Participante: como agir quando tudo que
expressamos é prontamente qualificado? Os outros querem nos enfiar goela abaixo
o que pensam ou querem. Como agir neste caso?
Grande pergunta...
Como agir quando o outro
quer lhe enfiar a verdade dele goela abaixo? Dando ao outro o direito de lhe
enfiar a verdade dele. Dando a ele a liberdade de fazer isso com relação a você.
Precisa fazer isso porque você acredita que todos possuem a liberdade
irrestrita.
Apesar de dizer que acredita nisso, você ainda se revolta quando
alguém quer lhe impor a verdade. Por que isso acontece? Porque mesmo sabendo que
todos são livres, ainda acha que sabe a verdade das coisas.
A sua revolta
nasce da sua crença de que sabe o que é verdadeiro. Acontece porque acredita que
sabe mais do que os outros sobre o assunto que está em pauta naquela conversa. É
por conta desta crença que acredita que eles não têm o direito de lhe impor a
verdade deles. Acontece que eles têm si. Tanto tem que estão fazendo isso.
É
o que estou dizendo hoje e há muito tempo: é preciso voltar-se para o mundo
interno e analisar você mesmo para descobrir porque aquele acontecimento lhe
causa sofrimento? Ao invés de me perguntar porque as pessoas se acham no direito
de lhe impor suas verdades, volte-se para o seu mundo interno e busque o que
dentro de você está gerando sofrimento por conta deste ato.
Disse que sua
pergunta era muito boa e oportuna porque me dá a oportunidade de deixar aqui um
conselho para vocês: ouçam a conversa que tivemos sobre espiritologia.
NOTA:
o amigo espiritual refere-se aos arquivos de som rotulados como Espiritologia 1,
já que os que receberam o título de Espiritologia 2 ainda não haviam sido
gravados.
Nesta conversa falei sobre a árvore da vida, ou seja, das coisas
que influenciam as consciências que têm sobre as coisas da vida. Lá disse que
tudo o que lhe vêm à mente está fundamentado em posses, paixões e desejos. Não
há nenhum pensamento que esteja desprovido destas coisas.
Sabe o que é uma
posse? Aquilo que você possui, que quer comandar o destino. Temos três tipos de
posses: a posse moral, que acontece quando você acredita saber a verdade das
coisas, a posse sentimental, quando você acredita que algo é bom ou mal e a
posse material, que é a crença que o objeto material é seu ou de qualquer
pessoa.
Sabe o que é uma paixão? É o que você pensa sobre determinadas
coisas. Por exemplo: alguém que você considera amigo. Ele é uma paixão que está
ligada a uma pessoa sentimental, moral e material.
Sabe o que é um desejo? É
aquilo que você deseja para as suas paixões. Ele existe, por exemplo, quando
você quer que o seu amigo lhe compreenda sempre, que aceite tudo o que você diz
como real, que faça aquilo que você espera que ele faça.
Sabendo de tudo
isso, volte à sua pergunta que é a expressão de uma consciência com a qual
vivencia determinados momentos. Porque você se sente mal quando alguém quer lhe
empurrar garganta abaixo uma verdade? Porque possui uma posse moral. O que é a
paixão nesta sua consciência? É a verdade que você acredita. A informação só
leva o rótulo de verdade porque você possui uma paixão por ela. Onde está o
desejo na sua consciência? Ele está camuflado na contrariedade pelo fato dos
outros não aceitarem o que você diz. A contrariedade só surge porque você tem o
desejo que todos aceitem a sua paixão como verdadeira e real.
Pronto, eis aí
o que está por trás do pensamento que teve. Você não viu a presença da posse, da
paixão e do desejo porque ao tê-la não se voltou para dentro e foi analisar o
que estava sendo pensado. Se fizesse isso à luz dos ensinamentos que já
conversamos, poderia naquele momento ter dado a liberdade para que o outro
agisse do jeito que agiu e com isso não se contrariaria.
Vocês estão sempre
muito preocupados com a parte do ensinamento que falo a cada encontro, mas há
questões que levantamos antes que influenciam o que está sendo dito agora. Uma
das coisas é a compreensão da formação dos pensamentos.
Usando o que já
falamos anteriormente vocês compreenderiam porque se sentem mal quando alguém
quer lhe empurrar alguma coisa garganta abaixo. Entenderiam porque se sentem mal
quando alguém age desta forma; entenderiam como aquele raciocínio foi criado; e
entenderiam porque na sua mente existe a ideia que aquela pessoa não deveria ter
agido daquele jeito.
Disse que sua pergunta foi muito oportuna porque além
de relembrar o ensinamento sobre a formação dos pensamentos, você me deu a
oportunidade de justificar a forma como comecei nossa conversa de hoje. Lembram
como comecei a conversa nesta noite?
“Há algum tempo que não conversamos,
não é mesmo? Sei que vocês sentiram minha falta, mas esta ausência foi
importante. Isso porque, como já tinha dito, de nada adianta ficar apenas
estudando se quando o livro é fechado tudo o que foi visto fica esquecido. É
preciso entre cada estudo haver um tempo para se buscar colocar em prática
aquilo que foi estudado”.
Pois é, você me deu a oportunidade de lembrá-los
que está faltando a prática do que já foi ouvido para poder continuar ouvindo
qualquer outra coisa.
Joaquim de Aruanda
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