Quanto ao fim do ser humano, isso causar dor, é
outra coisa que precisamos conversar. Isso porque a questão de acabar, ter um
fim, é algo interessante e que por isso precisamos abordar neste momento.
O
que é o fim de alguma coisa? É o término, a extinção. Quando algo chega ao fim
acabou, não existe mais.
A partir disso, pergunto: quando o ser humano pode
ter a consciência de que acabou, que chegou ao fim? Nunca. Você, o ser humano,
nunca terá a consciência de que foi extinto. Vou explicar o que estou
afirmando.
Enquanto não acabar, não pode haver a consciência de ter acabado.
Depois que acabar, que foi extinto, o ser humano não tem mais consciência. Como,
então, pode haver a consciência de ter acabado? Sendo assim, o ser humano jamais
terá consciência de ter sido extinto, pois para que ela existisse, não poderia
ter havido antes a extinção.
Chegamos, então, a mais uma questão que a
pessoa que me questiona neste momento coloca na sua pergunta: a pena pela
extinção do ser humano. Para que ter pena do ser humano pelo fato dele ser
extinto um dia, se ele não sofrerá por isso, já que não terá a consciência de
ter sido extinto? Antes de chegar ao fim, o ser humano não sofre esta dor e nem
poderá sofrer depois que isso acontecer, pois não terá mais consciência de nada.
Essa questão do fim é muito importante. O fim é o término de tudo e quando
alguma coisa acaba, é extinta, não mais existe e é como se nunca tivesse
existido. Isso vale, por exemplo, para relacionamentos amorosos,
afetivos.
Digamos que você seja amigo de uma pessoa e de repente a amizade
acabe. No momento seguinte que ela acabar, já acabou, e por isso posso dizer que
não existe mais e é como se nunca tivesse existido. Sendo assim, porque sofrer
por algo que nunca existiu?
O problema é que acham que depois de extinto
alguma coisa pode continuar existindo. Isso é impossível. Se a amizade acabou,
ela encerrou, não existe mais. Sei que é difícil entender o que estou dizendo.
Por isso vou tentar explicar melhor.
Quando uma amizade acaba, o que passa a
existir é a lembrança dela ter existido e não mais ela. Por causa da
identificação com a mente, a lembrança passa a ser vivida como algo real, algo
que afirma que a amizade existiu, mas ela não existe mais.
A partir daí você
poderia me perguntar: ‘esta amizade não pode voltar’? Eu digo que não. O que
pode haver é uma nova amizade com a mesma pessoa, mas não mais aquela.
Repare numa coisa. A amizade que você tem com uma pessoa existe dentro de um
determinado nível, é formada por alguns parâmetros. O que a levou a acabar, seja
em que aspecto for, causará marcas que fará com que a nova amizade, se ela
viver, seja vivenciada em um nível diferente, com aspectos diferentes. Por isso,
não será a mesma amizade que voltará, mas uma nova.
Isso é importante para
compreenderem a questão do fim. Fim é fim: depois que algo acaba, não existe
mais. Por isso é preciso que trate como nunca houvesse existido para que não
deixe que aquilo que acabou traga reflexos para a vida, para o momento atual.
Isso serve inclusive para a morte. Quantos têm medo da morte? Mas, se ela é
o fim, se não há nada depois dela, se marca a extinção do ser humano e se este
só terá a consciência de que morreu depois da morte, não haverá a consciência de
que morreu. Para que, então, ter medo dela?
Vocês tem medo de morrer e ficar
se lamentando por causa disso. Garanto que isso jamais acontecerá. Isso porque
se a morte for o fim, você jamais saberá que morreu. Mas, se existir vida depois
da morte, para que lamentar ter perdido a vida? Se souber que morreu, você não
está morto.
A perfeita compreensão sobre o fim é necessária porque sem ela
existe sofrimento. O fim é o ponto final e nada existe depois. Portanto, depois
que o fim chegar, nada pode afetar mais aquilo.
Enfim, está aí mais uma forma
de ter o poder da felicidade. Se a sua mente cria durante o trabalho de não
identificação com ela a pena do ser humano, não tenha isso. Não tenha pena do
sofrimento que esse ser possa ter, pois ele possui apenas a ideia de sofrer, mas
não sofre verdadeiramente. Também não tenha pena pelo fato dele acabar um dia,
porque quando isso acontecer nem lembrará do dia que existiu.
Portanto,
fique tranquilo. Continue buscando a sua não identificação e a sua mente
novamente lançar a ideia que hoje lhe aflige, diga: ‘não preciso ter pena do ser
humano’.
Com as graças de Deus.