Em que posso ajudá-lo? O que você precisa que o levou a nos chamar aqui para
ajudá-lo?
Participante: pai, de um tempo para cá minha vida mergulhou num
abismo...
Em que sentido?
Participante: tudo tem dado errado. Qualquer
coisa que eu tento fazer para trabalhar os caminhos se fecham...
O que você
chama de fecharem-se os caminhos?
Participante: coisas que eu preciso fazer e
que dependo dos outros, por exemplo. Eu faço minha parte, mas as pessoas não
fazem a deles. Além disso, há momentos em que preciso fazer alguma coisa, mas na
hora de realizar me vem pensamentos negativos e acabo não conseguindo fazer
nada.
Resumindo, você está no fundo do poço. É isso?
Participante:
sim...
Para começar a lhe orientar em como alcançar felicidade, peço que me
fale um pouco de você mesmo.
Participante: o que o senhor quer saber
especificamente?
O que lhe vier à cabeça neste momento...
Participante:
chamo-me José, tenho 40 anos e sou gestor financeiro. Já fui muito inseguro.
Continuo um pouco ainda, mas posso dizer que melhorei. Que mais eu falo? É
difícil falar de nós mesmos...
Sim, é uma grande dificuldade, mas que precisa
ser vencida... Vamos entender o porque disso...
Há um detalhe que os humanos
dificilmente compreendem e você, se já conheceu nosso trabalho, deve ter me
ouvido falar nele: não existe vida, mas sim encarnação. Sendo isso verdade,
posso dizer que a personalidade humana que é vivenciada neste período é um
instrumento da encarnação.
A partir do que acabei de falar, posso dizer que
você vem à carne ligado a uma determinada personalidade com o objetivo de
vencê-la. Deixe-me tentar lhe explicar esta questão mais detalhadamente e falar
também das implicações desta consciência para se alcançar a felicidade...
O
espírito quando desencarna – e o desencarne ao qual estou me referindo não se
trata do que vocês conhecem como morte, mas o momento em que o ser universal
recobra a sua consciência espiritual – reconhece as suas falhas durante a última
vida carnal. Não falo em reconhecer erros porque isso não há, mas em reconhecer
naquilo que ele falhou durante a encarnação.
A literatura espírita fala
deste momento da existência do ser. Ela o descreve como o momento em que o
espírito, ao voltar ao mundo espiritual, vê as histórias da encarnação que
acabou de deixar e avalia como se comportou em cada um deles. É esse o momento
que estou afirmando: aquele em que o ser universal, após recobrar a sua
consciência espiritual, verifica as suas falhas, ou seja, reconhece aquilo que
está lhe afastando da perfeição.
Sei que usei antes a expressão ser feliz e
agora estou falando em alcançar a perfeição. Aparentemente as duas coisas podem
não parecer sinônimas, mas se levarmos em conta o que está na resposta do
Espírito da Verdade à questão 115 de O Livro dos Espíritos, nós veremos que
são:
“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber.
A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer
chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para
aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna
felicidade”.
Depois deste momento, o espírito irá passar por um trabalho –
que na literatura espírita é chamado de estudo, mas eu não chamarei assim porque
estudo é algo humano – de observação de como aquelas falhas o leva a viver longe
da perfeição.
Para poder entender melhor o que estou mostrar, vamos dar nome
a algumas coisas. Ser vaidoso, por exemplo, afasta o espírito da sua perfeição,
pois o ser, quando liberto da humanidade e de posse de sua consciência primária,
não vive vaidade. Usando este exemplo que acabamos de dar, posso dizer que o
espírito depois que sai da carne repassa acontecimentos da vida humana. Nesta
revisão do que aconteceu durante a encarnação ele observa que usou a vaidade. No
momento que faz esta observação, por estar de posse de sua consciência
espiritual, descobre o quanto esta vaidade lhe afastou da perfeição, da
felicidade.
Antes de continuarmos nossa conversa, vamos abrir um
parêntese... Vamos ver um pouco mais sobre a questão da perfeição que estou
falando.
O que é um espírito perfeito? Já falei que é aquele que vive a pura
e eterna felicidade, mas há outra característica que devemos levar em
consideração. O espírito puro é aquele que vive com Deus, em Deus, para Deus...
Falo isso sem levar em conta qualquer que seja a verdade que você tem sobre
Deus. Não importa o que você acredite que seja Deus, o espírito perfeito é
aquele que vive em Deus, com Deus e para Deus.
Voltando à questão do
espírito que acabou sua encarnação, posso, então, dizer que ele reconhece nele
tudo aquilo que não lhe deixa viver em Deus, com Deus e para Deus. Nesta
observação que faz, por estar de posse de sua consciência espiritual, descobre
como determinada atitude que teve durante a encarnação lhe afasta da convivência
com o Senhor.
Este processo não é rápido, não é instantâneo, mas demora
algum tempo. Ao final dele, ou seja, depois de algum tempo de observação dos
acontecimentos da última encarnação, o espírito se conscientiza que ter vaidade,
que é o exemplo que usamos, não lhe deixa chegar à perfeição. Quando isso
acontece, se declara pronto para vencer esta barreira que existe entre ele e a
convivência com Deus. Para isso pede uma nova encarnação onde possa, então,
vencer esta forma de viver...
Na verdade, a encarnação não tem como
finalidade aprender as barreiras que afastam o ser de Deus. Isso porque, no
mundo espiritual, ao se conscientizar de que ter determinadas posturas o afasta
do Senhor, ele já aprendeu. Agora, durante a vida humana, o que ele vai fazer é
provar a si mesmo que realmente se conscientizou disso.
Portanto, o espírito
depois deste período já sabe que determinada postura o afasta de Deus, já sabe
que precisa vencê-la e neste momento retorna à carne para provar, a si mesmo,
que aprendeu esta lição.
O processo da elevação espiritual ou da busca da
vivência da felicidade é igual à escola humana... Durante os cursos que os
humanos fazem, os alunos em sala de aula estudam diversos assuntos. Durante as
aulas os professores fazem diversas perguntas para verificar se realmente os
alunos compreenderam o assunto estudado. Mesmo que o professor fique satisfeito
com o aproveitamento da turma, depois de determinados períodos de tempo eles
precisam fazer uma prova de que realmente aprenderam o assunto.
Como o
espírito que passou pelo processo de reconhecimento de suas falhas e reencarnou
pode provar a si mesmo, não a Deus, porque Ele é Onisciente e por isso já sabe
tudo, que aprendeu que a vaidade, que é o exemplo que estamos usando, o afasta
do Pai? Sendo instigado a ser vaidoso, mas libertando-se da vaidade.
De tudo
isso que falamos, então, posso depreender que o espírito vem à carne ligado a
uma personalidade que possui vaidade humana, que é o reflexo exato do que ele
era no momento do último desencarne e que já descobriu que não deve ser daquele
jeito, para provar que venceu todas as características que estão presentes
naquela personalidade...
Participante: só que quando ele encarna vem o véu
do esquecimento...
Sim, vem o véu do esquecimento e ele não lembra que veio a
esta vida para provar. Este processo se consiste no primeiro instrumento para
que ele tenha a sua provação: se esquece de que é o espírito e acredita que é a
personalidade à qual está ligado neste momento...
Qual o seu
nome?
Participante: José...
Não. Este é o nome da personalidade à qual
você, espírito, se ligou para poder provar a si mesmo que aprendeu o que lhe
afasta da convivência com Deus.
O que acontece é que conforme você vai
vivendo na carne se esquece de que é o espírito e se convence de que é o José,
mas isso não é real. José é a personalidade que contem tudo aquilo que de posse
da sua consciência espiritual você aprendeu que não serve para você porque o
afasta de Deus.
Esta é a importância do conhecimento sobre si mesmo. Só
tendo a consciência exata do que está presente na personalidade com a qual
convive hoje você poderá saber aquilo que se convenceu que não deve ter, pois o
afasta da convivência com o Pai.
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