quinta-feira, 7 de agosto de 2014

ENSINAMENTOS DE BUDA - 08 - NÃO EU

O ser muda-se constantemente (impermanência) e essas mudanças são geradas pelos seus relacionamentos (interdependência). Sendo essa afirmação uma verdade universal, podemos também afirmar que um espírito ao relacionar-se com outro, servindo de instrumento para a mudança, passa a existir dentro daquele.

Como já vimos, o ser humano é a inteligência que comanda um corpo. Essa inteligência, dentro do estágio de elevação ser humano. Esse processo baseia-se na análise das percepções através dos conceitos existentes na memória. Por isso, em última análise, podemos dizer que esses conceitos representam o próprio ser.

Se um ser possui o conceito de não gostar de outro, praticará atos que espelhem essa verdade relativa e tornar-se-á conhecido como inimigo. Se um ser possui conceitos de não querer alguma coisa, praticará atos de repudia ao que não gosta e será conhecido como não aquele que não gosta dessas coisas. Os conceitos estampam para os seres humanos a identidade do ser muito mais que qualquer outra característica.
Esses conceitos, no entanto, não são originários do próprio ser, mas foram introduzidos ao longo da evolução do corpo físico pela família, sociedade, amigos, escola. O ser não gosta de uma pessoa porque quer, mas sim porque o outro fez algo que ele não gostou, não quer alguma coisa porque alguém lhe ensinou que aquilo é ruim. Mesmo os conceitos que o ser trás da existência espiritual para a carnal são montados de acordo com o seu livro da vida ou programação de provações.

Assim, não podemos dizer que o ser é uno, mas ele é composto por todas as fontes que lhe transmitiram conceitos. É isso que quer dizer o ensinamento do Buda rotulado como não-eu: todos os elementos do universo são compostos por todos os elementos do universo.
Quando um ser bebe leite essa substância passará a fazer parte do seu corpo físico, será o corpo. Junto com o leite está a vaca que o formou, o alimento que o animal comeu, o que adubou a terra para que existisse o alimento do animal, aquele que produziu o adubo para a terra. Nesse processo iríamos até o infinito e veríamos a interdependência entre as coisas. Através da alteração de cada um dos elementos (impermanência) poderíamos ver o todo universal penetrando e compondo o ser.

Nesse livro está presente o papel e a tinta, mas também está presente a madeira que fez o papel, o sol que auxiliou a árvore, todos os insumos que foram utilizados para manter a árvore em crescimento, todos os animais que um dia pousaram nessa árvore, o oxigênio que foi produzido pela árvore assim como o gás carbônico que ela reteve. Na tinta teríamos todos os elementos químicos, o solo onde estiveram, as folhas que caíram ao solo alterando sua estrutura, a água do lençol freático.

Mas, vamos mais além. Aqui também estão os autores espirituais, os médiuns encarnados, o editor e toda a sua equipe, os que venderam, os que promoveram, enfim, um verdadeiro exército compõe esse livro. Se permanecêssemos enumerando tudo o que compõem esse livro teríamos que listar todo o universo, pois tudo compõem tudo.

Ao primeiro contato com esse ensinamento budista, muitos seres acreditam que o Buda afirmou que o ser não existe, mas isso não é verdade universal. O ser existe como individualidade, mas não como unicidade. Cada um é único porque os elementos do universo entram na composição do outro ser em diferentes graus de influência. Assim como em uma família de dez filhos teremos dez personalidades diferentes apesar de criados por pais iguais, cada ser do universo é criado por Deus da mesma forma, mas possuem individualidades diferentes.

O conhecimento e prática da qualidade da vida espiritual não-eu auxilia muito o ser na sua evolução espiritual. Se ele é uma individualidade composta pelo todo, o outro também é. Com essa visão o ser pode se ver dentro do outro, compondo o outro ser.
Quando um ser está gerando uma situação para você, é a sua própria partícula que compõem o outro que está agindo. Foi o que você fez que formou um conceito no outro que será utilizado nesse momento no relacionamento dos dois. Se provocou uma ação universalizando seus conceitos, formou um conceito universal no outro que agora servirá de base para o raciocínio que comandará o ato. Se a sua ação teve como base um conceito individualista o que receberá é um ato individualista do próximo. Essa é a causa e efeito do universo.

No planeta existe uma afirmação que diz: tudo que fizer ao universo, voltará para você. Isso é uma verdade absoluta que se compreende perfeitamente com as três primeiras qualidades da vida espiritual. Quando você promove alguma ação (física ou espiritual), pela interdependência das coisas todo o universo a receberá. Pela impermanência pode se compreender que o que você fez alterará todo o universo, tornando-o diferente do que era. Nessa nova identidade das coisas você estará presente, pois a sua ação gerou um conceito que alterou o universo. Quando o universo for agir, aquele conceito estará presente decidindo a ação. Novamente pela interdependência esta ação do universo alcançará você. Ao lhe alcançar provocará uma mudança (impermanência) que será composta também pela ação do universo. Esse é o ciclo universal, isso ocorre a cada segundo pelo tempo dos seres encarnados.

A cada segundo cada elemento ser do universo promove uma ação que, ao atingir todo o universo provocará uma mudança em todos os outros seres. Assim, de segundo em segundo, o universo como um todo vai escrevendo o seu próprio destino, apesar de estar sempre dentro dos relacionamentos diretos escritos no Livro da Vida de cada ser.

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