Certa vez, Narada (um grande sábio) disse a
Krishna:
“Senhor,
mostre-me Maya (Ilusão Cósmica)”.
Alguns
dias se passaram e Krishna convidou Narada para um passeio pelo deserto e,
depois de andarem algumas milhas, Krishna disse: “Narada, estou com sede; você
pode trazer-me um pouco d’água?”
“Partirei imediatamente, senhor, para buscar sua água.” Assim,
Narada partiu.
Não
muito longe havia uma aldeia; entrou nela à procura de água e bateu numa porta,
que foi aberta por uma linda mocinha. Ao vê-la, ele se esqueceu, imediatamente,
que seu Mestre esperava pela água, talvez morrendo de sede.
Esqueceu tudo e começou a conversar
com a moça. Decorrido o dia todo, ele não voltou ao seu Mestre. No dia seguinte,
lá estava ele de novo a conversar com a mocinha. A conversa transformou-se em
amor; ele pediu a garota em casamento e eles se casaram e tiveram filhos.
Passaram-se assim doze anos.
Seu sogro faleceu e ele herdou sua propriedade. Vivia, como
pensava, uma vida muito feliz com sua esposa e filhos, com seus campos e o gado
e assim por diante. Então, houve uma enchente. Certa noite, o rio encheu-se até
transbordar e inundar toda a aldeia. As casas caíram, homens e animais foram
arrastados e afogados e tudo flutuava na violência da torrente. Narada teve de
fugir. Com uma das mãos segurava sua mulher e com a outra dois de seus filhos;
outro filho estava em seus ombros e ele tentava atravessar aquela tremenda
inundação. Após dar alguns passos, viu que a corrente estava forte demais e a
criança que estava em seus ombros caiu e foi carregada pelas águas. Narada
soltou um grito de desespero. Ao tentar salvar a criança, largou uma das outras,
que também se perdeu. Finalmente, sua mulher, que ele agarrara com toda sua
força, foi arrebatada pela torrente e ele foi arremessado às margens, chorando e
soluçando com amargas lamentações.
Atrás
dele surgiu uma voz delicada: “Meu filho, onde está a água? Você foi procurar um
bocado d’água e estou esperando por você. Já faz meia-hora que você partiu.”
“Meia-hora!“, exclamou Narada. Doze
anos tinham se passado em sua mente e todas essas cenas aconteceram em meia
hora! É isto que é Maya.
E, houve
uma interpretação assim do mito:
"Quando
Krishna pede a Narada um pouco de água, seria como uma alma recebendo uma missao
a cumprir, logo sua “Verdadeira Vontade”, e sua ida ate a aldeia significaria a
“queda”, encarnacao. A bela jovem e o romance que se origina sao como prazeres
mundanos, entao Narada opta por nao cumprir sua missao (livre arbitrio) e se
entrega a uma vida boa, sem se preocupar com qualquer outra coisa, pois pensa
ter tudo que deseja. Mas chega um ponto onde tudo termina, onde tudo em que
Narada se prendia foi tirado dele pela mesma coisa que ele deveria buscar, algo
como se a morte chegasse e nosso personagem nao entendesse o que acontecera e
fica um tempo vendo tudo se perdendo num sofrimento pos morte… limbo ou outra
terminologia equivalente. Por fim, Krishna pergunta sobre sua missao e Narada se
lembra do que deveria fazer, mas acha que se passou muito tempo, pois tem uma
visao limitada sobre o assunto (uma vida sendo muito tempo), ao qual Krishna o
consola lembrando que ele ainda tem muito tempo de sobra, ou muitas encarnacoes
pela frente."
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.