sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Criando as interdependências

Criando as interdependências

Quando falamos em premeditação dos acontecimentos da vida de um ser encarnado e falamos também na escolha do ser que leva a vivência destes acontecimentos, imaginamos que a vida humana é projetada depois que o ser universal faz suas escolhas. Mas, se pensarmos assim, o termo voluntariar-se que usou o Espírito da Verdade no trecho que lemos na pergunta 266 fica sentindo.

Quem se voluntaria a alguma coisa é aquele que se oferece para participar de uma determinada ação. Para que a ação de voluntariar-se se dê, portanto, é preciso que antes a ação seja conhecida. Não sendo este o caso, o espírito pediria determinada ação e não se ofereceria para fazer algo.

Sendo isso assim, como, então, se dá a questão da voluntariedade do espírito? Vamos ver isso...
No livro Apocalipse da Bíblia Sagrada (Capítulo 4 e 5) é transcrita numa reunião onde Deus está sentado ao lado de quatro seres vivos trazendo na mão um livro em forma de rolo que está escrito dos dois lados e selado com se te selos. Esta reunião, que acontece antes do início das encarnações na Terra, tem por finalidade se escolher aquele que iria, em nome de Deus, comandar estas provações dos espíritos. Cristo é aclamado como aquele que pode exercer esta função. Depois que isso acontece, o mestre nazareno, então, pega este livro e o abre. Com isso as encarnações podem começar a acontecer.

O que será que este livro contém? Porque só depois de aberto é que as encarnações poderiam acontecer? Porque ele contém todas as encarnações que aconteceram e acontecerão no planeta Terra nesta etapa de sua existência.

Este livro é o ‘Livro da Vida’ do planeta. É o script da peça ‘A Divina Comédia Humana’. Ali estão todos os personagens que farão parte desta peça bem como a ação que cada um deles fará dentro do enredo da peça.

Ou seja, todas as encarnações estão previstas naquele livro e os acontecimentos que marcarão as existências humanas de cada ser viverá estão programados desde antes do início das encarnações. A sua vida, a vida de todos que estão encarnados hoje e de todos os que encarnaram ao longo dos séculos já foi criada muito antes do planeta Terra sequer existir.

É por isso que Kardec diz que os espíritos se voluntariam para uma determinada missão e não que um personagem é escrito de acordo com o que o ser universal pede antes da existência humana. Deus não escreve um personagem para determinado espírito ao longo da encenação da peça, mas sim a peça toda de uma só vez. Ele cria todos os personagens e suas existências vivendo em interdependência de tal forma que todos os gêneros de provas estejam previstos. O espírito escolhe, então, um personagem para viver a cada encarnação cuja existência contenha o gênero de provas que ele quer vivenciar.

A sua família de hoje já estava prevista existir antes do começo das encarnações. Os espíritos que estão vivendo o papel de membros dela escolheram viver estes papéis porque tinham todos os gêneros de provas que eles queriam enfrentar. As pessoas que formam o seu núcleo familiar não foram escritos sob medida para determinados espíritos, mas papéis que já existiam na Divina Comédia Humana cuja vivência foi escolhida pelos espíritos que agora os anima. 

Cada papel da Divina Comédia Humana não é escrito para um espírito em si, mas para a história do planeta. São escritos de forma interdependente para que a interação de um com o outro crie a história completa do planeta. 

É isso que quer dizer voluntariar-se: oferecer-se para viver uma missão, uma determinada prova. O destino que marca a encarnação de um espírito não é criado para ele, mas é vivido por aquele ser porque ele ofereceu-se para essa vivência. É por isso, também, que no final do livro Apocalipse Cristo diz que tudo está pronto, que ele é o alfa e o ômega. 

A partir do que vimos aqui lhes pergunto: é preciso preocupar-se com o que vai acontecer com você amanhã? É preciso preocupar-se com os eventos de um final apocalíptico que sejam previstos? Acho que não... A Terra tem a sua história e ela é composta pelas ações interdependentes de todos os personagens que vivem nela e esta história já está pronta. Não há também necessidade de se preocupar com futuras encarnações. Elas estão prontas e o ser apenas se voluntariará para a vivência destes papéis. 

Joaquim de Aruanda

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