segunda-feira, 31 de março de 2014

Sobre um mundo mais justo

RESPOSTA DE JOAQUIM - com Rafaella Silveira

http://meeu.com.br/ceu/um-mundo-mais-justo/

Participante: em várias palestras suas ouvi, ou pelo menos foi o que entendi, que devemos aceitar tudo como é e como ocorre pois é perfeito, que Deus determinou assim, por mais injusto que isso possa soar para nós. Então, não podemos lutar por um mundo mais justo na concepção humana? Mesmo que fracassemos, mas se aceitarmos que se não deu certo a luta é porque Deus determinou que não era para dar não podemos lutar ou não devemos lutar, apenas nos melhorar e não tentar melhorar nada em nossa volta? 

Você fala que eu digo que tudo é determinado por Deus. Desculpe-me, mas não sou eu que digo isso.
Quando fala em dizer alguma coisa, você está dizendo que aquela pessoa está lançando uma ideia. Eu não estou lançando ideia nenhuma: estou apenas repetindo o que os mestres falam. Se Cristo, Espírito da Verdade, Buda, Krishna e Maomé foram unânimes em dizer que nada acontece sem que o Pai faça acontecer, como alguém, que não está investido da missão de trazer ensinamentos, mas sim da missão de ser o gerador do carma dos outros, pode contestar essa informação? 

Esse é o grande aspecto. Os mestres, aqueles que tinham a missão de trazer os ensinamentos que devem guiar os seres humanizados nas suas encarnações, ensinam alguma coisa e o ser encarnado, o espírito que está em provas e expiações quer contestar o que aquele espírito elevado foi incumbido de trazer ao mundo humano. Isso é até ridículo...

No mundo de vocês tem um ditado: manda quem pode, obedece quem tem cabeça. Obedece quem sabe que quem manda pode mandar. Por isso afirmo que o ser encarnado comum ou o espírito em provas e expiações, deve compreender que precisa aceitar o que o mestre fala, ao invés de, quando lhe interessa, contestar o que é dito. Esse é o primeiro aspecto da resposta que tenho para lhe dar. 

Segundo aspecto de sua questão. A partir da existência de uma causa primaria, você me pergunta se não devem lutar por um mundo mais justo. Essa luta à qual você se refere, é física, é ato, é acontecimento. Sendo assim, essa luta não é causada por vocês, mas criada pela causa primaria de todas as coisas. Portanto, se lutar, lutou; se não lutar, não lutou. Se lutar é porque Deus criou a sua luta; se não lutar é porque Deus não criou aquela luta. 

Além disso, Ele pode criar para uns e pode não criar para outros. Então, se Ele criou para você, viva porque Ele está criando. Agora, se não criou para outros, não tome como obrigação ter que lutar, porque se aceitar a ideia da obrigação de lutar, ao invés de aceitar a ideia de que a causa primaria faz uns lutarem e outros não, você vai acabar criticando quem não luta. 

Portanto, eis aí a minha resposta. Se você lutar, lutou, se não lutar, não lutou. Se o outro não lutar, não lutou: não o critique por causa disso...

Agora com relação a tudo que você faz, não só com relação a essa luta ou não lutar, quero falar mais um pouco. Krishna nos traz um grande ensinamento e Cristo também: não anexe a nada do que você faz uma intencionalidade. Mais: Cristo afirma que Deus julga o espírito pela sua intencionalidade, não pelo que faz.
Sendo assim, o problema não é o que é feito ou o que não é feito: ele está na intencionalidade ao viver o que acontece. Essa intencionalidade, que é gerada pela mente, não sofre a ação da causa primaria, a não ser na proposição de existir uma intenção. Vou tentar explicar isso. 

Quando você me pergunta se não pode lutar por um mundo mais justo, eu ouço que acha que se deve lutar. Esse achar que se deve lutar é fundamentado em algumas razões: ‘eu devo lutar porque o mundo é injusto, eu devo lutar porque tem pessoas que sofrem, eu devo lutar porque essas pessoas não deveriam sofrer’. Esse conjunto, que serve como base à mente para justificar a sua obrigação de lutar, é a intenção.
Então você peca não por lutar para fazer um mundo mais justo, mas peca aos olhos do mundo espiritual porque se prende a intenção de que não haja mais sofrimento no planeta. Isso é impossível. 

Quem acha que vai acabar com o sofrimento no mundo humano, seja o seu ou o de outro, ofende a Deus, está afastado de Deus. Isso porque em O Livro dos Espíritos é dito que a encarnação consiste em vicissitudes ou seja, em momentos bons e momentos maus. Aquele que não entende que o momento mau é necessário para a encarnação, para a provação do espírito, não vive de acordo com o que o mestre ensina. Acreditando nisso, o ser se afasta de Deus, ofende ao Pai. 

Portanto, o trabalho que você precisa fazer nesta vida não é um trabalho de fazer determinada ação ou deixar de fazê-la, mas sim um trabalho de libertar-se das intencionalidades. Isso, no entanto, é um grande problema, porque vocês jamais vão deixar de ter intenções, ou melhor, jamais suas mentes vão deixar de criar intenções para o mundo material. Isso acontece porque, como eu acabei de mostrar, é essa intenção que é o cerne da questão para o espírito encarnado. Por causa disso Krishna lhe passa um ensinamento: conviva com a sua intencionalidade praticando o yajña. 

Yajña é sacrificar a sua intencionalidade a Deus. O que significa isso? Vou colocar de forma bem pratica para você entender. 

A sua mente diz que você deve lutar por um mundo mais justo porque as pessoas sofrem. Nesta afirmação, que é um pensamento, existe a intencionalidade e a obrigação da ação. Responda para a mente: ‘só Deus sabe se eu tenho que lutar ou não. Se Ele me fizer lutar, fez; se não fizer, Ele não fez. Só Deus sabe se essas pessoas deveriam ou não passar por esse sofrimento. Se Ele fizer passar é porque elas mereciam, se achar que não deveriam passar, eles não vão passar’. Essa é a solução para você conviver com as intencionalidades que a mente cria.

Quando sacrifica sua intencionalidade a Deus, ou seja, abre mão do seu achar e entrega a Deus a responsabilidade pelo que acontece, se liberta da intencionalidade. Quando se liberta da sua intencionalidade, a justiça se faz presente. 

Já falei bastante, mas é agora que vou começar a lhe responder. Você diz que tem que lutar por um mundo mais justo, mas o mundo é justo, porque é fruto da justiça de Deus. Sendo assim, se você quer melhorar a situação de alguma pessoa, está indo contra a justiça de Deus. Nesse caso, quem está cometendo a injustiça é você...

Quem está sendo injusto são seus olhos, porque eles estão vendo injustiça onde há a justiça. É por isso Cristo ensina: se o seu olho lhe faz pecar, arranque seu olho fora. Mas, é aí que começa o problema para o espírito encarnado...

Vocês acham que para chegar a um mundo feliz, para chegar a felicidade, precisam aplicar o que é justo para você ao mundo. Só que Cristo ensina nas bem aventuranças: bem aventurado aquele que tem fome e sede de aplicar a justiça de Deus, porque esses receberão o reino do céu. Sendo assim, a felicidade, a bem aventurança, não vai nascer de uma ação sua gerando condições para a felicidade, mas sim quando você deixar de tratar como injusto o que acontece com os outros ou com você porque sabe que naquele acontecimento está presente a justiça de Deus.

Acho que agora eu lhe respondi. Faça o que você fizer, ou melhor, vivencie o que Deus fizer a sua personalidade humana fazer sem unir-se às intencionalidades que a mente vai criar a cada momento de sua existência. Ao invés de unir-se a ela, fale à essa intencionalidade do seu Deus: Aquele que é a Causa Primária de todas as coisas, porque é a Inteligência Suprema e aplica a justiça perfeita e o amor sublime.
Graças a Deus.

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