quarta-feira, 15 de abril de 2015

Como não acreditar nas sensações que a mente nos sugere?

Participante: como não acreditar nas sensações que a mente nos sugere? Hoje meu sapato machucava muito meu pé. Pensei nos seus ensinamentos e tentei imaginar que não era o corpo e que só sentia a dor porque tinha o desejo de não senti-la. Só que continuou doendo e eu continuei incomodada. Como é ter paz nestas situações?
Como você esperava obter a paz se estava trabalhando para não ter mais dor?

Esse é que é o problema. Você não trabalhou junto a sua mente para alcançar a paz, mas sim para não se sentir incomodada e para não ter mais dor. Melhor: trabalhou para ter uma dor sem sofrer. Não é disso que estou falando.


O que estou dizendo para ser feito é a busca da harmonização com o mundo interno, ou seja, se harmonizar com a própria dor. ‘Meu sapato está apertando, está doendo meu calo. Isso está acontecendo. Aqui não tenho outro sapato para colocar. Portanto, tenho que continuar usando este sapato e sentindo a dor’.


É o que já disse: a ação dos comandantes está sempre escondida. A ação deles neste caso é através da intenção de não sentir dor ou de sentir dor, sem sentir dor. Só que para você, naquele momento, isso era impossível.


Você só tinha aquele sapato disponível, porque estava na rua. Uma opção que seria possível era entrar numa loja e comprar outro sapato. Porque não fez isso? Isso acabaria com a dor.


‘Eu não tinha dinheiro’, você poderia me responder. Então, não tem jeito: o único caminho teria sido aprender a se harmonizar com a dor e não realizar qualquer trabalho que extinguisse a dor.


Deixe tonar algo bem claro: o trabalho do guerreiro da paz só traz paz, harmonia com a vida. Ele não muda a vida. Não muda de ‘a’ para ‘b’, ou de ‘c’ para ‘d’. Não se trata do desempregado arrumar um emprego ou de eliminar uma dor que está acontecendo. O trabalho se consiste em viver o que se tem e não em mudar o que está se vivendo.


Lembro que durante muito tempo falei assim: se a vida lhe der um limão… Ao ouvir isso as pessoas completavam: ‘faz uma limonada’. Durante muito tempo aceitei este complemento calado, mas um dia reagi. Eu disse: ‘para, não falei que a vida lhe deu água e açúcar. Disse que ela lhe deu apenas limão. Como você vai fazer uma limonada se não tem água e açúcar’?


Se a vida lhe dá só um limão, não como fazer limonada. Por isso, a única coisa que pode fazer quando isso acontecer é aprender a chupar um limão, com todo o seu gosto ruim, com toda a sua ardência, sem reclamar do gosto, sem fazer cara feia. Este é o trabalho do guerreiro da paz: ele aprende a chupar os limões que a vida lhe dá.

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