quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Será possível se controlar as verdades genéricas?

Agora que já conhecemos o que é mente, vamos começar a falar sobre o controle em si. 
 
Será possível se controlar as verdades genéricas? Será possível se libertar das verdades genéricas que a mente cria? Será que um ser humanizado pode ter uma compreensão diferente do que é uma parede de outro? 
 
Não, pois as verdades genéricas são iguais para todos e necessárias para a criação da vida na ilusão material. Enquanto você, o espírito, estiver ligado à mente olhará para aquele objeto e acreditará que ele é uma parede. 
 
Não tem jeito, não há como alterar a compreensão sobre aquele objeto porque ela é universal e eterna. Portanto, posso afirmar que neste aspecto não há como controlar a mente.

Mas, e quanto as verdades individuais, há como controlá-las? Claro que sim. Basta apenas conferirmos o que já acontece na vida de um ser humanizado para entender que isto é possível.

O ser humanizado vive mudando de opinião constantemente sobre as coisas do mundo. Em um momento “gosta” de algo e diz que aquilo é “bom” para ele, mas em outros afirma que a mesma coisa “não presta” e que, portanto, não “gosta” dela. Ou seja, mesmo sem exercer o controle da mente, o ser humanizado não vive eternamente com a mesma verdade individual sobre as coisas do mundo.

A partir desta simples constatação de algo que é corriqueiro numa existência humanizada, podemos crer, então, que as verdades individuais presentes na mente de cada um podem ser controladas. Por isso afirmo: é neste aspecto que se executa o controle da mente para se alcançar a elevação espiritual. 
 
É por isso que Krishna afirma no Bhagavad Gita: o verdadeiro sábio transita entre as coisas do mundo (vive com as mesmas verdades genéricas que o ser subjugado pela mente), mas não está apegado a elas. O apego que o mestre diz que o homem sábio libertou-se é justamente a subjugação à verdade individual imposta pela mente, o acreditar que aquilo que a mente diz é Real. 
 
Acreditar nas verdades genéricas existentes na mente não cria problemas à elevação espiritual. Para chegar perto de Deus você não precisa deixar de “ver” uma parede ali. Agora, acreditar na sua verdade individual como Realidade e querer que os outros se submetam ao que você acha, acaba com o amor e o serviço ao próximo, a doação e a caridade, que Cristo ensinou que é necessária para se aproximar de Deus. 
Portanto, é isso que precisa ser controlado. Para melhor compreensão eu diria assim: é das qualidades positivas ou negativas que a mente coloca nas coisas que você precisa se libertar. 
Este é o resultado do nosso trabalho. Ser “senhor da mente” é aprender a controlar a mente para libertar-se das verdades individuais que ela declara a respeito das coisas do mundo.

Veja bem o que estou dizendo: libertar-se da influência das verdades individuais. Não estou falando em mudá-las, ou seja, passar achar “certo” o que antes era “errado”. Quem pratica isso imaginando que está controlando a mente nada consegue no sentido da elevação espiritual. Pior: só vê isso depois que não há mais tempo para mudar-se, pois já desencarnou.

Aquele que altera o sentido das verdades individuais acreditando que com isso está libertando-se da ação da mente continua subjugado a ela, pois se escravizou a uma nova crença individualizada. Por isso afirmo que o controle da mente se dá com o desapego, com o fim da submissão e não com a alteração da verdade individual. 
 
Promover a elevação espiritual dentro do caminho ensinado por Sri Krishna é libertar-se da ação da mente, seja o que for que ela lhe diga: é “bom ou mal”, “certo ou errado”. Não se trata de “gostar” do que não se “gostava”, mas libertar-se de qualquer opinião individual sobre as verdades genéricas que a mente cria.

Para isso você precisa ter o seguinte diálogo com o seu ego. “Você está me dizendo que aquilo ‘não presta’, mas eu não acredito em você ego. Além disso devo admitir que não me sinto capaz para dizer se aquilo ‘presta’ ou não. Portanto, não serei seu escravo acreditando no seu julgamento e nas acusações e críticas que você faz, mas viverei a minha incapacidade de qualificar o objeto”.
Aprender a manter este diálogo constante com o seu ego é o trabalho que estamos iniciando agora.
Joaquim de Aruanda

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