sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O JEJUM E O "CARNIS VALLES"

A festa ou tradição carnavalesca teve início a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por 40 dias de jejum, a Quaresma.

Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a quarta feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma.

A expressão "Carnaval" está, desse modo, relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressão "carnis valles", que, acabou por formar a palavra "Carnaval", sendo que "carnis" em latim medieval significa carne e "valles" significa prazeres.

Não transformemos os prazeres da carne no ato mais importante do carnaval. Pois o jejuar é o momento sublime de livrarmos das toxinas psíquicas, nos libertando dos vícios e paixões degradantes.
Jejuar não é somente deixar momentaneamente de comer, é o ato de alimentarmos a alma com o néctar da vida.


É a limpeza do espírito pelo uso da energia purificadora do prana.
E nesta abstenção os sentidos e prazeres almejados são a elevação junto ao Pai.
Resultando a sensação próxima de um samadhi, quando nos sentimos inundados pela graça da união, do amor, da alegria, da gratidão e da bondade divinas.


O jejum é a fome do espirito!

Discípulo de Ramatis

Pergunta: - Os críticos mais derrotistas taxam o Brasil, sumariamente, de "País do Carnaval", cujo conceito os impedem de crer num evento espiritual tão nobre para o futuro! Que dizeis?
Ramatís: - Evidentemente, não podemos louvar as conseqüências funestas e degradantes, que resultam comumente dos festejos de Momo, por força dos descontroles emotivos, das paixões desvairadas e alucinações alcoólicas, que fluem da extroversão dos sentidos físicos na busca de satisfações exclusivamente carnais. Os foliões mais degradados, astutos, fesceninos e irresponsáveis procuram extrair toda sorte de proveitos, entre prazeres e aventuras censuráveis, graças à situação caótica carnavalesca! Mas essa escória de viciados, delinqüentes e sacripantas degenerados, que oneram as festividades carnavalescas pelo vício, lubricidade e má intenção, não é propriamente fruto desse ruidoso festejo, mas o amálgama natural de indivíduos ruins e desregrados, os quais se afogam no álcool e cometem os crimes mais abomináveis, tanto no Carnaval, como em Noites de Natal, à porta de uma igreja como no umbral de um prostíbulo! Eles são maus cidadãos na "Semana da Pátria", assim como filhos degenerados no "Dia do Papai"! Mas o povo brasileiro possui nas suas veias o sangue alvissareiro e comunicável do português, a ingenuidade, infantilidade e o requebro de corpo do negro, a força e a liberdade incondicional do silvícola! Portanto, é gente expansiva, buliçosa e alegre nessa festança primária da carne, que cultua ídolos e fetichismos, homenageia os fenômenos comuns da natureza, aprecia as cores berrantes e os trajes exóticos, confia em responsos, simpatias, benzimentos e bruxarias, porque lhes vibra na alma primitiva os ritmos gritantes e nativos da velha África! A carga emocional represada durante os 365 dias do ano, por força das obrigações prosaicas e limitativas da vida, então extravasa ante a plena liberdade dos sentidos nos dias de Carnaval! 

As vicissitudes, enfermidades, angústias, dores, sonhos desfeitos e os desencantos da existência física sublimam-se nos trajes coloridos e pitorescos, entre coleios e requebros, que fazem o povo esquecer-se durante 4 dias os pensamentos amargos e as emoções desagradáveis. Malgrado a crítica desairosa ao "País do Carnaval", o povo brasileiro, simples, ingênuo e comunicativo, esbalda-se nos festejos de Momo, mas expõe à luz do dia as suas deficiências e os sentimentos primários, enquanto os países "superdesenvolvidos" conseguem dissimular, sob douradas etiquetas de boa conduta e erudição incomum, a sua moral artificializada, a ambição, cobiça e o egoísmo, além da crueldade das grandes nações exterminando populações indefesas, famintas e feita de andrajos! Mas sob o toque divino e progressivo do Alto, em que tudo evolui e se aperfeiçoa, porque traz a chancela de Deus, o próprio Carnaval, em vez de extinguir-se como festa licenciosa e ignóbil, há de sublimar-se numa expressão sadia e artística, sendo no futuro a atração turística e folclórica do Brasil! A natureza expansiva e amorosa do povo brasileiro não tarda em alcançar um índice de alegria pura e sadia em todas as manifestações do próprio instinto inferior! 

Pergunta: - Mas não é evidente que o Carnaval depõe contra a nossa pátria, pois trata-se de uma festividade demasiadamente primária e instintiva? 

Ramatís: - O povo brasileiro faz carnaval apenas quatro dias por ano, quando então veste fantasias bizarras e imita reis, baronesas, príncipes, faraós, mandarins, sultões, rajás, caciques, peles-vermelhas ou figuras históricas, avivando sonhos e ideais, anseios e projetos, que foram frustrados na mediocridade da vida humana cheia de sacrifícios e desilusões. A pressão emotiva e mental, recalcada por força das convenções sociais e leis do mundo, liberta-se, e o folião descomplexado esbalda-se nessa liberdade transitória de rir, gritar e ironizar instituições, mandatários e políticos, além de afastar da mente quaisquer obrigações e preocupações cotidianas. No entanto, em oposição a essa eclosão irreverente do brasileiro nos 4 dias de entrudo, há nações "superdesenvolvidas" que, durante 365 dias do ano, fazem o seu carnaval tradicional, através de salamaleques e tolas submissões a reisinhos, príncipes e aristocratas encarquilhados, cuja vida farta e improdutiva consome-se em ridículas exposições sobre carruagens obsoletas e puxadas por cavalos, a ironizar as modernas avenidas asfaltadas! 

A Vida Humana e o Espírito Imortal - Ramatis

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