quinta-feira, 7 de agosto de 2014

ENSINAMENTOS DE BUDA - 03 - VERDADE RELATIVA

A verdade relativa é composta pela realidade individual que o ser vive. Toda verdade relativa representa um achar que o ser possui. Como esse ser é individualista, as suas verdades apegam-se às coisas materiais do universo.

Como explicado anteriormente, quando o ser humanizado inicia o processo de evolução moral ele já possui todo conhecimento científico do universo alcançado durante a evolução técnica. Durante o processo de evolução moral, no entanto, ele pode utilizar esses conhecimentos de duas formas: individualmente ou universalmente.

Quando o ser utiliza o conhecimento dentro de uma interpretação individual, baseada nos seus desejos e vontades, cria uma realidade para o conhecimento. Esta realidade é a verdade relativa, pois é presa à materialidade. Ela não representa a essência universal do conhecimento, mas uma adaptação dessa essência que leva a satisfação individual ao ser. Tudo aquilo que o ser achar sobre determinado assunto é uma verdade relativa. 

O ser que está no processo de evolução moral vivencia essa verdade relativa como verdade universal. Suas convicções são uma fantasia gerada pela individualização da verdade universal. Não existe realidade para esse ser, pois ele está aprisionado na falsa verdade que criou.

Quando o ser universaliza seus conhecimentos entra em contato com a realidade universal das coisas e, nesse momento atinge uma nova consciência sobre elas. Essa consciência premiará o universo e não mais a individualidade.

Para que esta individualização fique bem clara, vamos buscar um exemplo que nos permite ver diversos aspectos das verdades relativas.

Observemos a tonalidade do papel que está impresso este livro. Se perguntarmos a cor do papel, certamente a resposta única que obteremos é branco. No entanto se perguntarmos a outros seres mais universalizados, a resposta poderá ser qualquer outra cor do universo: verde, amarelo, cinza ou azul. Estarão eles errados?

Não, cada um estará dentro de sua verdade relativa. O branco não é uma cor específica, mas definido como o somatório de todas as cores, assim como o preto é a ausência de cores. Assim, qualquer cor que seja vista por um ser estará dentro do branco. Afirmar que o papel desse livro é de uma determinada cor depende, então, do ponto de vista ou consciência que cada um tiver.

O universo é assim: tudo está dentro de tudo e depende de tudo para existir. Esse ensinamento será mais bem compreendido quando falarmos das ‘Seis Qualidades da Vida Espiritual’, mas por enquanto é necessário que se alcance essa compreensão para que se forme a consciência da existência da verdade relativa.

A verdade relativa é uma individualização da verdade universal ou absoluta, ou seja, é a verdade universal analisada a partir de determinado direcionamento dos conceitos. O ser que se prende à percepção gerada pela cor que leva esse rótulo (branco) estará individualizando o conhecimento universal que afirma que branco é o somatório de todas as cores.

Preso a individualização, o ser não permanecerá feliz, pois terá que reagir contra aquele que traduz essa cor por um rótulo (nome) diferente. Ele afirmará que o outro está errado e que ele possui a verdade universal sobre a coisa. Dessa forma estará cedendo a uma tentação, ou seja, individualizando um conhecimento universal. Uma prova não foi vencida pelo ser encarnado.
A consciência crística se traduz em um pensamento filosófico: só sei que nada sei. O ser que pretende evoluir-se moralmente precisa abandonar todas as suas verdades individuais (saber) para poder compreender universalmente o universo que habita.

No nosso exemplo, enquanto o ser individualizar a cor como branca, estará alheio à realidade universal dela: conjunto de todas as cores. Para alcançar a evolução moral o ser precisa nada saber. Quando isso acontecer, como resposta ao questionamento de que cor é essa, terá a percepção: uma cor universal. Isso é verdade universal que jamais será contrariada.

O branco não pode ser branco porque, na verdade, não existe o branco absoluto. O que é chamado de branco é uma cor que possui um determinado matiz. Quem trabalha com cores como profissão (gráficos, artistas plásticos) compreende o que está sendo afirmado agora.
Para esses a cor é formada de milhões de matizes. O branco poderá ser composto por milhões de matizes diferentes que o leigo não perceberá. Tudo depende da consciência, ou conjunto de fatores que cada um possui dentro de si.

Aquele que necessita de melhor compreensão sobre as cores aprofunda o seu conjunto de fatores sobre esse aspecto especificamente e compreende que aquilo que o ser generaliza é multifacetado. Os elementos do universo são muitos mais detalhados do que o ser possa sequer imaginar dentro do processo de evolução moral. É por não compreender até a ínfima partícula das coisas que o ser generaliza. Essa generalização, entretanto, é uma individualização, pois altera a verdade das coisas ao sabor do querer do ser.

Além disso, o branco não é branco, mas pode ser white, blanco, blanc, bianco, weiß. Todos esses vocábulos definem a cor branca de acordo com locais e raças dos seres humanos. Cada um desses nomes é uma individualização do universal.

Não se trata apenas de uma questão de semântica ou de linguística, como à primeira observação possa parecer, mas sim de um fator de individualização da consciência. Qualquer rótulo que se dê a elementos do universo é individualização do universal.

O rótulo branco foi criado para os seres encarnados que não compreendem a pigmentação das cores universais. Ater-se na pigmentação das cores gera individualismo, pois o ser criará uma individualização (gostar ou não gostar) de determinadas pigmentações.

Tanto o rótulo, os matizes como a pigmentação de uma cor é individualidade de uma verdade universal: o elemento cor. Eles representam verdades individuais, pois variam de acordo com a consciência (conjunto de valores) de cada ser. O ser universal busca a verdade universal do elemento, sem se preocupar em colocar qualquer qualificação a ele.

Portanto a cor branca não é o somatório de todas as cores, não é um determinado matiz nem um rótulo, mas um elemento universal. O elemento universal cor de cada objeto existente no planeta Terra é mais uma prova que Deus coloca para que o ser, ao universalizá-lo, possa alcançar a felicidade universal. Quando isso acontecer, não mais precisará de uma determinada cor para ser feliz, mas estará sempre feliz com qualquer matiz que o objeto tiver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.