quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Como conviver com a violência

Participante: tudo que o senhor fala é fácil de praticar para o "bom" e o "belo", mas para a violência, injustiça e iniquidade fica mais difícil...

Claro que sim... Por que isso? Porque você é regido pelos seus conceitos ao invés de divinizar o Universo do Senhor.

A violência é um conceito humano e não um ato violento, tanto assim que existem graus de violência. Tem gente que considera algumas coisas violentas que você não considera. Por isso ela não pode ser universal...

Tudo o que é universal é eterna e globalmente considerado de uma só forma. No Universo tudo que não é universal é individual. Portanto, a violência não é um ato divino, mas uma individualização que alguns fazem de uma emanação divina.

Então veja: é preciso ir além de você mesmo. Por isso eu disse que a elevação espiritual consiste em universalizar-se Para isso é preciso que vá além de você mesmo, além do seu individualismo, que nada mais é do que uma individualização do que é universal.

Portanto, você considera bárbaro um determinado acontecimento, mas é uma barbaridade divina e por isso é divino. Isso é amar a Deus acima de todas as coisas, é viver harmonicamente com a Causa Primária de todas as coisas...

O resultado prático do ensinamento da resposta número um do Espírito da Verdade em O Livro dos Espíritos é a divindade de todas as coisas. Por causa disso você precisa compreender que se quer viver com Deus, não deve conviver com um ser, um espírito, mas sim com as emanações deles, divinizando tudo que existe.

Este é o primeiro mandamento ensinado por Cristo (amar a Deus sobre todas as coisas): aprender a viver com todas as coisas emanações de Deus, como divindades. A partir disso, pergunto: como se consegue colocar em prática o segundo mandamento?

Existe uma palavra hindu que é o sinônimo do amar o próximo como a si mesmo. Esta palavra é "namaste'. Ela é um sinônimo para o mandamento de Cristo porque quer dizer "o meu divino interior saúda o seu divino interior".

Para que se possa amar o próximo como a si mesmo é necessário conviver com cada um com o seu divino interior que está acima das ideias que o ego cria para você mesmo. É, ainda, conviver com o divino interior dele e não com as qualificações que o ego gera para aquele ser humanizado.

Em resumo, amar o próximo como a si mesmo é conviver com o outro como divino a partir de sua própria divindade. Quando falamos em divino devemos entender sem máculas, sem qualquer ideia negativa que o ego cria para qualificar a você e ao próximo.

Foi isso que Cristo disse: você é divino e outro também; por isso você deve aprender a conviver com o próximo dentro destas características. Este é o segundo mandamento ao qual o mestre nazareno disse que cada um deve se esforçar de corpo, mente e alma para realizar.

Mas, para a perfeita compreensão deste tema, precisamos ainda retirar conceitos humanos, como, por exemplo, os que determinam o que é ser divino. Como disse acima, tornar-se divino e divinizar o próximo é não conviver com as ideias negativas que o ego cria para as coisas. Mas, apesar de dizer isso, não estamos aqui falando em ser "bonzinho", em seguir os padrões "bom" da humanidade.

Ver-se como divino não tem nada a ver com os padrões humanos de bondade. Por exemplo: quando você grita, xinga ou briga com o próximo, estes atos são emanações de Deus. Portanto, são frutos do seu divino interior. Quando você tem inveja dos outros é o seu divino interior que está tendo inveja. 

É por isso que Cristo pode referir-se aos seus apóstolos como "vermes", pode pegar o chicote e sentar no lombo dos mercadores do templo sem culpar-se. Para o mestre nazareno não existia diferença entre estas atitudes e as de cura ou de ressurreição de mortos, pois ele sabia que tudo era emanação de Deus e, portanto, oriundos do seu divino interior.

Tudo que você faz vem do seu divino interior, porque vem de Deus e, por isso, precisa conviver com tudo o que faz como divino. Para isso é preciso não se culpar, não se criticar. Mas, o divino interior do outro também não tem nada a ver com bondade ou estar certo. Tudo o que o próximo realizar também será oriundo da divindade interior dele e, portanto, também divino.

Sendo assim, se você briga ou o próximo briga com você saiba que são só emanações divinas e não atos "errados" ou "maldosos". Torne divino o seu mau humor e o do próximo, pois aquele estado de espírito foi gerado pelo Senhor do Universo e é, portanto, o próprio Deus.

Estes são os dois mandamentos que Cristo ensinou - e, acima de tudo, vivenciou - como caminho para que o ser humanizado entre no Reino do Céu, ou seja, liberte-se da roda de encarnações para provas e expiações: tornar divina todas as coisas para poder conviver com o seu divino interior com o divino interior dos outros.

Aí está o amor universal... Amar a Deus sobre todas as coisas é tornar tudo divino e amar ao próximo como a si mesmo é aprender a conviver com todos num plano de divindades que são.

A partir daqui não importa mais que palavras estejam no Novo Testamento: é preciso divinizar tudo que existe e conviver com este tudo dentro da propriedade divina que eles contêm. O resto - as letras, as interpretações, as leis - são só figuras criadas pelo ego. É por isso que Cristo disse que não veio derrubar a lei, mas dar a ela o real sentido.

Sabe como não matar pode ser um ato de elevação espiritual? Quando ele for praticado pelo reconhecimento da divindade de cada um. Se este ato deixar de ser executado apenas pela prisão à letra fria - "lá diz que eu não posso matar por isso não mato, mas bem que aquele merecia morrer" - ou para tirar benefício próprio - "se eu não matar vou para o Céu" - de nada adiantou não ter matado. Melhor seria se houvesse praticado este ato divinizando-o como Cristo fez ao matar a figueira...

Este é o ensinamento de Cristo, mas também de todos os mestres... Alcançar esta postura é elevação espiritual. Para isso é preciso promover a reforma íntima, ou seja, mudar a forma de tratar as coisas (pessoas, objetos e acontecimentos) do mundo: ao invés de viver aprisionado aos valores criados pelo ego, conviver dentro das características divinas que tudo possui.

Pai Joaquim

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