segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Doar a razão ao próximo

Participante: o senhor nos ensina que devemos doar a razão ao próximo. Isso se consiste em deixar o outro fazer o que quiser, mesmo que isso me prejudique. Agindo assim, chega um tempo em que se você não coloca para fora o que está sentindo isso toma grandes proporções. Como agir?

É justamente na hora que o que é feito pelo outro cria uma reação dentro de você que chega a sua hora de trabalhar em prol da sua felicidade. Vou explicar isso...

Sentir que está sendo prejudicado pelos outros é normal, a mente sempre irá criar. No momento que esta criação lhe chega ao consciente é que é a hora de você trabalhar a sua relação com o mundo mental a questão do sentir-se prejudicado. 

Com relação ao outro, esqueça-o, pois ele não existe. Todo o seu trabalho nada tem a ver com o outro, mas ele é realizado somente em você por você mesmo. Não sei se vocês já tomaram conhecimento de um trabalho que fizemos durante o estudo de O Livro dos Espíritos. Neste trabalho falamos da função espelho, ou seja, dissemos que o próximo é um espelho seu. Todos com que você se relaciona são espelhos que refletem você. Não o você externo, mas o seu interno, aquele que nem você vê. Vou lhe explicar isso...

Digamos que alguém tenha feito alguma coisa e você se sentiu prejudicado. Neste momento tenha a consciência de que ele naquele momento só serviu para refletir alguma coisa que está dentro de você, para levar ao seu consciente algo que está presente no seu mundo interno e que nem tinha conhecimento. No momento em que a mente cria a idéia de ter sido prejudicado, afaste o agente daquela situação e vire-se para o seu interior.

Tendo se sentido prejudicado, raciocine sobre isso. O que é sentir-se prejudicado? É imaginar que perdeu alguma coisa. Para que a idéia de ter perdido é necessário que haja no seu mundo mental a idéia de ter algo. Sendo assim, o que aquele espelho está fazendo ao agir daquela forma na sua frente é mostrar-lhe que ainda imagina possuir alguma coisa. Eis, então, a hora de executar o seu trabalho.

Aquele que quer amar-se e que quer viver em felicidade precisa trabalhar a idéia de possuir qualquer coisa, pois enquanto esta consciência existir em algum momento ela será usado para lhe dar a sensação de ter sido prejudicado. Vou dar um exemplo para a coisa ficar mais clara. Digamos que você tenha uma carteira de documentos. Digamos que alguém a tirou. Isso com certeza lhe levará a viver a consciência de ter sido prejudicado. 

Por que isso acontece? Porque imaginava que a bolsa é sua, lhe pertence e quando ela não está mais em seu poder a sensação de prejuízo aparece. Agora, se você viver apenas a idéia de que detém a guarda da carteira, no momento que ela não estiver mais sob a sua, poderá contentar-se em saber que ela agora está sob a guarda de outra pessoa. Por isso afirmo que a sensação de prejuízo com que vive o fato de não ter mais carteira não foi causada por quem a tirou, mas pela existência dela lhe pertencer.

Eis aí o que a função espelho executa. A pessoa agindo frente a você lhe mostra o que no seu mundo interno lhe causa desconforto. Enquanto estivermos preocupados com o que o outro está fazendo não conseguiremos vencer a nós mesmos para nos mantermos em paz. Só quando entendermos a ação do próximo como um instrumento para refletir nosso mundo interno podemos encontrar o caminho para a vivência em paz e harmonia.

Joaquim de Aruanda

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