sexta-feira, 7 de março de 2014

A VIDA NÃO NOS DEIXA CHEGAR A DEUS

Um dos comentários que mais ouço quando o assunto é buscar a reforma íntima (a união com Deus) é de que a vida como está hoje (atribulada, corrida, cheia de compromisso, responsabilidade e problemas) impede que se coloque em prática os ensinamentos dos mestres para nos aproximarmos de Deus. No entanto, tal comentário denota apenas submissão à ilusão com que vivemos. Não deixamos de realizar a elevação espiritual por causa da vida que vivemos, mas por que acreditamos que estamos vivos.

Não somos seres humanos que vivem esporadicamente aventuras espirituais, mas um espírito que está vivendo uma aventura humana. Os valores são diferentes se entendermos a nossa essência, a nossa Realidade: ser um espírito encarnado e não um ser humano.
A existência carnal, com todos os atropelos e problemas, não existe: é uma mera criação para a nossa provação espiritual. Quem quer resolver a sua vida material, vivenciando-a a partir do prisma material, nada consegue no sentido de aproximar-se de Deus, pois vive a ilusão ao invés de realizar a Realidade.

Não temos nada a fazer nesta vida. Não temos nada a construir, nada a decidir, nada a organizar. A vida é organizada por si mesmo, ou melhor, pela inexorável ação da lei do carma e da interdependência. De nada adianta nos preocuparmos, pois ela se desenrolará da forma que tiver que desenrolar. 

No entanto, nosso futuro espiritual não. Ele depende de nossas ações espirituais atuais, ou seja, da nossa capacidade de amar a tudo e a todos de uma forma equânime e incondicional através do despojamento das coisas materiais. Nosso futuro espiritual, sim, precisa de ação urgente e imediata. Como um paciente de UTI precisa ser monitorado vinte e quatro horas por dia, mas dedicamos a ele apenas o tempo que sobra depois dos afazeres materiais.

Precisamos nos lembrar que não viemos parar nesta carne à toa. Se aqui estamos é porque antes da encarnação nos comprometemos conosco, com a nossa comunidade espiritual e, principalmente, com Deus, em olvidar todos os esforços para aproveitar a encarnação como elemento de elevação espiritual. Assumimos um compromisso empenhando nossa palavra de que daríamos até a última gota de sangue para aproveitar a chance que estávamos recebendo, mas aqui, iludidos por maya, achamos que nossas responsabilidades são outras.
Achamos que somos responsáveis pela vida nossa e dos outros, esquecendo-nos que a vida é uma dádiva de Deus. Achamos que somos responsáveis pelo futuro de nossos filhos esquecendo que eles possuem um Pai que é Onipotente, Onipresente e Onisciente. Preocupamo-nos em crescer materialmente, que a justiça sempre prevaleça, que nossos sonhos e desejos se realizem, mas esquecemos de nos preocupar em sairmos vitoriosos espiritualmente da vida.

Não estou aqui fazendo apologia ao suicídio nem à inércia, mas à ação consciente que é mais importante para a nossa eternidade. Melhor seria ser um lixeiro em paz e harmonia com o Universo à um doutor que não tem tempo para servir o próximo. Melhor seria que os outros galgassem postos mais elevados materialmente falando, mesmo que pisando sobre mim ao invés de eu ganhar, perdendo a paz de espírito, a harmonia comigo mesmo, com os outros e com Deus.

O que estou defendendo não é buscar a pobreza, mas uma mudança de foco da vida. Antes de mais nada devemos nos preocupar com nossa eternidade espiritual e não apenas em satisfazer nossos sonhos e vontades mundanos. Trabalhar não para ganhar dinheiro ou conquistar a fama, mas para servir o próximo; participar da vida para encontrar Deus e não para realizar-se.

Esta é a grande mudança que o novo tempo, a qual todos os mestres afirmam que chegará, contemplará. Não importa como você o chame (Mundo de Regeneração, Era de Aquário, etc.) o que realmente marcará a mudança da humanidade é a conscientização de que somos e sempre seremos espíritos. A partir daí as responsabilidades e objetivos mudarão e poderemos, então, finalmente aprender a viver em harmonia, paz e amor com tudo e com todos.

Portanto, a alegação de que o mundo como está nos tempos atuais não deixa buscar a Deus é mais uma ilusão criada pela mente para que possamos vencer mais uma batalha. Quem a utiliza como desculpa é porque ainda está preso à busca do bem material, mesmo que seja a dor.

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