sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Você

Participante: acho que está ficando um pouco confuso. Você disse que sensação é sentimento, mas para nós a sensação é a do paladar, do olfato, do tato.

Isso não sensação, mas sim percepção. 

Participante: você muda a maneira que nós entendemos as palavras, acaba ficando difícil para a gente. 

Desculpa, mas se alguém mudou não foi eu: foi Buda. Para este mestre, no conjunto dos Cinco Agregados existem tanto as percepções como as sensações. Sendo assim, podemos afirmar que percepção é aquilo que é percebido pelos órgãos de sentidos do corpo e sensações são emoções, sentimentos que o ego lhe manda. 

O problema é que a língua de vocês, apesar de ser uma das mais ricas, tem poucas palavras. São muitas as coisas que estamos falando aqui para as quais não existem palavras específicas entre os vocábulos da língua de vocês e em nenhuma outra do planeta. Isto porque são coisas até agora desconhecidas. 

Veja bem: o que fizemos foi colocar a realidade de vocês numa mesa de operação e a dissecamos. Apesar da conclusão estar logicamente correta, vocês não conseguem imaginar corretamente a realidade que dissemos, pois estas coisas fazem parte da criação do ego através da parte material que vocês não percebem.

Ego é você, ser humano. Ego é a psique humana, aquilo que a psicologia estuda. O mundo mental que você não vê acontecer.

Estas partes materiais criadas pelo ego, aliadas às sensações, também geradas pela personalidade humana, é que vão criar a realidade: aquilo que você vive como real. A sua realidade, portanto, sempre é formada por uma parte planetária, uma individual, uma percepção de ação e uma sensação, ou seja, uma emoção que se justifica quando imaginamos que a realidade é real.

Ao afirmarmos isso, estamos dissecando a tal da psique que os psicólogos estudam e que, para nós, se chama ego, é seu ‘eu material’, o ser humano. Mas, apesar desta personalidade humana parecer real, ela nada mais é do que uma personalidade transitória que está servindo de provação a um espírito que está vivendo a sua grande aventura.

Sei que a compreensão de que você não é a personalidade humana que veste é difícil. Mesmo os que acreditam em espíritos não conseguem se imaginar como um ser universal, mas acreditam-se como um homem. Por isso dizem assim: o meu espírito.

Não existe o seu espírito: você é o espírito. Não você o ser humano, não as ideias e conceitos que tem hoje, mas você é um ser universal que não tem consciência de ser o que é, pois o ego lhe diz que você é o eu material, o ser humano. Mas, essa personalidade humana não é você: você está vivendo anexado a ela, preso a esse ego sem ter consciência de você mesmo para poder viver a sua grande aventura, a encarnação.
É por isso que fica complicado se falar dessas coisas.

54. Fé humana

Participante: O apóstolo Paulo define a fé. Para ele é o firme fundamento das coisas que se esperam. A razão é uma obra do Criador inerente ao homem e a fé é um dom que o Criador nos concede? A razão e a fé se contradizem?

Sua pergunta está muito boa. Deixe-me tentar explicar.

Existe fé, no sentido religioso? Fé em Deus, existe? Sim, mas no mundo espiritual, no mundo dos Espíritos. No mundo dos devas ou dos humanos com ou sem carne, o que existe é uma fé humana.
O que significa para vocês ter fé em Deus? É acreditar que Ele vai lhes dar tudo de bom. Isso não é fé espiritual, é humana, é uma ação daquele que se entrega pedindo. 

Paulo falava da fé fora espiritual e não da humana. Nesse trabalho também não vou falar de fé, pois não adianta, já que vocês só conhecem a fé humana. 

Todos os seres humanos têm fé em Deus, fé de que Deus vai lhes dar aquilo que esperam ganhar, nem que seja o que chama de mundo espiritual.

Comer carne

Participante: apesar de Pai Joaquim ter afirmado que a carne não pode interferir no espírito, muitas mensagens espirituais que chegam até nós têm nos alertado sobre a necessidade de pararmos de nos alimentar de carne devido a todo sofrimento que está por trás dela. Os animais são maltratados, sentem medo, tentam fugir do abate, etc. Segundo essas mensagens, esse sofrimento gera uma energia extremamente negativa que produz um carma muito pesado e triste para toda a humanidade. Além disso, afirmam que esse hábito reveste nossa aura com uma crosta muito densa, difícil de ser retirada. Gostaria de saber o que o Pai Joaquim tem a dizer sobre isso.

Sobre a questão dos animais sentirem dores e a necessidade de se viver este momento, creio que já deixei bem claro o assunto numa questão anterior que respondi. Por isso vou tratar agora apenas sobre o carma pesado que ocorre no planeta por causa daqueles que comem carne.... Antes, porém, temos um assunto a comentar. 

Você fala em mensagens espirituais que se referem a esta questão. Sim, existem mensagens neste sentido. Mas, não nos esqueçamos que existe o mundo dos devas, o mundo dos seres humanos sem carnes, daqueles que pensam humanamente, mas estão sem carne. 

Estes são mais do espíritos sem carne: são instrumentos da prova de vocês. São espíritos que servindo a obra geral geram ao espírito encarnado a oportunidade de vivenciar as vicissitudes terrestres mantendo-se em paz e harmonia, próximos de Deus. Este é o primeiro detalhe. 

Sendo uma prova, só há uma forma de se vencer: optando por Deus, pelo universal. Colocando Deus como Causa Primária de todas as coisas, você anula o teor de qualquer uma destas informações. 

É o que já disse antes e que continuarei a dizer para lhes orientar: pensem no que é Deus para vocês. 

Sempre que recebo uma questão com teor semelhante a sua, reparo cada vez mais que Deus para vocês é uma figura decorativa no universo. Ele está sentado num trono no céu e não pode proteger o pobre do animal. Justo Ele que é o todo poderoso não pode fazer nada pelo pobrezinho do animal. 

Acho que alguma coisa está errada aí. Aliás, isso para mim soa inclusive como blasfêmia...

Por isso volto a falar agora e falarei muitas vezes daqui para frente: o que é Deus para vocês. Pensem sobre isso, porque, através das perguntas que me fazem, verifico que a mente de vocês está declarando que Ele é uma coisa, mas essa afirmação não é real. 

A mente lhes diz que para vocês Deus é tudo, é Sublime, é o Pai, etc. Só que quando ela lhe manda uma questão como a que estamos conversando (matar animais), vocês cedem às críticas que ela faz a outros seres humanizados. Se Ele é tudo para vocês, será que Ele também não é quem está matando o animal? Pergunto isso porque este ser que faz esta ação deve estar no tudo que usam para dizer o que Deus representa para vocês? Ou será que eles não são nada?

Este é o problema para aqueles que querem aproveitar a oportunidade da encarnação. Vocês acham que convivem com Deus dentro de um preceito, só que aí vem a mente com argumentos como os que foram usados na sua questão e aí vocês caem, acreditam neles. Isso só acontece porque não combatem a informação dizendo à mente quem é o seu Deus.

Tendo falado sobre a questão das mensagens espirituais, vamos agora à questão da crosta que se liga ao espírito – e eu diria que não é ao espírito, mas sim ao períspirito – e que flutua no planeta. 

Essa crosta realmente existe. Aliás, falamos nela numa conversa chamada ‘Natal’. Naquela conversa falei exatamente isso: olhando-se do espaço, a Terra está envolta por uma nuvem negra, pesada, uma nuvem de poluição. 

Sim, isso existe. Agora, o que gera esse miasma, que é a forma como vocês chamam esta poluição? O que gera a poluição? O descumprimento da lei do amor. O descumprimento do amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. 

Cada vez que você se ama, ou seja, se apega a algo, acima do apego à Deus, polui o meio ambiente. Cada vez que ama a si acima do próximo, ou seja, o considera pior do que você, considera o outro errado, contribui com esta poluição. 

Sendo assim, posso dizer que você contribui para esta poluição quando julga e critica aqueles que comem carne ou matam os animais. Portanto, a sua crítica a quem mata os animais fundamentada na geração da crosta que envolve o planeta que eles formam, é o sujo falando do roto, do porco falando do chiqueiro. Você me diz que aqueles poluem, que eles dão a contribuição para a poluição, mas quando os critica também está poluindo o meio ambiente.

Mais: como ensinou Cristo, aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra. Será que você consegue o cumprimento da lei do amor ao próximo tão perfeito que possa falar de alguém, que possa criticar alguém por não amar? Esse é o grande problema. 

Os espíritos humanizados, os que vivem fora da carne tendo ideias humanas falam de coisas que a ideia humana considera errada, mas não falam daquelas que a ideia humana considera certa. Já falamos sobre vegetarianismo, sobre ecologia e uma série de detalhes que são tratados pela humanidade como coisas certas e mostramos que todo este discurso é simplesmente uma hipocrisia criada pela mente.

O ecologista tem o seu carro, mesmo que desta forma contribua para a poluição planetária. Mora numa casa que para ser construída teve que tirar o cimento e o barro da natureza, onde há tinta, que é produto químico e não tem nada de natural. Ali isso pode ser feito. Ali podem ser usadas estas coisas, mesmo que com isso se acabe com a natureza. Agora, onde ele não quer que se use os elementos naturais, não pode. É essa hipocrisia, que é a mesma dos espíritos humanizados sem carne, que cria essa crosta negra.

Já disse isso e vou dizer mais uma vez: vocês estão ansiosos esperando a chegada dos extraterrestres. Sim, eles chegarão, só que não chegarão através de nenhuma das hipóteses que vocês imaginam. 

Eles não chegarão com armas para gerar uma dominação humana, ou seja, assumir a posição de ditador da vida de vocês. Também não vão chegar trazendo presentes para vocês como Cabral chegou no Brasil dando presentes a índios. Não chegarão louvando vocês que se consideram mais elevados apenas porque não querem que os animais supram a necessidade física de alguns seres humanos, mesmo que na Bíblia se diga que Deus colocou os animais à disposição do homem para se alimentar. Não, eles virão justamente para mostrar a hipocrisia do ser humano. Por isso, a necessidade de se começar a vencer esta hipocrisia...

Você diz que é por amor que não quer que se mate o animal, mas eu pergunto: onde está o seu amor por aquele que mata o animal? Cristo não mandou amar o certo, o bom, mas a todos. Aliás, ele também falou que não veio para os bons. 

Ele mandou amar a todos sem exceção. Para se amar a todos dessa forma só há uma saída: dizer à sua mente quem é o seu Deus. Mostrar à sua mente que o seu Deus é o do Amor, da Justiça, da Causa Primária e da Inteligência Suprema. Por isso, tudo o que acontece é justo e amoroso...

Na hora que você disser à sua mente quem é o seu Deus se libertará destes argumentos que ela cria. Neste momento, você pode comer ou não carne, pode querer ou não que matem os animais, mas estará em paz e harmonia com tudo que existe, com tudo que acontece. Neste momento terá se tornado um com Deus. 

É por conta de vocês acreditarem que existem seres melhores ou piores a partir daquilo que eles fazem, como agem, que sei que estou conversando com os anjos caídos, aqueles que acham que Deus está errado porque ainda permite que animais sejam abatidos. 

Enfim, lhe respondendo, digo que sim, a poluição existe, mas cuidado, pois existem poluidores que acham que não poluem, mas contribuem e muito para a existência desta crosta que envolve o planeta. É nisso que eu queria que você prestasse a atenção.
 
• Expansão da consciência

Participante: Na busca de descobrir quem somos, vejo nos grupos de espiritualidade se falar muito em Despertar a Consciência, em Acordar a Consciência, Expandir a Consciência, Ampliar a Consciência, Libertar a Consciência. Eu também participei disso tudo e até mesmo como fundador de grupos como esses... Não seria esta uma forma, de no fundo no fundo, reforçar ainda mais os processos do Ego e da Mente? Aparentemente, ao valorizar a Consciência deste modo inicia-se uma busca por conhecimento sem fim... Eu e um amigo meu uma vez, chegamos à conclusão de que na verdade, o Amor organiza o conhecimento confuso em caixinhas, para depois despejá-lo no Mar... Quer dizer, quando nos tornamos conscientes das coisas, na verdade não é porque já associamos uma imagem a um julgamento, ou seja já julgamos? Quando usamos e nos identificamos com o pensamento para formar as nossas consciências já não estaríamos nos julgando automaticamente, já que a Razão (divisor das coisas) é o motor deste pensamento humano? A fim de descobrirmos quem somos, não seria melhor falar em despertar a Inconsciência? Porque me parece que de consciência estamos lotados... E se formos pensar em unidade como o conjunto de todas as consciências, daí teríamos ali um Super Egão, Um gigante desperto do Conhecimento, e de um conhecimento que nada é... O verdadeiro trabalho aqui, para sabermos quem somos, não seria então o de desconstrução da Consciência, ou seja, colocar todos os símbolos da nossa consciência como iguais, sem valorizá-los de formas diferentes e despertar o "Inconsciente"?

Eu já disse isso algumas vezes: o problema nunca está do lado de fora, mas sempre dentro. Ou seja, o problema não é o que acontece no mundo, mas a forma como você internamente no seu mundo mental vive o que acontece no mundo.

Grupos de despertar, de aumentar ou de ampliar a consciência não são problemáticos, não acarretam problemas para vocês. O problema é a forma como a mente trabalha estas coisas. Vamos tentar entender o que quero dizer...

Quando falamos sobre a mente humanizada dissemos que ela possui características. A primeira delas é o egoísmo, ou seja, a mente pensa a partir do eu e para o eu ganhar alguma coisa, levar alguma vantagem. Segunda: todo processo mental é aprisionado às quatro âncoras. A vontade de vencer e o medo de perder, a vontade de ter o prazer e o medo do desprazer, a vontade de alcançar a fama e o medo da infâmia, a vontade de ser elogiado e o medo de ser criticado. Estas características balizam todo processo mental, seja ele realizado para fazer necessidades fisiológicas ou para estudar alguma coisa para ampliar a consciência. 

Então, o problema não é o grupo que trabalha no sentido de ampliar consciência, de abrir consciência, mas sim na forma como a mente lida com estas coisas. Isso porque ela lida com as informações que recebe durante a participação nesses grupos egoisticamente e presa às quatro âncoras. É esse o aspecto principal deste assunto...

Agora que já falei qual o problema sobre o assunto que você tocou, vamos tentar entender perfeitamente a questão que você levantou. Quando fala em ampliar a consciência, está falando em adquirir novos conhecimentos que sejam mais universais que outros que possui. Por exemplo, quando você estuda a questão do espírito encarnado e do ser humano e amplia a sua consciência adquirindo a ideia de que é um espírito encarnado e não um ser humano, isso deveria provocar em você uma determinada atitude. Só que por conta destas características da mente, as coisas acontecem bem diferente.

Como a mente trabalha pelo eu, passa a achar que ser um espírito é uma verdade absoluta. Como busca vantagem para este eu começa a exigir que o outro aceite como verdade o que ela acredita. Faz isso no sentido de obter a vitória, o prazer de dominar o outro, a fama de ser uma pessoa que sabe mais e o elogio de ser o que mais sabe. A partir daí, portanto, aquela aparente expansão da consciência virou uma arma egoísta para a mente ao invés de ser apenas uma informação mais universalidade, um instrumento de libertação.

É esse que é o problema. O problema não é buscar novas informações para ampliar a consciência, ou seja, aquilo que acredita das coisas. O problema é que quando você tem acesso a novas informações a sua mente as trabalha aprisionada ao sistema humano de vida. 

Se ao invés de se deixar levar pelas criações mentais você recebesse a nova informação e cm esta nova consciência largasse alguma coisa, abrisse mão do que acreditava antes, não teria problemas. Mas, como a mente tem medo de perder, além de buscar ganhar com a nova informação, ela amplia a consciência, mas não larga o conhecimento antigo. Ou seja, quando você sabe que é um espírito, a mente se utiliza desta informação para benefício do eu, mas não deixa de trabalhar com informações humanas. A mente continua funcionando com as duas informações, pois para ela não existem verdades, mas apenas instrumentos para serem usadas na proposição do egoísmo. 

A sua pergunta vem muito a calhar dentro daquilo que temos proposto desde o início deste ano: a prática. Estudar, ter acessos a novos conhecimentos faz parte da vida e por isso acontece para quem precisa acontecer, mas como na história do barco de Buda, é preciso descer do conhecimento e praticá-lo. A prática da expansão da consciência é o abrir mão do que a consciência achava até aquele momento.

Portanto, se você está num processo de expansão de consciência, num processo de autoconhecimento de si mesmo e descobre que é um espírito, abandone a humanidade que vive ao invés de transformar esta informação em algo precioso, num tesouro que você possui e que por causa disso é um sábio. 

Respondida de forma geral a sua questão, deixe-me abordar alguns aspectos que você levanto. Sim, quando você usa a informação como fonte de saber, está trabalhando para o ego, está construindo um superego. Falo isso fundamentado na ideia do próprio ego, porque o ego com consciência expandido não é super em nada.

Quanto ao que pergunta sobre ampliar o inconsciente, lhe digo que isso é impossível. É impossível se ampliar o inconsciente porque ele é inconsciente e por isso você não tem consciência do que está lá. 

Como ampliar algo que você não conhece? Sei que vocês acreditam que se ampliarem o inconsciente poderão passar a saber o que está lá, mas neste caso ele não será mais inconsciente, mas consciente. Se o consciente é uma arma que a mente utiliza para a sua provação, o que estava no inconsciente agora não possui valor algum como saber real. 

Mais uma questão que você levanta: o interessante não é, então, destruir as informações? Sim, o interessante é destruir. Mas, o problema é que a mente não está interessada em destruir nada, pois destruir algo para ela é considerado como perder. 

É você que tem que destruir qualquer ideia, qualquer consciência que a mente cria. Como? Não acreditando em nada... Até porque quem acredita que expandiu a mente com alguma nova verdade, para de expandi-la, porque acha que já chegou à expansão máxima... 

Portanto, diga o que tiver para dizer, faça o que tiver que fazer, mas não se sente num trono e ache que é um rei. Continue sempre buscando e ao buscar sempre encontre algo que precisa se libertar e pratique esta libertação e não a informação científica que recebeu...

Pai Joaquim

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