quinta-feira, 28 de maio de 2015

Brincar de Viver

Brincar de Viver

Maria Bethânia

Quem me chamou
Quem vai querer voltar pro ninho
Redescobrir seu lugar
Pra retornar e enfrentar o dia a dia
Reaprender a sonhar
Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você responde “sim”
À sua imaginação
À arte de sorrir cada vez que o mundo diz “não”
Você verá que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
Não esquecer, ninguém é o centro do universo
Assim é maior o prazer
Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você responde “sim”
À sua imaginação
À arte de sorrir cada vez que o mundo diz “não”
E eu desejo amar todos que eu cruzar pelo meu caminho
Como sou feliz, eu quero ver feliz
Quem andar comigo, vem
Lá lá lá lá lá
Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você responde “sim”
À sua imaginação
À arte de sorrir cada vez que o mundo diz “não”

Carreira Profissional – O futuro é incerto

Quando falamos de fé, você disse que está tudo escrito. Eu diria melhor: o futuro pertence a Deus. Acontecerá o que Ele gerar, acontecerá o que Ele decidir. Por isso, se entregue a Ele hoje. E quem é Ele na sua vida? O que está lhe acontecendo agora.
Deus é o presente, é aquilo que você tem para viver a cada momento. É o presente que é a presença de Deus na sua vida.
A partir disso compreenda uma coisa: o futuro não está nas suas mãos. Mesmo que esteja determinado, você nãos sabe o que irá acontecer.
É por isso que não fez nada até hoje. O medo de perder e a falta de fé em si mesmo não lhe deixa tomar a decisão no presente. Mas, para que ter esse medo? Afinal de contas, a única coisa que podemos fazer na vida é nos arriscarmos mesmo?
Tudo que fazemos é composto por um determinado risco: o de dar ou não certo, de acontecer ou não o que esperamos como reflexo da ação de agora. Por isso, tudo é realmente se arriscar.
É preciso saber que não possuem garantia de nada nesta vida. Mesmo as ações mais corriqueiras muitas vezes acabam levando a acontecimentos não previstos ou esperados. Já perceberam isso? Nada do que disser ‘vou fazer’ ou afirmar que no futuro será de determinada forma, é garantido.
Viver é como andar na corda bamba: a qualquer segundo você pode cair. Vocês saíram de casa hoje com a certeza de que chegariam aqui, não é mesmo? Acabaram chegando, mas se acontece um acidente no caminho, conseguiram chegar? Acho que não …
Essa possibilidade poderia ter acontecido? Sim. Vocês sabem que ela poderia existir? Sim. Mas assim mesmo saíram de casa com a certeza que chegariam. Vieram fazendo planos do que fariam aqui.
Não pode haver esta certeza de que chegará, nem a de que não chegará. E preciso deixar de lado o futuro, não querer saber nada sobre ele. Só assim você pode viver o agora.

Pai Joaquim

Nem a morte é certa

Participante: só tenho certeza de uma coisa: a morte é certa.
Será que realmente todos vão morrer? Acho que não.
Sobre isso, a primeira coisa que tenho a lhe dizer é que você não morrerá, se não se preparar para morrer um dia. A morte não ocorrerá fatalmente, mas vira apenas para aqueles que se preparam para ela.
Participante: ou outros desencarnam, é isso?
Nem desencarnar …
O que é desencarnar?
Participante: é sair deste plano e ir para um mais sutil.
Eu lhe digo uma coisa: há mais espíritos que você chama de desencarnado neste plano do que no outro.
Participante: espíritos vivendo o personagem que foram na última encarnação?
Sim.
Falo isso porque desencarnar não é sair da carne, mas sair deste plano mental. Como esses espíritos ainda estão ligados ao mesmo mental que tinham quando vestiam uma carne, neste momento estão sem ela, mas continuam ligados a este mundo. Por isso digo que eles não morreram.
Portanto, nem morrer é certo.
Participante: eles continuam achando que são o José, o João, a Maria da última vida.
Isso. Continuam morando no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas que faziam quando estavam ligados à carne, mas não estão.
Portanto, nem esse futuro você deve viver como certo. A morte é apenas uma possibilidade que ocorre para quem se prepara para ela. Quem se liberta da personalidade humana em vida, pode morrer, desencarnar, mas quem não se liberta continua vivendo a mesma realidade que tinha quando ligado à carne, só que agora sem ela.
Por isso afirmo novamente: viva apenas o presente e deixe a vida ir passando por você.

Pai Joaquim

Você não é obrigado a servir para nada

Participante: gostaria de falar com o senhor sobre minha vida profissional. Eu queria me entregar a alguma coisa, fazer um curso de formação, mas não consigo me decidir por nenhuma carreira. Nada parece me seduzir. Eu sou inseguro e não consigo me decidir.
Tem diversos assuntos para se conversar sobre este tema.
Você diz que não serve para nada. Que quando analisa as carreiras disponíveis nada o seduz e por isso imagina que não serve para nada. Isso já é servir para alguma coisa: para nada.
Quem disse que você tem que servir para alguma coisa específica?
Participante: acho que vou acabar sendo um lixeiro …
É melhor ser um lixeiro feliz do que um doutor sofredor.
Entenda uma coisa: você não é obrigado a servir para alguma coisa. Pode servir, pode até se encontrar, mas enquanto se imaginar que tem a obrigação de fazer alguma coisa, nunca conseguirá fazer nada.
O problema é que a mente, movida pelas leis humanas, diz que tem que servir. Isso é irreal. Na verdade, este impulso para querer ser alguma coisa é a sua prova.
Trata-se de uma criação mental que justifica que você opte pelo sofrimento. A mente trabalha com este impulso apenas para lhe erar a sua prova.
Volto a dizer: não estou dizendo que amanhã você se encontre e se realize em alguma profissão. Isso pode acontecer. Agora, se hoje está vivendo a situação de achar que não serve para nada, que não se encontra em nenhuma carreira profissional, viva este momento em paz, harmonia e felicidade. Para isso, é preciso compreender que nenhum ser humano é obrigado a fazer nada, a ser nada.
Este é o primeiro detalhe sobre este assunto: não há obrigação de ser nada.

Pai Joaquim

Insegurança

A resposta que lhe dei já ajuda no seu problema, mas tem algo mais que quero falar. Você me disse que é inseguro. Vamos analisar este aspecto?
Me desculpe, mas isso não é exclusividade sua: todo ser humano é inseguro. Mesmo os que dizem que possuem segurança, são inseguros. Digo isso porque todo ser humano tem medo do futuro, tem medo da reação à ação de agora. Todo ser humano sempre está preocupado com o que acontecerá a partir do que ele está fazendo agora. Todos pensam nisso, não é só você.
Por causa disso, este é um aspecto do qual não deve se acusar. Se todos são, em maior ou menor grau, porque se acusar de ser? Se todos sentem insegurança, porque se acusar de ser inseguro? Portanto, não se acuse de ser inseguro.
Só que há um detalhe na questão da insegurança que precisamos nos ater. Quando ela chega a afetar a sua vivência da vida, ou seja, o medo faz a vivência tornar-se sofredora, o que está lhe faltando? Fé …
Quando a insegurança é capaz de provocar medo, é porque está faltando fé, ou seja, confiança e entrega.
Participante: quando a gente entende que Deus é a Causa Primária e vê tudo que acontece neste mundo, acaba ficando com medo de Deus.
Por favor, não vamos falar de Deus. Estou falando de fé apenas como confiança e entrega. Fé em Deus é confiança e entrega a Deus, mas não disse que é ela que está faltando. Falei que estava faltando a fé.
Agora, que fé falta para quem a insegurança é vivenciada com medo?
Participante: fé de que está tudo escrito?
Não. A fé que digo que lhe falta é a em si mesmo.
Está faltando fé de você por você. Não confia em si mesmo, não se entrega a si.
‘Eu vi uma vaga para determinado curso. Gostei. Vou me entregar a esse curso porque gostei e vamos ver no que vai dar. Não sei se conseguirei exercer esta profissão, mas vou me entregar ao curso porque ele me atraiu’.
Fé não é a esperança de conseguir alguma coisa, mas sim a confiança em você mesmo. É a confiança que fará aquilo que se propõe a fazer.
Participante: a falta de fé não seria falta de conhecimento prévio?
Não, é falta de se amar. Se não ama a si mesmo não se entrega a você. Se só aponta erros em si, vai se entregar a você mesmo?
Você se entrega a alguém que acha que está errado? Claro que não. Então, não se entregará a si mesmo nunca. Estou falando de falta de amor a si mesmo, pois na hora que se ama, entrega-se a você mesmo.
Volto a dizer: não existe fé no sentido de esperança de conseguir alguma coisa. O que estou falando é de uma fé que seja entrega àquilo que decida se fazer, dê no que der.
A falta de fé existe quando decidi fazer alguma coisa e começa a se questionar. ‘Será que vou conseguir? Será que devo fazer? Será bom para mim fazer’? Essa é a falta de fé em si e ela só existe porque não confia em si mesmo.
Não existe pessoa mais importante neste mundo para você do que você mesmo. Isso não é ser egoísta, mas amar a si mesmo. Egoísmo seria dizer que você é o melhor. Isto é um egoísmo porque existe um pensamento a partir de um eu visando que ele leve vantagem individual. Não é disso que estamos falando.
‘Eu confio em mim mesmo. Se sou o maior vagabundo ou a pessoa mais burra do mundo, sou a melhor nisso. Me reconheço e me amo do jeito que sou’. Isso é fé em si mesmo, confiança em si mesmo que nenhum ser humano tem. Porque?
Porque tem medo de perder. Você não tem fé em si mesmo porque tem medo de perder.
Lembra quando veio aqui outras vezes? Você me falava de uma paixão por outra pessoa. Lhe pergunto: onde está essa paixão agora? Onde ficou a frase que me dizia: não posso viver sem essa mulher? O que aconteceu com essas coisas?
Participante: acabou tudo …
Pois é, tudo nesta vida acaba, tanto faz se é vitória ou derrota. Se isso é verdade, porque ter medo de perder? Porque não arriscar? Não importa se ganha hoje; amanhã acabará perdendo.
Portanto, não tenha medo de perder. Isso faz parte da vida, é circunstância presente em todas elas. Um dia irá ganhar, mas em outros certamente perderá.
O que não lhe deixa pensar em si mesmo, o que não deixa se amar, é o medo de se entregar a si e mais à frente acabar perdendo. É isso que precisa trabalhar em si mesmo.

Pai Joaquim

Carreira profissional

Acho que com o que lhe falei nesta conversa pode haver uma ajuda na sua questão de busca da carreira profissional.
Primeiro, lembre-se que não têm obrigações de ser, estar ou fazer qualquer coisa. Por isso viva tudo que acontecer dentro do seu tempo e sem recriminações ao que acontecer.
Segundo, não importe-se por ser inseguro. Apenas não deixe isso lhe fazer sofrer. Para isso, confie em você mesmo. Assim poderá viver o momento de agora sem recriminações à si mesmo.
Terceiro: não se preocupe com o futuro. Isso porque ele é programado e inexoravelmente acontecerá o que estiver escrito. Por causa disso, você não tem o menor controle sobre o que ocorrerá. Pouco importa se age neste ou naquele sentido: o que estiver programado para acontecer, ocorrerá.
Por isso, entregue-se ao presente. Aja agora com confiança e amor por si mesmo e deixe a vida acontecer.

Pai Joaquim

terça-feira, 26 de maio de 2015

O poder do Agora


A bíblia é bíblica


Conheça a história por trás do Cristianismo


Medo do futuro

Com relação ao seu relacionamento amoroso de agora, o mesmo erro que cometeu no passado, está repetindo. Por medo de perder mais à frente, está querendo dominar a sua parceira, querendo dizer o que ela deve fazer e como deve ser. Faz isso para que mais à frente não perca.
Essa tentativa de domínio existe por causa do medo de perder. Tornando-se o dominador se considerará tranquilo, sem medo de perder. Só que quem busca essa segurança acaba convivendo com a perda. A vida é assim: quando vocês acham que conquistaram, ela vem e toma.
O que estamos falando agora é outra coisa que precisa haver num relacionamento entre homem e mulher: o medo de perder no futuro.
Participante: o senhor está dizendo que o casal deve conviver com o medo de um perder o outro?
Sim. Um deve ter medo de perder o outro no futuro.
Participante: para se preocupar com o outro?
Para se preocupar com o presente.
Já reparou que a maioria dos casamentos acaba com sete anos? Porque? Porque os cônjuges acham que depois deste tempo todo juntos não há mais perigo do casamento acabar. Por isso param de nutrir a relação, param de sustentar o casal. Com isso a separação acontece.
O medo de acontecer uma separação, deve existir, mas o medo fazer as coisas erradas, de tudo dar errado, não deve ter. Na verdade, não é que não deve ter, mas não adianta ter, pois você não tem domínio sobre nada. Portanto, deve ter medo de perder, mas não deve ter de fazer coisas erradas.
Participante: agora o senhor complicou …
Eu sei; fiz de propósito. Vou colocar de uma forma muito minha: você não deve ter medo do futuro, mas deve ter medo dele. Vou tentar lhe explicar isso.
Você deve ter medo do futuro quando faz alguma coisa agora. Porque? Porque ele será um reflexo do que fez hoje. Se não tiver medo dele, agirá hoje imaginando que nada do que faz hoje lhe leva a determinadas reações.
Você não deve ter medo do futuro quando se fala do resultado do que fez hoje. Não deve ficar com medo de perder no futuro como reação ao que fez hoje. Deve ter medo de perder o que tem hoje, mas não deve temer a perda. Compreendeu?
Participante: não devo temer o futuro porque tudo é efêmero. No entanto, devo ter medo do futuro para poder prestar atenção no agora.
Exatamente.
É muito difícil colocar esse assunto em palavras, porque trata-se de elementos que não estão acostumados a trabalhar no dia a dia. O medo do futuro que estou falando é para o arriscar. Não deve temer o futuro para poder arriscar agora, mas deve ter esse medo para poder repensar o momento de agora, para agir com maturidade no presente.
Isso é importante para um casal, pois se você não tem medo de no futuro perde-la, não vai agir agora tentando preservar a relação. Agora, esse medo não pode lhe dominar, ou seja, não pode fazer você ter medo da existência de uma probabilidade de separação, porque com isso a relação também não será feliz.
Como disse, é muito difícil falar disso, mas deve existir as duas coisas: o medo do futuro sem o medo de perder nele.
Acho que com isso resolvo o seu problema com referência aos relacionamentos, não?
Pai Joaquim

É preciso trabalhar pela relação

Se você não luta para manter a relação, ela acaba. Aí entra em nova sem a luta para a manutenção. No início tudo são flores, mas com a formação das mágoas, a vida passa a ser a mesma da anterior e toda a infelicidade volta.
Isso vale não só no caso de marido e mulher, mas para qualquer relação. Quando não realiza um trabalho para a manutenção dela, ela se extinguirá com certeza.
Apenas para relembrar, este trabalho precisa ser feito no abrir mão de seus desejos para satisfazer o parceiro e na atenção com relação à provocar mágoas. Este último ponto é fundamental, pois largar uma camisa em cima do sofá não parece nada, mas quando se entende a questão da existência das mágoas, esta ação torna-se profunda num relacionamento.
A mágoa são as marcas que ficam. Juntando centenas delas, cria-se um preconceito que agirá sempre que os dois estejam juntos.
Participante: o senhor não está falando especificamente da camisa, mas das diversas ações que contrariam o outro, não?
Sim, estou falando em não se preocupar em atender os desejos do outros em qualquer aspecto. Estou falando em prestar atenção ao que o outro quer.
Não podemos nos atentar a um ou outro aspecto da vida, porque senão estaremos criando coisas erradas e qualquer ato não possui esta conotação. O errado não é o que se faz, mas não se prestar atenção ao que o outro quer. Este é o trabalho que precisa ser realizado.
O problema não é o ato, mas como o outro o recebe. Se ele não se incomoda com o lugar da camisa, essa ação não tem nada de errado. Agora, se é sabido que ele não gosta, deixa-la nesse lugar é. Não porque a largou ali, mas porque não se prestou atenção ao que o outro gosta ou não.
Pai Joaquim

Realizando-se no amor

Participante: entendo o que o senhor diz, mas no dia a dia parece que nós somos egoístas. Não abrimos mão de nossas vontades e verdades para satisfazer os outros. Imagino que podemos mudar um pouco o nosso comportamento para não ferir os outros. Se uma pessoa gosta de sair e o seu parceiro não, ela não abre mão nem um pouco do seu gostar para satisfazer o outro. Acho que isso é egoísmo.
Sim, é.
Quando você diz que não gosta de fazer uma coisa e por isso deixa o seu parceiro ir sozinho e não o acompanha, isso é egoísmo. Porque? Porque muitas vezes ele precisa do sua presença para poder desfrutar o que vai fazer.
O importante dele fazer alguma coisa muitas vezes não está no que se faz, mas sim com que se está. Não é o que acontece, mas a companhia do parceiro naquele momento.
Uma pessoa de nosso grupo um dia me disse que tinha que se impor muitas vezes frente ao seu marido para que ela conseguisse o queria. Disse que não poderia fazer todas as vontades dele porque senão ela não seria satisfeita. Eu respondi: você não me disse que o ama? Quem ama deveria querer servir o amado.
Continuei: se seu marido quiser ir ao futebol e você à praia, por amor a ele vá ao jogo. Ele quer, aquilo lhe faz bem. Você não o ama? Se sim, acho que deveria querer o bem dele, deveria querer vê-lo feliz. Para isso, deve acompanha-lo.
Ela me disse que iria, mas continuou: ‘se no próximo final de semana ele quiser ir de novo, devo ir também’? Eu respondi: ele não gosta, não faz bem? Então, os motivos para acompanha-lo continuam presentes. Porque não deveria ir? Neste momento ela me fez uma pergunta bem humana: ‘ele quer ir ao futebol toda semana. Se continuar sempre indo com ele, quando vou à praia’?
Esse é o grande problema. Vocês fazem as coisas para os outros premeditadamente. Agem esperando sempre que o outro retribua, que faça as coisas por você. Eu não estou falando em fazer pelo outro para que ganhe no futuro, mas por amor.
Quem age por amor não precisa ganhar mais nada. Ele ganha agora a satisfação de atender aquilo que a pessoa amada quer. Ganha agora ao sentir que a pessoa amada ficou feliz.
Quem cede à pessoa com quem se relaciona suplantando suas próprias vontades, age por amor, pelo bom convívio com quem se ama. Isso porque essa forma de viver com acaba com a guerra entre os cônjuges e com isso consegue que exista uma coexistência em paz.
Além do mais, o ceder à vontade dos outros não é uma sentença de morte àquilo que se quer. Pode ser que um dia a vida abra mão de fazer o que o parceiro quer e você consiga, então, viver aquilo que almeja. Neste momento, pode conseguir aquilo que deseja. Só que quem entende o que estou falando não mais fica esperando que isso aconteça.
Aquele, que por sua preocupação em manter uma relação duradoura, realiza o trabalho que estou propondo, não tem mais vontade individual. Aquele que possui o desejo de estar junto ao outro se realiza estando no lugar que ele estiver, fazendo o que fizer, vivendo o que viver. Por isso não precisa mais estar em um determinado lugar, fazer determinada coisa, viver situações específicas.
Aliás, isso deveria ser o normal, não? Quem ama deveria realizar-se no amor que sente, em fazer a pessoa amada feliz, mas o ser humano não é assim. Diz que ama, mas não se realiza no amor que sente. Por isso busca satisfazer suas vontades em detrimento da vontade do parceiro.
Sabe porque você tem vontade de fazer uma coisa e ela outra?
Participante: porque um gosta de uma coisa e outro tem um gostar diferente?
Não. Na verdade você não gosta de nada: é a mente que cria o gostar.
Participante: para que aprendamos a lidar com os outros.
Sim, para aprenderem a amar o próximo como a si mesmo. Que amor é esse pelo próximo que só existe quando ele faz o que você quer?
É só para isso que vocês possuem gostos diferentes. Todos os seres humanizados têm vontades diferentes porque eles não têm vida, mas encarnação, provação. Sendo assim, a vontade contrária do outro é só para testar o seu amor.
Participante: testar o egoísmo, também.
Testar o amor, pois quando ele é testado e realizado, você se libertou do egoísmo.

Pai Joaquim

Não existe príncipe encantado

Por isso numa relação é preciso que aja amor em mão dupla, mas ele deve ser vivido numa mão única. Ou seja, um amar o outro, mas saber que cada um tem vontades e conceitos diferentes, mas tentar ao máximo possível servir ao invés de preocupar-se em ser servido. Sem essa vivência, não há solução para que o casamento se prolongue, a não ser que haja o carma de ser subserviente, mas isso é outra questão.
Numa relação normal, é essa forma que deveriam aprender a viver. Aliás, é isso que a sua mãe e a de todos deveria ter ensinado quando estavam brincando de boneca e de carrinho quando eram crianças.
Desde criancinha quando a menina brinca de casinha, de fazer comidinha, de ser mãe, os pais deveriam ter ensinado esta forma de viver com os parceiros, mas ela não faz. Na verdade, ela ensina que casar é realizar um sonho maravilhoso onde um príncipe encantado virá e lhe cobrirá de ouro e satisfará todas as suas vontades, tornando a sua vida um mar de felicidade. Isso é mentira e por isso criar uma criança dentro dessa realidade é não prepara-la para o futuro, para viver a vida.
Uma união é formado de dias, da sequência de um dia após o outro. Em cada um deles é preciso que haja um trabalho manter a união. Não havendo, nada dará certo.
Por isso é que sempre digo que precisam de uma faculdade de vida. Precisavam encontrar alguém que lhes dissesse que não existem princesas, belas adormecidas, brancas de neve. Não existem seres que serão arrebatados por príncipes encantados que virão montados em cavalos brancos e que viverão felizes para sempre.
Já falamos disso quando abordamos no estudo ‘Síndromes da vida’ a síndrome da princesa. Naquele momento disse uma coisa interessante que gostaria de repetir agora.
No que virou um casamento hoje? Habitar o mesmo teto para não pagar motel.
Participante: que horror…
Sim, é um horror, mas esta é a lógica do casamento hoje em dia.
O lado importante do casamento hoje é o ato sexual. Este aspecto é o mais importante hoje para vocês. Tanto isso é verdade que o marido não apresenta mais a esposa, mas sim a sua mulher.
Acabou a cama, acabou o casamento, pois a única hora onde um se dedica ao outro é na hora da cama. Casamento é muito mais do que a cama. É vida a dois.
É isso. O casamento hoje para vocês está apenas concentrado na atividade sexual. O companheirismo é algo que foi esquecido, que não é praticado nas relações de hoje.
Para que o seu casamento não termine assim, saiba que não existe uma princesa, que não existem cavalos brancos e que ninguém vai aparecer e lhe satisfazer o tempo inteiro. Saiba que terá que lutar minuto a minuto para manter a relação feliz. E a luta é essa que estamos conversando.
Pai Joaquim

Se harmonize e reconecte-se com seu Ser Divino

Se harmonize e reconecte-se com seu Ser Divino. Você sabia que o Universo se comunica conosco o tempo todo e nos envia respostas, mensagens e sinais, de acordo com nossos desejos e necessidades?
Estes sinais se manifestam através do fenômeno que conhecemos como sincronicidade, ou seja, no momento em que você necessita de algo, ou de que alguma situação aconteça, aquilo se manifesta repentinamente em sua vida.
Mas eles não se apresentam somente com soluções grandiosas ou espetaculares. Manifestam-se igualmente nos acontecimentos rotineiros.
A prova incontestável de que você está vivendo e atuando numa parceria harmoniosa com a vida, é a presença destas sincronicidades em seu dia-a-dia. Para percebê-las, é necessário que você esteja atenta e consciente de que o Universo sempre responde, de alguma forma, a todos os seus pedidos.
Se você vinha recebendo estes presentes e, de repente, eles pararam de acontecer, saiba que algo saiu do eixo em seu plano de vida. É indício de que você se deixou perturbar por alguma forma de negatividade que gerou um curto circuito em seu equilíbrio.
Este é um sinal de que é hora de se reequilibrar, se harmonizar e reconectar com seu Ser Divino, aquele que direciona suas ações sempre para um caminho positivo para você e para o mundo.
Um dos meios de evitar esta desconexão é parar de julgar, a si próprio e as outras pessoas. Esta atitude impede que criemos novos laços cármicos, geradores de sofrimento.
Agradecer é a melhor forma de fortalecer nossa conexão com o Divino, pois quanto maior for nossa gratidão, mais bênçãos de amor, alegria, paz, virtudes positivas e prosperidade ele nos enviará.
Osho

Mágoas

Como cuidar para que a relação dure? Poupando-se de contrariedades. Quem não se poupa de contrariedades vive algo chamado mágoa. É sobre isso que quero falar agora, porque este tema estava presente na sua fala. Esse é um detalhe que vocês não dão importância, mas que é fundamental em qualquer relacionamento.
Falei que vocês devem estar no presente, pelo presente e para ele. Só que nenhuma mente humana consegue viver assim. Sempre está utilizando preconceitos, conceitos formados anteriormente. E a mágoa nada mais é do que um conceito formado antes.
Na hora que ele fez alguma coisa que lhe contrariou, aquilo lhe marcou e, por isso, gerou uma mágoa. Daí para frente, toda vez que olha para ele este ferimento estará presente. Sempre. Aí vai somando uma, duas, três, cinquenta, cem marcas até que chega um dia que não aguenta mais um olhar para o outro.
Portanto, é importante, se existe a ideia de manter o relacionamento por um longo tempo, de não deixar mágoas se formar. Aquilo que você deixa lhe marcar agora será sempre usado mais na frente no relacionamento.
Participante: mas essa mágoa é a mente que cria.
Sim, é ela que cria, mas ela só se fixa quando você não a combate. Quando aceita o que o mundo mental cria, aquele conceito se fixa e posteriormente será usado pela personalidade humana para gerar uma nova realidade.
Participante: então é ela que cria e não nós. O que podemos, então fazer para que não exista mágoa?
Deve se preocupar em não causar. Mas, se chegar a causar, ou seja, se o parceiro agir de um modo não desejado, este ser deve se preocupar em limpar-se. Deve buscar entender que não é o outro que age, que tem o direito de ser, estar e fazer o que quiser, que a sua mágoa surge apenas pelos seus preconceitos e não por regras que precisam ser atendidas, que o outro é um instrumento do seu carma. Isso não é a mente, mas você se prevenindo contra a mágoa.
Na verdade, se a contrariedade, o agir de um modo não esperado ou desejado, não pode ser evitada, pois vocês não controlam a ação, os parceiros de um relacionamento devem concentrar-se em não deixar que esta transforme-se em mágoa, ou seja, que vire um preconceito.
Participante: o senhor disse que não existe nada mais difícil do que relacionar-se. Está se referindo apenas a um casal ou de forma geral?
De forma geral. Estou falando da sua relação com seus amigos, com os seus colegas de coletividades, do trabalho, etc. Estou falando do relacionamento com todo mundo, inclusive com um estranho que veja na rua.
Quantas vezes estava andando na rua e quando reparou naquela pessoa já recebeu um pensamento sobre o que ela estava fazendo? Você nem a conhece, mas com certeza a sua mente já tem uma ideia formada sobre o que a outra pessoa faz.
Não reagindo a estas críticas, elas viram preconceitos e esses marcam gerando o que vocês chamam de mágoas. Se outro dia por acaso topar com esta mesma pessoa que não conhece, certamente se lembrará que ela age de um jeito que não aceita. Com isso, esse preconceito e mágoa lhe fará relacionar com ela de uma determinada forma.
Portanto, serve para qualquer relacionamento, para qualquer momento onde dois seres humanos estejam juntos.
Portanto, são dois trabalhos que precisam ser feitos numa relação. O primeiro é o de tentar não provocar mágoas nos outros e o de libertar-se de suas mágoas. São trabalhos que vocês precisam fazer, não por conta de elevação espiritual ou coisa semelhante, mas para que você viva bem.

Pai Joaquim

A vida de um casal

Voltando a questão do relacionamento, a questão do aprender a ceder é um trabalho os dois devem fazer consigo mesmo. Deixe-me dizer uma coisa a esse respeito: não existe coisa mais difícil do que aprender a se relacionar com os outros sem causar ou sentir sofrimento.
Vocês estudam, fazem faculdades, gastam anos se preparando para ter uma profissão para ser alguém na vida para poderem ser felizes, mas não conseguem alcançar este objetivo. Porque? Porque ninguém nunca lhes colocou numa faculdade para aprender a viver os relacionamentos da vida.
Esse é o grande segredo que a humanidade não vive. Ela não se prepara para viver a vida. As pessoas se preparam se cuidando, se formando em conhecimento científico, mas não se prepara para viver o que a vida traz.
Viver esta coisa é algo que precisamos estar preparado. Se não nos preparamos para isso, a vida acaba se tornando um inferno, pois o jeito humano de viver só leva a isso.
Essa é a filosofia que tentamos lhes passar há quinze anos. Tudo que falei até hoje tem como objetivo lhes ensinar a aprender a viver a vida. O que estamos fazendo aqui hoje é um exemplo disso.
Na minha frente há um casal. Havendo isso, é sinal de que são duas pessoas que se juntaram para formar uma unidade: o casal. Para que as duas pessoas se tornem uma só pessoa, o casal, é preciso que cada um a seu momento aprenda a abrir mão do que quer em benefício do outro. Esta tem que ser a base do relacionamento, porque se não for, não há casal, mas duas pessoas que vivem juntas.
Se cada um bate o pé naquilo que acha certo, importante, aquilo que quer, a separação é inevitável. Se não chegam à separação, a vida será um inferno. Viverão brigando o tempo todo.
Agora, vocês podem me perguntar: quando um abre mão e quando o outro tem que fazer isso? Não sei lhe responder. Isso é algo que acontece naturalmente quando existe o companheirismo e não algo que precise ser programado.
Saber isso não é importante. O que importa é ter a preocupação com o casal. Quando ele lhe cobrar alguma coisa ou vice versa, os dois quando estavam cobrando não se preocuparam com a figura casal. Preocuparam-se apenas consigo mesmo.
Preocuparam-se em estar bem na relação e não que ela estivesse bem. Se não se preocupam com o bem estar do casal, como podem querer que ele continue existindo? Se você não cuida de algo, ele é fadado ao fracasso, ao fim, à morte.
Este é um detalhe que vocês precisam se atentar: a preocupação com a relação. Isso se faz ocupando-se não apenas em estar bem na relação, mas em fazer com que os dois estejam.
Acho que um não está com o outro apenas por pouco tempo. Acho que os dois têm a pretensão de ficarem juntos por muito tempo. Só que apesar desta pretensão, não cuidam para que isso aconteça.

Pai Joaquim

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Servidão moderna


Assista tudo se tiver coragem


O ataque para defender-se

É isso que vocês precisam fazer. Na hora que aparecer uma contrariedade, precisam mergulhar no problema levando em conta os aspectos da sua existência eterna ao invés de ficarem tentando resolver as questões na superficialidade da coisa, dentro apenas dos aspectos humanos. Sempre o buraco é mais embaixo.

Não sei se lembra, mas já disse muitas vezes que os conceitos que vocês carregam é como se fosse uma pilha de papel imensa. Vocês querem estudar o primeiro que aparece para eliminá-lo e acham que com isso resolveram tudo. Só que existem outros que influenciam o conceito atual. Na verdade cada uma das folhas influencia a outra, cada verdade gera uma nova. Quando combate uma, outra será criada para substituí-la.

Usando esta figura, posso dizer que cada vez que combate a influência que a sua mãe quer ter sobre você pode imaginar que está resolvendo o problema. Como a verdade de que ninguém tem o direito de lhe falar o que não quer ouvir continua, aparece sua esposa, seu pai, seus amigos, etc., e fazem a mesma coisa. Agindo apenas contra o que eles falam, aparecerão novas pessoas que ocuparão o mesmo papel. Por isso é preciso atacar a raiz.


Não atacando a raiz, mesmo que consiga resolver seus problemas com sua mãe, de nada adiantará. Pode até conseguir uma boa convivência com ela, mas sempre haverá alguém com quem não se dará bem por este motivo e aí o sofrimento é inevitável.


Por isso afirmo que o seu problema não é com a sua mãe nem com a sua esposa. Ele existe porque você acha que os outros não têm o direito de lhe cobrar nada, não têm o direito de lhe comandar. É por causa dessa crença que sofre e não por conta do que os outros falam ou fazem.


O problema é você achar que os outros deviam prestar atenção apenas em si mesmo, que elas deviam se ocupar consigo mesmo e não com você. É isso que lhe traz sofrimento e não o que o outros fazem.
Participante: não entendi …


Quando a sua esposa diz alguma coisa que não gosta, a sua mente não reage desse jeito: ‘ela diz que eu devia agir de determinada forma, mas não vê que ela também está errada. Ao invés de agir como faz, ela devia agir assim’. Não é dessa forma que seu mundo mental funciona?


Participante: sim …


Não pense que eu sou adivinho. Não disse isso porque estou lendo sua mente, mas porque este é o padrão de reação da mente humana. Sempre que ela gera o valor de estar sendo atacada cria um ataque para defender-se.
Para realizar este ataque, sua mente se utiliza de regras e normas humanas. Justifica o ataque dizendo que a pessoa não coloca em prática o certo de se fazer. Só que se esquece que você também não coloca em prática as regras que diz acreditar.


Por ser espiritualista, por estar buscando a elevação, você acredita que deveria haver uma convivência harmônica entre todos. Que convivência é essa que é feita sem dar ao outro o direito de se expressar como bem entender ou agir da forma que quiser?


Para se alcançar uma convivência harmônica é preciso dar aos outros o direito de ser, estar e fazer o que quiserem, mesmo que não concorde com o fazem ou que falem. Quando você dá este direito ao próximo, não existe mais guerra.


Moço, repare que o que as pessoas reclamam não é do que você faz: isso eles apenas comentam. Na verdade, a reclamação maior é da sua forma de revidar o que dizem. Sei que as palavras saem, mas também sei que elas são motivadas pela sua crença que deve reagir atacando os outros para defender-se.
Se você quer controlar os outros, tenho uma sugestão boa: compre uma boneca inflável para ser sua esposa. Pode ter certeza que ela nunca vai questionar nada do que faz, ela nunca vai tentar lhe comandar.

Pai Joaquim

O direito de criticar

Portanto, até agora vimos que você, que diz ter problemas de relacionamento com a sua mãe, nada tem a ver com a vivência entre seres humanos ou espíritos, mas sim com a figura mãe. A partir daí precisamos compreender o que representa esta prova.

O que representa não se relacionar com a figura mãe?


Participante: acho que é porque ela quer ter controle sobre mim.
Certo. O que você reclama da sua esposa?


Participante: que ela quer ter controle sobre mim.


O que reclama de outras pessoas? Que querem lhe controlar, lhe dizer o que deve fazer. Está começando a descobrir a sua prova?


Participante: mas, a minha esposa não deveria ser do jeito que é, igual à minha mãe.
Mas, ela não pode deixar de ser do jeito que é, porque senão você não teria a sua prova.
Você quer uma coisa? Esta é a sua segunda esposa, não é? A anterior não tinha o mesmo defeito, ou seja, também não buscava lhe cobrar o que deveria fazer? Coincidência, não?


Deixe-me lhe dizer algo: se trocar novamente, a próxima terá o mesmo defeito. Não importa quantas vezes troque de companheira: elas terão sempre a mesma forma de agir. Sabe porquê? Porque elas precisam ser do jeito que são para que você tenha a sua prova.


Então, os seus problemas não têm nada a ver com a sua esposa. A vida de cada um neste mundo só tem a ver consigo mesmo. Isso é algo que precisam aprender, pois vivem para o mundo externo, de fora. Vivem julgando os outros quando na verdade tudo que lhe fazem tem a ver apenas com você mesmo.


Portanto, é você quem precisa entender o processo e ao invés de olhar para o mundo externo, buscar dentro de si a ação que pode lhe fazer não sofrer.

Pai Joaquim

Não se deve nada a ninguém

Segundo detalhe: ela é sua mãe?

Participante: pelo que aprendi, não. É um espírito que está vivendo um papel.


Então, ela não é sua mãe: está assumindo o papel de ser. Isso muda tudo. Porque?


Você mesmo disse antes de começarmos a conversa: isso pode vir de outra encarnação. Que outra? Uma onde ela tenha sido sua mãe? Mas, você sabe se ela em alguma outra vida já foi sua mãe? Sabe se, por conta das diversas encarnações, ela já foi sua mulher ou uma desconhecida?


Apesar de não ter resposta para nenhuma destas questões, a sua mente presume que houve um relacionamento direto em outras vidas. Por isso posso dizer que um dos motivos para o seu sofrimento é a presunção de que já houve relacionamentos com o espírito que hoje representa o papel de sua mãe.
Saiba que ela não é mãe: está neste papel. Está vivendo papel de mãe, mas não é. Este é mais um objetivo que não lhe obriga a ter um relacionamento como acha que deveria ter.


Participante: então, eu tenho um repúdio à figura mãe?


Não disse isso, nem posso afirmar convictamente. O que posso dizer é que nessa vida está vivendo um repúdio à figura mãe. Se não vivesse, estaria sempre abraçado à ela, mas como disse, não consegue exteriorizar sentimentos com relação à ela.


Não estou dizendo que não goste dela. Você gosta. O que não consegue é ter uma convivência estabelecida como normal entre um filho e uma mãe. Isso é repúdio à figura mãe.


Participante: o que ela reclama, por exemplo, é que ouço todos que falam comigo, mas se ela falar a mesma coisa, eu logo rechaço.


Repúdio à figura mãe.


Mas, o mais importante do que saber que é isso é entender o que é. O que é um repúdio à figura mãe nessa vida?


O que é qualquer acontecimento da sua vida?


Participante: provas …


Perfeito. Sendo assim, posso dizer que você está vivendo uma provação cujo tema é repúdio à figura mãe.
Com essa consciência acaba o envolvimento entre você e o espírito que está exercendo um papel nessa ou em qualquer vida. No universo não existe esse tipo de relacionamentos que vocês acreditam.
Vocês acham que porque fizeram algo à determinado espírito numa vida anterior, agora terão que conviver com ele para mudar o que fizeram. Isso não existe. É história da carochinha, do mundo dos devas. Não há necessidade de resgatar débito algum com nenhum espírito.


Hoje pode até, por acaso, estar fazendo uma prova onde esteja envolvido o mesmo ser que já tenha participado das suas provações em outra vida. Só que o que viverão nesta existência não tem nada ver com relacionamentos entre espíritos em outras encarnações. Tem a ver com a sua atual posição no mundo espiritual.


O outro espírito não tem nada a ver com a sua provação, com o que lhe acontece nesta vida. Ele é apenas o instrumento do seu carma, aquele que trabalha sobre as ordens de Deus para a obra geral, a sua encarnação.
O que acontece num relacionamento entre dois seres não tem nada a ver com o ser humano nem muito menos com o espírito. Tem a ver com você, com a sua posição no mundo espiritual. Isso porque tudo que vive hoje é resultado da escolha dos gêneros de provas que fez antes da encarnação.


Participante: mas, ela está vivendo as provas dela, não?


Às vezes o espírito que está vivendo um papel é apenas instrumento da provação do outro. Pessoalmente não tem nenhuma prova a ser vivida naquela relação.


Pode ser que a sua rejeição seja prova para o espírito que está vivendo o papel de sua mãe e para você. Pode ser que esse tipo de relacionamento seja só prova dela e que você tenha se oferecido como voluntário para ajudá-la, mas pode ser o contrário: que a prova seja só sua e que ela seja voluntária para lhe ajudar. Neste ponto não posso entrar em detalhes.


Para você pouco importa o que tem a ver para o outro espírito a forma como se relacionam. O importante é compreender que o que vive nada tem a ver com a mãe nem com o espírito que está vivendo esse papel, mas sim com alguma coisa que pediu para vivenciar nesta vida.

Pai Joaquim

terça-feira, 19 de maio de 2015

Há uma outra vida – Krishna

Participante: tenho a impressão que as pessoas conseguem sair mais fortalecidas dos problemas da vida, mas eu sempre sinto que não saio deles com mais capacidade para não sofrer.

Isso não é real. Toda vivência gera uma experiência que o torna mais forte para a próxima. A ideia que você tem é apenas uma criação da sua vida para que você não se sinta preparado para o próximo problema. Não é você que não sai mais preparado, mas a vida que lhe passa esta ideia. Portanto, não espere sair mais ou menos fortalecido: deixe ela se sentir como quiser. Saindo de um problema como sair, esteja em paz.


Como disse, é simples, mas para viver esta simplicidade é preciso que se lembre que a vida vive ela mesmo. Para se lembrar disso, é preciso que desligue o piloto automático. Deixar de viver a vida subordinado àquilo que ela criar.


Participante: isso é difícil porque parece que as situações são criadas sobre medida para que você acabe sofrendo.


Sim, porque a vida dá a sensação de que tudo é real. Isso é dado pela força de maya. É ela que gera a sensação de que o que está acontecendo é a sua vida, quando não é. É a história que já contei onde Krishna e um seguidor estão no deserto.


Durante o passeio de Krishna com um seguidor no deserto, o sublime mestre disse que estava com sede. Seu acompanhante afastou-se e foi a um rio pegar água para o mestre. Chegando lá viu na outra margem uma aldeia onde uma bela mulher lavava roupa no rio. Apaixonou-se no primeiro momento por ela.


Por causa desta paixão atravessou o rio e quis cortejá-la. Só que como era praxe na aldeia, só pai poderia autorizar a formação do casal. Por isso, o seguidor de Krishna apresentou-se ao pai dela pedindo autorização. Este lhe disse que dava, mas depois que o homem provasse o seu valor.


Para isso, foi trabalhar na lavoura da aldeia. Trabalhou com muito afinco durante duas plantações e colheitas. Trabalhou tão bem que o pai lhe deu autorização para o casamento. Viveu com essa mulher por bastante tempo. Teve dois filhos e quando eles já estavam crescidos houve uma enchente muito grande que arrasou a aldeia. Sua mulher e seus dois filhos, aqueles que o homem mais amava nessa vida, morreram no desastre.
Sofrendo, o homem ajoelhou-se ao lado do rio quando ouviu a voz de Krishna: eu ainda estou com sede. Tudo aquilo tinha acontecido, todos aqueles anos tinham passado não no mundo real. Foram ideias geradas pela vida daquele homem enquanto ele estava ajoelhado pegando a água para o sublime senhor. Tudo tinha sido só ideia, mas ganhara a força de realidade por conta da força de maya.


Isso é o que acontece com vocês. Todos os seres que imaginam-se aqui encarnados vivendo esta vida, na verdade encontram em seu próprio mundo vivendo a sua existência eterna. Enquanto isso acontece, há um mundo de ideias lhes sendo apresentada e que pela força de maya ganham o poder de se transformar em realidade.


Participante: mas, o achar que está aqui realmente parece muito real.


Sim, eu sei. Conheço o poder da força de maya. Krishna também sabe. Por isso, no início do Bhagavata Puranas diz assim:

Ó Uddhava, ó alma nobre, quando eu abandonar este mundo ele ficará privado de seu bem-estar e logo a seguir passará a ser dominado pelo espírito do mal, a deusa Kali, a destruidora e sustentadora da idade das trevas.
E tu também, Uddhava, tão logo abandones este mundo, não permaneças por aqui, porque os homens se entregarão ao mal na idade de Kali.


Superando o carinho que tens pelos parentes e amigos e renunciando a tudo, anda pelo mundo com um perceber equânime e fixa a tua mente completamente em Mim

.
Tudo o que acreditas conhecer através dos ouvidos, dos olhos, da consciência egotista e discursiva, da palavra e tudo o mais, dá-te conta d que é uma ficção do pensamento, simples fantasmagorias, destinas, portanto, a perecer.


O homem que não vigia seus pensamentos cai no erro de acreditar na multiplicidade das coisas. A crena na pluralidade conduz às egoístas impressões de mérito e demérito. As diferenças que parecem existir nas ações, nas não ações e nas ações ruins só dizem respeito ao homem que pensa no mérito e demérito.


Portanto, controlando teus pensamentos e os sentidos que eles contaminam, observa a este mundo como se estendesse em teu próprio íntimo e encara o teu ser como descansando em Mim, o Senhor Supremo da Yoga e da mente.


Auto realizando-te, vivencia-Me e estando com a mente apaziguada pela realização do ser e sendo eu mesmo o ser de todos os seres com corpo aparente, que outros obstáculos poderão impedir-te?
Suplantando as noções de mérito e demérito, de bem e mal, o homem lúcido, tal como uma criança, desiste de cumprir as ações proibidas simplesmente porque não vê nelas nenhum mal e executa inclusive as ações prescritas, só que livre da impressão de que conduzem ao mérito.

Capítulo 1 – versículos 4 a 11.

Não é exatamente o que dissemos?
Participante: e nós não queremos sair ..

Pai Joaquim