terça-feira, 21 de novembro de 2017

Carta de Paulo aos romanos

A Carta de Paulo aos Romanos é um dos textos da Bíblia Sagrada e, por isso, uma das bases da doutrina católica. Essa mesma religião, dizendo seguir esta doutrina, defende os sem-terra como pobre-coitados e acusa outros de não saber amar porque tem terras demais e não as partilha.

Cristo não tinha terra... Cristo não buscou ser proprietário de terras ou de qualquer outro bem material por motivo algum, nem mesmo para depois dividi-lo entre os necessitados. Quando dividiu algo que poderia ser chamado de material entre aqueles que o seguia, o mestre fez o milagre da multiplicação dos pães e peixes – na verdade estes alimentos eram os mesmos manás do céu que alimentaram Moisés e os seus seguidores – ou seja, não dividiu elementos materiais. 

Precisamos acabar com as falsidades, como por exemplo, de usar a religião para acabar com o sofrimento do mundo. Ficou provado, pelo que estudamos até aqui, que a ação de Deus propondo sacrifícios aos seres humanizados para que eles possam exercer a fé, é a causa do sofrimento do mundo. Como então, falar em nome de Deus e propor o fim destes sacrifícios?

Veja a situação de Abraão. A fé dele foi o fato gerador do filho que recebeu como dádiva de Deus. Mas, o exercício da fé durante a proposição de doar este mesmo bem ao Senhor, foi o gerador da sua glória espiritual. 

É isso que precisamos compreender. Deus não deu o filho a Abraão e depois o diabo veio tomar. Quem deu foi o Senhor, mas também foi o Pai que veio tomá-lo. Mas, Deus não deu o filho para que o profeta se locupletasse, mas para criar as condições necessárias para o posterior exercício da fé. 

Precisamos compreender que a ação de Deus está tanto nos acontecimentos que são tratados como positivos, quanto naqueles que é compreendido como negativo, durante a vida. Digo isso para que os seres humanizados pararem com a história de que existe culpado da pobreza, do assassinato, das desgraças, das doenças...

Não existem culpados, porque tudo é ação de Deus: tanto aquilo que vocês gostam ou não. A ação do Senhor não se prende a estes conceitos humanos, mas é sempre gerada no sentido de promover uma oportunidade de trabalho para os seres humanizados: exercer a sua fé. Por isso ela não pode ser qualificada como boa ou má, certa ou errada, justa ou injusta: é sempre Perfeita, pois é fruto da Justiça Amorosa do Pai. 

Que a igreja, então, que comece a ensinar os sem-terra a ter fé – e eu estou pegando esta situação apenas como exemplo - e não os incite a lutar por terras para ele.

Esta postura seria a mesma coisa que os apóstolos lutarem para salvar Cristo dos romanos. Acho que devem lembrar da passagem de Pedro no monte do calvário quando quis salvar Cisto, não?

Então, eles chegaram, prenderam Jesus e o amarraram. Mas um dos que estavam ali com Jesus tirou a espada e cortou a orelha do empregado do Grande Sacerdote. Aí Jesus disse:
Guarde a sua espada, pois quem usa a espada será morto ela espada. Por acaso você pensa que, seu pedisse ajuda ao meu Pai, ele não mandaria logo doze exércitos de anjos? Mas, nesse caso, como poderia se cumprir o que as Escrituras Sagradas dizem que é preciso acontecer? (Mateus – capítulo 26 - versículos 54 a 54).

Não contra quem defender alguém. Não há isso nos ensinamentos de Cristo: o que há é o exercício da fé para se viver aquilo que o Pai quer que aconteça...

Mas, não é só através de Cristo que ouvimos isso. Todos os ensinamentos de todos os mestres não incitam o ser humanizado a alterar a vida, mas ensinam que a existência carnal é um campo de prova para a fé.

Participante: Sei que o senhor usou apenas como exemplo o caso dos sem-terra, mas para ficar mais claro, também o continuo usando. Não será no sentido de promover o universalismo (universalizar a terra) que a igreja incita e defende os sem-terra? Este universalismo não é o mesmo que o senhor prega?

Não, o universalismo que prego é a perfeita convivência com o Universo do jeito que ele está e não universalizar através da mudança da realidade ilusória.

Universalismo é dizer aos sem-terra que eles não possuem propriedades e precisam aprender a conviver com este fato com felicidade para que possam receber a glória de Deus. Com isso não estou incitando o fato de jamais possam ter, pois se isso estiver nos planos da encarnação, receberão de jeito ou de outro. Universalismo é não incitar a luta acusando outros de serem errados, pecadores ou diabo.

É por isso que disse que não é a mesma coisa... A igreja incita a luta – não estou falando que ela incite a violência, mas o lutar. Nosso Universalismo é diferente: propomos promover a reforma agrária não a partir da luta, mas através do exercício da fé, para que Deus possa, se for o caso, realizá-la. Mas, se isso não estiver nos planos da encarnação, também não terá mais importância, pois quem exercitou a fé já alcançou o maior bem que pode ter: sentir a glória de Deus derramando-se sobre ele. 

Participante: É isso que estudamos em Paulo: exercitar a fé e deixar Deus agir...
Sim. É isso que estou querendo mostrar como resumo do que até aqui foi falado. Este é o ensinamento de Paulo, o apóstolo do cristianismo...

Sei que estes ensinamentos podem ser considerados controversos à luz das ideias que s tem hoje. Na verdade os ensinamentos de Paulo são controversos, para o dia de hoje, mas não eram para Cisto e para os cristãos que seguiram o exemplo do mestre. Lembra-se dos que se entregavam à boca dos leões romanos como testemunho de sua fé?

Veja bem. Se Cristo quisesse fazer uma reforma agrária, ele assumiria o poder de Israel e expulsaria os romanos que estavam oprimindo o povo. Se Cristo quisesse acabar com as injustiças e a opressão, ele incitaria o povo de sua época a lutar contra os invasores. Mas, não foi isso que ele veio fazer...

Ele veio para dizer: não queira bem na terra, mas no céu. Isso quer dizer: não busque uma fazenda aqui, mas mantenha a sua felicidade porque ela será necessária para a outra vida que você tem para viver. A terra humana de nada vai valer quando se viver nos campos do céu. 

Esse é o grande ensinamento de Deus trazido por Cristo e todos os mestres e que é perfeitamente traduzido aqui por Paulo. Por ser universal (fazer parte do fundamento do ensinamento de todos os mestres) isto é Real. 

Por isso é preciso desmascarar os religiosos que estão prometendo bens materiais (satisfação de seus desejos atendidos) como resultado do exercício da fé. O que foi prometido a Abraão e a todos os seres humanizados foi o bem celeste (espiritual) que é o sentir a glória de Deus derramar-se sobre eles e não a satisfação individualista (prazer).

Muitos religiosos ensinam que se o ser humanizado for submisso a Deus ganhará casa própria, solução dos seus problemas, saúde, etc. Como podem fazer isso se todos os mestres vieram para dizer que nada disso tem valor para a existência eterna do ser? Todos foram uníssonos em dizer que a única coisa que salva (que pode levar o ser a sentir-se realmente feliz) é passar pela vida, pelas suas provações, pelos pedidos de sacrifício de Deus com fé.

Aplicando-se este ensinamento ao exemplo dos sem-terra, podemos dizer que Deus pediu um sacrifício àquele homem: viver sem terra. É o ato de vivenciar este sacrifício com fé que pode levá-lo à verdadeira felicidade e não a propriedade de um campo.

Mas, para poder se exercer a fé é preciso lembrar-se de que Ele não faz isso porque quer, porque acha que este não presta, por castigo por atos anteriormente praticado: mas porque é o carma deste ser, por que ele pediu para vivenciar esta provação, por que este é o caminho daquele espírito para vivenciar a glória de Deus, o bem celeste.
Participante: Por outro lado, se tudo é Deus que faz, é Ele também que faz a igreja agi assim ... Então, onde está o “errado”?

Não estou falando de errado. É claro que é Deus quem faz alguns membros da igreja ter este tipo de atitude, mas isto também é mais um carma. 

Frente ao ensinamento deixado por Cristo como o mais importante para a elevação espiritual (amar a Deus sobre todas as coisas), existe na ação da igreja uma pergunta que o Pai faz aos seres humanizados que frequentam esta religião: vocês amam mais a igreja, porque ela promete lhe dar felicidade material, ou continuará fiel à mensagem trazida pelo meu mensageiro e, com isso, provar o seu amor a Mim?

Lembre-se bem de tudo o que dissemos até aqui... Paulo nos fala em uma vida nova, onde estamos libertos das obrigações (Lei) – ter que dividir a terra igualitariamente, por exemplo. Mas, o preço desta liberdade é o exercício da fé com que se passa pelas situações da vida. Onde esta liberdade trazida por Cristo está presente na postura da igreja? E, se não está, como aquele que conhece os textos sagrados acredita no que lhe é ensinado? 

Além disso, já estudamos a Bíblia quase toda e nunca encontramos nenhuma menção de Cristo exortando à divisão de bens materiais (estou até tirando o elemento terra para não ficarmos apegados a apenas um exemplo), de revoltar-se contra as injustiças, etc. Pelo contrário, o que encontramos foi ele dizendo: retire a trave do seu olho que lhe faz ver o cisco no dos outros.

A trave do olho é o egoísmo, o individualismo. É ele que distorce as verdades para elas estejam sempre submetidas aos nossos desejos individualistas. Por isso a pergunta que atribuímos a Deus como elemento de um carma, é pertinente: você vai seguir a igreja porque ela lhe propõe gozar o bem na Terra, ou se ligará a Mim, através dos Meus ensinamentos, e renegará a necessidade de possuir bens materiais para poder viver a felicidade que tenho prometido?

Em síntese o que Deus pergunta através da criação da ilusão da ação da igreja é: onde está a sua fé, no bispo ou em Deus? A ilusão de ação por parte de alguns integrantes da igreja faz parte do carma coletivo do planeta, como uma pergunta: você vai amar mais a igreja ou a Mim. Se os sem-terra vivenciam esta dúvida, este é o carma deles.

Mas, como já vimos, a ação que Deus comanda a um serve sempre para a criação do carma de outro. Sendo assim, existência de um sem-terra (ou de qualquer um carente) e a incitação por parte o ego do bispo para que ela defenda a luta como instrumento do fim da injustiça, também é carma.

Tal compreensão trata-se de uma pergunta de Deus àquele que está vivenciando temporariamente a personalidade de bispo: você vai amar a Mim através do amar incondicional a todos, ou me amará através da satisfação de suas verdades? Você continuará amando os seus “certos” ou buscará compreender a vida através dos ensinamentos que Eu passei através dos apóstolos e profetas? 

Todos os egos são formados a partir de conceitos que premiam a busca pelo bem material, a satisfação ainda na Terra, como o mais importante. Por isso os ensinamentos dos mestres: eles visam mostrar que a vida carnal é uma existência temporal onde o ser universal realiza provações para a sua elevação espiritual e não uma realidade. 

Veja o caso presente... Estamos discutindo a ação de seres que, dentro da visão humana estão corretas, pois elas premiam aquilo que vulgarmente se chama de bem comum. Mas, o que Paulo diz? Que Deus dá as carências como prova de fé .... 

Tal ensinamento não é levado em conta neste momento. Ele serviu apenas para Abraão, mas não serve para os sem-terra ou a qualquer um é pedido que o seu mais íntimo desejo seja sacrificado. 

Será que é assim apenas porque Deus apareceu pessoalmente (isto é uma ilusão como já vimos) e falou diretamente com Abraão? Será que não dá para entender a essência do ensinamento e aplicá-la aos demais acontecimentos da vida de outros seres humanos?
Deus pediu a Abraão o seu bem mais precioso? Qual é o bem que o sem-terra mais valoriza? A terra. Qual o bem mais precioso que a igreja valoriza? O bem estar humano dos espíritos. Então, não haver bem-estar humano para um e não ter terra para outro, é o sacrifício que Deus está pedindo a um e a outro.

Volto a repetir: não estou criticando ninguém pela forma de agir e nem me apegando a um caso específico. O que estamos falando é apenas um alerta válido para qualquer intencionalidade de se defender elementos humanos das carências materiais. O que quero fazer não é criticar, mas mostrar a Realidade.

Nosso trabalho não é criticar a igreja, o cristianismo, o espiritismo ou qualquer outro grupo de seres humanizados, religiosos ou não. Nosso trabalho é mostrar a Realidade a parti da visão de Deus transmitida através dos ensinamentos dos seus enviados. 

Então, não é crítica. O que estou fazendo é simplesmente perguntar ao padre, ou a qualquer outro cristão que aja em defesa dos direitos humanos pela espada (crítica, acusação, incitação à violência), se eles entenderam os ensinamentos de Cristo e do apóstolo que mais compreendeu estes ensinamentos.

Cito agora diretamente os cristãos e não mais os das demais religiões, pois estes ensinamentos que estamos lendo, e que vocês disseram que é muito claro, fazem parte daquilo que eles dizem acreditar, no que dizem ter fé.

Será que os cristãos até hoje não entenderam quando Paulo diz que cada um é aceito pela fé, como Abraão, que sacrificou aquilo de mais importante, aquilo que mais queria? Por serem cristãos, será que vocês não deveriam ensinar isso àqueles que se sentem injustiçados ao invés de promover a discórdia?

Também não estou dizendo que não se pode ter ou que os certos são os latifundiários. O que estou falando, a partir a compreensão dos ensinamentos de Deus através de Paulo, é que cada um deve viver dentro das suas carências com fé em Deus. Se, em outro momento, esta carência for suprida, como Deus fez com Abraão lhe dando um filho, viva esta nova situação sabendo que foi um ato de Deus e que Ele pode retirar aquilo no momento que quiser. Isto é despossuir. 

Quem imagina que está promovendo justiça tirando a propriedade privada de um para outro, não vê que continua incitando a posse que Cristo combateu. O mestre ensinou que devemos despossuir todos os bens materiais (doá-los aos pobres) porque sabia que tudo que existe é de propriedade de Deus. Há inclusive uma parábola onde ele afirma que somos filhos, morando na propriedade do Pai.

Portanto, o que precisamos acabar não é com a luta contra os latifundiários ou o apoio aos sem-terra. O que precisa terminar é a hipocrisia: dizer que faz movido por um amor, quando o ensinamento citado como gerador deste amor é exatamente contrário.

É exatamente por isso que Cristo chama os senhores lei (os que detinham o poder da religião de então) de hipócritas. Infelizmente até hoje eles não ouviram este ensinamento e continuam se proliferando.

Desculpe, fui severo demais. Alguns não ouviram, mas outros, como o próprio Paulo, que foi um professor da lei do Sinédrio compreendeu e, a partir daí, dedicou a sua vida a proclamar a Verdade: a existência carnal é composta de provações que Deus pede aos seres humanizados para que através destes sacrifícios possam exercer a fé que os salvará. 

A hipocrisia se consiste na intenção que existe ao se afirmar que serve a Deus comungando-se com a materialidade (com as leis humanas de justiça e bondade). Lembro àquele que acha que isso é possível o ensinamento de Cristo: não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. Ou se serve a Deus transformando-se em instrumento para exemplificar a fé salvadora, ou se serve à materialidade, submetendo-se aos códigos de “certo e errado” da humanidade.

Como diz ainda Cristo: quem quer servir aos dois certamente desagradará a um ou a outro em determinados momentos.

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