segunda-feira, 9 de março de 2015

A necessidade da sangha

A necessidade da sangha

Respondida às questões, tenho dois avisos para dar para encerrarmos a conversa de hoje. O que vamos falar agora será um aprofundamento do que comentei na primeira conversa: sozinhos vocês não vão conseguir libertarem-se da mente. Não falei mais nada sobre isso e por este motivo muitos estão agoniados. Vou falar agora.

Tudo o que estamos falando neste estudo está dentro dos ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda. Este mestre da humanidade em seus ensinamentos diz o seguinte: ‘para se alcançar a plenitude da vivência da felicidade é preciso que o ser humano tenha um deus, um caminho e uma sangha’. Vou falar sobre isso agora.

Sei que disse para não trabalharmos nesta conversa com elementos espirituais, mas o deus que Buda afirma ser necessário não tem nada a ver com o Senhor do Universo. O deus que é necessário para que se conquiste a felicidade é algo ao qual o buscador se entregue. 

Qual deve ser o deus, àquilo a que o buscador da felicidade deve se entregar? À própria felicidade. Só alcançará a felicidade aquele que transformar a vivência desse estado de espírito como fundamento principal da sua existência, como objetivo primário da vida. 

Para ser feliz é preciso se comprometer com a busca da felicidade. É preciso transformar o estado de espírito de felicidade em deus, naquilo que vocês adoram e veneram. Sem isso não se chega a ugar nenhum.
O segundo elemento necessário para aquele que quer ser feliz é o caminho. O que é o caminho para a felicidade? O conjunto de ensinamentos que leve a se alcançar a plenitude do estado de espírito de felicidade. Sem um caminho não se chega a lugar nenhum.

O caminho que vocês precisam para serem felizes é o que estamos construindo com nossas conversas. Tudo o que for necessário para que vocês consigam viver esta vida com a felicidade verdadeira será comentado aqui. 

O terceiro elemento é a sangha. Esse é um elemento mais complexo de se entender do que os outros, pois vocês não têm a prática de viver em sangha e até porque a própria palavra não faz parte do dicionário da língua de vocês. Por isso vou me ater mais nesta questão.

A tradução livre do termo sangha pode ser ‘uma comunidade de afins’. Se você não estiver vinculado a uma comunidade de afins jamais vai conseguir ser feliz. Por que? Porque a mente é extremamente traiçoeira e você é um bobo, é facilmente iludido por ela. A mente cria e descria realidades sucessivamente sobre o mesmo assunto e você vive preso ao que ela diz sem ver a hipocrisia e a irrealidade que está em tudo o que ela gera.
A comunidade de afins, a sangha, é aquela que vai estar sempre pronta para lhe mostrar que você está seguindo a mente. Isso, neste momento que estão vivendo na sua busca é muito importante. 
Quando falo da necessidade de conviverem com uma sangha, não estou falando em abandonar o mundo, em viverem isolados. Não estou falando em deixarem seus empregos e suas casas e passarem a viver em meditação dentro de uma comunidade. Isso acontecia no tempo de Sidarta e hoje ainda acontece com alguns, mas não é imprescindível.
O que estou falando é que pelo menos em alguns momentos vocês precisam de um respaldo para retornarem à rota da sua busca. O que estou falando é que para o buscador que está exposto vinte e quatro horas por dia à força da mente é preciso que ele se exponha a elementos que vão mostrar o desvio que foi tomado em algum momento. 

Só o caminho, o conjunto de ensinamentos, não garante que o buscador vá alcançar o destino. Isso porque, como falei sobre ler informações, a mente, a partir do que foi ouvido, vai criar interpretações que ela dirá que é verdadeira, mas não são. Tratam-se apenas de criações mentais que tem como objetivo mantê-los presos ao que é criado.

Como vocês estão ainda no início desta busca e como estão acostumados a acreditar nas formações mentais, abam se iludindo, achando que aquilo que ela está criando é o certo, a verdade. Com isso aceitarão que ela faça o trabalho por vocês e imaginarão que estão fazendo alguma coisa. 

Mas, será que a mente vai fazer um trabalho para libertá-los dela mesma? Claro que não. Isso seria a mesma coisa que um suicídio e isso a mente não fará. É por isso que é importante de tempos em tempos receber toques que nos recoloque na rota que leva ao objetivo que é pretendido atingir. 

É neste sentido que a sangha, a comunidade de pessoas afins, que estão na mesma busca, é importante. Ela é importante no sentido de cada um de vocês terem momentos de contatos com pessoas afins que possam lhes ajudar a não se deixar levar pelo que a mente cria. 

Claro que alguns cuidados são importantes neste momento. Um deles é ter cuidado com as criações mentais que a mente fará dizendo que você já conseguiu, que já entendeu qual é o caminho, que sabe fazer perfeitamente o trabalho. Para ajudar o outro a voltar para a sua rota é preciso ter cuidado para não julgar. 
Sei que para fazer este trabalho nos tempos de Buda as pessoas juntavam-se num espaço comum e vivam em comunidades isolados do mundo. Hoje isso não é mais preciso. Aliás seria impossível. Como com a internet os ensinamentos estão disponíveis para pessoas em diversos pontos, juntar todos num só lugar seria algo quase impossível, sem falar dos recursos financeiros que muitos não disporiam para uma empreitada desse porte. Por isso, se me permitem, vou dar um conselho.

Porque cada um de vocês não busca uma pessoa da sua cidade ou região que compartilhe dos ensinamentos que conversamos, ou seja, que tenha o mesmo deus e o mesmo caminho que você, e procuram criar uma convivência? Não estou falando em construir um centro ou de encontrar uma sala para se reunir. Não é isso. O que estou falando é ter contato com essa pessoa, seja pessoalmente, por telefone, por e-mail, etc. Mantenha contato frequente com um afim seja por que modo for. Com isso, cada um pode ter a possibilidade de, ao mesmo tempo, ajudar e ser ajudado.

O que estou falando é de vocês procurarem pessoas que estejam perto. Quando localizarem, troquem telefone, endereço de e-mail, etc. O que estou querendo dizer é que devem tentar interagir com outras pessoas que estão trilhando o mesmo caminho que você e que possuem o mesmo objetivo de vida. O que estou falando é que não adianta apenas interagir com os ensinamentos.

Hoje, vocês ouvem as palestras, leem os textos, fazem anotações, mas só isso não adianta nada. Por que? Porque enquanto estão fazendo isso a mente de vocês está criando verdades e você, como está desatento, já que sua atenção não é na mente, mas no que está sendo lido ou ouvido, está acreditando nelas. 

Tem muitas pessoas no nosso grupo que já passaram por esta experiência. São pessoas que durante muito tempo me ouviram, que foram ao nosso site para ouvir conversas que não participaram e que, com isso, acharam que já sabiam tudo. Em um determinado momento veio à mente e criou uma situação dizendo que ele estava conseguindo a prática. Como estava desatento essas pessoas acreditaram e só depois viram que não haviam conseguido realmente alcançar o estado de espírito de felicidade.

Por isso é muito importante essa aproximação entre vocês. Não para louvar Joaquim, para rezar, fazer trabalhos espirituais ou seguir qualquer rito. O importante da aproximação de vocês é para que dentro da afinidade um ajude o outro e seja também ajudado. 

Se você vive apenas do que ouve ou lê dos ensinamentos, não vai conseguir nada. Isso porque quem lê ou ouve é a mente e não você. Os toques que cada um pode dar ao outro durante o contato com os afins é o que realmente pode ajudar àquele que pretende alcançar o seu deus. 

Portanto, se querem um conselho desse velho – e o fazer ou não o que estou aconselhando não vai mudar em nada nossa relação nem será jamais objeto de julgamento por minha parte – busquem ter uma sangha, uma comunidade de afins. Busquem outras pessoas que possuam o mesmo deus e caminho que vocês para poderem se relacionar e assim um ajudar o outro, sem julgar o que é certo ou errado, mas apenas para dar toques que facilitem a caminhada de cada um. 

Que vocês fiquem na paz!

Pai Joaquim

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