segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Construção da realidade

Hoje, então, falamos sobre a construção da realidade que a personalidade humana vivencia. Falamos das três criações perceptivas, da criação emocional e do por que delas serem criadas individualmente de determinadas formas. Faltou apenas um detalhe para esgotarmos o assunto: a criação da realidade na vida social, ou seja, a dois. Vamos falar disso.

Nas ações que a personalidade humana vivencia sempre participam outros seres humanos. Mesmo quando uma personalidade humana está sozinha pensando em alguém, esse alguém está participando daquela ação naquele momento. 

Com relação às atividades humanas, dissemos que elas acontecem porque Deus as programou desta forma, que esta foi a forma escolhida por Deus porque atende ao gênero de provas pedido por aquele ser universal. Mas e o outro, será que ele entrou de gaiato na sua história? Será que ele participa da sua ação por acaso?

Não. No Universo não existem acasos.

Se aquela determinada personalidade humana está participando de uma ação como instrumento da aventura encarnatória de um espírito é porque o ser ligado a ela precisa viver aquela situação. É porque aquela ação também representa o gênero de provações pedido por ela. 

Sendo assim, nem um nem outro ser humano podem mudar ou deixar de vivenciar o que está acontecendo. Vamos dar um exemplo e como sempre vamos nos utilizar de algo que vocês, personalidades humanas, acham que acontecem por decisão individual de cada um nesta vida: o casamento. 

Casar é uma ação de relacionamento durante a existência de duas personalidades humanas, ou seja, um instrumento da aventura encarnatória de dois espíritos. Sendo isso, esta ação não pode ser vivenciada ao acaso ou estar sujeita a decisões que não contenham exatamente os ingredientes necessários à provação dos espíritos. 

Imaginem se dois espíritos se programam para vivenciar determinadas provas e são impedidos disso por dois egos que se apaixonam pelas pessoas que não gerarão o que eles precisam para a sua grande aventura? Que Universo é esse? Uma bagunça.

O de cima tem prioridade no de baixo, já disse Cristo. A vida humana precisa ser totalmente útil à existência eterna do espírito para poder ter alguma serventia no Universo.

Por isso é preciso que a sua personalidade humana seja levada a conhecer exatamente aquela que estava pré-determinada para ser seu cônjuge. Mais: precisa ser criada, por ambos os egos, a sensação de um estar apaixonado pelo outro, que um precisa do outro, que devem viver juntos.

A paixão humana é uma sensação criada pela personalidade humana. Ela é um dos elementos necessários para gerarem a provação dos seres. Deus, que tudo sabe, conhece a necessidade de cada um e por isso programa a ação de um ego para que em determinado momento haja uma coisa chamada casamento ou união dos egos para a criação de uma vida (ação) em comum, que servirá de provação para os dois espíritos.

Sendo assim, a personalidade humana cria, a partir de ações dos espíritos trabalhadores do Universo, ilusórias atividades humanas que correspondem ao que precisa ser feito, no lugar que precisa acontecer, de tal forma que a provação do espírito que está vivendo a sua grande aventura sempre aconteça. Este ensinamento está em O Livro dos Espíritos, subcapítulo “Intervenção dos espíritos sobre o mundo carnal”:
“Imaginamos injustamente que a ação dos Espíritos não deve se manifestar senão por fenômenos extraordinários. Quiséramos que nos viessem ajudar por meio de milagres e nós os representamos sempre armados de uma varinha mágica. Não é assim; eis porque sua intervenção nos parece oculta e o que se faz com o seu concurso nos parece muito natural. Assim, por exemplo, eles provocarão a reunião de duas pessoas que parecerão se reencontrar por acaso; eles inspirarão a alguém o pensamento de passar por tal lugar; eles chamarão sua atenção sobre tal ponto, se isso deve causar o resultado que querem obter; de tal sorte que o homem, não crendo seguir senão seu próprio impulso, conserva sempre o seu livre arbítrio”.
Comentário de Kardec à pergunta 525 a de O Livro dos Espíritos...

NOTA: As perguntas subsequentes deste subcapítulo de O Livro dos Espíritos (526 à 528) comentam algumas situações de vida humana e deixam bem claro a mesma posição: tudo acontece direcionado pelos espíritos trabalhadores seguindo o que precisa ser realizado...

São os espíritos trabalhadores do Universo, seguindo o comando de Deus, que conduzem o fantoche (o ser humano) no seu caminho dentro da vida virtual. São eles que dirigem o ego na criação dos cenários que irão aparecer durante a existência carnal e nas pessoas que irão compartilhá-lo com você. 

No texto que citamos, Kardec fala exatamente com essas palavras: o espírito é guiado. Mas, além disso, nas outras perguntas deste subcapítulo o Espírito da Verdade também é absolutamente claro neste sentido. Ele diz: se o ser humano tem que viver a ação morrer subindo uma escada, nenhum espírito vai quebra-la, mas sim conduzir a personalidade humana para uma quebrada, ou seja, criar a situação dela estar subindo em uma escada originalmente quebrada. Ou seja, o que é ensinado em O Livro dos Espíritos é o seguinte: o ser humano vai viver o que for necessário para o elemento universal (espírito) prosseguir em sua jornada eterna.
Junte-se a isso a ideia do ego como personalidade humana, como mente humana, e termos então a real noção do que estamos dizendo: tudo o que o ego cria é uma realidade virtual que serve como gênero de provas para um espírito.

Com esta informação fechamos toda parte da aventura do espírito chamada realidade da vida. As realidades da vida, seja nas percepções ou emoções, são geradas pelo ego de acordo com uma programação. Nisso se inclui não só o que a sua personalidade humana está fazendo para outras, mas também o que outras fazem para você, sejam estas atitudes consideras boas e certas ou más e erradas.

Todos os relacionamentos entre seres humanos são criados pelas personalidades humanas induzidos pelo mundo espiritual liberto da carne por ordem de Deus que conhece a programação de cada espírito do universo. Deus comanda os espíritos desencarnados para que eles manipulem, dentro da programação dos egos, os encontros e desencontros. Fazem isso para que a ação possa servir como provação para os espíritos envolvidos.

Isso é a realidade da vida carnal. Isso é a grande aventura do espírito. Este é o mundo virtual que o espírito vive quando encarnado. 

Anteriormente comparamos a grande aventura encarnatória como subir um pico. Agora deixamos claro que esta jornada é virtual. Encarnar para o espírito é como para um humano jogar vídeo game: viver realidades virtuais imaginando que são reais.

Essa é a grande aventura do espírito. Esse é o empreendimento que o ser universal tem que fazer se quiser alcançar a sua elevação espiritual, já que ele só se eleva passando por provas. 

Joaquim de Aruanda

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