segunda-feira, 9 de março de 2015

Retirado do estudo do Bhagavad Gita

Retirado do estudo do Bhagavad Gita

02 – A renúncia dos frutos e a ação inegoísta, ambas conduzem à libertação; porém entre as duas, a karma-yoga ou a ação impessoal e inegoísta é superior à simples renúncia de agir. 

Renunciar ao fruto da ação é renunciar ao que a ação lhe dá. Por exemplo: você veste uma roupa nova. Isso é uma ação. Qual o fruto de vestir uma roupa nova? A vaidade, o prazer, a soberba, etc. É isso que Krishna está ensinando: renunciar a tudo que o ato pode lhe trazer...

Outro exemplo. Hoje você orienta uma pessoa para fazer determinadas ações e ela faz. Quando constata isso, se enche de soberba por ver que aquela pessoa fez o que mandou fazer. Este não renunciou ao fruto da ação, pois ainda alimentou-se do que adveio da ação.

Este renunciar ao que a ação oferece vale para todas as coisas, sejam elas consideradas positivas ou negativas. No exemplo da pessoa fazer o que você quer, se ela não fizer, o verdadeiro yogue renuncia ao sofrimento advindo do não acontecer o que se espera.

Esta é a ação com a renúncia dos frutos. Ela existe quando o ser humanizado participa dele, mas não se alimenta daquilo que surge da prática do ato. Já a ação inegoísta é diferente. Ela se consiste em participar do acontecimento sem ter a intenção de ganhar individualmente, de ter lucro pessoal, sem esperança que determinados resultados surjam da ação que é praticada. 

A ação inegoísta acontece quando você faz alguma coisa para alguém e não espera resultados dela. Aquele que age inegoisticamente, por exemplo, limpa uma mesa, mas não é por isso que ele espera que ela não se suje mais. Quem não participa desta ação com esta disposição, vai sofrer, porque não há mesa que consiga se manter limpa com o passar do tempo. 

Compreendeu a diferença? Um participa da ação de limpar a mesa sem esperar que ela permaneça limpa; o outro a limpa, mas não se alimenta da soberba de dizer que possui uma casa limpa, que sabe limpar bem uma casa. Um deixa de ganhar; o outro age sem intenção. As duas conduzem à elevação espiritual, mas Krishna afirma: a ação inegoísta é superior à renúncia de agir. Portanto, concentre-se em praticá-la, ou seja, concentre-se em silenciar as intenções que o ego lhe cria.

Mas, mesmo com esta concentração, preocupe-se ainda em ao praticar a ação de dar a quem precisa, por exemplo, não esperar que este venha lhe elogiar por conta deste fato; não espere que lhe chamem de bom, de caridoso, nem que vá ganhar um terreno no céu por causa disso. Aja sempre sem esperar nada em troca, nem que seja um muito obrigado. Como vocês só participam da ação de forma egoísta, ainda acham que é obrigação daquele que recebe seu ato dizer pelo menos obrigado. Isso não é atitude de alguém que diz que quer buscar a elevação espiritual. 

Quem não lhe diz muito obrigado não é mal educado: é Deus lhe dando uma prova para ver se você vai praticar a renúncia da ação ou não.

Participante: então, as duas formas de agir conduzem a elevação espiritual. Uma se consiste em participar da ação sem esperar lucros e a outra é renunciar aos frutos da ação. 

Perfeito. Só para distinguir melhor uma coisa da outra, posso dizer que aquele que renuncia ao fruto da ação está envolvido com sentimentos enquanto aquele que age inegoisticamente está ligado a acontecimentos materiais. Quem renuncia ao fruto da ação, renuncia ao sentimento que aquela ação faz surgir. Quem age inegoisticamente não espera resposta física ao que fez.

Por exemplo: o ato de comprar uma roupa. Aquele que renuncia ao fruto da ação não vibra dentro da emoção de sentir-se vaidoso porque está com uma roupa nova, de sentir-se mais bem arrumado que os outros, etc. Já aquele que participa desta ação de uma forma inegoísta não espera que a sua blusa seja elogiada, não espera que os outros reparem que ele comprou uma blusa nova. 

Isso precisa ser feito por aquele que busca a elevação espiritual a cada segundo de sua existência, já que em cada momento existe sempre uma prova. No momento que está comprando existem ações que são esperadas pela parte dos outros e sensações que são criadas pelo ego do ser encarnado. Quando vestir a blusa e admirar-se no espelho e quando estiver vestindo-a junto a outras pessoas, novas atitudes serão esperadas e novas sensações serão criadas pelo ego. Por isso, em cada um destes momentos aquele que deseja a elevação espiritual precisa agir para poder se manter equânime.

Em cada segundo de uma existência, Deus está sempre perguntando se você irá se apegar ao fruto (sentimental) ou à necessidade de um resultado para sentir-se feliz ou se manterá equânime. 

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