sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A morte

Participante: Existe uma crença que se chama a melhora da morte. O paciente está no hospital, por exemplo, ruim e têm uma melhora surpreendente e depois morre. Isso realmente já aconteceu várias vezes. 

Pode ser essa lucidez do mundo melhor que irá viver e com isso começa a se apagar a dor. Pode ser, mas também pode ser muitas outras coisas. 

Pode ser uma nova ilusão para aquele que estão apegados a carne, com a finalidade de verificar se ele vai naquele curto espaço mudar a sua forma de viver ou se vai continuar preso à que estava. Vamos dizer assim: uma pessoa muito rabugenta tem essa última chance de se libertar da rabugice e aí não se liberta. 

Isso são detalhes de desencarnes. O que precisamos compreender realmente é muito mais do que detalhes. É saber que existem tratamentos diferenciados para o processo morte, de acordo com o merecimento de cada um. 

O que importa realmente é não criar regras, mas saber que o momento do seu desencarne será ditado como merecimento da sua existência carnal. Ou seja, ele depende da sua maneira de viver: se vive preso ao materialismo, vai ter um determinado padrão no desencarne; estando liberto, vai ter outro. 

Portanto, mais importante do que querer saber o que acontece no desencarne é compreendermos que não há morte e que devemos nos preparar a vida inteira para morrer. Isso pode lhe garantir o desencarne sem traumas. 

Aliás, só isso pode lhe garantir um desencarne sem traumas. Enquanto você viver o mundo material de forma diferente do espiritual aguardando chegar a morte para colocar em prática os ensinamentos dos mestres, certamente terá trauma no seu desencarne. 

Este trauma é inevitável porque neste caso estará saindo de um lugar e irá para outro, de uma condição e para outra. O choque entre culturas e objetivos de existência é grande e isso causa traumas.

Por isso Cristo nos ensina na primeira logia do Evangelho Tomé: aquele que descobrir o segredo dessas palavras não encontrará a morte. Fomos bem claro quando comentamos este ensinamento: é preciso se compreender que não há morte, mas para alcançar esta compreensão é preciso se entender que não há vida humana independente da espiritual. 

Viver a vida humana como independente da espiritual leva à morte, ou seja, a traumas no desencarne. Viver a vida material como extensão da existência espiritual e, portanto, com os mesmos valores, não leva a morte. 

Por isso sempre digo: é preciso destruir a separação entre espiritual e material. Compreender o mundo inteiro, a existência como uma coisa só. É preciso viver tanto a encarnação quanto a vida desencarnada num só sentido, de uma só forma, numa só intenção. Quando o espírito alcança isso acaba com a morte. Neste momento, não haverá processos de mudança e com isso não haverá traumas. 

Mas, se o espírito viver a vida material, por mais elevado que seja em conhecimentos espirituais, sem os objetivos espirituais, estará criando para si um trauma no momento do desencarne. Isso porque separou a vida espiritual da material. 

Isso que é importante compreender. Sem este entendimento os espíritos encarnados ainda ficam presos no querer entender a morte, saber como ela ocorre. Só que a morte não se entende; ninguém conhece com antecedência o seu desencarne individual. 

Sabe por que nenhum ser humano entende a morte? Porque a morte é individual. Cada um morre diferente do outro. O processo morte para aqueles que estão presos à matéria faz parte do carma e o carma é individual. 

É por isso que até hoje ninguém pode dizer: morrer é isso ou aquilo. A morte é um carma e não um processo genérico para todos os espíritos. Cada um morre de um jeito diferente. É por isso que ninguém consegue descrever a morte. 

Muito mais importante do que se preparar para a morte é destruí-la, destruir o processo de distinção entre vidas. Se você tiver um processo morte, ou seja, se acreditar que há outra vida independente desta, certamente viverá um processo morte e com isso sofrerá um trauma, que não será igual ao de nenhum outro espírito, pois a morte é carma individual. 

Para acabar com esse processo morte você precisa morrer em vida, destruir a vida. Ou seja, precisa viver a vida material como se espiritual fosse, porque ela já é. Precisa mover-se pelos mesmos modos e objetivos do mundo que você chama fora da carne.

É preciso a vida de uma forma diferente, viver de outro jeito: é isso que quer dizer quem descobriu o segredo dessas palavras não encontrará a morte, que Cristo falou no Evangelho de Tomé. Ou seja, quem descobrir o segredo dessas palavras encontrará uma nova forma de viver que não lhe levará a um processo de morte. 

Ficou claro isso? Quando destruímos o mundo material e o espiritual e vivemos as existências de forma única, acaba a morte. Porque, como foi dito, o espírito já vai estar consciente do que está acontecendo.

Portanto, não adianta se ensinar a morrer: é preciso ensinar a viver. É por isso que nós dizemos assim: o Espiritualismo Ecumênico Universal é uma doutrina de vida. Seus ensinamentos precisam ser postos em prática nesta existência.

Apesar disso, tem gente me ouvindo e guardando para colocar em prática o que digo depois de morrer. O problema é que este não vai saber nem que morreu. Como é que vai saber à hora de colocar em prática?

Pai Joaquim

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