segunda-feira, 9 de março de 2015

Devemos esquecer de outras vidas

Participante: Quando estava formulando esta pergunta, você disse que devemos esquecer de outras vidas. É exatamente sobre isso que quero comentar. Tenho observado o meu aqui e agora e encontrado o mesmo presente que venho vivendo sei lá há quantas eternidades. Ele até já me foi apresentado como vidas anteriores. O que me parece é que se eu me apegar a certas vivências, elas me acompanharão sob a forma de inúmeros presentes diversificados em fatos diferentes. Isso abaixa muito a ansiedade que a identificação do presente trás, ou do presente que eu vivo, seja como for que se apresente. Comente isso, por favor.

Repare numa coisa: você está achando que é consequência do passado. Que passado você imagina que tem? O presente acaba quando se transforma no passado. 


O passado não é um presente que vai para o passado. O passado não é um arquivo de presentes. Não existe um passado, pois só existe o presente que se sobrepõe a outro presente. 



A mente está lhe dando a ideia de que você está se sentindo melhor e você, quando acredita nesta formação mental, cai nela, a vive. Só que este melhor que imagina estar sentindo não é real, mas apenas uma propositura mental. 



O que estou falando não tem nada a ver com lembranças de outras vidas. Se você ligar o seu presente como consequência da sua infância, jamais conseguirá ser feliz agora: viverá apenas no prazer ou na dor. Se ligar o seu presente de hoje como consequência de ontem ou mesmo de hoje de manhã, vai estar preso à conceitos formados anteriormente, à valores que a mente atribuiu àquele presente, e não conseguirá ser feliz agora. 



Esqueça tudo o que você me perguntou. Viva cada momento a cada momento, com as coisas que estão presentes nele e pelo próprio momento e não por qualquer esperança futura. Isso quer dizer a mesma coisa de viva o presente pelo presente no presente.


Participante: Citando a Bíblia, lá é dito que houve uma guerra no reino do céu e que este reino está dentro de nós. Esta guerra, então, é esta que o senhor está falando: os conflitos mentais internos?
Sim, mas você precisa entender o que é o céu.


Quando se fala em céu, para vocês, humanos, estamos falando disso que existe acima do planeta de vocês. Para vocês, o céu nada tem a ver com o mundo espiritual.



Por isso, precisa entender que se houver uma guerra no céu o que cairá sobre você não é o reino do céu, mas avião ou nave de extraterrestres. Estou falando assim porque você se referiu a uma guerra e os elementos do universo (asteroides, cometas) não fazem guerra. Por isso, apenas o que participa da guerra poderá cair sobre você.



Quando falamos de céu no sentido espiritual precisamos compreender que ele não está acima de nada. Como cristo ensina através do Evangelho de Tomé, o reino do céu está dentro de cada um. Portanto, quando se fala na Bíblia sobre reino do céu está se falando da luta interna de cada um. 



Que luta é essa? É a luta para ser o melhor, para querer ter o prazer, para querer ganhar sempre. Essa é a guerra que você tem que enfrentar diariamente. Todo dia a mente gera pensamentos fundamentados no egoísmo e nas quatro âncoras (características primárias do pensamento humano – querer ganhar, ter o prazer, buscar a fama e o elogio) e você precisa travar uma batalha interna para não se deixar levar por estas ideias.



É uma batalha onde, mesmo instigado pelo inimigo, a mente, através das ideias geradas pelos pensamentos, você não deve querer ganhar sempre. É uma batalha onde você vence quando consegue aceitar a derrota e a perda com naturalidade, sem sofrimento.



Aliás, se o reino do céu é tudo, o seu mental é o reino do céu. Ele é, mas o que ele gera (as consciências da vida) não. Por isso é preciso que você trave esta batalha diariamente.


Joaquim de Aruanda

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