Quando falo em humanidade não estou falando
do ser humano e nem em realizações, mas que existe um sistema humano de
viver. Esse sistema humano de viver é o que lhe faz se afastar de Deus,
pois existe um sistema espiritual de vida que é diferente desse. É isso
que vocês não entendem.
Deixe-me falar algo. Porque você escolheu esta roupa para estar aqui?
Será que foi porque achou bonita? Não. Até esta roupa chegar ao seu
guarda roupa e ser vestida hoje todo um sistema de vida influenciou.
Na verdade quem escolheu essa roupa para você estar aqui não foi
você, mas este sistema. Ao pensar em estar aqui todo um sistema de vida
influenciou na escolha da roupa. Garanto-lhe que se fosse para um
casamento hoje, não teria escolhido esta roupa, não é mesmo? Por quê?
Porque o sistema humano diz que há uma roupa específica para ir a um
casamento e outra para momentos menos cerimoniosos.
Portanto, existe todo um sistema que você não vê, mas que é a base do
raciocínio que lhe leva a agir de um determinado jeito. Só que você
acredita que age daquele jeito porque quer, porque acha bom e certo. Na
verdade, vocês são bois levados para o matadouro passivamente por este
sistema. Mais: são levados achando que estão fazendo o certo…
Participante: então não devíamos estudar espiritualidade, mas estudar a vivência dos acontecimentos humanos…
Sim…
Aliás, há quase quatro anos fizemos um estudo chamado ‘Em Busca da
Felicidade’. Naquele momento a primeira coisa que falei a respeito da
evolução espiritual foi que para fazê-la deviam esquecer qualquer
assunto relacionado ao espírito e à espiritualidade. Essas coisas são
cultura inútil porque a mente humana não possui um sentido e informações
para que possa gerar uma perfeita compreensão a respeito das coisas
espirituais.
Quando fizemos uma conversa numa Faculdade Espírita, há
aproximadamente três anos, eu disse que ao invés de estarem ali
estudando fenômenos espíritas, aqueles seres deveriam estudar o viver a
vida. Deveriam tentar compreender o sistema humano de vida e buscar nos
mestres o sistema espiritual de vida correlato para que possam orientar
os espíritos encarnados a aprender a vivenciar os acontecimentos de uma
forma vinculada ao sistema espiritual e não ao material.
Participante: nós atrapalhamos nesta batalha…
Não, vocês não atrapalham: são atrapalhados pela humanidade, já que a
função dela é lhe tentar. Ela não é culpada nem errada por fazer isso e
nem vocês por terem esses pensamentos. A mente faz questão de lhe
atrapalhar a sua vivência espiritual para lhe dar uma oportunidade de
libertar-se dela. Se ela não lhe der essa oportunidade, jamais
conseguirá vencê-la e com isso não aproveitará a oportunidade da
encarnação.
Portanto, não há nada errado. O que está acontecendo é apenas uma
coisa: vocês acreditam em espírito e em encarnação, mas ainda acham que
nasceram num determinado dia, que vão morrer num dia, que fazem, querem
ou gostam de algo, ou seja, ainda creditam que são humanos.
Olha que coisa. Vocês sabem que são espíritos, mas acreditam que são
humanos. Justamente por acreditarem que são humanos é que se deixam
levar pelo sistema de vida humano e com isso perdem a oportunidade da
encarnação.
Tem uma frase que já usei: você precisa se conscientizar de que não é
um ser humano vivendo uma aventura espiritual, mas sim um espírito que
está tendo uma experiência humana. Enquanto achar que você nasceu em
determinado dia, nada conseguirá…
Quer ver um exemplo do que acabei de falar? Por favor, qual o seu nome?
Participante: Maria.
É esse seu nome? Você sabia que espírito não tem nome?
Participante: é o meu nome agora…
Não, este é o nome da sua humanidade e não o seu. Enquanto achar que
este é o seu nome estará compactuando com esta humanidade, pois a Maria,
que acredita ser você, é o nome da humanidade e não o seu.
Desculpe continuar perguntando. Você é mulher ou homem?
Participante: sou mulher…
O espírito não tem sexo. Como é que você, que sabe que é um espírito,
ainda vive como uma mulher, ainda acredita ser do sexo feminino?
É por aqui que é preciso começar todo o trabalho da elevação
espiritual. Enquanto você se achar mulher ainda existem aspectos do
sistema humano de vida que serão usados para cobrar atitudes das outras
pessoas porque eles dizem que determinadas coisas precisam ser feitas
para as mulheres.
Uma mulher não pode fazer isso, o homem precisa agir de determinada
forma com uma mulher. Tudo isso vocês aceitam porque apesar de saberem
que são espíritos vivem como mulher ou homem.
Participante: o quanto dessa matéria interfere no espírito? Existem hormônios e outras coisas que interferem na vivência diária.
Eu lhe pergunto: espírito tem hormônio?
Participante: não, mas nós sentimos a interferência deles…
Não, você não sente esta interferência. Quem sente é a sua mente…
Você já ouviu falar de pessoas que perderam o pé e ainda têm coceira
no membro amputado? Como pode isso acontecer? Onde está a coceira? Será
que está no pé que não está mais lá?
Participante: é a questão das dores fantasmas?
Não. Não se trata de uma dor fantasma, mas sim de uma dor igual a
qualquer outra, pois toda dor é gerada pela mente e não pelo corpo.
Portanto, não é o hormônio que lhe atrapalha, mas sim a mente. Sabe
porque ela lhe atrapalha? Porque você acha que é mulher… Porque acha que
você é a mente e isso não é verdade: ela é o ser humano, o tentador.
Ela existe para lhe impulsionar para o lado humano.
Você acredita em O Livro dos Espíritos?
Participante: sim…
Acredita, também no que a sua mente diz? Acha que ela está certa?
Participante: sim…
Pois saiba, sem ofensas, que você está vivendo de uma forma hipócrita.
Em O Livro dos Espíritos há duas questões importantes para aqueles
que acham que suas mentes estão certas. Kardec primeiro pergunta o que é
melhor para guiar a vivência do ser encarnado: o raciocínio ou o
instinto? O espírito da Verdade afirma que é o instinto. Kardec volta a
perguntar: quer dizer que a razão não é guia infalível? A resposta é
não, a razão não é guia infalível porque é mal educada, orgulhosa e
vaidosa.
Isso está escrito em O Livro dos Espíritos, que você diz acreditar,
mas apesar disso ainda se deixa guiar pela razão. Esse é o problema.
Vou falar uma frase que tenho dito e na qual devem colocar muita
atenção: o problema é falta de vergonha na cara. Não estou ofendendo
ninguém, mas o problema é que o espiritualista diz que acredita em
espírito, mas não quer viver como Cristo viveu. Não quer oferecer a
outra face, cumprimentar seu inimigo, ser crucificado…
Acredita em O Livro dos Espíritos, mas não age como está lá ensinado.
Acredita em Buda, mas não luta para não se apegar às suas posses,
paixões e desejos. Isso mostra claramente que para vocês espiritualidade
é apenas cultura e que sua busca espiritual é apenas a busca de
informações.
Esse é o grande problema: o que está faltando hoje em dia é prática.
Ninguém quer praticar o que os mestres ensinaram. Durante esta conversa
vamos entender porque isso acontece. Basta você colocar em prática o que
ensinaram os mestres que consegue aproveitar esta encarnação.
Por isso, desculpe, mas não é o hormônio que interfere no seu vier.
Ele faz a mente agir de determinada forma, mas não você. O problema é
que você aceita o que a mente diz placidamente porque acredita que é
ela. Esse é o problema.
Por isso já havia dito anteriormente que só dá para começar este
trabalho de busca de Deus quando o espiritualista assumir uma dupla
personalidade: ele e ele mesmo. Ele, a mente, o humano; ele mesmo,
aquilo que chama de espírito…
Depois dessa conscientização é preciso trabalhar esta relação para
não deixar a mente, que é influenciada pelos hormônios, pelos conceitos,
pelos códigos e normas humanos, dominar você, o espírito…
Participante: como fazemos para colocar o que o senhor ensina na prática?
Vivendo…
Participante: a gente acaba vivendo o que acha certo e não vê o que está errado…
Desculpe-me, mas não existe nem certo nem errado. Portanto, se sua
mente lhe disser que algo que fez está certo, não acredite nisso; se ela
disser que algo está errado, também não acredite…
Participante: mas, como é que eu vou fazer para viver?
Esse é que é o problema. Vocês ainda querem fazer alguma coisa enquanto estar com Deus é não fazer nada no mundo material.
Participante: mas, eu tenho que viver na matéria.
Não, a matéria vive por ela. Você como Krishna ensina tem aprender a assistir a matéria. Nós vamos chegar lá na nossa conversa…
O primeiro detalhe que quero falar na conversa de hoje e que espero
que fique bem claro é que existe um sistema humano de vida que conduz
vocês vinte e quatro horas por dia. Vocês acham que escolhem a roupa,
que fazem, que têm, mas na verdade é um sistema que direciona a sua
forma de ser.
Este sistema tem múltiplas faces. Têm uns que são mais bondosos,
outros que são menos. Isso não importa, pois a forma de ser de cada um é
ditada por um sistema humano de vida. Existe um sistema que guia o
bondoso e outro que guia o não bondoso. Isso não importa. O importante é
ter a consciência que seja o que for o ser humano, ele está sendo
guiado por um sistema de vida e não a partir de sua própria consciência.
Participante: isso nós não aprendemos na vida…
Sim, porque a vida não quer que vocês aprendam isso. Porque ela não
quer? Para não despertarem, para não saírem do sono que estão onde acham
que fazem alguma coisa porque querem.
Participante: a própria escola faz isso com as crianças pequenas…
Sim, você faz isso com seus filhos, seus amigos fazem isso com você, a
televisão, o jornal fazem isso com todos. Isso acontece com todo mundo
porque todos estão dentro do sistema. Não há ninguém acordado, por isso
não há ninguém para lhe despertar: só para lhe prender mais ao sistema.
Todos estão dentro de um sistema e o que eles querem na verdade
quando lhes propõe mudar é que abandone o seu sistema e passe a viver o
dele. Se fizer isso, terá apenas trocado seis por meia dúzia, ou seja,
continuará servindo a humanidade.
Ficou clara esta questão. Então, vamos um pouco mais para frente…
Fonte: http://meeu.com.br/ceu/o-guia-do-ser-humano/
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