quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Ilusões

Aquele que se diz capaz de ver, ou seja, de compreender o que está acontecendo, na verdade está vendo aquilo que ele “acha” sobre a situação, de acordo com os conceitos anteriores já formados. Por isso, o “Sábio”, no livro Eclesiastes da Bíblia afirma:

“É ilusão, é ilusão. Tudo é ilusão. A gente gasta a vida trabalhando, se esforçando e afinal que vantagem leva em tudo isso? Pessoas nascem, pessoas morrem, mas o mundo continua sempre o mesmo. O sol continua a nascer e a se pôr e volta ao seu lugar para começar tudo outra vez. O vento sopra para o sul, depois para o norte, dá voltas e mais voltas e acaba no mesmo lugar. Todos os rios correm para o mar, porém o mar não fica cheio. A água volta para onde nascem os rios, e tudo começa outra vez. Todas as coisas levam a gente ao cansaço – um cansaço tão grande, que nem dá para contar. Os nossos olhos não se cansam de ver nem os nossos ouvidos de ouvir”. (1,1)
 
O ser humano se cansa de achar que é capaz de “ver” (saber) as verdades sobre as coisas. Entretanto, as coisas acontecem independente de seu “achar” e seguem o seu fluxo natural. Isto porque a realidade das coisas não pode ser alcançada com o “achar” do espírito, que nada mais é do que uma ilusão criada a partir dos conceitos. Como os conceitos são individuais, a “realidade” alcançada quando se “vê” alguma coisa, trata-se de uma “realidade particular”, ou seja, uma ilusão.
 
Para que o espírito possa realmente compreender o que está acontecendo sobre as coisas do planeta, é necessário que ele deixe de tentar compreendê-las, ou seja, de analisá-las com seus conceitos. Só desta forma ele poderá alcançar a realidade universal desta coisa. Enquanto houver a aplicação dos conceitos (“enxergar/achar”), o espírito estará preso em um mundo ilusório que só pertence a ele mesmo.
Uma calça não é bonita ou feia, pois depende do critério (conceito) anterior do espírito sobre o que é ser bonito. Uma calça é apenas uma calça, independente do gosto de cada um (realidade universal). O espírito que afirma que consegue “enxergar” as qualidades desta calça estará criando uma ilusão a partir de seus conceitos sobre a qualidade aplicada (realidade particular).
 
Por isto Jesus afirma que veio para trazer os ensinamentos necessários para que aquele que afirma “ver” se torne cego, ou seja, não passe mais a forma captada pelos órgãos da visão pelo crivo dos seus conceitos. O amor universal ensinado pelo Mestre não permite que o espírito qualifique as formas que percebe.
A constante análise (julgamento) de todas as formas percebidas com a utilização do conceito gera o cansaço que o Sábio falou. Este esforço acaba com a alegria de viver uma vida simples que o espírito deve ter. 
 
Quando o espírito abrir mão deste poder de analisar todas as coisas que acontecem, encontrará a verdadeira felicidade de viver com alegria.

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