quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Saúde e doença

O tema escolhido por vocês foi doença... Mas, para começar, a proposição do tema não está perfeita. Isso porque, na mente, não existe doença! A mente não reconhece doença, não cria doença. O que a mente cria é o estar doente. 

Estar doente é diferente de ter doença. A diferença é que ter doença é alguma coisa física. Por exemplo: vocês podem ver o cancro cancerígeno numa radiografia, num exame. Já o estar doente não acontece no corpo: acontece na mente, naquilo que vocês chamam cabeça. 


Então o tema não é doença, mas estar doente, pois, estamos estudando os pensamentos-emoções e eles são criados pela mente. Para os que querem viver a felicidade que Deus tem prometido, quais são as armadilhas que a mente cria quando vive o estar doente? 


Primeiro: ter um mal estar, sentir-se mal por estar doente. Isso não é físico, é mental. Isso acontece com você aceita o estar doente que a mente cria. Você só se sente mal, ou vive qualquer outra das armadilhas que a mente cria, quando aceita a informação de que está doente. 


Mas, por que você aceita o estar doente? Quando nos reunimos em um grupo espiritualista, espírita, universalista ou qualquer ‘ista’ desses, a primeira que se fala é que você não é o corpo: é algo além do corpo. Quando alguém começa a participar de um grupo espiritualista a primeira coisa que toma consciência é que não é o corpo, mas algo além dele. Se você não é o corpo, por que tem que estar doente quando a doença é do corpo?


Por que tem que sentir-se doente quando a mente cria a sensação de estar doente por ter uma doença no corpo? Em que isso vai adiantar?! Será que viver o estar doente traz a cura? Será que viver o estar doente melhora a situação? Claro que não! Pelo contrário, viver o estar doente lhe afunda cada vez mais. 


O que chamo de sentir-se doente, na verdade, é uma emoção que a mente está criando. Não é você que está se sentindo doente: é a personalidade humana que está criando a doença para o você, o espírito. 


Então, quando a sua mente criar a ideia de estar doente, a primeira coisa que tem que fazer é buscar libertar-se da emoção de sentir-se doente. Não se deixar arrastar pela onda do mal-estar, do não sentir-se bem, da dor. Isso tudo não é você, pois está no corpo. 


É preciso que vocês entendam muito claramente isso. Vocês dizem que não são o corpo, mas se ele tem doença são vocês que se sentem doentes. Tem alguma coisa errada aí, não?


Apesar de se dizer espiritualista, ou seja, acreditar que é algo mais do que o corpo, você não vive esta ideia. Pelo contrário, vive a ideia de que é o corpo, pois quando o corpo está doente, você se sente doente. 


Esse é o primeiro aspecto quando se fala em estar doente: entender que isto é um pensamento-emoção, ou seja, é uma história carregada emotivamente que a mente cria. Para isso precisa compreender que quem está com a doença é o corpo físico e não você. Deve também entender que quem está sentindo-se doente é a mente e não você. Mais: deve saber que só se sentirá doente se não lidar com a mente de uma forma madura. 


Se você for como uma criança, quando mente lhe disser que está doente e precisa sofrer, você vai sofrer...
No entanto, neste aspecto há outros pensamentos-emoção além do estar doente: preocupações, como com trabalho, com atividades, com compromissos... 'Você ficou doente logo hoje, no dia que tinha que fazer tal coisa'? Essa é outra armadilha que a mente cria. 


Não existe nada a ser feito. Tudo que acontece é a vida que faz. Isso é importante de se ter consciência para não se deixar levar por este pensamento-emoção de frustração por estar doente e não poder fazer aquilo que tinha programado realizar, não poder honrar os compromissos que tinha assumido. 


Vou dar um exemplo. Aquela pessoa está desempregada há algum tempo e por isso já está ficando desesperada. Já pensou se ela consegue uma entrevista e fica doente exatamente naquele dia? Olha todo cenário que a mente cria para que esta pessoa aceite a o pensamento-emoção que ela cria: 'Eu estou mal mesmo, acho que colocaram macumba em cima de mim... Não consigo uma entrevista e na hora que isso acontece vou ficar gripado, doente?'


Vocês estão muito preocupados em saber por que a mente é assim, de onde vem o que ela faz, mas isso não interessa. O que vocês precisam entender é a teia que a mente cria para lhes prender aos pensamentos-emoção que ela gera. 


Já reparam que quando vocês programam fazer algo que esperavam fazer a muito tempo aparecem diversas outras coisas que vocês também queriam fazer? Já perceberam que quando conseguem programar-se para realizar algo que queiram aparecem muitas complicações à sua frente? Isso tudo são teias que a mente cria para lhes fazer viver o sofrimento e você não pode se deixar levar por isso se quer alcançar a verdadeira felicidade. 


É preciso trabalhar a libertação dos desejos, a ideia de que você não age, de que não quer, de que não vai ficar chateado, pois tudo isso é criação da mente. Isso vocês já me ouviram dizer, mas vou falar de uma nova coisa para vocês trabalharem em si mesmos: precisam trabalhar a ideia de você ter uma vida humana para viver... 


Vocês não têm uma vida humana, não vivem uma vida humana... Quem vive a vida humana é a mente...
É a mente que vive a vida que você chama sua... A vida não é sua: é da mente. Não é você que está aqui, mas a mente; não é você que lê, mas a mente. Você é quem? O espírito que está ligado à mente.


Você não dirige, mas sim a mente. Melhor: a mente é a ideia de estar dirigindo, pois não há um ato de dirigir. O que existe é uma ideia de estar dirigindo. 


Além de não ver isso como uma ideia, acha que é você que está fazendo... Você não faz, não é, não está... Tudo isso são elucubrações mentais, criações da mente. 


Nenhum de vocês está me ouvindo agora, mas sim a mente. Quem está na frente do computador é a mente. Quem o desligará é a mente. Ou melhor, ela vai criar a idéia de estar sendo desligado, já que ninguém desliga nada. Não há ações a serem feitas.


Eu vou falar uma palavra que já falei para não ser usada, mas que preciso usar agora. No trabalho 'Conhece-te a ti mesmo', quando fomos explicar o ego, a primeira coisa que falei foi o seguinte: para entender qualquer coisa e realizar qualquer coisa, você precisa assumir a dupla personalidade, você e o ego. No caso de agora, precisa assumir a dupla personalidade você e a mente...


Você precisa distinguir muito bem quem é você nesta história e quem é mente. Quem é mente nesta história: tudo aquilo que você diz que é você. Quem é você? Nada que possa saber. A única coisa que você pode saber é que não é o que a mente é...


Por isso falo em não compactuar com a mente. Mas, isso deve ser feito a nível geral, ou seja, tudo, e não pontualmente. Você não dirige, não anda, não faz sexo: tudo isso é a mente que faz. Ou melhor: está dando a ideia de estar acontecendo. Para que ela cria estas ideias? Para justificar os pensamentos-emoções. 


Como o espírito pode fazer sexo se ele não tem órgão sexual? Como você, o observador pode fazer sexo se ele é um ato físico e você não é corpo que veste? Sendo isso verdade, porque você que acredita ser o espírito vivencia as emoções criadas pela personalidade humana?


Você não faz nada. Na verdade só tem uma coisa a fazer: observar a mente e compactuar ou não com ela. Quando você compactua é que ilusoriamente imaginará que é você que está fazendo o que ela faz e neste caso vibrará dentro da característica da emoção criada por ela. 


Aproveitei este momento no tema estar doente para falar disso, porque o este pensamento-emoção é isso. Atrás do sentir-se doente vem sempre uma série de cobranças da mente, mas, quem está doente é ela, quem não vai é ela, quem vai sentir-se frustrado por não ir é ela. Por que você tem sentir tudo isso se não é ela?


É a mesma história da doença: por que você tem que sentir-se doente se é a perna que está doente e você não é o corpo? É preciso que vocês separem bem claramente quem é você e quem não é. 


Isso é um trabalho de vigilância. É um trabalho para ouvir o que a mente diz que você é. Ouvir o que a mente diz que você está fazendo, para poder responder: isso é mente, não sou eu. Não é ouvir para saber o que está fazendo, para saber o que está vivendo, mas para distinguir o que a mente está falando e assumir que tudo isso é ela... 


Há ainda outro aspecto que posso abordar a partir da análise do pensamento-emoção estar doente. Disse que pode até haver uma doença física, mas que vocês não devem estar doentes emocionalmente. Disse, ainda, que precisam se libertar do pensamento-emoção de estar doente para serem felizes. Mas, apesar de ter dito isso, sei que não conseguirão realizar tal coisa. Vocês não conseguem se libertar do estar doente. Por quê? Porque ainda sabem o que é ter saúde; ainda sabem o que é estar saudável; ainda sabem o que é algo que faz bem para a saúde. Não dá para se libertar do pensamento-emoção estar doente sem se libertar do ter saúde. 


O grande problema de vocês para a realização daquilo que falamos é que ainda querem viver uma moeda de um lado só. Vocês só querem se libertar daquilo que acham ruim, que não querem, que acham errado, que não gostam... 


É impossível se libertar do estar doente se não se libertar do ter saúde. É impossível se libertar do ter saúde enquanto souber o que é saúde e o que dá saúde. Como se libertar do ter doença se vocês ainda sabem o que é ter saúde?


Aliás, sobre isso, quando falamos sobre a morte e vida, eu disse: se vocês se preocupassem tanto com a saúde mental quanto se preocupam com a física, poderiam fazer alguma coisa. Vocês estão presos à ter saúde, por isso ainda lutam para tê-la, mesmo querendo libertar-se do estar doente. Isso é impossível. Quem vive uma moeda tem que viver os dois lados e não um só...


Na verdade vocês ainda estão presos a uma coisa, que até dizem que eu faço, mas que não existe: quebra de paradigmas... Isso não existe.


Quebrar paradigmas não existe. Vamos dar um exemplo: para quebrar o paradigma que diz que tal coisa é verdadeira, vocês adotam a postura daquilo não ser verdadeiro ou falso. Isso não é quebra de paradigmas, mas apenas troca deles: algo era verdadeiro e agora não é mais...


Para vocês não há como se quebrar paradigmas, pois, na verdade, sempre trocam um por outro. Não há como mudar de uma verdade para outra e dizer que está se fazendo alguma coisa... Não há como se libertar do não e viver apenas o sim: isso não é realização de nada no sentido da busca da felicidade...


Na busca da felicidade não há quebra de paradigmas, mas libertação deles: eles continuam existindo e você se liberta deles. Ou seja, eles continuam existindo, mas você se liberta da ação do pensamento-emoção criado a partir deles. 


Portanto, para não estar doente a primeira coisa que é preciso fazer é libertar-se dos pensamentos-emoções que surgem porque você está são, por ter saúde e daqueles que estão ligados à verdades que dizem que determinadas coisas lhes fazem ter saúde... Se não se libertarem destas coisas, ficarão doentes, pois quem sabe o que é saúde logicamente sabe o que é doença... E quem sabe o que é doença, fica doente...


Isso que estou falando serve para tudo o que já falamos. Vocês estão me ouvindo e dizendo que entenderam, mas como me foi dito na última conversa, se eu me libertar do estar doente a dor para'? Tal pergunta, como outras, mostra que vocês ainda estão com intenção de não ter dor ao invés de querer se libertar do pensamento-emoção que surge após a ideia de ter dor. Isso é impossível. O possível é ter a dor e não sofrer por ela. Ter a dor e o seu sofrimento e não sofrer por isso.


Não dá para usar este ensinamento para retirar da vida o que vocês não querem passar e preservar o resto que querem viver. Como já disse, parafraseando Cristo, se você não perder sua vida não vai ganhá-la. É preciso libertar-se de tudo, não transformar uma coisa em outra, não transformar a doença em saúde: isso não existe. Doença é doença, saúde é saúde. 


O que vocês precisam não é transformar a vida, mas aprender a viver de uma forma única, com a felicidade, tudo o que têm nela. Se tiverem saúde vivam-na com felicidade; se têm doença, vivam-na com felicidade. Mas, como viver a doença com felicidade se ainda sabem o que é ter saúde, como se tem e o que faz bem para ela? Essa é uma boa coisa para se pensar... 


Joaquim de Aruanda

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