segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ENSINAMENTOS DE BUDA - 20 - DEVOÇÃO AOS PRAZERES SENSUAIS

Fizemos todo esse comentário para falarmos do termo desejos sensuais. Hoje esse termo possui uma conotação que o liga à sexualidade. Por essa conotação dada ao termo criou-se o conceito de que aquele que procura a sua elevação deve abster-se do ato sexual. Em nome dessa individualização do conceito sensual os que procuram a elevação através das religiões condenam e não buscam o ato sexual.
No entanto, o ato sexual gera o prazer sexual, que é um sentimento importante para o ser. Esse sentimento possui polaridade neutra, ou seja, ele assume a polaridade do sentimento que gerou a busca pelo prazer sexual. Se um ser pratica o ato sexual universalizando-o, o prazer sexual será positivo, mas se pratica com individualismo (seu próprio prazer), o prazer sexual será negativo.
Além disso, o prazer sexual tem ainda a propriedade de multiplicar os sentimentos que levaram à sua busca. Quando o ser busca o prazer sexual com amor universal (universalizando o ato) aumenta a quantidade dessa matéria à disposição de sua inteligência. Mas, se o faz com posse ou na busca do prazer individual, terá aumentado a sua negatividade.
Para auxiliar os seres a multiplicarem seus sentimentos é que Deus criou o desejo sexual. Os homens é que, por utilizarem-no como amplificador de seus desejos individuais, transformaram esse ato em sujo, feio. Feio não é o ato sexual, mas a posse do outro ser que gera o ciúme e a desconfiança. Feio não é o sexo, mas a busca do prazer individual.
Portanto, o celibato é contra a consciência crística, pois o próprio Jesus não praticou isso. Jesus foi namorado de Maria de Mágdala como as recentes pesquisas históricas vêm apontando. Com ela praticou atos sexuais, mas nunca possuiu a amante. O ciúme, a possessão e a desconfiança não fizeram parte desse relacionamento.
Mesmo que a palavra sensualidade fosse relativa a sexo, Buda não ensinou a abandonar esse ato, mas sim a devoção a ele. Viver especificamente para o sexo leva à individualização, mas ter atos sexuais universais durante a sua existência auxilia na elevação espiritual.
O sentido da palavra sensual, no entanto, é outro.
“Sensual – relativo aos sentidos” (Mini Dicionário Aurélio – 3a. Edição)
Quando Buda nos fala a respeito dos desejos sensuais ele afirma que a devoção aos sentidos da matéria é um caminho que não deve ser seguido por aqueles que buscam a sua elevação espiritual. Cristo nos ensinou a mesma coisa.
“... se o seu olho direito faz você pecar, arranque-o e jogue fora! É melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ser jogado no inferno. Se a sua mão direita o faz pecar, corte-a e jogue fora! É melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno!” (Mateus – 5,29-30)
Todas as percepções materiais que um ser possui iniciam-se por uma sensibilidade que é transmitida pelos órgãos do sentido corpo físico. O ser vê através dos olhos, escuta através dos ouvidos, sente o cheiro através das narinas, percebe o sabor através da boca e toca as coisas através das mãos. As informações recolhidas por esses órgãos serão levadas até o ser e se transformarão nas percepções.
Como já vimos, toda vez que uma percepção chega ao ser, a sua propriedade inteligência funciona. No estágio ser humano que vive os habitantes da matéria carnal do planeta Terra, a inteligência irá realizar um processo raciocínio, ou seja, analisará a percepção tomando uma decisão.
Essa decisão será a compreensão que o ser terá sobre a coisa. Portanto, o ser não consegue apenas captar as percepções, mas dá a elas valor de acordo com o seu processo de raciocínio. Podemos, então, afirmar que ninguém vê nada, mas compreende o que é captado por seus órgãos de sentido de acordo com o seu grau de individualismo.
Quando Jesus Cristo nos fala em cortar o olho ou a mão ele não está pedindo um ato físico, mas sim que o ser não se conduza pela conclusão que chegou sobre a percepção captada pelos órgãos do sentido. Os seres que vivem hoje na matéria carnal são individualistas e, por isso, não conseguem chegar à verdade absoluta das percepções. O que ele vê é sempre fruto da sua verdade relativa.
É por esse motivo que Buda ensina que para alcançar a elevação o ser tem que abandonar a devoção à sensualidade. A devoção que Buda ensina é a crença de que as verdades relativas (o que é visto pelo ser) são verdades absolutas. Se um ser acredita que já chegou a verdade não continuará procurando mais nada. Assim, jamais chegará a ação de Deus naquele momento.
Quem vive suas verdades relativas não consegue compreender a interdependência entre ele e a fonte da percepção. Mantêm essa fonte permanentemente com o mesmo e, dessa foram, não consegue alterar aquela partícula que o constitui.
O caminho do meio passa pela não individualização dos conhecimentos, pois essa forma de agir leva ao julgamento. Cada vez que um ser analisa uma percepção ele julga se o que está compreendendo é certo ou errado, bom ou mau. Quando age dessa forma individualiza a ação universal de Deus, Perfeita, Justa e Amorosa.
Essa ação é alcançada por todos aqueles que possuem devoção pelas verdades relativas que formam sobre as percepções.


Pai Joaquim

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