Participante: qual o
significado da passagem bíblica de Jesus expulsar os vendilhões do
templo à luz do que discutimos sobre deixar o outro ser, estar e fazer o
que quiser, sem qualquer julgamento?
No início de sua pergunta você me questiona sobre o significado de uma
passagem bíblica. As passagens narradas pela Bíblia são acontecimentos
humanos. Por isso lhe pergunto: qual o significado de qualquer passagem
humana? A teatralização de uma prova. Qualquer passagem que envolva
seres humanos é uma provação para o espírito.
Este é o significado desta passagem para os humanos, mas qual seria o
sentido espiritual dela, ou seja, que provação está sendo colocada? Não
comercialize com Deus. Na casa do meu Pai não se pode fazer negócio.
Compreendido este significado, pergunto: esse ensinamento é seguido? Eu
diria que não… E não pensem que estou falando da livraria do centro
espírita ou da quermesse do padre. Isso, na verdade, não tem problema.
A minha pergunta é a seguinte: será que as pessoas ainda vão ao centro, à
casa espírita, a igreja buscando receber algo em troca? Será que
procuram nestes lugares ganharem alguma coisa, nem que seja a sua
elevação espiritual? Se a resposta é sim, elas estão comercializando com
Deus. Os seres humanizados vão aos locais de adoração não para
encontrar a sua espiritualização, mas como uma negociata com Deus: ‘eu
vim até aqui, agora o Senhor tem que me dar o que eu quero, o que vim
buscar…’
Será que Cristo vai ter que voltar a este planeta e viver a teatralização de sentar o chicote em vocês? Eu acho que sim, não é?
Este é o primeiro ponto que queria abordar aproveitando a sua pergunta.
Agora, vamos ao que realmente você perguntou: Jesus julgou? Eu lhe
respondo que não!
Julgamento é alguma coisa interna. Você estava dentro da mente de Jesus
para ler o pensamento que ele teve naquele momento para poder afirmar
que julgou alguém? Não! Mas, você julgou Jesus não foi? Claro que sim,
pois quando me diz ele julgou sem ver o que ia no mundo interno dele,
você o julgou, avaliou o que ele poderia estar pensando.
É exatamente o que eu acabei de dizer: o ato humano serviu como prova. E
você caiu… Caiu porque se ligou a ideia que a mente criou afirmando que
Jesus tinha julgado para poder fazer aquele ato.
É isso que quero que vocês compreendam: toda passagem bíblica é ato, é
prova. Portanto, não julguem nada do que virem escrito lá, mas apenas
busquem a essência do ensinamento e tentem aplicar à vida de vocês.
Deixe-me lhe dizer algo. Nesses quinze anos que tenho trabalhado junto à
vocês tenho ouvido tantas coisas serem atribuídas a Jesus, coisas
referentes ao seu mundo interno, que fico admirado, mais uma vez, pela
capacidade da mente humana criar ideias para o outro.
O que você fez na sua pergunta é a mesma coisa quando vocês encontram
uma pessoa e afirmam para si mesmos: ‘aquela pessoa agiu daquele modo
porque ela pensou isso, porque ela sabia disso, porque ela queria
aquilo’. Vocês acham que têm a capacidade de ler o que está por dentro
de cada um. Isso é julgamento.
O pior é que além de não verem que estão julgando, muitos ainda se
vangloriam de agirem assim. Dizem: ‘eu tenho a espiritualidade aflorada
porque eu sou capaz de sentir o que está se passando dentro daquela
pessoa. Eu tenho uma intuição bem grande e sei o que acontece o que os
outros acham e pensam’.
É preciso tomar muito cuidado com a mente. Ela enrola e engana vocês,
justamente para lhes prender a ideias como a de que Cristo julgou ou de
saber qual a intencionalidade de uma pessoa ao agir. Cuidado, viu
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