que Deus ordenar.
Quando o espírito agir desta forma não terá que fazer
maiores esforços para a sua caminhada. Estará avançando constantemente em
terreno plano e não necessitará superar as íngremes montanhas que ele mesmo
coloca na sua vida.
Joaquim de
Aruanda
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