quinta-feira, 12 de março de 2015

Culpa


Ao longo de nossas conversas, vou dando alguns toques à respeito deste trabalho de observar a mente Um dos toques mais importantes que posso dar é lhe passar a compreensão de uma coisa: persistência.

Esse não é um trabalho que você faz no horário comercial ou quando não está neste horário. Não é um trabalho que se faz durante um curto tempo do dia como você faz com a meditação, com a energização, com a oração, etc. Este é um trabalho que precisa ser feito vinte e quatro horas por dia.



Para quem já ouviu conversas antigas que tivemos, o que estou falando é a estória do tijolo. 



Alcançar a felicidade é como demolir um  prédio imenso, de muitos andares e que ocupa um quarteirão inteiro. Para derrubá-lo, você não pode atingir nenhuma pilastra, mas tem que ir eliminado andar por andar. Acontece que para realizar este trabalho, você só tem um martelo. Por isso, precisa estar constantemente martelando tijolo a tijolo. Acontece que no trabalho da busca da felicidade há um pequeno detalhe: cada momento que você para descansar, enxugar o rosto, etc. e não quebra um tijolo, os outros vão aparecendo novamente. 



Para ser feliz, para alcançar a verdadeira felicidade, você precisa observar a mente vinte e quatro, precisa estar o tempo inteiro atento ao que ela cria. No momento que relaxar, que não observar os pensamentos, será mente e com isso ganhará um novo conceito, irá para o futuro ou para o passado, viverá uma estória de vida. 



No momento em que você não combate a mente, deixa de ser o observador e torna-se a própria mente. Por isso, a persistência é algo que precisa ser constante neste trabalho.



Sim, a persistência normalmente é importante para este trabalho no dia a dia, mas há um momento onde ela é fundamental: quando você não observa.



Quando a mente lhe diz que você não a observou, este é o momento em que precisa persistir na busca da observação. Se não persistir, ela criará a culpa e você sentir-se-á culpado. Deixando esta emoção lhe penetrar, você seguirá as que virão depois: ‘você não presta, não sabe fazer nada, não consegue colocar em prática os ensinamentos’.



Ceder à mente num só momento é entrar num rio com correnteza muito forte. Quando você está no barco e para de remar a correnteza lhe leva. Pensa que vai chegar a algum lugar, mas quando vê está perdido. Neste momento olha para o remo e se conscientiza que não está remando. Quando isso acontecer, ao invés de aceitar o lamento pelas remadas perdidas, simplesmente pegue o remo e comece a remar novamente. 

Essa persistência é muito importante para este trabalho. Primeiro no sentido de saber que não há momento onde possa parar. Que não há momento onde possa descansar ou chorar o leite derramado.



Não fez agora? Diga à mente: ‘está certo, mente, eu não fiz. Mas, se não fiz naquele momento, faço agora, não acreditando na culpa ou qualquer outro adjetivo que você dê a minha não ação’. 




Portanto, sim, é preciso estar atento vinte e quatro horas por dia, mas é preciso estar muito mais atento no momento que não teve atenção e não aceitar a culpa. 



A culpa, como já tinha dito antes, é como um ácido. Ela corrói, destrói tudo o que encosta. Deixando-se levar por ela, jamais você terá felicidade. Por isso é preciso estar atento o tempo todo, mas principalmente quando não conseguir estar atento.


Joaquim de Aruanda

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