quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Ousar viver a vida espiritual na carne

Ousar viver a vida espiritual na carne é entregar-se a uma ação diferentemente da forma como os seres humanizados se entregam, ou seja, sem querer programar resultados para esta ação. Os seres humanos não amam o próximo e a Deus, porque participam dos acontecimentos dentro dos padrões humanos, ou seja, esperando ganhar alguma coisa com o que estão praticando. Quem ousa não se preocupa se vai ganhar ou perder, se vai ser considerado bom ou mal, certo ou errado, se vai alcançar o que quer ou não vai realizar os seus desejos. Ousar é atirar-se em um vazio, ou seja, participar da ação sem previsão de acontecimentos futuros. Isto denota a fé em Deus, ou seja, o amor a Deus sobre todas as coisas. 

A ousadia necessária para se amar a Deus sobre todas as coisas está descrita com perfeição na história do alpinista que morreu quando estava escalando uma montanha de neve. Ele caiu da montanha onde estava e ficou preso por uma corda à beira de um precipício balançando-se no ar. Já era noite e não se conseguia ver nada e por isto o alpinista não conseguia enxergar a que distância estava do platô abaixo dele. Ele ficou se segurando na corda e balançando no vazio sem saber se poderia largá-la ou não. No desespero apelo para o Pai: ‘Senhor, me ajude!’. Deus ouviu e respondeu: ‘Largue a corda!’. No dia seguinte, o alpinista foi encontrado morto preso à corda, balançando no ar, a menos de um metro de um platô que poderia ter amortecido sua queda. 

Ousar é largar a corda sem olhar para baixo. É atender ao apelo divino sem querer saber concretamente se há algo para lhe proteger ou lhe amparar. É atirar-se no escuro, ou seja, sem saber o que acontecerá no futuro, pela confiança irrestrita que sente por Deus. Se você precisa saber o que vai lhe acontecerá quando largar a corda (os padrões da vida carnal) não ousou nada: atirou-se com a segurança material, confiou em si e em suas percepções, ou seja, continuou seguindo o padrão humano de agir.

A reforma íntima é um salto para o escuro, uma ação que deve ser praticada sem se ter certeza de onde irá aterrissar.

Joaquim de Aruanda

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